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2 A SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DO PARÁ

7.1 Histórico da EAD

Maia e Mattar (2007, p. 22-27) registram que, com mais de cem anos de existência no Brasil, a educação a distância teve o seu primeiro ciclo marcado pelos cursos por correspondência, cujos pioneiros foram o Instituto Monitor e o Instituto Universal, que desde a década de 1940 ofereciam cursos elementares para jovens em busca de formação técnica profissional. A segunda fase, iniciada nos anos 1960 utilizou-se do rádio e mais tarde da televisão, em programas como o Projeto Minerva, o Telecurso 2º Grau, posteriormente Telecurso 2000. Por conta do público-alvo das fases iniciais, a educação a distância adquiriu a imagem de “educação barata”, voltada para as classes de renda mais baixa.

O terceiro ciclo, a partir de meados da década de 1990, representou uma ruptura tanto pela nova tecnologia utilizada, a internet, quanto pelo público-alvo, que passou a ser prioritariamente o ambiente empresarial. Também chamada de EAD on-line, esta tecnologia introduziu a multimídia, o uso integrado de texto, som e imagens por meio do computador, recurso denominado de. Adotou também o recurso de hipertexto, ferramenta que permite o acesso direto a outros sítios de internet cujos conteúdos estejam relacionados ao tema em estudo. A EAD On-line se utiliza de recursos de comunicação e de informática para promover a interação entre professor e alunos e entre os próprios alunos, além de fazer com que a iniciativa do aprendizado esteja a cargo do estudante, e não do professor, como ocorre no ensino presencial.

Moore e Kearsley (2007, p. 34-37) registram o surgimento das Universidades Abertas (open universities), voltadas para o ensino superior e tendo como principal objetivo ofertar aprendizagem aberta e a distância, como a universidade britânica Open University, uma das instituições pioneiras nesse segmento. O governo britânico (Partido Trabalhista) tomou a decisão política de criar uma instituição efetivamente aberta, em função da restrição de acesso à universidade vivenciada à época, especialmente pelos jovens da classe trabalhadora.

De acordo com o Dicionário Interativo da Educação Brasileira - DIEB, o conceito de "open university" surgiu na Inglaterra no final da década de 1960, com o propósito de incrementar o ensino superior, na modalidade a distância, por meio da oferta de educação de qualidade a um custo acessível às pessoas de menor poder aquisitivo ou que não tivessem, por qualquer motivo, acesso ao sistema tradicional de ensino superior. O modelo inglês de universidade aberta atua com base em diversas tecnologias educacionais, tais como cursos por correspondência, aulas presenciais regionais, além de transmissão de conteúdos pelo rádio e pela televisão.

A Open University, criada em 1969, caracterizou-se como entidade autônoma, com orçamento e corpo docente próprios e autoridade para outorgar diplomas de nível superior. Inspirada no AIM - Articulated Instructional Media Project (Projeto Mídia de Instrução Articulada) da University of Wisconsin, a OU destaca-se como uma das melhores instituições de educação a distância do mundo, na visão de Moore e Kearsley, apresentando alto nível de desempenho tanto nas áreas de ensino e pesquisa, quanto na quantidade de alunos matriculados (200.000 ao ano) e diplomados (2 milhões desde 1972), além de registrar boa eficiência de custos.

Ainda segundo Moore e Kearsley (2007, p. 55 e 292), a Open University oferta cerca de 360 cursos, sendo a maior parte em graduação de ciências sociais, educação, artes, ciências, matemática e tecnologia. Dispõe atualmente de 2.800 funcionários, cerca de 5.000 orientadores, 13 pólos regionais e 330 centros de aprendizado locais. Como resultado, a OU obteve nível excelente na avaliação governamental em 17 dos 23 critérios de avaliados.

Segundo o DIEB, o modelo britânico passou a ser replicado por outros países e, com o advento da internet, permitiu o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias de educação a distância. No Brasil, com o decorrer do tempo, o conceito de universidade aberta foi ampliado e passou a abranger as instituições que promovem cursos “livres”. Existem atualmente diversas universidades abertas brasileiras patrocinadas por entidades públicas e privadas, e que ofertam cursos on- line dirigidos a públicos específicos, cuja principal característica é a dificuldade de

acesso a cursos presenciais da rede formal de ensino, tais como professores da rede pública, pessoas da terceira idade, trabalhadores da saúde ou militantes de partidos políticos.

Conforme registram Maia e Mattar (2007, p. 43-45), a primeira instituição pública da modalidade, a Universidade Aberta do Brasil – UAB, surgiu em 2005, formalizada pelo decreto nº 5.800, de 08.06.2006, na forma de um consórcio entre instituições públicas de ensino superior, estados e municípios, e parceria com o Banco do Brasil.

Coordenada pela Secretaria de Educação a Distância do MEC, a UAB tem como principais finalidades ofertar cursos de licenciatura, capacitação e educação continuada para professores, dirigentes e servidores envolvidos na educação básica pública, além de promover a criação de um sistema aberto de educação superior a distância, bem como estimular a pesquisa e a inovação nesse segmento. Em março de 2006 a UAB iniciou os primeiros cursos a distância, ofertando um curso de Administração e outro de Pró-Licenciatura.

Zuin (2006, p. 942-944) informa que os alunos da UAB terão à disposição um sistema de tutoria para acompanhar o progresso do aprendizado e auxiliar em casos de dificuldades. A UAB contará também com pólos presenciais em cada estado, onde atuarão técnicos em informática, bibliotecários e tutores presenciais. A meta da UAB, segundo o MEC é de superar o índice de apenas 10% dos jovens de 18 a 24 anos com acesso à universidade (2005), elevando esse patamar para 30% até 2011.

Maia e Mattar (2007, p. 42) citando Daniel e Mackintosh, apontam os componentes essenciais para o êxito de uma universidade aberta: a) foco no aprendizado autônomo, por meio de material instrucional de alta qualidade, produzido com recursos de multimídia por grupos multidisciplinares; b) serviço de suporte aos alunos prestado por professores especializados em educação de adultos; c) gestão e serviço de logística de alto nível; e d) corpo de professores altamente comprometidos com a pesquisa, como forma de manter elevado o nível de envolvimento intelectual dos alunos.

FORMIGA (2005, p. 58-64), referindo-se ao estágio atual da EAD constata:

E podemos afirmar que a educação a distância vai muito bem na empresa, e vai muito devagar nas escolas. Esta é uma constatação que temos de afirmar com todas as letras: a educação a distância tem sido mais bem utilizada, inteligentemente utilizada, pelas corporações. Um exemplo de quem faz educação de boa qualidade, mas divulga muito pouco, é o Banco do Brasil, que trabalha com mais de 200 mil alunos: faz educação indoor – para dentro – ainda, para atender às necessidades dos seus próprios funcionários.

O autor refere-se ao histórico de mais de quarenta anos de experiência do Banco Brasil em educação corporativa presencial e a distância, em todas as suas formas, principalmente a educação on-line, por meio de internet, videoconferências e TV corporativa.