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4 RESULTADOS

4.1 Identificação de ações para a promoção do acesso aberto

Para embasar as ações que podem promover o acesso imediato aos trabalhos acadêmicos na FACISA, foi importante conhecer experiências que, em contraponto à prática do embargo, identificaram atividades que motivassem o autoarquivamento ou depósito com acesso imediato nos repositórios de acesso aberto. O levantamento bibliográfico descrito na etapa 1 da seção Métodos permitiu identificar sete (7) trabalhos que puderam ser analisados na íntegra, os quais serão descritos em forma de narrativa, para logo destacar as principais propostas em quadro resumo a seguir.

Caso 1. Na Universidade do Minho, ao perceberem o baixo nível de depósito no repositório institucional (RI), desenvolveram um programa para estimular o autoarquivamento, consistindo em um plano promocional ao RI e acesso aberto. A forma encontrada foi incluir, em todos os canais institucionais disponíveis, informações sobre o repositório e o movimento AA. No que concerne às dúvidas da comunidade acadêmica, referentes aos direitos autorais e políticas das editoras, foram desenvolvidos sites para ajudar os autores a decidirem se podem publicar ou não os artigos. Também, foi implantada uma política de autoarquivamento apoiada pela gestão da Universidade com incentivo financeiro (FERREIRA et al., 2008).

Caso 2. No Technological Educational Institute, na Grécia, Koulouris et al. (2013) exploraram as atitudes do corpo docente em relação às práticas de acesso aberto, em especial, o autoarquivamento no repositório da instituição. Dentre as ações de promoção existentes, destacaram uma campanha para promover as ideias do AA entre os professores, apresentando suas vantagens, como o conceito de

receber mais citações e, consequentemente, obtenção da visibilidade para os pesquisadores. Para minimizar as questões relacionadas aos direitos autorais, a proposta foi divulgar a consulta no SHERPA/RoMEO, junto com a ajuda do departamento jurídico do Instituto, bem como a criação de um serviço de informação acerca de direito autorais.

Caso 3. Na Oregon State University, Zhang, Boock e Wirth (2015) estudaram a proposta de implantação da política institucional de acesso aberto e ressaltaram que a motivação principal foi o fato de a iniciativa resultar no aumento do autoarquivamento por parte dos docentes. Isto posto, concluíram que houve um ligeiro declínio na taxa de depósito um ano após a vigência e que a adoção de uma política não é necessariamente uma garantia para aumentar a taxa de depósitos. Inclusive, reconhecem que a divulgação do bibliotecário sobre o valor do acesso aberto e dos RI tem sido historicamente determinante para contribuir com a melhoria da taxa de depósito.

Caso 4. Em Texas A&M University, Yang e Li (2015) avaliaram a possibilidade de os docentes depositarem seus trabalhos no repositório da instituição. Nesse estudo, detectou-se que aproximadamente 90% dos professores estão cientes dos benefícios do AA no seu campo de atuação, além de 40% já terem publicado em revistas de acesso livre. Entretanto, ao solicitar que os entrevistados classificassem os métodos para realizarem pesquisas, o repositório ficou em último. Assim, identificou-se que seminários e workshops sobre as razões que interferem no depósito, como desconhecimento do processo de autoarquivamento, direitos autorais e qualidade inferior das publicações em AA, são de grande relevância. Também, a familiaridade com ferramentas como o SHERPA/RoMEO pode contribuir para aumento da participação nas iniciativas do acesso aberto, em particular, do depósito em repositórios.

Caso 5. Na Nigéria, Musa, Kabir e Dahiru (2016) examinaram práticas de autoarquivamento entre bibliotecários. Dentre as recomendações para melhorar o quantitativo de trabalhos nos repositórios, destacaram-se as campanhas para encorajar as práticas de acesso aberto; a criação de uma política que obrigue a autoarquivar; a implantação de campanhas por parte da direção da Universidade para esclarecer questões de direitos autorais e, por fim, a importância da formulação de políticas de recompensa para encorajar o depósito nos RI.

Caso 6. No Brasil, Freitas e Leite (2018) apresentaram diretrizes que contribuem para potencializar o depósito da produção científica em repositórios institucionais. O estudo envolveu pesquisadores, editores de revistas, agências de fomento, bibliotecários e gestores institucionais e constatou que a divulgação do repositório; a definição de políticas, em especial por parte de agências de fomento; a comunicação alinhada entre gestores superiores e os cursos de pós-graduação, bem como a automatização do depósito, ou mesmo a integração com outros sistemas são ações para incentivar o depósito no RI.

Caso 7. Na Universidade da Zâmbia, em decorrência do baixo nível de documentos no repositório institucional, Bwalya (2018) buscou entender os fatores que impediam o autoarquivamento pelos docentes. Nessa perspectiva, foi recomendado treinamento para os professores efetuarem o depósito no repositório, desenvolvimento de um sistema de incentivo financeiro e profissional, melhoria nos serviços de internet e criação de uma política que tornasse obrigatório o depósito no repositório.

Para uma melhor visualização, o quadro a seguir (Quadro 5) lista as ações encontradas na literatura, as quais subsidiam a proposta para a Unidade Especializada estudada nesta pesquisa: a FACISA.

Quadro 5– Síntese de ações para promover o acesso imediato nos repositórios de acesso aberto, segundo levantamento bibliográfico

Instituição/Público

estudado Motivo

Ações para promover o acesso imediato

Universidade do Minho (Portugal)

Baixo nível de depósito no repositório institucional

- Incluir em todos os canais de informação sobre acesso aberto e repositórios;

- Desenvolver sites para esclarecer as dúvidas de direitos autorais e políticas das editoras; - Política de autoarquivamento apoiada pela gestão da Universidade, com incentivo financeiro. Technological Educational Institute (Grécia) Garantir a participação do corpo docente no arquivamento de seus - Campanha para

promover as ideias do AA, destacando os benefícios; - Divulgar o

trabalhos no repositório SHERPA/RoMEO para auxiliar nas dúvidas quanto a permissões dos periódicos;

Texas A&M University (Estados Unidos)

Avaliar a atitude dos docentes para contribuir

com o repositório

- Seminários e workshops sobre as razões que interferem no depósito: desconhecimento do processo de

autoarquivamento, direitos autorais e qualidade inferior das publicações em AA.

Oregon State University (Estados Unidos)

Ampliar o nível de depósito no repositório

- Divulgação do

bibliotecário sobre o valor do Acesso aberto e dos RI;

Bibliotecários acadêmicos (Nigéria)

Baixo nível de depósito no repositório institucional

- Campanhas para encorajar as práticas de Acesso aberto;

- Política que obrigue o autoarquivamento; - Campanhas para esclarecer questões de direitos autorais. Universidades (Brasil) Potencializar o depósito da produção científica em repositórios institucionais - Divulgação do repositório; - Definição de políticas, em especial por parte de agências de fomento; - Comunicação alinhada entre gestores superiores e os cursos de pós- graduação;

- Automatização do depósito;

- Integração com outros sistemas.

Universidade (Zambia) Baixo nível de depósito no repositório institucional

- Treinamento do sistema para docentes efetuarem o depósito; - Sistema de incentivo financeiro e profissional; -Melhoria no serviço de internet; - Política de autoarquivamento. Fonte: Elaborada pela autora (2019)

A partir do levantamento realizado, é possível indicar as ações mais utilizadas para a promoção do autoarquivamento e depósito imediato em repositórios de acesso aberto: seminários sobre as vantagens do acesso aberto; divulgação do

repositório na comunidade acadêmica; uso de ferramentas como o SHERPA/RoMEO para auxiliar nas dúvidas de direitos autorais entre os editores de periódicos; e a criação de uma política que obrigue o autoarquivamento nos repositórios institucionais. Na sequência, serão discutidos os resultados do diagnóstico de crenças, normas, atitudes e intenção.

4.2 Diagnóstico de crenças, normas, atitudes e intenção sobre acesso aberto e