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O ser humano, durante muitos séculos, habitavam distintas regiões do planeta limitadas pelo mar, no qual os condenava a viverem 22em espaços geográficos restritos. As passagens terrestres desvendadas eram as únicas opções existentes e, até então, satisfatórias para suprir os anseios comerciais e de intercambio. Contudo, ao finalmente chegar à costa, os viajantes aventureiros sempre se encontravam impedidos com o malogro e o fracasso de uma jornada perante as margens. (JUNQUEIRA, 2004)

Corroborando neste sentido a autora Eliane Martins, assim elucida:

O mar, desde épocas mais remotas da história universal, revela-se, indubitavelmente, como o espaço que mais se destaca no desenvolvimento econômico mundial. Inexoravelmente, desde os primórdios, o mar destaca-se como imprescindível via de transporte de mercadorias e gerador de alimentos. (...) O comercio marítimo, a construção de frotas mercantes e o estabelecimento de rotas marítimas foram fundamentais para o

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desenvolvimento de certas civilizações. Destarte, o mar consagrou-se elemento da natureza imprescindível no desenvolvimento, na sobrevivência e no poder das nações. (MARTINS, 2008. Pag.1.)

A história da evolução da humanidade resultou em transformações, frutos de muitas dessas aventuras. De alguma forma, o oceano sempre influenciou os povos, que, impulsionados pelo comercio marítimo, lideraram expedições na busca do desconhecido, das riquezas e das glórias. Há vestígios que apontam que a atividade da navegação marítima remonta ao início das civilizações (MARTINS, 2008).

A história do desenvolvimento da civilização atual teve como fator fundamental as navegações, isto porque durante muitos séculos foi, e ainda é, o principal meio de transporte de pessoas e mercadorias. Desta forma, o comercio exterior em escala global e a aproximação dos povos foi fomentado basicamente pelo aprimoramento das conexões marítimas23 e acabaram por influenciar decisivamente no desenvolvimento das nações.

O autor Osvaldo Agripino de Castro revela a conexão entre o desenvolvimento de potencias mundiais em virtude do incremento do comércio marítimo, destacando assim a importância deste setor para as nações:

Nos séculos que se seguiram o mar foi elementar para o surgimento de poderosas potências mundiais. As grandes navegações dos séculos XIV e XV d.C. financiaram não apenas o incremento do poderio naval e comércio; as riquezas oriundas das novas colônias e a abertura de novos mercados influenciaram as artes, cultura, a ciência, e, obviamente, os destinos da própria sociedade de forma geral. (CASTRO, 2011. Pág. 253)

Neste juízo, merece acrescentar que Estados foram estruturados e constituídos, graças a força naval e as rotas que impulsionaram as respectivas economias, e para tal só foi possibilitado com estruturas rudimentares que permitiam o acostamento das embarcações. A autora Martins, sabiamente, assim esclarece:

O comércio marítimo fez a propriedade de fenícios e atenienses, vikings, catargineses e romanos, árabes e florentinos, portugueses e ingleses, reconhecidos como grandes navegadores. (...) Pari passu, demais povos situados à beira mar passaram a se dedicar à atividade da navegação marítima. Ademais, a disputa pelo domínio marítimo inicia-se com o surgimento dos primeiros Estados organizados. (MARTINS, 2008. Pág. 01.)

23 ―Vários povos da Antiguidade tiveram profunda identificação com o mar: aqueus, fenícios, cretenses, micênicos.

Acredita-se que todos esses povos tenham espalhado sementes de sua cultura por toda a franja do Mediterrâneo Oriental, deixando para o futuro algumas das mais importantes técnicas de navegação, as quais permaneceram em uso pelo menos até a época dos descobrimentos, entre os séculos XV e XVI de nossa Era.‖ (LACERDA, 2004, pág. 39)

32 O maritimista brasileiro Sampaio de Lacerda expressa neste sentido a importância dos povos fenícios e na implicação natural para a necessidade de regular o setor marítimo e portuário:

Assim, ao povo fenício couberam tais empreendimentos tão somente por habitar região estreita da terra, apertada entre as montanhas do Líbano e as margens do Mediterrâneo, Mais tarde, todos os povos situados à beira-mar, seguindo o exemplo dos fenícios, passaram, pouco a pouco, a se dedicar também àquelas atividades. Com a intensificação crescente da navegação e do comércio pelo mar, surgiu a necessidade de serem criadas e adotadas normas especiais destinadas à sua regulamentação. (LACERDA, 1984 in CONAPRA, 2008. Pág. 17)

O domínio do povo fenício sobre as técnicas de navegação impressionavam à época, surgindo inclusive suposições de que este povo conseguiu cruzar o Oceano Atlântico e acostar em terras tupiniquins. Inclusive o autor Eduardo Junqueira menciona neste sentido:

É possível que este povo, com seus barcos de cabeça de peixe, tenha saído do Mediterrâneo e chegado à costa de Portugal, entre 1100 e 800 a. C., época que Tiro, cidade fenícia situada no Oriente Próximo, alcançara a condição de pólo do Mediterrâneo oriental. Há quem garanta que os fenícios conheciam os segredos de navegação do Atlântico, tendo, em função disso, chegando ao Nordeste do Brasil (JUNQUEIRA, 2004. Pág. 41.).

As modernizações das técnicas com a criação de instrumentos náuticos e construção de naus e caravelas facilitaram a navegação em mar aberto. A Escola de Sagres, fundada por Dom Henrique de Portugal no século XVI, deram início às Grandes Navegações. As medidas de légua ou nós e os fusos horários foram necessários na navegação estimada. Posteriormente, com a ajuda do rádio, do radar e de GPS, as navegações se tornaram mais seguras.

Cabe citar novamente Junqueira no tocante a escola de Sagres estabelecida como centro de estudos direcionado aos estudos neste setor:

A importância que atribuímos ao lugar de Sagres decorre, em grande parte, da narrativa dos feitos de Infante D. Henrique, (...). que vieram nos dar a idéia de existência de uma Escola de Sagres, em meados do século XV, chefiada pelo Infante, para onde teriam rumado os maiores sábios em assuntos de navegação da época. (...) deu-se a palavra escola o sentido de instituição de produção do saber, com suas hierarquias estruturadas, num espaço físico. (...) O significado do termo escola deve ter aqui o sentido de um domínio de práticas, de divulgação de conhecimentos muitos mais dispersos do que adstritos a uma instituição única, com sede e endereços definidos. (JUNQUEIRA, 2004. Pág. 48.)

33 O homem, no período da Idade Antiga, procurou povoar próximo dos grandes rios a fim de praticar a agropecuária, ocasionando assim excedentes das produções fazendo-se necessário o escoamento dos mesmos. Assim, merece destaque os povos da Mesopotâmia, localizado às margens dos Rios Tigre e Eufrates; da China, com os rios Amarelo e Azul; da Índia, limitados ao rio Ranges; e do Egito, através o rio Nilo.

Desta forma, a regulação desta matéria também foi se desenvolvendo para assegurar e apresentar segurança jurídica nas relações comerciais dos povos. O Conselho Nacional de Praticagem em sua obra ensina neste sentido, equiparando a importância dos práticos aos profissionais da área de saúde:

A civilização babilônica desenvolveu-se nas bacias dos rios Tigres e Eufrates, e as mercadorias eram frequentemente transportadas via navegação fluvial. A navegação era tão importante, que entre as classes profissionais escolhidas pelo legislador24 para regular direitos e obrigações estava a dos ―barqueiros‖. As outras eram médicos, veterinários, barbeiros e pedreiros (CONAPRA, 2008. Pág. 17.)

A breve história da evolução marítima e portuária mostra a importância deste segmento para toda a humanidade. Esta seção se dedicou a abordar a seriedade do tema e o quanto este merece ser respeitado por todos que atuam no seu cotidiano, como instituições públicas, órgãos, autoridades administradoras, empresas atuantes de forma direta e indireta, trabalhadores, usuários dentre muitos outros personagens que atuam nos portos.

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