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6. Discussão

6.1. Hospitais Grupo X

Quando abordamos o par de hospitais do grupo X respetivamente ao procedimento cirúrgico colecistectomia por via laparoscópica, percebe-se que apesar da diferença de volume cirúrgico que se verifica, os resultados não diferem quanto às variáveis

“complicações” e “readmissões” estudadas. Assim como para os outros dois procedimentos cirúrgicos estudados para este conjunto de hospitais.

Embora, seja um hospital acreditado e o outro não acreditado e podendo esperar que os resultados fossem melhores no acreditado tendo como base o enquadramento teórico apresentado, Lam, M et al. 2018 referem no seu estudo que os hospitais acreditados não apresentam melhores resultados (taxa de mortalidade e de readmissão).

Assim, ao contrário do que poderíamos supor, a demora média do internamento é superior no hospital acreditado para os três procedimentos cirúrgicos.

Brownell e Roos (1995) referem que os hospitais com menores demoras médias não apresentam piores resultados em termos de complicações e outros indicadores como a mortalidade e readmissões. O que se verifica, uma vez que a demora média no não acreditado é menor mas as complicações selecionadas e readmissões não são piores que no seu par acreditado e a mortalidade apenas é superior para um procedimento cirúrgico estudado.

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Uma vez que internamentos prolongados estão associados a um maior número de complicações, tal facto não se verifica nas complicações estudas para os procedimentos cirúrgicos realizados no hospital acreditado, uma vez que os resultados são semelhantes seu par.

Diversos estudos apontam a variabilidade hospitalar como fator que influencia a demora média, independentemente das caraterísticas da pessoa doente e da gravidade da situação clínica (Peterson et al., 2002; Menéndez et al., 2003). Indo ao encontro do que foi referido, a regressão linear deste par de hospitais conclui que para o procedimento

“redução fechada de fratura do fémur”, o hospital X não acreditado tem menos 7,9 dias de internamento para este procedimento quando comparado com o hospital X acreditado, sendo que aqui não se verifica uma relação entre o estatuto de acreditação e melhoria dos resultados.

Um fator explicativo poderá ser o facto da percentagem dos utentes que possuem o nível moderado a severo na variável mortalidade, ser inferior quanto comparado com hospital homologo (55,8% para 64,3%).

Para Peterson et al. (2002), a unidade de saúde influência a demora média, uma vez que para estes autores, o hospital onde é realizada a cirurgia explica a demora média pós-cirurgia. Para eles, 40% da variação da DM nas altas precoces e 27% da variação nos internamentos prolongados são explicados pela variabilidade hospitalar.

A diferença na demora média, também se pode dever às características individuais ou à situação clínica de cada pessoa, uma vez que estes fatores influenciam a demora média pós-cirurgia, assim como a gravidade (Brasel et al, 2007).

Após a análise dos resultados da regressão linear relativamente à demora média, percebemos que, indo ao encontro do que foi referido no paragrafo anterior, o nível de severidade dos utentes para os procedimentos redução de fratura do fémur e colecistectomia por laparotomia e a idade para o procedimento CVL, são fatores preditores da demora média. Também o nível de mortalidade influencia a demora média, na medida em que, quanto mais elevado este nível, tenderá a ser maior o número de dias de internamento. Para todos os procedimentos cirúrgicos estudados deste par de hospitais, o nível de mortalidade é preditor dos dias de internamento. Ao analisarmos o nível de mortalidade moderada a severa, percebe-se que o hospital X acreditado apresenta sempre uma maior demora média superior e tem uma maior percentagem de utentes com nível de mortalidade moderado a severo superior.

De salientar, que seria importante perceber se as cirurgias são de caráter eletivo ou de urgência, já que as demoras médias de episódios cirúrgicos eletivos são

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tendencialmente menores do que os de caráter urgente. Isto porque os doentes urgentes podem estar associados casos mais complexos e severos que impliquem uma maior permanência no internamento (Carvalho, 2013).

Relativamente à variável “mortalidade”, verifica-se uma diferença estatisticamente significativa no procedimento “colecistectomia por laparotomia”, em que o hospital não acreditado apresenta uma taxa de 15,7% quando comparado com o acreditado que tem uma taxa de 5,7%.

Um estudo publicado em 2018 nos Estados Unidos da América (realizado entre 2014 e 2017), que pretendia comparar os resultados (taxa de mortalidade e taxa de readmissões em 30 dias para quinze patologias e seis procedimentos cirúrgicos) entre instituições acreditadas e outras não acreditadas, concluiu que a taxa de mortalidade para as patologias definidas era menor em hospitais acreditados e que as readmissões em 30 dias nestes hospitais eram menores para as patologias tratadas mas sem diferenças para os procedimentos cirúrgicos (Lam, M. et al. 2018). O mesmo se verifica no presente estudo, já que a taxa de mortalidade é menor no hospital acreditado, verificando-se uma diferença estatisticamente significativa, e não se observam diferenças no número de readmissões quando comparados os dois hospitais.

Fundamentando também esta diferença na variável “mortalidade”, poderá ser o facto do volume cirúrgico poder ser relacionado com os outcomes de forma a medir e avaliar a qualidade dos cuidados de saúde, em que um maior volume está associado a melhores resultados (Henebiens et al. 2007). E assim, o menor volume cirúrgico apresentado pelo não acreditado justifica o número de óbitos aumentado.

Uma outra justificação poderão ser as caraterísticas individuais de cada pessoa operada e gravidade da situação clínica, tal como já foi referido, pelo que se torna importante o ajustamento pelo risco. Este método tem como objetivo controlar os fatores que os doentes apresentem e que possam influenciar o seu resultado de saúde e torna-se essencial na avaliação dos resultados em saúde (Iezzoni. et al. 1996).

A maior taxa de mortalidade no hospital não acreditado, poderá dever-se às características das pessoas operadas como por exemplo a idade. Não apresentando um nível de severidade ou mortalidade moderado a severo maior, este hospital apresenta uma percentagem de pessoas operadas com 65 anos ou mais superior (71,1%), quando comparado com o seu par (58,2%).

Em suma, percebeu-se que não existem diferenças estatisticamente significativas entre hospital acreditado e não acreditado relativamente ao número de complicações e de readmissões para os três procedimentos em ambos os hospitais. Quanto à variável

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mortalidade apenas se verifica diferença estatisticamente significativa para o procedimento colecistectomia por laparotomia em que o número de mortes é superior no hospital não acreditado. A demora média no hospital acreditado para os três procedimentos estudados comparativamente com o seu par é sempre superior e pode estar relacionado com diversos fatores preditores.

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