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Identidade e identificação, no termo de responsabilidade de quem vai aceder, com menção às consequências

administração da justiça

7.4. Garantias da legitimidade no acesso

7.4.2. Identidade e identificação, no termo de responsabilidade de quem vai aceder, com menção às consequências

jurídicas para acessos indevidos

Se o perito forense decidiu aceder, é confrontado com um conjunto de termos e condições jurídicas de acordo com as quais decorrerá o acesso. De forma rigorosa e minuciosa são explicados quer os fundamentos que legitimam o acesso, quer as consequências da sua violação.

Termos e Condições de Acesso:

1. O acesso que me vai ser consentido para aceder a informação de natureza clínica, tem fundamento e legitimidade em razão das funções em que estou investido, enquanto perito forense, e ocorre no âmbito da Lei 26/2016, de 22 de agosto, lei que regulamenta o acesso e reutilização, e da doutrina da CADA, máxime dos seus Pareceres 455/2016e 398/2017.

Tal significa,

2. Que o interesse que vai fundamentar a legitimidade do acesso, é tão-somente, um interesse funcional, que se traduz no cumprimento de incumbências que resultam da minha qualidade de perito forense e no quadro das funções que estou a exercer. Esse interesse está, por conseguinte, justificado pelas funções que exerço. A informação é necessária em razão do desempenho dessas funções, para esse desempenho

e por causa desse desempenho. E é nessa qualidade e por causa dessa qualidade funcional, e para proteção dos direitos à privacidade, confidencialidade e sigilo das pessoas a quem dizem respeito. 3. Que o acesso que me é autorizado, é legitimo e constitucionalmente protegido, suficientemente relevante,

após ponderação, no quadro do princípio da proporcionalidade, e de todos os direitos fundamentais em presença. E por isso, e só por isso, se justifica o acesso à informação que me é consentido.

4. Qualquer acesso que eu faça e que não ocorra no âmbito estrito referido, é considerado um acesso indevido a dados nominativos:

a. Para efeitos de apuramento de responsabilidade disciplinar, é considerada uma falta muito grave;

b. No apuramento da responsabilidade criminal, é enquadrado no regime sancionatório do artigo 38º da Lei 26/2016, de 22 de agosto, o qual é punido com pena de prisão até um ano, ou pena de multa, sendo a tentativa punível;

c. Se desse acesso indevido, resultar um dano patrimonial para um terceiro, haverá ainda lugar ao apuramento de responsabilidade civil.

A declaração dos termos e condições de acesso, termina com um aviso, em que o perito forense fica informado que aqueles acessos podem ser auditados. O simples facto do utilizador ter esta informação, tem desde logo um efeito dissuasor para eventuais acessos indevidos, o que naturalmente constitui, reforça e contribui, para dar aos titulares dos registos clínicos mais garantias de respeito pela sua privacidade, sigilo e confidencialidade.

Aviso que ocorre nos seguintes termos:

Para viabilizar o controlo da legitimidade dos acessos, dissuadir acessos indevidos e dar garantias de proteção da privacidade, sigilo e confidencialidade, das pessoas titulares dos registos clínicos, este acesso será monitorizado para efeitos de auditoria interna, pelo INMLCF, e pela FMDUP, e externamente, pelas unidades de saúde que têm à sua guarda legal e institucional os registos clínicos em apreço.

A aceitação dos termos e condições de acesso, faz-se indicando que leu e que aceita os termos e condições de acesso, o que significa a vinculação jurídica do perito forense às mesmas.

Acresce, que quando aceita os termos e condições, e em resultado dessa aceitação, recebe no seu telemóvel institucional, um sms com um código numérico de quatro dígitos que é obrigado a digitar para aceder aos registos clínicos, o que em si é uma re-identificação do perito.

O perito forense é ainda informado, que através do Portal do Utente, os titulares dos registos clínicos, podem, sempre, se for essa a sua vontade, ser notificados de todos os acessos que ocorram via PDS/RSE. Tal possibilidade, significa que o próprio titular dos registos clínicos pode identificar acessos indevidos e agir civil e criminalmente.

Recorde-se que a identidade e identificação do perito forense já ocorreram quando entrou no software institucional, MedLeg ou New Soft, utilizando as suas credenciais. Ainda assim, o perito forense só vai poder continuar passando obrigatoriamente por um novo patamar de segurança, validando o acesso que requereu, com a introdução do código numérico, que recebeu por sms no seu telemóvel institucional. É um nível adicional de segurança no acesso, que obriga à re-identificação do perito forense.

134 O Modelo Informacional MAR-is

7.4.3.

Informação de contexto e motivos

Infelizmente esta preocupação com contexto e motivos do acesso não está prevista em grande parte dos softwares que suportam informação de saúde, no MS, o que coloca todos, instituições, profissionais, e titulares dos registos, numa posição de enorme fragilidade, face a acessos indevidos ou potenciais acessos indevidos, e à possibilidade de os rastrear.

A identidade, identificação e qualidade de quem está ou quer aceder, constituem apenas parte da legitimidade. A qualidade do agente de per si, não legitima nenhum acesso. É apenas uma parte da aferição da legitimidade. A legitimidade de quem pede. O perito forense não tem legitimidade para aceder a registos clínicos, na posse das unidades de saúde, porque é perito forense. A sua legitimidade acontece, porque é perito forense sim, mas porque é o perito forense que está ou vai fazer aquela perícia determinada. Num tempo e num contexto determinado e preciso. Por ordem de uma autoridade judicial ou judiciária, no âmbito de um processo judicial concreto, que corre termos numa secção, de um juízo, de um tribunal, que atribuiu um número irrepetível àquele caso concreto que, por sua vez, também dá origem a uma perícia concreta com um número único institucional, seja no INMLCF seja na FMDUP. Todas estas informações, constituem a informação de contexto e os motivos pelos quais o perito forense vai aceder à informação que precisa. Informação vital também para a segurança do perito forense, uma vez que lhe permite afirmar o contexto e motivos do acesso.

Para segurança acrescida, sobretudo do perito forense, e só a partir daqui, informação referente ao processo, o sistema funciona com time out, podendo o tempo da sessão ser de 20, 30, 40 minutos de acordo com as orientações institucionais. Quando o perito inicia a sessão, tem sempre uma indicação num cronómetro, em todas as páginas, do tempo que ainda tem, podendo, naturalmente, fazer voltar a contagem do tempo ao início do período estipulado, ou clicar para sair. Se nada fizer, o sistema encerra a sessão esgotado o tempo pré-definido no software pela instituição.

7.4.4.

Identificação do âmbito jurídico e clínico, e tipo de