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I – MÉRITO 1. Gorjetas

No documento 6 a edição revista e atualizada (páginas 28-34)

Exercícios de Peças

I – MÉRITO 1. Gorjetas

O reclamante recebia, em média, R$ 200,00 mensais de gorjetas dos clientes da Lanchonete reclamada, sem que tal parcela fosse computada no cálculo das demais verbas trabalhistas.

Nos termos do art. 457, caput, da CLT, as gorjetas integram a remuneração do empregado, de modo que as verbas calculadas sobre esta, como as férias (art. 142 da CLT), décimo terceiro salário (art. 1o, § 1o, da Lei no 4.090/62) e FGTS (art. 15 da Lei no 8.036/90) devem ser pagas considerando o valor recebido a tal título.

Diante do exposto, requer a integração do valor das gorjetas à remuneração do reclamante para fins de gerar reflexos em décimo terceiro salário, férias acrescidas de 1/3 e FGTS (depósitos e multa de 40% do FGTS).

Parte 4 • EXERCÍCIOS DE PEÇAS 471

Requer, ainda, a anotação do valor médio das gorjetas na CTPS do reclamante, uma vez que à luz do art. 29, § 1o, da CLT, na mesma deve ser registrada a estimativa das gorjetas recebidas pelos empregados.

2. Salário in natura

Desde o início do contrato de trabalho, a reclamada servia aos empregados diariamente, no horário do lanche, o que chamava de “vale-infarto”, isto é, um quadruple bypass e um refrigerante ou um sanduiche natural e um suco, o que correspondia a R$ 150,00 mensais. Tal vantagem não era computada no salário do reclamante para o cálculo das verbas trabalhistas. Em outubro de 2009, o emprega-dor resolveu unilateralmente suprimir tal parcela.

Nos moldes do art. 458 da CLT e da Súmula no 241 do TST, a alimentação compre-ende-se no salário, para todos os efeitos legais. Assim, os R$ 150,00 mensais pagos pelo empregador a título de alimentação devem integrar o seu salário para fins de cálculo das verbas contratuais e rescisórias.

A supressão da alimentação concedida espontaneamente pelo empregador des-de o início do contrato do trabalho implica a redução salarial unilateral, o que é vedado pelo art. 7o, VI, da Constituição. Outrossim, trata-se de alteração contratual ilícita, visto que causa prejuízo ao empregado, sendo, portanto, vedada pelo art. 468 da CLT e Súmula no 51, I, da CLT. Uma vez concedida, tal vantagem incorporou-se ao salário do reclamante, não podendo ser retirada.

Diante do exposto requer a condenação da reclamada ao pagamento dos valores suprimidos desde outubro de 2009 até o término do contrato de trabalho, bem como a integração de tal parcela ao seu salário para fins de reflexos nas verbas contra-tuais e resilitórias em aviso-prévio, décimo terceiro integral e proporcional, férias acrescidas de 1/3 integrais e proporcionais e FGTS (depósitos e multa de 40%). Por fim, requer que tal valor seja registrado na CTPS do reclamante, nos termos do art. 29, § 1o, da CLT.

3. Do intervalo intrajornada

A jornada de trabalho do reclamante, de segunda a sexta-feira, ocorria das 8h às 16h40min, com apenas 40 minutos de intervalo para descanso e alimentação.

À luz do art. 71 da CLT, o empregado que trabalha mais do que 6 horas diárias tem direito de usufruir de intervalo de, no mínimo, 1 hora, o qual não foi observado.

Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento da hora cheia acrescida do adicional de 50%, nos moldes do art. 71, § 4o, da CLT e da Súmula no 437, I, do TST, bem como, por se tratar de verba de natureza salarial (Súmula no 437, III, do TST), seus reflexos em verbas contratuais e resilitórias, em DSR, aviso-pré-vio, décimo terceiro salário integral e proporcional, férias integrais e proporcionais acrescidas do terço constitucional (1/3) e FGTS (depósitos e multa de 40%).

4. Do intervalo interjornadas e descanso semanal remunerado

O reclamante laborava nos sábados das 19h0 às 22h52min e iniciava sua jorna-da de trabalho na segunjorna-da feira às 08h, totalizando um período de descanso de 33 horas e 8 minutos entre as duas jornadas de trabalho, computando-se o descanso semanal remunerado.

Nos termos do art. 66 da CLT, entre duas jornadas de trabalho deverá haver um período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso e, conforme estabelecem os arts. 7o, XV, da CF, 67 da CLT e 1o da Lei no 605/49, será assegurado a todo empregado um descanso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, prefe-rencialmente aos domingos. Sendo assim, o reclamante tinha direito a 35 horas de intervalo entre a jornada de trabalho de sábado e a de segunda, uma vez que entre elas estava o repouso semanal remunerado. Intervalo este que não foi observado.

Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento como extra das horas faltantes para completar o intervalo de 35 horas, acrescidas do adicional de 50%, já que à luz da OJ no 355 da SDI-1 do TST, nesses casos, aplica--se analogicamente o art. 71, § 4o, da CLT e Súmula no 110 do TST, bem como seus reflexos em verbas contratuais e resilitórias, em DSR, aviso-prévio, décimo terceiro salário integral e proporcional, férias integrais e proporcionais acrescidas do terço constitucional (1/3) e FGTS (depósitos e multa de 40%).

5. Das horas in itinere

Aos sábados, o reclamante laborava até às 22h52min, horário em que normal-mente o último cliente ia embora. O último ônibus que servia o local de trabalho, no entanto, passava nas proximidades da mesma às 22h. A empresa, então, colocava à disposição do reclamante um veículo para conduzi-lo até sua casa, o que demorava em média 45 minutos.

Nos moldes do art. 58, § 2o, da CLT, o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução.

Ressalte-se que, nos termos da Súmula no 90, II, do TST, a incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas in itinere.

Assim, o tempo despendido pelo reclamante, em condução fornecida pelo re-clamado, do local de trabalho para sua casa, em razão da incompatibilidade entre o horário de término de sua jornada de trabalho aos sábados e o horário do último ônibus, lhe assegura direito às horas in itinere. Desta forma, os 45 minutos que permanecia no trajeto devem ser computados em sua jornada de trabalho. Uma vez que este período extrapolava a jornada máxima semanal é devido seu pagamento com o acréscimo de 50% (Súmula no 90, V, do TST).

Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento do tempo do percurso, 45 minutos semanais, acrescido do adicional de 50% (arts. 7o, XVI, da CF e 59, § 1o, da CLT), bem como seus reflexos em verbas contratuais e resilitórias, em DSR, aviso-prévio, décimo terceiro salário integral e proporcional, férias integrais e proporcionais acrescidas do terço constitucional (1/3) e FGTS (depósitos e multa de 40%).

Parte 4 • EXERCÍCIOS DE PEÇAS 473

6. Adicional noturno

Aos sábados, o reclamante laborava até às 22h52min, sendo conduzido pelo empregador até a sua casa em percurso que durava 45 minutos, tempo este em que também se considera à disposição do empregado.

À luz do art. 73, caput e § 1o, da CLT, é devido o adicional de 20% sobre o valor da hora diurna pelo trabalho executado entre as 22 horas e as 5 horas do dia seguinte.

Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento do adicio-nal de 20% pelas horas laboradas no período noturno, bem como seus reflexos em verba contratuais e resilitórias, em DSR, aviso-prévio, décimo terceiro salário integral e proporcional, férias integrais e proporcionais acrescidas do terço constitucional (1/3) e FGTS (depósitos e multa de 40%).

7. Desconto salarial

A reclamada descontou do salário do reclamante um dia de trabalho e o descan-so semanal remunerado relativo a uma semana do mês de novembro de 2010, em razão de o reclamante ter faltado ao trabalho para comparecer em juízo como parte no processo em que estava litigando contra seu antigo empregador, muito embora tivesse apresentado certidão da Justiça do Trabalho confirmando suas alegações.

Nos moldes do art. 473, VIII, da CLT, o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver de comparecer a juízo. Interpretando tal artigo, o TST consolidou na Súmula no 155 o entendimento de que as horas em que o empregado falta ao serviço para compa-recimento necessário, como parte, à Justiça do Trabalho, não serão descontadas de seus salários. Da mesma forma, estabelece o art. 6o, § 1o, “a,” da Lei no 605/49 que nas hipóteses do art. 473 da CLT, a remuneração do descanso semanal não poderá ser descontada.

Diante do exposto, requer a condenação da reclamada à devolução do dia de trabalho e remuneração do descanso, descontados de seu salário.

8. Reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa

Em 09.03.2012, quando carregava uma bandeja cheia de lanches, uma criança atravessou à frente do reclamante e ele caiu no chão. Por esse motivo, foi despedido por justa causa por desídia, sem receber qualquer verba rescisória.

Não houve a prática da desídia, prevista no art. 482, “e”, da CLT, imputada ao reclamante, posto que este não agiu com preguiça, falta de atenção, desleixo, negligência ou qualquer conduta correlata. Derrubou os lanches, pois caiu no chão quando uma criança atravessou à sua frente.

Diante do exposto, requer a reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa e a condenação da reclamada ao pagamento das verbas rescisórias próprias dessa modalidade de dispensa, quais sejam: saldo de salário (9 dias), avi-so-prévio (39 dias), décimo terceiro salário (4/12), férias integrais simples acrescidas de 1/3 relativas ao período aquisitivo 2010/2011 e férias proporcionais acrescidas de 1/3 (6/12), e multa de 40% do FGTS.

Requer, ainda, as guias para levantamento do FGTS e percepção do seguro-de-semprego (Súmula no 389, TST) e anotação da data de saída na CTPS do reclamante, considerando o aviso-prévio indenizado (art. 29, § 2o, “c”, da CLT e OJ no 82 da SDI-1 do TST).

9. Multa do art. 467 da CLT

Requer que o pagamento das verbas rescisórias incontroversas seja realizado em primeira audiência, sob pena de multa de 50%, nos termos do art. 467 da CLT.

10. Multa do art. 477, § 8o, da CLT

A reclamada dispensou o reclamante por justa causa sem lhe pagar as verbas rescisórias, as quais encontram-se em atraso, uma vez que foram decorridos mais de 30 dias da dispensa.

À luz do art. 477, § 6o, “b”, da CLT, quando o aviso-prévio não for cumprido, as verbas rescisórias devem ser pagas no prazo de 10 dias corridos, sob pena de multa de 1 salário do reclamante, prevista no art. 477, § 8o, da CLT. Em razão do atraso, portanto, o reclamante faz jus a tal multa.

Diante do exposto, requer a condenação do reclamante ao pagamento da multa do art. 477, § 8o, da CLT.

10. Multa do art. 477, § 8o, da CLT

A reclamada dispensou o reclamante por justa causa sem lhe pagar as verbas rescisórias, as quais encontram-se em atraso, uma vez que foram decorridos mais de 30 dias da dispensa.

À luz do art. 477, § 6o, “b”, da CLT, quando o aviso-prévio não for cumprido, as verbas rescisórias devem ser pagas no prazo de 10 dias corridos, sob pena de multa de 1 salário do reclamante, prevista no art. 477, § 8o, da CLT. Em razão do atraso, portanto, o reclamante faz jus a tal multa.

Diante do exposto, requer a condenação do reclamante ao pagamento da multa do art. 477, § 8o, da CLT.

11. Indenização por danos morais

Como referido, em 09.03.2012, quando carregava uma bandeja cheia de lanches, uma criança atravessou à frente do reclamante e ele caiu no chão. Antes mesmo de conseguir se levantar, sua supervisora Patrícia Carrask saiu do caixa e se dirigiu a ele gritando que era um incompetente, afirmando que foi um erro ter contratado um empregado tão magrinho e fraco para trabalhar na empresa. Furiosa, o despediu na frente de todos por justa causa alegando desídia, exigindo que antes de sair da em-presa o reclamante limpasse toda aquela sujeira. Sentindo-se humilhado na frente de todos os clientes, o empregado começou a chorar, mas antes de ir embora fez a limpeza como ela mandou.

Parte 4 • EXERCÍCIOS DE PEÇAS 475

Encontram-se presentes todos os requisitos da responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e 927 do CC, quais sejam: culpa, dano e nexo. Observe:

A culpa está presente na conduta da reclamada de ofender o reclamante na frente de todos os demais empregados e clientes da empresa. O dano, por sua vez, está configurado pela profunda humilhação pela qual passou o reclamante na frente de todos os que estavam presentes na lanchonete, chegando inclusive a chorar. Tendo em vista que o dano decorreu da conduta ilícita do empregador, está demons-trado o nexo causal.

Destaca-se, ainda, que a violação do artigo 5o, V e X, da CF, que sustenta a in-violabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, sendo-lhes assegurado o direito à indenização pelo dano moral decorrente de sua violação.

Diante do exposto, tendo em vista que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar pedidos de danos morais e patrimoniais decorrentes das relações de trabalho (art. 114, VI, da CF e Súmula no 392 do TST), requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo juiz.

12. Honorários advocatícios

Tendo em vista que o jus postulandi foi revogado pelo art. 133 da CF, requer a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios em razão da mera sucumbência, no importe de 20%, nos moldes do art. 20 do CPC.

II – PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) a integração do valor das gorjetas à remuneração do reclamante para fins de gerar reflexos;

b) a condenação da reclamada ao pagamento dos valores suprimidos desde outubro de 2009 até o término do contrato de trabalho, bem como a integração de tal parcela ao seu salário para fins de cálculo dos reflexos;

c) a condenação da reclamada ao pagamento da hora cheia acrescida do adicio-nal de 50%, bem como seus reflexos;

d) a condenação da reclamada ao pagamento como extra das horas faltantes para completar o intervalo de 35 horas, acrescidas do adicional de 50%, bem como seus reflexos em verbas contratuais e resilitórias;

e) a condenação da reclamada ao pagamento do tempo do percurso, 45 minutos semanais, acrescido do adicional de 50%, bem como seus reflexos em verbas con-tratuais e resilitórias;

f) a condenação da reclamada ao pagamento do adicional de 20% pelas horas laboradas no período noturno, bem como seus reflexos em verba contratuais e re-silitórias;

g) a condenação da reclamada a devolução do dia de trabalho e remuneração do descanso descontados de seu salário;

h) a reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa e a condenação da reclamada ao pagamento das verbas rescisórias próprias dessa mo-dalidade de dispensa e, ainda, as guias para levantamento do FGTS e percepção do seguro-desemprego, e anotação da data de saída na CTPS do reclamante, conside-rando o aviso-prévio indenizado;

i) o pagamento das verbas rescisórias incontroversas em primeira audiência, sob pena de multa de 50%;

j) a condenação do reclamante ao pagamento da multa do art. 477, § 8o, da CLT; l) a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo juiz.;

m) a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios em razão da mera sucumbência, no importe de 20%.

No documento 6 a edição revista e atualizada (páginas 28-34)

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