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CAPÍTULO 2 VARIAÇÃO ESPACIAL NA COMPOSIÇÃO DAS ASSEMBLÉIAS

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.2. IDENTIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS TAXONÔMICAS E ECOLÓGICAS

seção anterior, as seguintes categorias foram definidas para comparações (Apêndice 4):

Categoria taxonômica: A nomenclatura e a classificação taxonômica das espécies

seguiram o CBRO (2006). Os grupos foram definidos de acordo com os seguintes critérios: 1. Não-Passeriformes: foram consideradas apenas as famílias que formam grupos

monofiléticos, segundo Sibley e Alquist (1990), e que estão representadas por mais de 30 espécies no conjunto de localidades analisadas. Os seguintes grupos foram considerados: (a) Accipitridae e Falconidae; (b) Tytonidae, Strigidae, Nyctibiidae e Caprimulgidae; (c) Apodidae e Trochilidae; (d) Trogonidae, Alcedinidae, Momotidae, Galbulidae e Bucconidae; e (e) Ramsphastidae e Picidae. Apenas um grupo monofilético ficou de fora da análise (Cracidae e Odontophoridae), por apresentar menos de 30 espécies distribuídas entre os sítios analisados;

2. Passeriformes: nesta análise, os Passeriformes foram divididos em subordens e parvordens, como segue:

a. Subordem Tyranni (Suboscine). Esta subordem foi considerada como uma unidade para comparação com a subordem a seguir, mas também foram feitas comparações entre as duas Parvordens que a compõe:

i. Furnariida: formada pelas famílias Thamnophilidae, Conopophagidae, Grallariidae, Rhinocryptidae, Formicariidae, Scleruridae, Dendrocolaptidae e Furnariidae.

ii. Tyrannida: formada pelas famílias Tyrannidae, Oxyruncidae, Cotingidae, Pipridae e Tityridae.

b. Subordem Passeri (Oscine): neste estudo, os Passeri estão representados por 14 famílias (Apêndice 4).

Por convenção, as subordens Tyranni e Passeri serão tratadas neste texto como Suboscine e Oscine, respectivamente.

Categoria de hábitat: as espécies foram classificadas nos diversos tipos de hábitat com

base em Stotz et al. (1996), em dados contidos nos trabalhos consultados para esta análise ou em observações pessoais. O hábitat preferencial das espécies foi utilizado como parâmetro para a classificação nos seguintes grupos:

1. Floresta de terra firme: tipo de vegetação que não sofre inundações sazonais. Ocorre em maior extensão e apresenta a maior densidade e diversidade florística na Amazônia (Araújo et al. 1986);

2. Florestas inundáveis: inclui os tipos de vegetação que sofrem inundações sazonais por rios de água branca (floresta de várzea) ou por rios de água preta ou clara (floresta de igapó) (Prance 1979);

3. Florestas de transição: este termo foi utilizado para definir uma categoria que inclui os seguintes tipos de vegetação: (a) floresta secundária: tipo de vegetação que se estabelece após o corte da floresta primária e que pode apresentar características diferentes, de acordo com os anos seguidos após o corte (Borges & Stouffer 1999); (b) floresta de bambu: tipo de vegetação densa, composta por espécies de bambu (Graminae) e que ocorre localmente em hábitats florestais da região Neotropical (Stotz et al. 1996); (c) sítios e pomares: são estabelecidos por ações de moradores locais, que estabelecem pequenas plantações, após a derrubada da floresta; (d) borda de mata: esta classificação inclui a área de transição entre a floresta primária e a floresta secundária ou entre a floresta primária e áreas abertas, como pastos,

estradas, etc.; (e) beira de rio: área de transição entre a floresta e os rios amazônicos.

Estes hábitats foram analisados em conjunto porque muitas espécies que ocorrem em florestas de transição típicas (neste caso, borda de mata e beira de rio), normalmente também são encontradas em florestas secundárias e em plantações;

4. Áreas abertas: este grupo inclui espécies que ocorrem em hábitats não florestais, que podem ou não ter sofrido intervenção antrópica, como vegetações savanóides, pastos e praias.

As comparações entre hábitats foram feitas considerando-se cada uma das categorias mencionadas acima. Um segundo tipo de comparação reuniu todos os hábitats diferentes de floresta de terra firme numa única categoria, comparando-a com as espécies de floresta de terra firme. Como mencionado anteriormente, as espécies de hábitat aquático não foram consideradas na análise.

Categoria de estrato de forrageamento: a classificação das espécies de acordo com o

estrato de forrageamento seguiu Hayes & Sewlal (2004), os quais se basearam na descrição dos hábitats preferidos das espécies, de acordo com Ridgely & Tudor (1989, 1994). As espécies que não foram analisadas no estudo de Hayes & Sewlal (2004) foram classificadas diretamente com base em Ridgely & Tudor (1989, 1994). Apenas o hábitat de floresta de terra firme foi considerado nesta categoria, classificada da seguinte forma:

1. Sub-bosque: este grupo incluiu espécies de aves que ocupam o interior da floresta, desde o estrato terrestre até o estrato abaixo da copa;

2. Copa: inclui espécies características do estrato mais alto de florestas de terra firme. Espécies que apresentaram classificação duvidosa não foram consideradas na análise.

Categoria de guilda trófica: as espécies foram classificadas de acordo com os principais

itens alimentares incluídos em suas dietas. A classificação foi baseada nas informações contidas nos trabalhos analisados no presente estudo e em observações pessoais:

1. Insetívoros;

2. Frugívoros, incluindo espécies granívoras; 3. Nectarívoros;

4. Carnívoros, incluindo espécies piscívoras e detritívoras; 5. Onívoros.

2.3. CÁLCULO E COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES

Foi gerada uma tabela contendo dados de presença (1) e ausência (0) das espécies de aves nos diferentes sítios analisados neste estudo (Apêndice 3). Foi utilizado um índice de distribuição para estimar o tamanho da distribuição geográfica das espécies. O índice é apenas a somatória do número de localidades onde a espécie foi registrada. Portanto, ele varia de 1, caso a espécie tenha sido registrada em somente uma localidade, a 11, caso ela tenha sido registrada em todas as localidades amostradas. Todas as espécies foram classificadas de acordo com as mesmas categorias taxonômicas e ecológicas descritas na seção anterior (taxonômica, de hábitat, de estrato de forrageamento e de guilda trófica) (Apêndice 4). Em seguida, foi empregado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, a fim de verificar se havia diferenças nos índices de distribuição quando se compara as diferentes categorias taxonômicas e ecológicas. Para os casos em que o teste foi significativo, foi aplicado o teste de Dunn a fim de verificar quais são os pares que exibem diferenças. O programa BioEstat 4.0 (Ayres et al. 2005) foi utilizado para os testes estatísticos.

2.4. AVALIANDO E COMPARANDO A RELAÇÃO ENTRE SIMILARIDADE E DISTÂNCIA GEOGRÁFICA

A partir da matriz de presença/ausência de espécies, foram geradas matrizes de similaridade na composição da avifauna entre os pares de localidades (Apêndices 5-9). Para isto, utilizou-se o índice de Jaccard (Magurran 2004):

c b a a J + + = ,

onde a = número de espécies em comum entre as duas áreas, b = número de espécies exclusivas da área a e c = número de espécies exclusivas da área b.

Optou-se por esse índice devido a sua simplicidade e a sua ampla utilização em estudos ecológicos. As matrizes de similaridade entre as localidades para os diferentes grupos taxonômicos e ecológicos foram obtidas por meio do programa PAST 1.4 (Hammer et al. 2001).

A distância geográfica entre todos os pares de localidades analisadas neste estudo foi calculada com base na distância em linha reta entre os centros de cada sítio (Apêndice 10), utilizando-se, para isso, o programa ArcView 3.2a (ESRI 1999). Para verificar se as matrizes de similaridade são correlacionadas com as matrizes de distância geográfica, foi utilizado o teste de Mantel, com 1.000 replicações. Se a correlação se mostrou significativa, então a taxa de mudança na composição de espécies de acordo com a distância geográfica foi obtida a partir da inclinação (b) da reta de uma regressão não paramétrica, obtida por meio do método “Kendall’s Robust line-fit” (Sokal & Rohlf 1995). As curvas geradas pela regressão linear foram analisadas e em seguida foram realizadas comparações par a par entre as equações geradas por essa análise, de acordo com as

categorias estabelecidas neste estudo. Tanto o teste de Mantel quanto as análises de regressão foram realizadas utilizando-se o programa BIOMstat 3.30q (2002).

3. RESULTADOS