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Honorários advocatícios sucumbenciais sucumbência recíproca

No documento AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO ATOrd (páginas 100-106)

PODER JUDICIÁRIO

2 FUNDAMENTOS 2.1 Do mérito

2.1.6 Honorários advocatícios sucumbenciais sucumbência recíproca

Tratando-se de reclamação trabalhista ajuizada após 11/11/2017, vigoram normas processuais da Lei 13.467/2017, a qual incluiu o art. 791-A à CLT, onde foi prevista a obrigação de pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais.

Considerando os critérios previstos no § 2º do art. 791-A da CLT, condeno:

1) a reclamada ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 5% (cinco por cento) sobre o valor da condenação, em favor do advogado do autor;

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https://pje.trt21.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19051314361738200000010231572 Número do processo: ATOrd 0000259-89.2019.5.21.0043

Número do documento: 19051314361738200000010231572

Fls.: 100

2) a parte autora, diante da sucumbência parcial, ao pagamento, em favor do advogado da reclamada, de honorários advocatícios sucumbenciais de 5% sobre o valor das verbas julgadas improcedentes (proveito econômico).

Em relação a essa segunda condenação, da parte autora, cabe fazer algumas ponderações. Nos casos de sucumbência recíproca, os honorários sucumbenciais devidos pela parte demandante devem ser calculados, obviamente, apenas sobre os pedidos iniciais em que foi sucumbente, que equivale ao "proveito econômico obtido" pela parte adversa, conforme o art. 791-A, caput, da CLT.

Vale salientar, todavia, que modernamente a Jurisprudência tem advertido da necessidade de interpretação desse dispositivos da Reforma Trabalhista à luz dos princípios constitucionais, especialmente o acesso à justiça, a fim de que essa condenação não onere o reclamante, a ponto de esvaziar os créditos que ele tenha a receber em juízo.

Assim, operando-se uma interpretação do dispositivo celetista conforme a Constituição Federal (arts. 3º, IV, e 5º, I e XLI), esta Magistrada registra a mudança de entendimento, no sentido de passar a entender que se a obrigação de pagar somente recairá sobre verbas de natureza não alimentar, obtidas judicialmente pelo trabalhador neste ou em outros processos. Além disso, em se tratando de beneficiário da justiça gratuita, a obrigação de pagar os honorários advocatícios sucumbenciais ficará sob condição suspensiva de exigibilidade, na forma do art. 791-A, § 4º, da CLT.

Nesse sentido, colho os recentes seguintes julgados deste Eg. TRT 21:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A DA CLT. INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INCIDÊNCIA SOBRE CRÉDITOS DE NATUREZA NÃO ALIMENTAR. Ainda que vencido em menor parte o beneficiário da justiça gratuita, é devido o pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais (art. 791-A, §4º, da CLT). Em interpretação do dispositivo consolidado conforme a Constituição Federal, a obrigação de pagar os honorários advocatícios sucumbenciais recairá apenas sobre créditos de natureza não alimentar obtidos judicialmente, e sua exigibilidade ficará suspensa, nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT (TRT21 - RO

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0000875-21.2018.5.21.0004; Relatora: ISAURA MARIA BARBALHO SIMONETTI; 1ª Turma; Data do Julgamento: 09/05/2019; Data da Publicação: 15/05/2019).

Honorários advocatícios sucumbenciais. Cabimento. Sucumbência do autor. Aplicação do art. 791-A, §4º, da CLT. Interpretação conforme a Constituição. Havendo a demanda sido ajuizada após a vigência da Lei n. 13.467/17, é devido o pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em favor dos advogados da ré, em virtude da sucumbência do trabalhador - beneficiário da gratuidade judiciária, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT. Contudo, impõe-se realizar uma interpretação conforme a Constituição do citado dispositivo, a fim de que sua aplicação se amolde ao postulado constitucional da isonomia, devendo o pagamento da verba honorária incidir unicamente sobre verbas não alimentares, a exemplo de indenizações por danos morais, coadunando-se com a disciplina prevista no art. 833, IV, do CPC, a fim de evitar um verdadeiro tratamento discriminatório do empregado, cujos direitos de natureza salarial foram sonegados

durante o vínculo trabalhista (TRT21 - RO

0000577-02.2018.5.21.0013; Relator: RICARDO LUÍS ESPÍNDOLA BORGES; 1ª Turma; Data do Julgamento: 23/04/2019; Data da Publicação: 25/04/2019).

Em resumo, realizando interpretação do 791-A da CLT conforme a Constituição Federal, tem-se que, para a parte autora, a obrigação de pagar os honorários advocatícios sucumbenciais recairá apenas sobre créditos de natureza não alimentar obtidos judicialmente, e sua exigibilidade ficará suspensa, nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT.

3 DISPOSITIVO

Por todo o exposto, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista proposta por JOSE NILDO GOMES DA SILVA em desfavor de SM MATERIAL DE PESCA LTDA - ME , para, nos termos da fundamentação:

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1) Determinar à Secretaria deste Juízo que proceda com as anotações na CTPS do reclamante para fazer constar o vínculo de emprego, no período de 24/11/2017 a 04/08/2018, já computada a projeção do aviso prévio de 30 dias (OJ 82, da SDI-I, do C. TST).

2) Condenar a reclamada ao pagamento das seguintes parcelas: a) salário retido de maio de 2018;

b) saldo de salário de julho de 2018 (5 dias);

c) aviso prévio indenizado (30 dias, com projeção do contrato de trabalho para 04/08/2018);

d) férias proporcionais do período aquisitivo 24/11/2017 a 04/08/2018 (8/12 avos), acrescido do terço constitucional;

e) gratificação natalina proporcional 2017 (1/12) e 2018 (7/12); f) depósitos de FGTS;

g) multa de 40% do FGTS, com exclusão do período de projeção do aviso prévio indenizado, na forma da OJ 42, II, da SDI-I, do C. TST;

h) multa do artigo 477 da CLT;

i) multa do artigo 467 da CLT, em relação a saldo de salário, aviso-prévio indenizado, gratificação natalina proporcional e férias proporcionais + 1/3;

j) horas extras por extrapolação da jornada;

k) horas extras pela supressão do intervalo interjornada; l) adicional noturno;

m) honorários advocatícios no montante de 5% (cinco por cento) sobre o valor da condenação, em favor do advogado do autor.

Considerando os critérios previstos no § 2º do art. 791-A da CLT, condeno a parte autora, diante da sucumbência parcial, ao pagamento, em favor do advogado da reclamada, de honorários advocatícios sucumbenciais de 5% sobre o valor das verbas julgadas improcedentes (proveito

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econômico). Nesse caso, a obrigação de pagar os honorários advocatícios sucumbenciais recairá apenas sobre créditos de natureza não alimentar obtidos judicialmente, e sua exigibilidade ficará suspensa, nos termos do § 4º do art. 791-A da CLT.

Considerando a modalidade da extinção do contrato de trabalho (dispensa imotivada), DO à presente sentença, independentemente do trânsito em julgado, U FORÇA DE ALVARÁ JUDICIAL

para autorizar ao órgão competente que, à sua vista, proceda ao processamento do requerimento de Seguro-Desemprego formulado pelo reclamante da ação em tela, sem óbice, evidentemente, da possibilidade do referido Órgão conferir o preenchimento dos requisitos legais para a habilitação, servindo a presente somente para efeito de dispensar a apresentação das guias, TRCT ou de outros do cumentos porventura exigíveis a cargo da empresa reclamada.

Os valores comprovadamente pagos sob os mesmos títulos deverão ser deduzidos da condenação.

Defiro à parte autora os benefícios da justiça gratuita, na forma do art. 790, § 3º, da CLT. A presente sentença é líquida, conforme valores constantes da planilha anexa, que é parte integrante deste dispositivo.

As contribuições previdenciárias e fiscais são de responsabilidade do empregador, devendo a parte autora, contudo, arcar com sua quota-parte, ante o recebimento do crédito (Súmula 368, II, do TST). Observe-se também o disposto no item III da mesma Súmula a qual estabelece que os "descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de conformidade com o art. 276, § 4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição".

Deve-se observa, ainda, o art. 276, do Decreto nº 3.048/99 e itens IV e V da Súmula 368 do TST quanto à apuração de juros e multa, bem como o disposto no art. 114, inciso VIII, da Constituição Federal, excluindo-se do cálculo a parcela destinada ao sistema "S" (para terceiro), pela clara incompetência desta Justiça Federal Especializada para executá-la.

O imposto de renda deve incidir sobre os créditos deferidos ao reclamante (de natureza salarial), devendo ser recolhido pela reclamada, na forma da Lei n. 10.833/2003, do regulamento da Corregedoria Regional do Trabalho (Provimento TRT CR n. 02/2006) e da Súmula 368/TST, com as alterações da Instrução Normativa nº. 1.127, de 07 de fevereiro de 2011.

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Custas pela reclamada no valor indicado na planilha, calculadas sobre o montante 2% da condenação.

Ciente o reclamante (Súmula 197, do C. TST). Dê-se ciência à reclamada (art. 852 da CLT).

Com o trânsito em julgado, deverá o devedor, independentemente de nova intimação, no , cumprir esta decisão, no modo e sob as cominações estabelecidas, prazo de 48 (quarenta e oito) horas

ou garantir o Juízo, sob pena de execução (art. 880 da CLT). Nada mais.

Natal/RN, datado e assinado eletronicamente.

Jólia Lucena da Rocha Melo Juíza Titular

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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 21ª REGIÃO

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