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3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MAGAZINE LUÍZA

3.1.1 Histórico

Um caixeiro-viajante chamado Pelegrino José Donato passou pela cidade de Franca, no interior de São Paulo, em meados de 1956, por força de seu ofício. Lá conheceu uma balconista que viria a se tornar sua mulher. Seu nome: Luiza Trajano. No ano seguinte, já casados, compraram uma loja chamada A Cristaleira, que vendia móveis e eletrodomésticos em Franca, SP. Após a aquisição, uma jogada de mestre foi bolada para sedimentar o novo ponto comercial entre a população da cidade: Luiza e Pelegrino promoveram um concurso em uma rádio local para a escolha do novo nome da loja. Após escrutínio popular, o nome escolhido foi Magazine Luiza. O nome pegou. Em Franca a loja se notabilizou pelo atendimento, gerido pelos próprios donos, especialmente dona Luiza, que também supervisionava a expedição e fazia pesquisa de mercado. Em 1966, fortalecendo a imagem de empresa familiar, foram admitidos como sócios a irmã de Luiza, Maria Trajano Garcia e seu esposo, Wagner Garcia.

Figura 5. Fachada da primeira loja Magazine Luiza, em Franca, SP

Fonte: dados da pesquisa (2013).

O Magazine Luiza crescia sólida e lentamente. Já na década de 1970, mais precisamente em 1976, foi inaugurada a loja que os fundadores chamam de “número um” em

Franca. Com 500 m², foi a primeira loja de departamentos da rede. Os filhos dos sócios começaram a atuar mais ativamente na direção, em especial Luiza Helena Trajano, a sobrinha de Luiza Trajano.

Já sob a gestão da nova geração, o Magazine Luiza começou a mudar sua gestão rentável, porém conservadora de negócios. Na década seguinte, em 1981, o Magazine Luiza implantou o sistema de computação para controle de vendas e estoque. Provavelmente foi a primeira rede do varejo brasileiro a fazer tal implementação. Em 1983 a rede saiu pela primeira vez do Estado de São Paulo, abrindo uma filial em Minas Gerais. Já em 1986, o Magazine Luiza inaugurou o centro de distribuição de Ribeirão Preto, totalmente automatizado. À época o Magazine Luiza tinha 32 lojas.

Mas foi em 1991 que o grande salto aconteceu. A matriarca Luiza Trajano endereçou à sobrinha Luiza Helena um bilhete curto porém decisivo: “Logo vou completar 62 anos. Estou

ficando velha. Acho melhor você assumir o Magazine”. A escolha da sucessora não foi feita

por nenhuma afinidade subjetiva. Luiza Helena Trajano trabalhava como balconista desde os 12, nos períodos de férias escolares. O “umbigo no balcão” desenvolveu o latente tino comercial e aos 18 começou a trabalhar de forma integral no Magazine Luiza, concomitante- mente aos estudos na Faculdade de Franca, onde cursava Direito e Administração de Empresas.

Rapidamente Luiza Helena Trajano galgou posições mais altas na hierarquia da empresa e na época do bilhete ela já era a superintendente e principal executiva do Magazine Luiza. A primeira atitude dela foi descentralizar o controle operacional. Luiza Helena conseguiu feitos extraordinários: não permitiu que os egos familiares se sobressaltassem quando solicitou os cargos de todos os parentes e fez com que seus funcionários tivessem presença ativa nas decisões, dando agilidade a elas. Com isso, a expansão do Magazine Luiza começou a adquirir velocidade. A criação da holding LTD foi a mola propulsora das ideias inovadoras e do avanço exponencial da rede.

Em 1992 a rede deu uma tacada inovadora e ambiciosa: criou a Loja Eletrônica Luiza, hoje Loja Virtual. A primeira cidade a receber uma Loja Virtual foi Igarapava (SP). São unidades sem nenhum produto em exposição ou estocado, e toda visualização das mercadorias é feita por intermédio de terminais multimídia conectados a uma central de dados. Os vendedores agem como mestres de cerimônia e humanizam o atendimento.

Em 1993 foi o ano da primeira Liquidação Fantástica, uma das estratégias de marketing e vendas mais copiadas do varejo brasileiro. No início de janeiro a rede passou a vender produtos de mostruário e a desovar seus estoques de ano novo em um único dia, com

descontos reais de até 70%. O sucesso foi enorme: o consumidor aderiu à Liquidação Fantástica formando filas quilométricas em frente às lojas e fazendo o evento ser noticiado pelos principais jornais do país.

Em 1996 a rede de lojas foi ampliada no Paraná e também no mercado Centro-Oeste. Em 2003 foram adquiridas as lojas Líder, de Campinas (SP), e a rede Wanel, de Sorocaba (SP). Em 2004 abriu-se uma oportunidade para a entrada na região Sul do país. Foram compradas a rede Arno (RS), e as lojas Base, Kilar e Madol, com lojas localizadas no PR e em SC.

Em 2006 foram inaugurados três centros de distribuição com localizações estratégicas: Caxias do Sul (RS), Contagem (MG) e Navegantes (SC). Em 2007 o centro de distribuição central da rede abriu as portas em Louveira (SP), às margens da Rodovia dos Bandeirantes. Em 2008 foram abertas 50 lojas no maior e mais difícil mercado brasileiro: São Paulo, capital. Em 2010, frente aos avanços da concorrência sobre a posição do Magazine Luiza no mercado — a saber, a aquisição da Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar, por meio do Ponto Frio e a criação da holding Máquina de Vendas, resultado da união da mineira Ricardo Eletro com a baiana Insinuante, mais City Lar – a rede do interior de SP comprou a rede paraibana Lojas Maia, atuando no mercado do Nordeste desde 1959. Com esta compra, o Magazine Luiza conseguiu penetração no Nordeste e um acréscimo de 140 lojas à sua rede nos nove Estados da região.

Desde 2003 o Magazine Luiza faz parte da lista das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, segundo dados do Great Place to Work Institute, sempre entre as dez mais bem colocadas, sendo que no primeiro ano de certificação foi a primeira colocada.

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