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2.2 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

2.2.1 Histórico e Definições de AIA e EIA

Morgan (2012) nos chama atenção que a AIA é universalmente reconhecida como um instrumento fundamental para a gestão ambiental, firmemente embutido na legislação ambiental nacional e internacional. Segundo este autor, dos

193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), 191 tem assinado algum tipo de instrumento jurídico internacional que se refere à utilização da AIA. Somente dois não têm esses compromissos, a Coreia do Sul e Sudão. Somente 10 dos 191 países parecem não ter em sua legislação nacional uma referência a AIA. Nesse sentido, o autor ressalta que a AIA é mundialmente usada.

A AIA é aplicada em uma ampla gama de contextos de tomada de decisão, incluindo política de desenvolvimento e comércio internacional (KIRPATRICK; GEORGE, 2006), bem como a prevenção de desastres e reconstrução e recuperação de desastre (SRINIVAS; NAKAGAWA, 2008).

Ainda segundo Morgan (2012), a AIA emergiu da Política Nacional do Meio Ambiente do Estados Unidos (The National Environmental Policy Act) (NEPA – National environmental Policy Act), primeira incorporação formal da AIA de uma forma legislativa, que segundo Sánchez (2008, p.38)

foi uma lei aprovada pelo congresso em 1969 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1970. Essa lei exige a preparação de uma ―declaração detalhada‖ sobre impacto ambiental de iniciativas do governo federal americano. Tal declaração (statement) equivale ao atual estudo de impacto ambiental.

Seu grande alcance e resultados foram logo percebidos e implementados nos diferentes campos de atividade, pois conforme Oliveira (2004) é uma política com ênfase para empreendimentos (atuação pontual) e com metodologias diversas, e ela é bem detalhada e discrimina várias etapas a serem observadas.

Segundo Morgan (2012) os primeiros países a aderirem ao sistema de Avaliação de Impacto Ambiental, previamente às decisões governamentais importantes, foram o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, ainda no início dos anos 1970.

Posteriormente foram os países europeus, que de início não receberam bem o modelo americano, e em 1985 foram obrigados a implementar o processo de AIA por uma resolução da Comunidade Econômica Europeia (UE). A única exceção foi a França que introduziu a AIA no seu sistema de licenciamento em 1976 (SÁNCHEZ, 2008).

No Brasil os primeiros estudos de impacto ambiental foram nos grandes projetos de hidrelétrica na década de 1970, reflexo da influência internacional como

nos outros países onde a AIA foi implantada. Os agentes multilaterais e outras organizações internacionais tiveram papel fundamental na adoção da AIA nos países em desenvolvimento (SÁNCHEZ, 2008; FOWLER; AGUIAR, 1993).

Sánchez (2008) esclarece que a AIA teve a primeira menção nacional por meio da Lei nº 6.803, de julho de 1980.

Gallardo (2004) enfatiza que a Lei Federal 6.938, em 1981, marca a formalização da AIA em âmbito nacional. Ainda segundo a autora o Decreto 88.351/83, substituído pelo Decreto 99.274/90, atrelou a AIA ao processo de Licenciamento Ambiental. A AIA, segundo a Resolução Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 237/97, foi disciplinada pela Resolução Conama 001/86, deve ser aplicada a atividades que possam causar significativo impacto ambiental, cuja aprovação fica condicionada a apreciação de um EIA.

O conceito de AIA é muito difundido e aceito, principalmente internacionalmente. Sánchez (2008) traz alguns autores quem tem conceituado AIA, como apresentado no resumo do Quadro 3.

Quadro 3 – Principais definições de AIA

AUTOR CONCEITO

MUNN, 1975, p.23. Atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem-estar humanos.

HORBERRY, 1984, p.269.

Procedimento para encorajar as pessoas encarregadas da tomada de decisões a levar em conta os possíveis efeitos de investimentos em projetos de desenvolvimento sobre a qualidade ambiental e a produtividade dos recursos naturais e um instrumento para coleta e a organização dos dados que os planejadores necessitam para fazer com os projetos de desenvolvimento sejam mais sustentáveis e ambientalmente menos agressivos.

MOREIRA, 1992, p. 33

Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles sejam considerados.

GILPIN, 1995, p. 4-5 Apreciação oficial dos prováveis efeitos ambientais de uma política, programa ou projeto; alternativas à propostas; e medida a serem adotadas para proteger o ambiente.

GLASSON; THERIVEL; CHADWICK, 1999, p.4

Um processo sistemático que examina antecipadamente as consequências ambientais de ações humanas.

IAIA, 1999 O processo de identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos relevantes de ordem biofísica, social ou outros de projetos ou atividades antes que decisões importantes sejam tomadas.

Fonte – Adaptado de Sánchez (2008, p.39).

Segundo a International Association for Impact Assessment (IAIA), principal associação internacional em matéria de AIA, simplesmente definida, é o processo de identificar as consequências futuras de uma ação presente ou proposta (SÁNCHEZ, 2008). O autor ressalta que instrumento ou procedimento, a AIA visa antever as possíveis consequências de uma decisão, tendo o caráter prévio e preventivo, ou seja, exercício prospectivo, antecipatório, prévio e preventivo.

Segundo o esclarecimento de Gallardo (2004), o EIA é

um termo que designa diferentes metodologias, procedimentos ou ferramentas empregados por agentes públicos e privados no campo do planejamento e gestão ambiental. Consiste num instrumento utilizado para descrever, classificar e propor medidas para amenizar os impactos ambientais decorrentes de um projeto de engenharia, de obras ou atividades humanas (GALLARDO, 2004 p. 17).

Erickson (1994) conceitua a AIA como processo de identificação e avaliação das consequências das ações humanas no meio ambiente e quando apropriado, apresenta medidas mitigadoras para estas consequências.

A aplicação do termo avaliação de impacto ambiental, segundo Gilpin (1995), está diretamente relacionada a identificação, descrição e avaliação dos efeitos diretos e indiretos de um projeto na saúde humana, fauna e flora, solo, água, ar clima, na interação desses fatores e no patrimônio cultural.

O EIA é considerado a parte central do processo de Avaliação de Impacto Ambiental por ser um conjunto de atividades técnicas que engloba o diagnóstico ambiental, a identificação, a medição, a interpretação e a quantificação dos impactos, a proposição de medidas mitigadoras, os programas de monitoramento e o acompanhamento dos resultados das medidas mitigadoras propostas (GALLARDO, 2004; CALDAS, 2006; SÁNCHEZ, 2008).