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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 TRABALHOS DA COMISSÃO ESPECIAL DE SISTEMA PRISIONAL, NO

4.2.2 Identificação das oportunidades e forças da Comissão Especial de Sistema

A partir de Meny e Thoenig (1992) e Dye (2005), Souza (2006) descreve que existem processos simultâneos nas políticas públicas e não etapas fechadas. Daí, serem evidenciados momentos e não fases ou etapas. Para o autor, os momentos das políticas públicas podem ser sintetizados da seguinte maneira: “identificação do problema (onde estaria incluída a agenda), a formulação das soluções, a tomada de decisão, a implementação ou execução e, por fim, a avaliação” (SOUZA, 2006, p. 79).

Sendo assim, no objeto desta pesquisa, buscou-se extrair dos entrevistados quais as oportunidades, as vantagens encontradas no ambiente externo para os trabalhos da Comissão Especial, que possam colaborar na formulação de medidas a contribuir com a política do sistema penitenciário do estado. Deste modo, foi encontrada uma grande pluralidade de apontamentos pelos entrevistados. São eles:

Debater o tema é muito importante para a crise que nós vivemos na segurança. Quando falamos de sistema prisional não estamos falando do policiamento ostensivo, mas faz parte do contexto de segurança (ENTREVISTADO A1).

A vantagem, eu acho, que é o acompanhamento de perto das ações do governo, a facilidade de a gente ter o contato com os atores envolvidos no sistema e essa fiscalização que é missão, a Comissão dava um poder maior fiscalizatório das ações do Executivo (ENTREVISTADO B1).

Tratar especificamente a política pública do sistema prisional (ENTREVISTADO C1). A contribuição na busca de uma solução para o sistema penitenciário é a vantagem (ENTREVISTADO D1).

O Poder Legislativo é a caixa de ressonância da sociedade. Porque é o poder de representação popular. É onde ecoam todas as vozes de interesse do povo. Isso é um instrumento poderoso de comunicação. Nós temos através da TV Assembleia, da Rádio Assembleia e das redes sociais um grande fator de multiplicação dos assuntos que são aqui discutidos e decididos. Então a assembleia é um palco diferenciado para essas discussões (ENTREVISTADO E1).

Poder ouvir de forma detalhada as necessidades da pasta, relatadas por quem conviveu diretamente com a crise; praticar o exercício de fiscalização que é prerrogativa do Poder Legislativo e ouvir a sociedade civil organizada para garantia desse direito previsto na Constituição (ENTREVISTADO F1).

Propor contribuições para pensar as políticas públicas (ENTREVISTADO G1).

Sinteticamente, com base nas respostas acima, o Quadro 9 traz um recorte resumido das vantagens (forças) apontadas pelos entrevistados.

Quadro 9 – Vantagens (forças) apontadas pelos entrevistados. Entrevistado A1 i. Debater o tema [...];

ii. [...] faz parte do contexto de segurança. Entrevistado B1

i. [...] o acompanhamento de perto das ações do governo;

ii. [...] a facilidade de a gente ter o contato com os atores envolvidos no sistema; iii. [...] um poder maior fiscalizatório das ações do Executivo.

Entrevistado C1 i. Tratar especificamente a política pública do sistema prisional. Entrevistado D1 i. [...] contribuição na busca de uma solução [...].

Entrevistado E1 i. [...] a assembleia é um palco diferenciado para essas discussões Entrevistado F1

i. Poder ouvir de forma detalhada as necessidades da pasta. ii. Praticar o exercício de fiscalização;

iii. Ouvir a sociedade civil organizada. Entrevistado G1 i. Propor contribuições.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ante o exposto, e de acordo com o Quadro 9, pode-se detectar uma pulverização nas vantagens e oportunidades elencadas pelos entrevistados, evidenciando-se que não há uma concentração da Comissão Especial, em detectar um elemento como grande propulsor de vantagem dos trabalhos.

Após a Carta Magna de 1988, o Poder Legislativo consolidou-se como um ator constituinte da democracia devido ao seu relacionamento com o Executivo. Daí sua maior participação na formulação, discussão e implementação de políticas públicas. O desenvolvimento do Poder Legislativo evoluiu a sua capacidade de representação, conforme o processo evolutivo apresentado por Torrens (2013):

Desde o exercício de um mandato imperativo – representante orientado por seus eleitores, passando pelo modelo de mandato representativo – representante de toda a comunidade, até o princípio da soberania popular, segundo o qual a única fonte do poder vem do povo (TORRENS, 2013, p. 193).

Nesse contexto, e diante do que esta pesquisa já apresentou, buscou-se nas respostas dos entrevistados, identificar quais oportunidades foram elencadas perante os trabalhos da Comissão Especial de Sistema Prisional. Deste modo, os entrevistados responderam:

A oportunidade da Assembleia está presente em um tema tão importante para a sociedade. A oportunidade de mostrar que temos deputados competentes e estão preocupados permanentemente com a segurança da população. O debate da Comissão faz com que os deputados se aprofundem mais no tema e ofereçam sugestões ao governo em plenário (ENTREVISTADO A1).

A oportunidade de que nós tivemos de estar em contato permanente, estar acompanhado de mais de perto [...] muitas vezes no Poder Legislativo, que tem a missão fiscalizadora, na hora que você não tem uma aproximação ou não tem informação [...], eu acho que a Comissão permite que a missão fiscalizadora possa se concretizar com maior facilidade (ENTREVISTADO B1).

Contribuir para a melhoria nas cadeias do sistema penitenciário e buscar impor metas para que sejam implementadas (ENTREVISTADO D1).

Oportunidade de abrir esse leque de debate e diálogo e entendimento com todos os setores da sociedade civil. A Assembleia, como esse poder que faz ecoar todos os desejos da sociedade, busca sempre a sintonia com pensamento popular. Então essa é a oportunidade, dentro do processo de discussão dos temas que são intrigantes no momento do estado e nacional, acho que é um poder que dá grande visibilidade e pode gerar instrumentos de correções às políticas públicas (ENTREVISTADO E1). Expor para a sociedade e para o próprio governador os problemas existentes de forma detalhada, obter informações públicas e privadas em torno da necessidade da população ser respeitada no seu direito de ir r vir e garantir mais eficiência ao sistema de segurança pública, desde o funcionamento da estrutura básica até a integração das diversas instituições que fazem parte do referido sistema (ENTREVISTADO F1).

De pensar a temática. A oportunidade, na assembleia, você teria acesso a informações que não circulam geralmente na sociedade como um todo e, à luz dessas informações, você poderia contribuir para pensar a política pública da questão penitenciária. Infelizmente, do meu ponto de vista, até quando eu estava lá, como eu não vi que teria essa possibilidade não fiquei (ENTREVISTADO G1).

Do mesmo modo com foi feito nas questões anteriores, resumidamente, o Quadro 10 traz um recorte das respostas acima apresentadas.

Quadro 10 – Oportunidades apontadas pelos entrevistados.

Entrevistado A1

i. Mostrar que temos deputados competentes e estão preocupados permanentemente com a segurança da população;

ii. Os deputados se aprofundem mais no tema e ofereçam sugestões ao governo em plenário.

Entrevistado B1 i. A comissão permite que a missão fiscalizadora possa se concretizar com maior facilidade.

Entrevistado C1 i. Ser mais eficaz na busca por soluções.

Entrevistado D1 i. Contribuir para a melhoria nas cadeias do sistema penitenciário; ii. Buscar impor metas para que sejam implementadas.

Entrevistado E1

i. Oportunidade de abrir esse leque de debate, diálogo e entendimento com todos os setores da sociedade civil;

ii. É um poder que dá grande visibilidade e pode gerar instrumentos de correções às políticas públicas.

Entrevistado F1

i. Expor para a sociedade e para o próprio governador os problemas existentes de forma detalhada;

ii. Obter informações públicas e privadas em torno da necessidade da população; iii. Garantir mais eficiência ao sistema de segurança pública.

Entrevistado G1 i. Pensar a temática. A oportunidade, na assembleia, você teria acesso a informações que não circulam geralmente na sociedade.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observou-se que quatro Entrevistados (A1, B1, E1 e G1) defenderam que o debate e o maior exercício do parlamento em sua missão fiscalizadora são as maiores oportunidades geradas pela Comissão Especial. Os Entrevistados C1 e F1 diagnosticaram que a eficácia e a eficiência são as grandes oportunidades.

Um ponto que mereceu destaque diz respeito aos relatos do Entrevistado D1. Foi o único dos membros que asseverou como oportunidade que a Comissão é um ambiente favorável e adequado para estabelecer metas a serem cumpridas pelo Poder Executivo.

Dentro desse contexto, traz-se a seguinte lição:

As avaliações permitem aos pesquisadores e formuladores de políticas identificarem quais programas ou aspectos dos programas funcionam, quais não, além de quais estratégias podem ser as mais eficazes e eficientes para se atingir as metas do programa. Nesse sentido, os recursos necessários para implementar uma avaliação de impacto constituem um investimento relativamente pequeno, mas significativo (GERTLER et al., 2015, p. 174).

De posse do que foi apresentado, em linhas gerais, constatou-se que preponderou como oportunidade na Comissão, a construção de alternativas para o sistema penitenciário mediante o amplo debate. Medida esta que, segundo as entrevistas, é rotineira no parlamento estadual.

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