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MATERIAL E MÉTODOS

3 MATERIAL E MÉTODOS 1 D ELINEAMENTO

3.4 I NSTRUMENTO DE C OLETA DE D ADOS

A coleta de dados foi realizada por meio de formulário estruturado que contemplou os objetivos do estudo de seguimento do VIGICARDIO, entre eles a avaliação da acessibilidade aos serviços de atenção primária e longitudinalidade do cuidado. Foram utilizados formulários impressos e, posteriormente à aquisição dos

Material e Métodos ____________________________________________________________________________ plataforma Open Data Kit (ODK) processados no aplicativo para dispositivo móvel android ODK Collect (ODK, 2016).

Os participantes do projeto aplicaram previamente o instrumento impresso e o formulário eletrônico em população com características semelhantes à do VIGICARDIO visando testar a clareza das questões inseridas e sequência do instrumento. Para evitar indução das respostas dos sujeitos os entrevistadores foram orientados a não ler as alternativas das perguntas terminadas com ponto de interrogação. Nas perguntas terminadas com dois pontos os entrevistadores leram as alternativas e os sujeitos escolheram aquela mais próxima à sua realidade.

Para avaliar a acessibilidade e a longitudinalidade foram selecionadas questões propostas pela versão brasileira do instrumento PCATooL-Brasil para usuários adultos, validada por Harzheim et al (2006) e utilizada pelo Ministério da Saúde, e questões propostas por Cunha e Giovanella (2011) (BRASIL, 2010a; CUNHA; GIOVANELLA, 2011; HARZHEIM et al., 2006a). Posteriormente à aplicação em população com características semelhantes, as questões foram adequadas de modo que o bloco referente ao “Grau de afiliação”, que visa identificar o serviço ou profissional de saúde que serve como referência para os cuidados do entrevistado passou a ser composto por duas questões sendo uma para identificar o serviço de saúde utilizado para um problema de saúde não urgente e outra o profissional médico que o indivíduo utiliza para o acompanhamento da saúde. Desse modo, as questões selecionadas referentes à acessibilidade passaram a abordar somente o serviço de saúde referido e as de longitudinalidade somente o profissional médico citado, ao invés de abordar o serviço e profissional em ambas dimensões conforme proposto. Ademais, fez-se necessário a inclusão de questões sobre o serviço de referência e o médico de referência para aqueles indivíduos que citaram mais de um serviço e/ou profissional pelo fato da necessidade de identificar o serviço de saúde/profissional que seria avaliado.

Entre as dificuldades enfrentadas na aplicação do instrumento em uma população semelhante estava o fato de a população de estudo ser composta por indivíduos que não possuem plano de saúde e outras que possuem distintos planos e, portanto, expostos a estruturas e processos de serviços diferentes. Além disso, o instrumento não contempla todos os tipos de profissionais integrantes da equipe saúde da família e sugere a avaliação do enfermeiro o que não condiz com a estrutura da

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Material e Métodos ____________________________________________________________________________ maioria dos serviços privados/convênios – consultórios, uma vez que normalmente esse profissional não faz parte desses serviços. Diante disso, e do fato de concordarmos que o médico tem papel extremamente importante dentro da equipe de saúde, de ser um líder da comunidade e figura central no sistema de saúde, optou-se pela análise da longitudinalidade na relação com o profissional médico.

Assim, apesar de o PCATooL ser um instrumento proposto para avaliar a orientação para APS e estar validado para aplicação no cenário brasileiro, as dificuldades apresentadas num contexto de um estudo de base populacional em que contém pessoas com e sem plano de saúde apontaram a necessidade de adequações no instrumento de modo a ser utilizado tanto na avaliação de serviços públicos quanto nos privados.

Nesse sentido, o bloco “Grau de afiliação” foi adaptado de modo que passou a ser composto por questões referentes ao serviço de saúde no primeiro contato e ao médico utilizado para o acompanhamento da saúde. Assim, para verificar o serviço de saúde utilizado para um problema de saúde não urgente foi aplicada a questão “Quando o (a) Sr. (a) tem um problema de saúde não urgente, o (a) Sr. (a) costuma procurar (qual serviço)? ” e para identificar o médico foi questionado se o indivíduo “Tem algum médico que acompanha a sua saúde? ”. Os casos em que os indivíduos citaram mais de um serviço de saúde e/ou mais de um médico para o acompanhamento da saúde foram questionados se “Desses serviços que o (a) Sr. (a) falou tem algum que é referência para você quando tem um problema de saúde não urgente? ” e/ou “Desses médicos que o (a) Sr. (a) falou tem algum que é referência para o acompanhamento da sua saúde? ”, respectivamente. No momento da entrevista o indivíduo relatou, primeiramente, o (s) serviço (s) que utiliza no primeiro contato para um problema de saúde não urgente e posteriormente respondeu questões referentes à obtenção de consulta e turno de funcionamento do serviço citado. Em seguida, foram feitas perguntas sobre a longitudinalidade que se iniciou na identificação do profissional médico que acompanha a saúde do indivíduo – fonte regular de cuidados - seguida por questões sobre a relação interpessoal – conhecimento médico sobre o indivíduo e comunicação interpessoal – referentes ao médico citado (APÊNDICE A). Ao reconhecer a complexidade que envolve esses conceitos, optamos neste estudo por distinguir o termo “acesso” de “acessibilidade” e considerar acessibilidade como uma característica estrutural ou de

Material e Métodos ____________________________________________________________________________ capacidade de atenção, conforme proposto por Starfield (2002). Para essa autora a acessibilidade se constitui de um mecanismo para oferecer acesso ao atendimento e envolve a localização do serviço, os horários e dias de funcionamento, o grau de tolerância para consultas não-agendadas e o quanto a população percebe a conveniência destes aspectos (STARFIELD, 2002).