• Nenhum resultado encontrado

A HISTÓRIA RECENTE DO CÂMBIO NO BRASIL

Desde o governo de Fernando Collor do Melo até o governo de Dilma Rousseff, a relação entre Real e o Dólar esteve no centro das discussões econômicas. A economia brasileira é fortemente dependente da moeda americana e das condições da economia mundial.

Segundo Stringhini (2002), no período de 1991 até 2002, o Brasil teve quatro regimes cambiais. A primeiro foi Período de Minidesvalorização Cambial. O segundo foi o regime de Câmbio Flexível seguido pelo terceiro regime caracterizado por Bandas Cambiais e, por último, o quarto regime o Câmbio Flutuante atualmente em vigência.

4.1.1 O Período de Minidesvalorizações Cambiais

O período das Minidesvalorizações Cambiais é caracterizado por pequenas desvalorizações da moeda local frente ao dólar de forma periódica. As correções no câmbio consideravam a diferença de inflação doméstica com a inflação internacional.

Para Stringhini (2002), o objetivo dessa política cambial era manter a taxa de câmbio real estável preservando o poder de compra da moeda e a competitividade externa.

A política das minidesvalorizações consistia em desvalorizar a taxa de câmbio nominal em intervalos frequentes e a taxas pequenas, corrigindo a taxa de câmbio pelo valor da diferença entre a inflação doméstica e a inflação internacional (denominado critério de manutenção da paridade relativa do poder de compra). A ideia das “minis” é simplesmente que haja uma política para administrar pequenas mudanças na taxa de câmbio, a fim de evitar mudanças abruptas no valor da moeda doméstica. (ZINI JÚNIOR

Stringhini (2002) ressalta que a interferência do Banco Central e a fixação da taxa de câmbio classifica esse período como minidesvalorização cambial – regime este próximo ao regime de câmbio fixo.

De acordo com Zini Júnior (1995 apud Stringhini 2002), o regime de minidesvalorização cambial trouxe como benefício a estabilidade à taxa de câmbio. Porém o autor reforça um aspecto negativo do período de minidesvalorizações. As frequentes desvalorizações pequenas escondiam a necessidade de grandes correções da taxa de câmbio devido a choques externos de forma a deteriorar o balanço de pagamento.

Stringhini (2002) lembra que o regime de minidesvalorizações se inicia antes mesmo de 1991 sendo utilizado desde a década de 1970. O Período das Minidesvalorizações Cambiais encerra-se em julho de 1994 com a implantação do Plano Real e o início do regime de câmbio flexível.

4.1.2 O Câmbio Flexível

Segundo Stringhini (2002), com a entrada em vigor do Plano Real em primeiro de julho de 1994, à nova moeda, o Real, foi atribuído o valor equivalente a um dólar americano. Porém isso não significava tecnicamente a adoção de câmbio fixo.

Segundo Baumann (1996, p.126 apud Stringhini, 2002 p. 32), “A taxa de câmbio entre o Real e o dólar não foi fixada em um para um. Em vez disso, o Banco Central anunciou que venderia dólares por um Real, mas deixou a taxa de compra flutuando livremente no mercado".

Nos meses seguintes, o que se verifica é uma forte apreciação do Real repercutindo efeitos negativos nas exportações. Assim, o Banco Central retoma as operações no mercado através de leilões cambiais, estabelecendo um sistema de bandas não explícitas, mas sem direcionar o mercado e com o objetivo de cessar a apreciação excessiva da moeda nacional. (Stringhini, 2002 p. 33)

Stringhini (2002, p. 33) ressalta as consequências positivas da sobrevalorização do Real como sendo:

a) auxílio na queda da inflação;

b) fortalecimento da confiança dos brasileiros na nova moeda;

c) redução dos preços dos produtos importados e, consequentemente, a queda dos preços internos;

d) auxílio na aceleração da modernização das empresas estabelecidas no país com o favorecimento da importação de máquinas e equipamentos. e) entre as consequências negativas da sobrevalorização, brum (2000 apud

stringhini (2002, p. 33) cita:

f) desequilíbrio acentuado da balança comercial com redução das exportações e aumento das importações;

g) crise generalizada dos setores exportadores devido à perda de competitividade;

h) falência de empresas e aumento do desemprego pela concorrência de produtos importados;

i) aumento do desemprego pela concorrência dos produtos nacionais com produtos importados.

O regime cambial com as bandas não explícitas é mantido até março de 1995. Em dezembro de 1995, a crise financeira e cambial do México repercute negativamente na América Latina fazendo com que o Banco Central criasse o Sistema de Bandas Cambiais.

4.1.3 As Bandas de Flutuação Cambial

Stringhini (2002) relata que, em março de 1995, o Banco Central faz a primeira tentativa de fixar bandas de flutuação explicitas. Desvalorizando o câmbio em 7%, o Banco Central estabelece uma banda de flutuação denominada Banda Larga.

“O regime de bandas pressupõe que a autoridade monetária interfira no mercado, comprando o excesso de moeda cada vez que a taxa de câmbio chegar ao limite mínimo da banda e vendendo a moeda ao mercado cada vez que a taxa atingir o teto fixado na banda”. (Stringhini, 2002 p. 35)

Ainda segundo Stringhini (2002), com a falta de entendimento do mercado, a nova diretriz do câmbio leva à alta procura pelo dólar levando o governo a frear a perda de reservas monetárias através do controle da demanda interna pela restrição ao crédito e elevação da taxa de juros.

Em junho de 1995, o Banco Central adota o sistema de minibandas dentro da banda larga.

A alternativa de operar no modelo conhecimento como “intrabanda” permite ao Banco Central, por meio de compras e vendas em leilões específicos (operados através do SISBACEN), conduzir mais suavemente, sem sobressaltos, a desvalorização, até o limite superior estabelecido para a banda larga, momento que esta deverá ser novamente alterada. (STRINGHINI, 2002, p.35)

Para Stringhini (2002), a alteração da política cambial impediu novas apreciações da taxa de câmbio, mas não compensava imediatamente a apreciação registrada nos meses anteriores.

Essa política sinalizava a opção do governo por uma estratégia gradualista de correção cambial. Assumindo que a inflação ficasse abaixo desse patamar, a defasagem cambial seria eliminada após algum tempo, bastando que os investidores estrangeiros financiassem o tempo necessário. Enquanto isso, se ocorressem as reformas econômicas, e em havendo ganhos significativos de produtividade (advindo da alardeada modernização da economia brasileira), a taxa de câmbio real seria corrigida sem ter que recorrer à desvalorização nominal. (GREMAUD, 2002 apud STRINGHINI, 2002, p.35)

De acordo Stringhini (2002, p. 36), os impactos da crise asiática e da crise russa agregam novos ataques especulativos, juros altos, perdas de reservas cambiais, retração econômica, deterioração das contas externas, aumento da dívida pública interna, déficit público, aumento do desemprego, agravamento dos problemas sociais e abalo da credibilidade internacional. Assim, a fuga de capitais em janeiro de 1999 leva o Banco Central a liberar a flutuação do câmbio.

Brum (2000 apud Stringhini 2002) apresenta que a mudança cambial, ocorrida em janeiro de 1999, para o regime de câmbio flutuante provocou uma maxidesvalorização do real fazendo com que a âncora cambial fosse substituída pela âncora fiscal e monetária.

Stringhini (2002) apresenta que o regime de câmbio flutuante “sujo” é justificado pela intervenção do banco central em certos patamares da taxa de câmbio para conter a inflação e assim administrar economicamente o sistema de meta de inflação estabelecido em julho de 1999.