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Identificação das instituições privadas por name generator

Capítulo 3 – Apresentação e análise dos resultados

1. Desenho do Inquérito

1.2. Relacionamento com outras entidades

1.2.4. Identificação das instituições privadas por name generator

A análise de networks contempla três níveis distintos: o nó, a díade (conjunto de dois nós) e a network no seu todo. Conforme já foi referido, através deste estudo pretende-se analisar os padrões de relacionamento entre as instituições privadas que prestam apoio social no concelho de Braga. Como tal, foi incluída no inquérito online uma questão que implicava a identificação, por parte de cada entidade respondente, da instituição privada com que mais frequentemente se relaciona. Desta forma, partimos das diferentes díades constatadas para determinar como se estrutura a network no seu todo. A questão foi colocada de forma aberta e não partindo de uma lista possível de entidades. Esta opção poderá desde logo apresentar a desvantagem referida por Borgatti, Everett e Johnson (2013), em que atores não são nomeados por mero esquecimento dos respondentes. Porém, a opção contrária implicaria a nomeação explícita de todas as entidades, o que, dada a insuficiência da informação disponível sobre as instituições do Setor Social e Solidário existentes no concelho de Braga, seria pouco viável.

No presente estudo, a opção de permitir a cada entidade respondente indicar a instituição privada com que mais frequentemente se relaciona, conduziu a resultados algo inesperados. Constatou- se que um número significativo de entidades respondentes (13 de entre 27) não indicaram outras instituições privadas similares, mas sim empresas privadas (sobretudo fornecedores de bens e serviços) e as entidades que designamos de “agregadoras” (por terem como principal objetivo a promoção da articulação das instituições privadas que operam no setor social e solidário). Entre as “entidades agregadoras” referidas contam-se a Rede Europeia Anti-Pobreza, a União das IPSS, a Unisol, a FENACERCI e a rede de Associações de Paralisia Cerebral.

Gráfico 4: Tipologia de instituições privadas identificadas pelas entidades respondentes

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Outras instituições privadas Empresas Privadas Entidades Agregadoras

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Os resultados atrás expostos parecem indicar que a network formada entre as instituições privadas não se encontra isolada em relação ao exterior (ou seja, não se verifica o fenómeno denominado de closure), pois entre as instituições com quem mais se relacionam as entidades respondentes constam várias instituições não participantes no estudo, mas sobretudo fornecedores de bens e serviços (estabelecimentos privados de saúde, associações de bombeiros, gabinetes de consultoria, etc), bem como entidades que promovem a articulação entre instituições do Setor Social e Solidário e entre estas e os organismos públicos.

A Figura 1 corresponde ao sociograma que resulta das respostas obtidas na questão n.º 9: “Identifique a instituição privada com que se relaciona mais frequentemente”. Estão identificadas a azul as entidades respondentes, a amarelo as entidades não respondentes (i.e., que foram nomeadas mas que não responderam ao inquérito online), a verde as empresas privadas e a vermelho as “entidades agregadoras”.

Figura 1: Sociograma representativo da network objeto do estudo

De notar que o gráfico é direcionado, no sentido em que as ligações entre os nós estão representadas por setas que indicam uma direção – da entidade que mencionou para a entidade mencionada como sendo aquela com que mais frequentemente a primeira se relaciona.

Tendo por base o referido sociograma, poderá concluir-se que a estrutura da network em análise é muito dispersa, existindo até 7 entidades respondentes que surgem como pontos isolados, pois

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não referiram nem foram referidas por nenhuma outra instituição. Contudo, importa relembrar que no inquérito online apenas foi permitido nomear uma única entidade e que, por se tratar de uma questão aberta, algumas entidades nomearam empresas privadas e as “entidades agregadoras”. Se acrescentarmos a esta limitação o facto de 9 das 36 entidades participantes neste estudo não terem respondido a esta questão, conclui-se que o sociograma presente na Figura 1 poderá não ser representativo da network formada pelas instituições que operam no setor social e solidário no concelho de Braga, pelo que deve ser visto como um sociograma “exploratório”.

Não obstante, a visualização da network em análise permite verificar a existência de algumas díades entre instituições privadas do Setor Social e Solidário, como seja o caso das entidades E04 e E10, das entidades E23 e E09, das entidades E30 e E31 (onde se verifica a reciprocidade), e a existência de uma tríade entre as entidades E03, E35 e E36 (em que se verifica a reciprocidade e a transitividade, caraterísticas descritas no Enquadramento Teórico e Conceptual).

Da análise comparativa dos atributos das entidades que constituem as referidas díades e tríades (tabela constante no Anexo 2), não se evidencia a tendência designada por homofilia (e que também foi abordada no capítulo 1 deste trabalho). Na verdade, as instituições privadas que surgem relacionadas entre si têm, na maior parte dos casos, áreas de intervenção distintas, dimensão e áreas geográficas de atuação diferentes. Exceção feita para as entidades E30 e E31 que detém a mesma área de intervenção, dimensão muito similar e o mesmo território de atuação. Tais entidades referiram-se mutuamente nos inquéritos e, de acordo com o levantamento etnográfico que realizámos, têm membros de direção em comum.

Face ao exposto, não se confirma a hipótese relacionada com a homofilia:

H2: As instituições privadas que prestam apoio social no concelho de Braga tendem a estabelecer relações mais próximas e frequentes com outras que têm caraterísticas similares.

De referir, por fim, a tríade composta pelas entidades E33, E17 e EA2, onde se verifica a transitividade com o envolvimento de uma “entidade agregadora”. Uma vez que as “entidades agregadoras” não foram incluídas no universo de instituições a quem foi enviado o inquérito, no sociograma em análise não existem elos que partam de tais entidades para as restantes instituições da network estudada. Não obstante, é importante acrescentar que no decurso deste estudo tivemos a oportunidade de reunir com responsáveis das entidades E17 e EA2, tendo

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concluído que a “entidade agregadora” faz a ponte com os intervenientes mais periféricos da network e permite-lhes o acesso à informação, para além de proporcionar oportunidades de participação em atividades conjuntas, desempenhando assim o papel de um broker.

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