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A VALIAÇÃO DA A TENÇÃO P RIMÁRIA : P RIMARY C ARE A SSESSMENT T OOL (PCAT OO L)

SUMÁRIO

ANEXO A P ARECER DO C OMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA DA U NIVERSIDADE E STADUAL DE L ONDRINA

1.4 A VALIAÇÃO DA A TENÇÃO P RIMÁRIA : P RIMARY C ARE A SSESSMENT T OOL (PCAT OO L)

As decisões necessárias para atender os preceitos do SUS tais como universalidade, acesso, qualidade da atenção prestada são de difícil execução uma vez que envolvem um sistema de saúde complexo, grandes zonas de incertezas e expectativas da população (FIGUEIRÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010). Nesse sentido, informações sobre o modo de funcionamento, qualidade, efetividade, segurança e satisfação do usuário são cada vez mais reconhecidas como necessárias e a avaliação parece ser uma alternativa adequada uma vez que deve contribuir para a tomada de decisões, comprometer-se com o aprimoramento das intervenções de saúde e melhorar a qualidade de vida dos usuários do sistema de saúde (FIGUEIRÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010).

Segundo Champagne et al. (2011a, p. 44) (CHAMPAGNE et al., 2011), avaliar significa:

[...] emitir juízo de valor sobre uma intervenção, implementando um dispositivo capaz de fornecer informações cientificamente válidas e socialmente legítimas sobre essa intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes [...]

O contexto conceitual da avaliação dos serviços de saúde baseado em Avedis Donabedian é pautado em três componentes: estrutura, processo e resultado (DONABEDIAN, 1966). Nesse modelo de avaliação da qualidade a estrutura corresponde aos recursos físicos, materiais e humanos; o processo envolve todas as atividades desenvolvidas entre os profissionais de saúde e os pacientes, a partir da adequação das ações ao conhecimento técnico científico vigente; e o resultado refere-se ao produto final da assistência prestada (DONABEDIAN, 1966).

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Introdução ____________________________________________________________________________ No Brasil, após a etapa de aumento considerável da cobertura da APS, concentram-se esforços para a melhoria de sua qualidade (CUNHA; GIOVANELLA, 2011) frente à magnitude e heterogeneidade da ESF. Diversas iniciativas de avaliação da atenção básica têm sido realizadas pelo MS com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos. No ano de 2001 o Departamento de Atenção Básica do MS realizou uma avaliação normativa do PSF que buscou caracterizar o processo de implantação das equipes quanto à infraestrutura das unidades, gestão e processo de trabalho (BRASIL, 2004). Em 2005, foi proposto um modelo de Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família (AMQ) com uma metodologia de auto avaliação que orienta a formação de um diagnóstico acerca da organização e do funcionamento dos serviços e suas práticas (BRASIL, 2005). A AMQ integra o componente de avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) juntamente com os Estudos de Linha de Base e os Planos Estaduais de Monitoramento e Avaliação da Atenção Básica (BRASIL, 2005).

Em 2011, o governo federal no contexto do Programa de Avaliação para qualificação do SUS lançou o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) (BRASIL, 2015a). Esse programa, que iniciou o 3° ciclo em 2015, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação de trabalho das equipes de saúde com o objetivo de induzir a ampliação do acesso e da melhoria da qualidade na atenção básica (BRASIL, 2015b).

Apesar dessas iniciativas de avaliação os instrumentos validados existentes não contemplam as interações entre os usuários e profissionais no âmbito da APS e nem mensuram a presença e a extensão dos atributos essenciais e derivados da APS em diferentes serviços de saúde nacionais. Assim, o PCATool é proposto pelo MS para preencher a lacuna (BRASIL, 2010a). Essa ferramenta, capaz de medir com base no indivíduo, a estrutura e, principalmente, o processo de atenção em APS de modo a identificar o grau de orientação à APS de cada serviço de saúde ou equipe da ESF avaliados (BRASIL, 2010a), foi validada no Brasil em 2004 - versão infantil (HARZHEIM et al., 2006b), entre 2006 e 2007 – versão para usuários adultos (HARZHEIM et al., 2006a) e em 2013 – versão reduzida para usuários adultos (OLIVEIRA et al., 2013).

Introdução ____________________________________________________________________________ O PCATool foi desenvolvido por Starfield e cols na Johns Hopkins Primary

Care Policy Center, com base no modelo de avaliação da qualidade de serviços de

saúde de Donabedian de modo que cada atributo medido pelo instrumento contempla um componente relacionado à estrutura e outro ao processo de atenção (BRASIL, 2010a). Esse instrumento também foi validado em outros países (AOKI; INOUE; NAKAYAMA, 2016; BRESICK et al., 2015; LEE et al., 2009; MEI et al., 2016; PASARÍN et al., 2007; WANG et al., 2014), e é considerado por alguns pesquisadores brasileiros como o instrumento mais adequado para analisar o trabalho das equipes de saúde da família, pois é o que mais se aproxima da proposta da ESF conforme os pressupostos da Política Nacional de Atenção Básica (FRACOLLI et al., 2014).

O PCATooL adulto versão completa contém 87 itens divididos em 10 componentes relacionados aos atributos da APS, conforme figura 4 (BRASIL, 2010a).

Figura 4- Distribuição dos componentes contemplados no instrumento Primary Care

Assessment Tool – PCATooL, segundo atributos da atenção primária em saúde.

Atributo Componente

Acesso de Primeiro Contato Utilização Acessibilidade Longitudinalidade Grau de afiliação

Longitudinalidade

Coordenação Integração de Cuidados

Sistema de Informações

Integralidade Serviços Disponíveis

Serviços Prestados Orientação Comunitária Orientação Comunitária Orientação Familiar Orientação Familiar

A versão reduzida do instrumento para usuários adultos é composta por 23 itens e contempla os atributos da APS como afiliação, primeiro contato, longitudinalidade, coordenação, integralidade, enfoque familiar e orientação comunitária (OLIVEIRA et al., 2013).

No PCATool a medição da atenção ao primeiro contato e da longitudinalidade, envolvem a análise da acessibilidade, do uso do serviço, da fonte regular e dos laços interpessoais do profissional com o indivíduo. A acessibilidade e o uso do serviço são referentes ao novo problema ou novo episódio de um problema pelo qual as pessoas

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Introdução ____________________________________________________________________________ buscam atenção à saúde. Nesse atributo, a acessibilidade corresponde ao elemento estrutural da avaliação e a utilização ao elemento processual (STARFIELD, 2002).

A análise da longitudinalidade abrange a existência de uma fonte regular ao longo do tempo e os fortes laços interpessoais por meio do vínculo da população com sua fonte de atenção (STARFIELD, 2002), sendo este um dos atributos que apresenta maior contribuição para a estimação do escore do grau de orientação da APS (OLIVEIRA et al., 2013).