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2.6. Exemplos de medidas introduzidas em casos de estudo

2.6.4. Hotel Jardim Atlântico

A avaliação foi efetuada considerando a totalidade dos espaços exteriores e dos edifícios comuns e residenciais, inseridos na unidade hoteleira, e todos os edifícios que compõem o hotel. Foi efetuada para a sua fase de operação. Obteve uma classificação A com um desempenho ambiental 50% superior à prática atual (Ver Figura 47).

Figura 47. Certificação do desempenho da sustentabilidade do Hotel Jardim Atlântico

(Jardim Atlântico, 2003)

2.6.4.1. Localização, integração e biodiversidade

O Hotel Jardim Atlântico localiza-se na costa sudoeste da Ilha da Madeira, começou a ser construído em 1991 e finalizado em 1993. É constituído por 61 apartamentos T0, 26 apartamentos T1, 2 apartamentos T2 e 8 bungalows T1, a sua forma é irregular, com uma construção adaptada à topografia do terreno (Jardim Atlântico, 2003; Pinheiro, 2006)6.

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Figura 48. Hotel Jardim Atlântico (Jardim Atlântico, 2003)

Uma das preocupações foi, desde logo, a integração com a paisagem, tendo o hotel sido planeado e construído de forma a ficar integrado e adaptado, ou seja, diminuiu-se o impacte visual da estrutura. Adicionalmente, foram instalados estendais de roupa nos balcões dos apartamentos, que os hóspedes utilizam para as suas roupas, evitando ter de as colocar de forma visível na varanda. Relativamente às amenidades, o hotel possui, além de um restaurante e um

snack-bar, um centro de SPA com variadíssimos serviços, nomeadamente salão de beleza,

banhos de hidromassagem, pequeno ginásio, sauna, Snack-bar e zonas de lazer (Ver Figura 50). No que respeita às amenidades naturais, possui no local ou proximidades, áreas ajardinadas nas quais está incluído o “Bare Fut Track”, uma quinta pedagógica, o Parque Natural da Madeira a 2 Km de distância, o oceano Atlântico, entre outros. Ainda se salienta a construção de uma vereda nova para passeios a pé junto ao hotel, no meio da natureza virgem, o que fomenta um pouco a mobilidade de baixo impacte.

O efeito de ilha de calor, decorrentes da construção de estruturas e impermeabilização de vias, foram controlados através da implementação de áreas exteriores ajardinadas, da utilização de cores claras nos edifícios e da implementação de elementos com água no exterior (piscinas exterior com queda de água).

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Figura 50. Amenidades do Hotel para seus utilizadores(Jardim Atlântico, 2003).

2.6.4.2. Eficiência energética

Para melhorar a eficiência energética do hotel foram tomadas as medidas seguintes:

 Utilização de cartões perfurados como chave para os quartos (como controladores de energia elétrica), permitindo a redução dos gastos energéticos quando o quarto não está ocupado (com exceção do frigorífico em caso de estar em uso) e eliminando os gastos derivados do modo de espera.

 A utilização exclusiva de lâmpadas de baixo consumo, onde mais de 60% são de eficiência energética Classe A (Ver Figura 51).

 A implementação de sensores de movimento, foto células e relógios para diminuir o tempo das iluminações e regular o tempo exato de horas de trabalho para máquinas e outros equipamentos. Por exemplo, no exterior existe um sistema temporizado, de acordo com a alvorada, de encerramento das luzes exteriores.

 A adequação dos programas de lavagem na lavandaria, específicos conforme os tipos de roupa e com doseadores digitais, conseguindo um rendimento ideal por lavagem.  A utilização de bons isolamentos, o que veio igualmente permitir a redução dos

consumos.

 A utilização, na maioria dos casos, de aparelhos e máquinas de baixo consumo (nível A), pois possuem recuperação de energia e calor (Ver Figura 51).

 Otimização na localização dos aparelhos, ou seja, esta foi pensada de forma a minimizar trocas de energia. Por exemplo, a localização do frigorífico e do fogão foi pensada para se encontrarem afastados, de forma a não ocorrerem interferências térmicas.

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Figura 51. Lâmpadas de baixo consumo e pormenor dos equipamentos da cozinha (Pinheiro,

2006)

2.6.4.3. Utilização eficiente de recursos

Em relação à redução dos consumos de água potável, foram instalados diversos mecanismos:  Redutores nas torneiras onde o caudal destas não excede os 12 litros por minuto

excetuando-se a da banheira e nos chuveiros (ver Figura 52).

 Redução dos depósitos das sanitas para uma quantidade máxima por descarga de 6 litros, poupando mais de 40% de água e, ainda, a colocação de instruções para o uso ideal do reservatório da sanita, conforme as necessidades, de forma a se economizar 50%.

 O aproveitamento da água produzida no desumidificador para os ferros de engomar roupa, radiadores dos automóveis bem como fontes ornamentais, e finalmente, a mudança das toalhas dos quartos de banho e da roupa de cama, que apenas é efetuada uma vez por semana ou a pedido do hóspede.

 Foram instaladas, ao longo dos beirais, calhas que permitem efetuar a recolha da pluviosidade, conduzindo-a para um tanque de armazenamento, após o que será utilizada na rega dos jardins (Ver Figura 53).

 Dada a localização e a extensa área exterior existente, as águas locais são geridas com algum cuidado, por um lado pela implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, o qual possui procedimentos específicos para cada sector e por outro, o controlo das águas de escorrência dos telhados e a retenção e tratamento, no local, de efluentes.

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Figura 52. Redutores nas torneiras (Pinheiro, 2006).

Figura 53. Beiral de recolha das águas pluviais no Hotel (Pinheiro, 2006).

2.6.4.4. Qualidade dos ambientes interiores

a. Enquanto ao nível da qualidade do ar interior tomaram-se as seguintes precauções:  Verificasse a utilização, exclusiva em todos os quartos, de ventilação natural,

sem a existência de ar condicionado.

 Alguns dos micro poluentes mais importantes foram eliminados, nomeadamente a legionella, uma vez que se realizam verificações periódicas do chiller e ar condicionado (usado nas zonas públicas), o fumo de tabaco, já que existe a proibição de fumar nas áreas comuns como o Restaurante e parte da sala de estar e existem espaços para não fumadores que totalizam 51% do alojamento.  Para a gestão das águas se faz só a utilização exclusiva de produtos

biodegradáveis, o que elimina a contaminação por pesticidas. b. Em termos de conforto lumínico adotaram-se as seguintes medidas:

 O nível de conforto lumínico foi otimizado com a troca das luminárias, como já foi referido anteriormente, reduzindo o consumo, e mantendo um bom nível de iluminação nos espaços uteis.

c. Para o conforto térmico, adotaram-se as seguintes medidas:

 O interior do hotel e dos quartos possui um bom conforto térmico, em grande parte conseguido pela adequabilidade do isolamento térmico colocado.

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 Pode-se ainda evidenciar que o acesso ao hotel está cortado para a circulação de viaturas entre as 23h e 7h, através de uma barreira, para redução do ruído e que não se pode utilizar o telemóvel no restaurante, contribuindo para melhorar o ambiente acústico local.

2.6.4.5. Minimização e gestão de resíduos

No local existe uma ETAR, para o tratamento dos efluentes do hotel de todas as águas residuais da unidade. A água limpa é reutilizada na rega dos jardins (aproximadamente 25.000 m2), o que confere ao hotel um reaproveitamento da água que foi consumida, minimizando os gastos globais e contribuindo para a preservação dos recursos (Ver Figura 54).

Enquanto aos resíduos gerais, o hotel fez um grande esforço na eliminação de embalagens individuais, na utilização de só papel reciclado e na reutilização do composto resultante de resíduos orgânicos recolhidos da cozinha e dos apartamentos nas terras dos jardins e na reutilização da roupa usada da lavandaria para panos de limpeza, entre outros. Além, foram instaladas nas casas de banho doseadores de sabonete, que se recarregam, ao invés de colocar os sabonetes embrulhados (Ver Figura 56). Usam-se cestos de pão, ao invés de pão embalado em saquetas individuais, não se utilizam garrafas de água em plástico e nas mesas existem jarros em vez de recipientes.

Enquanto a gestão de resíduos perigosos também foi reduzida sua produção, gestão e minimização de perigosidade, onde os produtos se encontram sobre bacias de retenção, através de uma estratégia para a não utilização de produtos perigosos e também para a não produção de embalagens. Entre estas pode evidenciar-se a utilização exclusiva de produtos biodegradáveis em todo o hotel, bem como o tratamento e a desinfeção das águas das piscinas com um produto derivado do mar (Aquabromo), em vez do cloro.

Na área dos materiais de limpeza, não são adquiridas embalagens. Cada vez que estas se acabam, são antes recarregadas e reutilizadas. A compra de materiais de limpeza é efetuada em grandes quantidades, pelo que, também a este nível, a produção de embalagens é minimizada, uma vez que se reutilizam os recipientes (Ver Figura 55).

Por sua vez, além da minimização, são muitos e abrangentes os resíduos valorizados, nomeadamente: vidro, papel/cartão, plástico, latas, caixas de madeira, resíduos orgânicos, baterias, óleo usado e resíduos indiferenciados.

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Figura 54. Vista superior da ETAR do Hotel (Pinheiro, 2006).

Figura 55. Recarga e reutilização dos recipientes para a limpeza (Pinheiro, 2006).

Figura 56. Recarga e reutilização dos recipientes com sabonete (Pinheiro, 2006)

2.6.4.6. Sensibilização e formação para a utilização sustentável

A interação com a comunidade é um aspeto importante, uma vez que a perspetiva adotada assume uma integração e contributos sociais e pedagógicos. Estes passam pela compra sistemática de produtos locais e pela disponibilização de produtos excedentes, em boa qualidade, para os mais carenciados. Criam-se campanhas de donativos de bens, incluindo a disponibilização de mobiliário, e, por exemplo, de televisões ainda em bom estado, aos funcionários e à igreja, devido as necessidades funcionais.

Têm-se levado a cabo várias campanhas de formação e informação dos empregados, encontrando-se estes sensibilizados, formados e incentivados para a política ambiental e

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práticas ambientais. Os hóspedes são informados das ações, sendo que 90% dos hóspedes aderem e até dão sugestões/ideias novas, que em parte já foram implementadas.

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