RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.7 Identificação dos Fungos Endofíticos
Todos os 140 isolados foram agrupados em 32 morfoespécies, sendo que cada grupo compartilha os mesmos aspectos macro-morfológicos das estruturas vegetativas, como por exemplo, cor, tamanho e textura da colônia, mudança de cor do meio de cultura, provavelmente por ação de produtos secretados pelas hifas dos fungos (GAMBOA e BAYMAN, 2001; SOUZA et al, 2004).
Houve uma predominância da morfo-espécie 1 e da 8 ambas com 10 isolados e as menores freqüências foram observadas nos grupos M5, M9, M14, M22, M29 com apenas um isolado (Figura 9)
67
Figura 9: Frequência de fungos endofíticos isolados de folhas de Glycine max L.
A maioria dos fungos identificados das folhas de Glicyne max pertencem aos gêneros Aspergillus e Penicillium. Estes fungos são cosmopolitas e ocorrem endofiticamente (SCHULTHESS & FAETH, 1998).
Os isolados UFT2010_3520, UFT2010_3540 e UFT2010_3584 foram identificados como Penicillium simplicissimum. No presente estudo, os indivíduos UFT2010_3520 e UFT2010_3540 inibiram o crescimento de S. auresus. Conforme Motaher e colaboradores (2007) P. simplicissimum pode auxiliar na defesa contra
Pseudomonas syringae pv. Tomate DC3000, como descrito no trabalho de. Além disso,
segundo Iskandar e colaboradores (2011) P. simplicissimum pode atuar como agentes de biossorção de metais pesados, presentes em sedimentos contaminados, indicando que este micro-organismo é um promissor de na biossorção de Cobre e Chumbo . Contudo o gênero Penicillium tem sido constantemente utilizado como fonte de enzimas em vários setores industriais (RUEGGER, et al, 2003).
O isolado UFT2010_3635 foi identificado como Aspergillus tamarii.. Segundo Goto e colegas (1996) às vezes A. tamarii é classificado com Aspergillus oryzae e
0 2 4 6 8 10 12 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 Morfo-espécie
68
Aspergillus sojae. Estes microrganismos são usados usados na culinária oriental. Por
exemplo, A. tamarii NRRL 429 foi isolado de um molho de soja
Os isolados UFT2010_3503, UFT2010_3598, UFT2010_3633, UFT2010_3505 e UFT2010_3580 foram identificados como Aspergillus aculeatus. Neste estudo o isolado UFT2010_3633 inibiu o crescimento de Colletotricum gloeosporioides tanto na produção de compostos voláteis, quanto no método de antagonismo. Já o extrato fúngico do isolado UFT2010_3503 inibiu o crescimento de S. aureus e E.coli. Este microrganismo pode produzir carboidrase usadas na hidrólise enzimática das fibras de cotilédones de soja, originando um produto com maior concentração de proteínas totais e solúveis ( SIELBE, 2008). Além disso, segundo POLIZELI e colaboradores (2005) relatou a atividade xilanolítica de Aspergillus aculeatus,
O isolado UFT2010_3639 foi identificado como Aspergillus flavus. A. flavus foi
descrito por Simões (2006) como produtor de xilanase, assim como o A. tamarii. Segundo YADAV (2011) A. flavus é capaz de produzir o composto α-L- Rhamnosidase em frutos citricos em decomposição.
O isolado UFT2010_3537 foi identificado como Fusarium oxysporum (99% de similaridade com o acesso HQ384391.1 do GenBank). O gênero Fusarium é comum tanto em vegetais de ecossistemas tropicais quanto temperados (RODRIGUES e SAMUELS, 1999; SURYANARAYANAM et al., 2002; SCHULZ e BOYLE, 2005).
Espécies de Fusarium são isoladas frequentemente como endofíticos e já foram encontradas colonizando várias plantas como mudas de Annona spp. (SILVA et al., 2006), sementes de Vigna unguiculata (RODRIGUES e MENEZES, 2002), caule de
Gossypium sp. (WANG, et al., 2007), folhas de Theobroma cacao (RUBINI et al.,
2005), Magnolia liliifera (PROMPUTTHA et al., 2007), M. domestica (SARTORI- CAMATTI et al., 2005), Coffea arabica (SANTAMARÍA e BAYMAN, 2005) e
69 diversas outras plantas estudadas de clima temperado (PELÁEZ et al., 1998). Por outro lado, algumas espécies de Fusarium são comumente encontradas como parasitas de plantas (SUMMERELL et al., 2002).
O gêreno Fusarium, foi descrito com fungo patogênico promotor da podridão das raízes em pimenteira-do-reino (Piper nigrum), cultura de grande importância econômica para a região Amazônica (SOUZA FILHO e DUARTE, 2007).
Segundo ArnoldAL e colaboradores (2000) o gênero Fusarium representa endófitos onipresentes e generalistas em zonas foliares, além de crescerem rapidamente e competirem em meios de culturas simples, como Agar batata e extrato de malte.
Segundo Hallmann e Sikora (1996) linhagens não patogênicas de Fusarium
oxysporum isoladas de plantas vasculares, compreendem um grupo de endofíticos com
70 8 CONCLUSÕES
O estudo dos fungos endofíticos associados a monoculturas ainda é algo inicial e que precisa ser melhor compreendido, principalmente a micota tropical,. Com o aumento de pesquisas nessa área, o Tocantins poderá ocupar lugar de destaque no cenário científico nacional, pois detém os melhores índices de produção de horti-frutos e de monocultura. Com isso é possível concluir com este estudo sobre o isolamento e bioprospecção da micota endofítica de Glycine Max:
A espécie vegetal apresentou-se como uma boa hospedeira de fungos endofíticos;
Os isolados endofíticos apresentaram uma taxa de inibição mais eficiente em relação S. aureus;
Os isolados endofíticos apresentam-se como um possível produto potencial biotecnológico, já que alguns indivíduos apresentaram atividade contra mais de um microrganismo-alvo;
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