Quanto à aplicação da lei penal militar no tempo e no espaço, assinale a alternativa
correta:
(A) No tocante ao lugar do crime, o CPM aplica a teoria da ubiquidade para os crimes comissivos e omissi
-vos, do mesmo modo que o CP.
(B) O CPM admite retroatividade de lei mais benigna e dispõe que a norma penal posterior que favorecer, de qualquer outro modo, o agente deve ser aplicada retroativamente, salvo se já tiver sobrevindo senten
-ça condenatória irrecorrível.
(C) O CPM determina que, para se reconhecer qual nor
-ma penal militar é -mais benigna, a lei posterior e a an
-terior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. (D) A lei penal militar excepcional ou temporária possui
disciplinamento diverso do contido no Código Penal comum, uma vez que preconiza, de forma expressa, a ultratividade da norma e impõe a incidência da re
-troatividade da lei penal mais benigna.
(E) Ao contrário do CP, o CPM adota a teoria do resulta
-do em relação ao tempo -do crime. Letra c.
A expressa vedação à combinação de leis penais está dis
-posta no art. 2º, § 2º, do CPM. Em relação ao lugar do crime, o CPM adota a teoria da ubiquidade apenas para os crimes militares comissivos; para os omissivos aplica
--se a teoria da atividade (art. 6º do CPM). A lei penal mais benigna deve ser aplicada retroativamente mes
-mo após a sentença condenatória irrecorrível/durante a execução penal (art. 2º, § 1º, do CPM). A lei excepcional ou temporária, ainda que mais gravosa, não retroage – aplicação do princípio da ultratividade (art. 4º do CPM). Em relação ao tempo do crime, o CPM adota a teoria da atividade (art. 5º do CPM).
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Assinale a alternativa incorreta, no que concerne à apli
-cação da lei penal militar no espaço:
(A) Foram adotados os princípios da territorialidade e da extraterritorialidade para a aplicação no espaço da lei penal castrense.
(B) No Código Penal Militar, para efeitos de incidência da norma penal castrense, consideram-se como ex
-tensão do território nacional as aeronaves e os na
-vios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocu
-pados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada.
(C) É também aplicável a lei penal militar ao crime pra
-ticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares. (D) O direito penal militar adota a teoria da extraterri
-torialidade irrestrita, sendo suficiente, para a sua aplicação, que o delito praticado constitua crime militar nos termos da lei penal militar nacional, in
-dependentemente da nacionalidade da vítima ou do criminoso.
(E) Aplica-se a lei penal militar brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito inter
-nacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, salvo quando o agente esteja sendo processado ou tenha sido julga
-do pela justiça estrangeira. Letra e.
Aplica-se a lei penal militar brasileira ainda que o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela jus
-tiça estrangeira. Ver art. 7º e parágrafos do CPM. 55
Assinale a alternativa correta, quanto aos crimes militares:
(A) No atual Código Penal Militar (CPM), são prescritos os crimes militares e regulamentadas as infrações disciplinares.
(B) Os crimes propriamente militares correspondem aos crimes praticados por militares e previstos no Código Penal Militar.
(C) Considera-se crime propriamente militar o roubo praticado no interior de um quartel por uma praça em situação de atividade em detrimento do patrimô
-nio sob Administração Militar.
(D) Os crimes militares somente podem ser praticados por militar, jamais por civil, exceto quando em coautoria. (E) De acordo com a legislação penal militar, os crimes
culposos contra a vida, em tempo de paz, pratica
-dos por militar em serviço são considera-dos crimes militares.
Letra e.
Homicídio culposo (art. 206 do CPM), ainda que tenha vítima civil, é crime militar, de acordo com os §§ 1º e 2º do art. 9º do CPM. O CPM somente prevê os crimes mili
-tares (art. 19 do CPM). São considerados crimes propria
-mente militares aqueles praticados apenas por militares e previstos apenas no CPM. O crime de roubo é tipifi
-cado tanto no CPM (art. 242) quanto no CP (art. 157), portanto, é crime impropriamente militar. O civil comete crime militar de competência da JMU (art. 124 da CF). .
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Quanto à imputabilidade penal militar, assinale a alter
-nativa correta:
(A) O CPM, ao contrário do CP, adota apenas o critério biológico para aferição da imputabilidade penal. (B) De acordo com o CPM, é considerado inimputável
o agente que, por embriaguez completa provenien
-te de caso fortuito ou força maior, era, ao -tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten
-der o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(C) Em caso de embriaguez voluntária culposa, o agente pode ter a pena reduzida de um a dois terços se, no momento da ação ou da omissão, não possuía intei
-ramente a capacidade de compreensão do caráter ilícito do fato nem de autodeterminação.
(D) O dispositivo do CPM, ao prever que o menor de dezesseis anos pode ser considerado plenamente imputável, foi recepcionado pela Constituição Fede
-ral vigente.
(E) A inimputabilidade penal é considerada causa jus
-tificante. Letra b.
Previsão da resposta correta no caput do art. 49 do CPM. O CPM, assim como o CP, adota o sistema/critério biop
-sicológico ou misto para a aferição da imputabilidade penal. A embriaguez voluntária culposa não enseja inim
-putabilidade nem im-putabilidade diminuída ou reduzida (art. 49, parágrafo único, do CPM). São penalmente inim
-putáveis os menores de dezoito anos (art. 228 da CF/88). A imputabilidade penal é elemento da culpabilidade. .
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Em relação à aplicação da lei penal militar quanto às pes
-soas, assinale a alternativa correta:
(A) Os militares estrangeiros, ainda quando em comis
-são ou estágio nas Forças Armadas, não ficam sujei
-tos à legislação penal militar brasileira.
(B) Somente o oficial pode ser considerado superior. (C) Os apátridas não são considerados estrangeiros para
os efeitos da lei penal militar.
(D) Para o CPM, toda autoridade com função de direção é equiparada a comandante.
(E) Quando pratica ou contra ele é praticado crime mi
-litar, o militar da reserva ou reformado não conser
-va as responsabilidades e prerrogati-vas do posto ou graduação.
Letra d.
Previsão no art. 23 do CPM da resposta correta. Ressal
-vado o disposto em tratados ou convenções internacio
-nais, os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas Forças Armadas, ficam sujeitos à lei penal mi
-litar brasileira (art. 11 do CPM). Qualquer mi-litar (oficial ou praça) que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior (art. 24 do CPM). Os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade são considerados estran
-geiros para os fins de aplicação da lei penal militar (art. 26, parágrafo único, do CPM). Os militares da reserva ou reformados conservam suas prerrogativas e responsabi
-lidades quando cometem ou são vítimas de crimes mili
-tares (art. 13 do CPM). 58
Quanto ao tratamento do crime conferido pela lei penal militar, assinale a alternativa correta:
(A) O CPM considera doloso o crime apenas quando o agente quis o resultado.
(B) Diferentemente do CP, o CPM prevê os crimes culpo
-sos como regra.
(C) No CPM, ao contrário do que ocorre no CP, a puni
-bilidade da tentativa pode ser a mesma do crime consumado.
(D) Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual a conduta não teria sido praticada.
(E) Por ser mais rígido, o CPM não prevê o instituto do arrependimento eficaz, apenas a desistência voluntária.
Letra c.
Previsão no parágrafo único do art. 30 do CPM da puni
-ção da tentativa, no caso de excepcional gravidade, po
-der ser a mesma do crime consumado (ex: tetraplegia da vítima). Tal como o CP, o CPM dispõe sobre o crime doloso a título de dolo direto (quando o agente quis o
resultado) e a título de dolo eventual (quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado) – art. 33, I, do CPM. No CPM, assim como no CP, os crimes culposos são excepcionais e somente quando houver previsão legal (art. 33, parágrafo único, do CPM). Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorri
-do (art. 29 -do CPM). O CPM prevê a desistência voluntá
-ria e o arrependimento eficaz (art. 31 do CPM). 59
Sobre as causas excludentes na lei penal militar, assinale a alternativa correta:
(A) Distintamente do CP, o CPM prevê o estado de neces
-sidade com dupla natureza jurídica.
(B) O CPM não elenca o exercício regular de direito como causa justificante.
(C) O chamado estado de necessidade do comandante é considerado como escusa absolutória.
(D) Assim como o CP, o CPM não prevê a figura do exces
-so escusável.
(E) Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente sequer pode invocar a coação material ir
-resistível. Letra a.
O CPM adotou a teoria diferenciadora alemã em relação ao estado de necessidade, que pode ser causa excluden
-te de ilicitude (art. 43 do CPM) ou causa excluden-te da culpabilidade (art. 39 do CPM). O CPM, assim como o CP, também arrola o exercício regular de direito como causa de justificação (art. 42 do CPM). O instituto denomina
-do pela -doutrina de “esta-do de necessidade -do coman
-dante”, um misto entre estado de necessidade e estrito cumprimento do dever legal, é considerado pelo CPM como causa excludente de ilicitude/antijuridicidade (art. 42, parágrafo único, do CPM). Ao contrário do CP, o CPM dispõe sobre o excesso escusável – causa excludente de culpabilidade (art. 45, parágrafo único, do CPM). Nos cri
-mes que atentam contra o dever militar, o agente não pode invocar coação moral irresistível, apenas a coação física/material.
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Quanto à aplicação da pena no CPM, assinale a alterna
-tiva correta:
(A) Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personali
-dade do réu, devendo ter em conta a intensi-dade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.
(B) Na consideração das circunstâncias agravantes e ate
-nuantes, o juiz não deve respeito aos limites mínimo e máximo de pena cominada abstratamente para o delito.
(C) A reincidência é considerada circunstância atenuan
-te preponderan-te.
(D) O civil que, em serviço na repartição militar, comete um crime militar terá sua pena agravada na segunda fase de dosimetria penal.
(E) CP e CPM conferem idêntico tratamento à atenuante genérica da confissão espontânea.
Letra a.
Previsão da resposta correta no caput do art. 69 do CPM. Os limites mínimo e máximo de pena devem ser respei
-tados na primeira e segunda fases de dosimetria penal (circunstâncias judiciais e circunstâncias agravantes e atenuantes – ver art. 69, § 2º e art. 73 do CPM). A rein
-cidência é circunstância agravante preponderante (art. 70, I c/c art. 75 do CPM). Somente o militar tem a pena agravada quando pratica um crime militar estando em serviço (art. 70, parágrafo único, do CPM). Para que seja reconhecida a atenuante genérica da confissão espontâ
-nea, o CPM, diferentemente do CP, exige que a autoria do crime seja ignorada ou imputada a outrem (art. 72, III, “d”, do CPM).
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A respeito dos crimes militares em espécie, marque a opção correta:
(A) Apenas o militar pode ser sujeito ativo do crime mi
-litar de homicídio.
(B) Inexiste no CPM o crime de provocação direta ou au
-xílio a suicídio.
(C) O CPM, ao contrário do CP, tipifica o crime de genocídio.
(D) O CPM pune com a mesma pena o crime de lesão corporal grave se o resultado for a título de dolo ou de culpa.
(E) O CPM, ao contrário do CP, não prevê que no caso de lesão levíssima o juiz pode considerar a infração como disciplinar.
Letra c.
O crime militar de genocídio está previsto no art. 208 do CPM. O CP, por outro lado, não tipifica essa condu
-ta. O crime comum de genocídio está previsto na Lei nº 2.889/56. O civil também pode ser sujeito ativo do cri
-me militar de homicídio quando o pratica contra militar federal da ativa (art. 9º, III, “b”, “c” e “d”, c/c art. 205, ambos do CPM). O crime de provocação direta ou auxílio a suicídio está tipificado no art. 207 do CPM. O crime de lesão corporal grave ou gravíssima é punido com pena maior quando o resultado é a título doloso (art. 209, §§ 1º e 2º, do CPM); se o resultado grave ou gravíssimo ocorre a título de culpa, a pena é menor (art. 209, § 3º, do CPM). Apenas o CPM (art. 209, § 6º) prevê que no caso de lesão levíssima o juiz pode considerar a infração como disciplinar (base normativa de aplicação do princí
-pio da insignificância penal). 62
Quanto à suspensão condicional da execução da pena na lei penal militar, assinale a alternativa correta:
(A) O sursis também tem cabimento em relação às pe
-nas não privativas de liberdade.
(B) A praça condenada à pena de 2 (dois) anos de re
-clusão pelo crime de estelionato não poderá ser beneficiada pela suspensão condicional da execu
-ção da pena.
(C) O período probatório do sursis varia entre 2 (dois) e 4 (quatro) anos.
(D) É pressuposto para a concessão do sursis a análise dos antecedentes e personalidade do agente, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, todos a autorizarem a presunção de que o condenado não tornará a delinquir. (E) As condições da suspensão condicional da execução
da pena são especificadas apenas durante a execu
-ção penal. Letra d.
Previsão da resposta correta em conformidade com o inc. I do art. 84 do CPM. Somente as penas privativas de liberdade não superiores a 2 (dois) anos podem ser suspensas condicionalmente (sursis), por período de 2 (dois) a 6 (seis) anos (art. 84 do CPM). Não há óbice à concessão de sursis ao condenado por estelionato, des
-de que, obviamente, não seja punido com pena privativa de liberdade superior a 2 (dois) anos e preencha os de
-mais requisitos legais (art. 88 do CPM). A sentença deve especificar as condições a que fica subordinada a sus