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Com a revolução industrial o mundo estava mudando e naquela época estava passando por uma fase calma, porém com um período agitado. Estava tudo mudando, pois a população crescia e o mercado se expandia.

“Os reis que antes eram senhores absolutos de seus povos começavam a ser alvo de críticas por parte dos intelectuais da época. Clamava-se por liberdade de comerciar sem restrições.” (PEDRO; CÁCERES, 1978, p. 205).

Tudo isso estava acontecendo, porque havia uma inadequação entre o dinamismo das atividades econômicas da burguesia (comerciantes, banqueiros, fabricantes) e a forma de poder político em mãos da nobreza, limitando profundamente essas atividades. (PEDRO; CÁCERES, 1978, p. 205).

A Revolução Industrial pode ser entendida como um prolongado processo de transformações que transfere a supremacia econômica do capital comercial para o industrial. (PEDRO, CÁCERES, 1978).

Como a força de trabalho é considerada uma mercadoria vendida pelo trabalhador, com o advento das máquinas, surge a oportunidade de se produzir em larga escala, mais barato e assim deixando de lado a força operária.

4.2.1 A Revolução Francesa

A França necessitava da modernização nas mais variadas áreas para fazer frente a rival Inglaterra, que exportava suas mercadorias para toda a região.

Mas com o poder nas mãos do rei ficava difícil de dar essa guinada e seguir adiante.

O descontentamento era geral, então vários intelectuais franceses (iluministas) que criticavam e questionavam o regime absolutista achavam que para a França se adiantar a Inglaterra, a única maneira era o poder político passar para as mãos de nova classe, isto é, a burguesia. Era preciso destituir a nobreza que, representada pelo rei, se mantinha no poder. (PEDRO, CÁCERES, 1978).

A nobreza e o rei, que mantinham o poder político em suas mãos, não queriam deixa-lo cair nas mãos da nova classe, a burguesia. Assim, fizeram o possível e o impossível para impedir o avanço dessa nova classe. A burguesia, por sua vez, não admitindo a presença de outra classe no poder que não fosse ela própria, também fez o possível e o impossível para derrubar a velha classe (nobreza) que mantinha esse poder. (PEDRO; CÁCERES, 1978, p. 214).

Desta forma a monarquia que antes, tantos benefícios tinham trazido ao povo, agora estava causando empecilhos e precisava ser removida e a solução foi a revolução.

4.2.2 O Estado Contemporâneo

Em várias nações, o poder econômico vem impondo dificuldades para que esses países avancem de forma igualitária e mais justa. Os interesses privados acabam se sobressaindo ao coletivo causando uma injusta distribuição das riquezas.

Nessa nova ordem mundial, o poderio econômico das grandes nações e os interesses particulares tem colocado em cheque o poder e a representatividade dos Estados. Para entender melhor o papel do Estado Contemporâneo cabe resgatar as contribuições do filósofo Jean-Jacques Rousseau sobre o conceito de soberania e de Estado (ROCHA, 2013).

Em Rousseau (1762), a soberania passa das mãos do monarca para as mãos do povo e em sequencia para o Estado. O século XVIII, conhecido como “Época das Luzes”, foi palco de uma revolução cultural e intelectual na história do pensamento moderno, cuja época culminou no movimento do Iluminismo, que visava fundamentalmente estimular a luta da razão contra a autoridade como um conflito da luz contra as trevas (ROCHA, 2013).

Os pensadores que mais influenciaram nesse período foram o inglês Locke (1632- 1704) e os franceses Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778) e, principalmente, Jean Jaques Rousseau. Em toda a Europa, os pensadores racionalistas afirmavam ter chegado no poder da razão humana para construir um mundo melhor (ROCHA, 2013).

Constituía-se assim uma insurgência ao regime absolutista, realizada pelo Terceiro Estado, cujos trabalhadores urbanos, camponeses e, principalmente, burguesia estavam insatisfeitos com o poder nas mãos do Rei, com os altos tributos que pagavam e também com a sua ínfima participação na política (VIEIRA, 2009).

A ameaça à liberdade pode ser afastada na forma de associação que respeite essa liberdade que lhe dá origem. A tirania ou escravidão são forças que ameaçam o indivíduo e a sociedade privada corrompe a condição de homem. Por isso, Rousseau propõe a ruptura com o Estado de natureza e apregoa o Estado Civil. O primeiro não pode mais sustentar-se enquanto indivíduo que faz parte de uma sociedade privada. Dessa maneira, a liberdade do homem, dentro do Estado Civil, nada mais é do que o respeito à Lei Civil, como reflexo da vontade geral. Sendo assim, a passagem do Estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social funda a soberania, pois o Soberano, para Rousseau, é o representante do povo (ROCHA, 2013).

Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tornava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado quando passivo, soberano quando ativo, e potência quando comparado com seus semelhantes. Quanto aos associados, recebem eles, coletivamente, o nome de povo e se chamam, em particular, cidadãos, enquanto participes da autoridade soberana e súditos enquanto submetidos às leis do Estado. (ROUSSEAU, 1762, p. 33-34).

As leis políticas, que estabelecem um modelo de Estado, são as Constituições. De acordo com Rousseau, as leis fundamentais que regem uma Constituição deverão ser efetivamente boas para a população. Porém, ele reconhece que um povo pode ordenar mal seu Estado, se assim quiser. Por exemplo, a existência na história de Estados totalitários, como a União Soviética stalinista ou a Alemanha nacional-socialista, foram Estados Constitucionais.

Ainda para Rousseau, a soberania passa das mãos do monarca para as mãos do povo, e depois, para o Estado. Porém, pode-se observar a formação de outros centros de poder, paralelos ao Estado, no âmbito político, econômico, cultural e religioso. Por exemplo, os sindicatos e as organizações empresariais que realizam atividades de caráter estatal (ROCHA, 2013).

Assim podemos notar que Rousseau conseguia com seu pensamento adiantar ainda que de uma forma básica um Estado em que se podia ter um certo controle através de normas que deveriam ser seguidas por todos.

4.2.3 O Estado e o poder

O Estado atual, detendo o poder, pode regular nossas vidas de uma forma nunca vista antes uma vez que através de normas, controla seus cidadãos que numa espécie de rede não tem como se esquivar de seguir uma trilha estabelecida e que implica em penalidades para os que dela tentam burlar.

Para Mann (1992, p. 169):

[...] o Estado pode avaliar e taxar nossa renda e riqueza na fonte, sem o nosso consentimento ou o de nossos próximos ou parentes (o que o Estado, antes de 1850, nunca fora capaz de fazer); ele estoca e pode usar uma maciça quantidade de informações sobre cada um de nós; pode fazer cumprir a sua vontade no mesmo dia em quase todos os lugares sob seu domínio; sua influência sobre a economia global é enorme; ele até provê diretamente a subsistência da maioria de nós (via os empregos que oferece, as pensões previdenciárias, etc.).

Mann (1992), citado por Cremonese (2009, p. 30), enumera duas características do poder do Estado. A primeira seria o poder despótico da elite estatal.

A segunda característica do poder estatal – “é a capacidade do Estado de realmente penetrar a sociedade civil e de implantar logisticamente as decisões políticas por todo o seu domínio” (MANN, 1992, p. 168-169).

A existência do Estado, que fundamenta a legitimidade e garante a continuidade do poder, é também a condição para que se possa afirmar a superioridade da competência dos governantes.

Com o surgimento da propriedade individual, nasce a divisão do trabalho, a sociedade se divide em classes, como a dos proprietários e a dos que nada têm. Dessa divisão nasce o poder político, o Estado, cuja função é essencialmente a de manter o domínio de uma classe sobre outra, recorrendo, inclusive, à força e, assim, a de impedir que a sociedade dividida em classes se transforme num estado de permanente anarquia.

Os objetivos da política são tantos quantos forem as metas a que se propõe os detentores do poder em um determinado momento. Logo, o Estado não pode ser definido pelos fins a que se propõe, mas pelos meios utilizados para a execução desses fins. O fim último da política é a manutenção da ordem pública nas relações internas e da integridade territorial em relação aos demais Estados. (CREMONESE, 2009, p. 30-31).

Temos assim uma rede que quase sem dar conta, nos envolve para garantir o bom andamento do processo de controle estatal. Estamos cercados e esse poder de controle cada vez mais se fecha para que fiquemos sob a guarda do Estado.

CONCLUSÃO

O exercício do poder mudou com o processo evolutivo da sociedade, mostrando diferentes formas de sustentação.

Percebe-se que através do processo histórico-evolutivo nas sociedades que o poder assume sua forma relativa ao momento em que as pessoas passam determinada etapa do período em que estão vivendo.

Ao estudar essas diferentes etapas desse processo, podemos visualizar suas principais formas de sustentação e de como os detentores desse poder fazem para se manter e também segurar o poder aos que estão próximos, ajudando com seus interesses.

O presente estudo abordou em um primeiro momento o que é o poder e seus diferentes meios de se manifestar. Em seguida, salientou como se desdobrou o poder desde a antiguidade até os dias atuais.

A força bruta nos primórdios da civilização foi o meio mais usado para que os detentores do poder pudessem se manter no nível mais alto da escala.

Convém salientar que esse poder bruto primordial foi ao longo dos anos sendo lapidado e aos pouco aquela violência antes usada foi dando espaço para controles mais civilizados. Isso não quer dizer que foram mais humanos, mas de certa forma o grotesco deu espaço para a reflexão e acordo de ideias.

Outra forma de difundir o poder foi através dos diferentes pensadores que ao longo dos anos formularam teorias, sendo algumas para aumentar o poder estatal e outros para que o povo pudesse ter um pouco mais de liberdade.

Uma grande parcela da população já não aceita mais qualquer ordem e questiona de uma forma ou outra o poder arbitral que lhes incutem. Outra parcela, a maior ainda é subjugada e acata por falta de ajuda tudo o que lhe é imposto.

Perante o que foi estudado, percebe-se que apesar de ter se passado centenas de anos, os detentores do poder de um jeito ou outro acham formas de se manter ou de perpetuar seu poder através de novas gerações ou de alianças com pessoas mais próximas. Diante disso, salta a necessidade de cada vez mais o povo participar das tomadas de decisões, de lutar contra as opressões e fazer valer sua vontade e não ficar apáticos a ponto de serem dominados. Muito se reclama, mas, também o comodismo faz com que os detentores do poder cada vez mais se sobressaiam. E para reverter esse quadro é necessária uma participação maior dos interessados no jogo, o povo.

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