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IDENTIFICAÇÃO DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS E MUDANÇAS CONCEITUAIS

A dificuldade no aprendizado de física, em geral, se deve à falta de assimi- lação dos conceitos físicos, ocasionando um atraso no processo de ensino-apren- dizagem. Por isso, antes de iniciar as atividades com o software, a pesquisa se concentrou em algumas questões discursivas a fim de compreender e identificar as concepções prévias que seus alunos traziam antes da realização das atividades.

A primeira sondagem consistiu em quatro (04) questões de estruturas sim- ples, nas quais os indivíduos tinham total liberdade de manifestar suas concepções sobre o tema em questão. As respostas foram tabuladas e organizadas no Quadro 1:

1 - Você considera que a massa de um objeto pode influenciar no valor da velocidade quando está em queda livre?

R1: Quanto mais pesado for o objeto, mais rápido chegará ao solo 50% R2: Quanto maior a massa do corpo, maior a sua velocidade 45% R3: A velocidade de um objeto em queda livre depende do atrito com o ar e da área de contato. 5%

2 - Quais as condições necessárias para que um corpo esteja em movimento?

R1: É necessário ter um motor ou alguém empurrando ele 55% R2: Para um corpo estar em movimento é preciso que você dê um impulso ne-le, ou aplique uma força grande sobre ele 40%

3 - Quais as condições para um corpo estar em repouso?

R1: Não pode ter nenhuma força atuando sobre ele 85% R2: Ele precisa ser muito pesado para que a força que atua sobre ele, não consiga empurrá-lo 10%

R3: Ele não pode ter nenhum deslocamento 5%

4 - O que você considera como força?

R1: Todo corpo tem força, porém, nós seres humanos podemos ter mais força do que outros quando vamos à academia ou praticamos exercícios físicos. 85% R2: Força é a quantidade de energia que um corpo tem 10% R3: Força é quantidade de músculo que a pessoa tem ou, se for um aparelho, o quanto de energia ele gasta 5%

Quadro 1 - Concepções prévias Fonte: Autoria própria (2016).

Após a identificação das concepções prévias dos alunos, as simulações fo- ram organizadas e aplicadas buscando sempre estabelecer uma ponte entre o novo conhecimento e os já existentes na estrutura cognitiva dos alunos.

Ressalte-se que, antes das atividades propriamente ditas, os alunos rece- beram um treinamento de duas horas/aulas, para aprender a utilizar as principais funções do software Algodoo.

Para verificar as mudanças conceituais ocorridas e a reorganização dos con- ceitos na estrutura cognitiva de cada aluno, foi-lhes solicitado que, ao término de cada simulação, elaborassem um mapa conceitual envolvendo o conceito central trabalhado e, por meio da análise dos mapas, foi possível identificar as relações es- tabelecidas entre os conceitos e concepções de cada indivíduo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o uso das simulações virtuais nas aulas de física, buscamos um método de promover interações e reflexões com os alunos sobre as evoluções conceituais dos conteúdos abordados.

Após o primeiro impacto e depois de familiarizados com o software, cerca de 60% da turma realizou as atividades com bastante empenho: questionaram, par- ticiparam, testaram e alguns foram até mais longe, produzindo modelagens mais complexas no software. Os outros 40% não realizaram as atividades com suficien- te empenho e, ao serem questionados sobre as situações físicas, apresentavam

grande desconforto, o que nos faz refletir sobre as condições necessárias para uma aprendizagem significativa: o material deve ser potencialmente significativo, e o alu- no precisa estar disposto a aprender.

Além disso, observou-se que a utilização das simulações baseadas na Teo- ria da Aprendizagem Significativa, amalgamada com uma avaliação diferenciada, contribui para uma aprendizagem potencialmente significativa, o que, entretanto, não devemos generalizar para qualquer tipo de atividade realizada com simulações.

Como produto do trabalho, a fim de divulgar com mais detalhes a proposta didática, foi criado um blog com o título Interações digitais no Ensino de Física

(disponível em: http://tecnologiaehistoriadaciencia.blogspot.com.br/) e um manual didático com o intuito de promover uma interação entre professores e alunos e a divulgação científica das simulações produzidas.

REFERÊNCIAS

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