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Medical Mycology ISSN: 1369-

NO ESTADO DE SERGIPE RESUMO

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.3 Identificação fenotípica em meio Níger

O “screening” realizado em meio Níger, quase todas as amostras testadas apresentam atividade fenoloxidase positiva, o que pode ser evidenciado pela presença de colônias de coloração marrom (melanização), puntiformes ou até 2mm de diâmetro com aspecto úmido; a única exceção foi à colônia D da amostra 13. Esta cepa apresentou características morfotípicas diferentes como colônia creme, brilhante e com 2mm de diâmetro.

O achado nesta pesquisa sugere a ocorrência de uma linhagem mutante, porém tal afirmação necessita de estudos mais aprofundados com esta cepa de característica fenotípica diferente, entretanto, estudos como o de Williamson, (2003), pode corroborar ou não esta afirmação, haja vista que o mesmo afirma que a síntese da enzima responsável pela melanização é regulada pelo gene CNLAC1, o qual, após depleção de bases de DNA desencadeia a formação de linhagens mutantes não produtoras de pigmentação. Este mesmo autor cita que expressão deste gene CNLAC1 foi evidenciada através de uma indução de uma grande expressão do gene STE12 que regula a produção dessa enzima.

Para contrapor a afirmação de Staib et al. (1987) que o tempo de pigmentação e diferentes concentrações dos solutos do meio podem alterar a caracterização morfotípica das colônias de Cryptococcus neoformans foram realizados sucessivos repiques em diferentes lotes de Agar Níger e os mesmos resultados foram verificados. Mesmo com a possibilidade de alteração de melanização o método proposto por Staib et al (1987) continua sendo a melhor

4.3.4 Identificação das variedades

Na Tabela 1 são apresentados os resultados do teste para caracterização das variedades de Cryptococcus neoformans através do meio CGB.

Número da amostra HIV Variedade 1 Positiva neoformans 2 Positiva neoformans 3 Negativo neoformans 4 Negativo neoformans 5 Negativo neoformans 6 Negativo gattii 7 Positiva neoformans 8 Positiva neoformans 9 Positiva neoformans 10 Positiva gattii 11 Negativo neoformans 12 Positiva neoformans 13 Negativo neoformans

13 - colônia D Negativo neoformans

14 Negativo neoformans

De acordo com a tabela 01, do total de 15 amostras analisadas através do meio CGB, apenas duas amostras apresentaram CGB positivo, ou seja, foram identificadas como variedade gattii, o que representa 13,33% dos isolado clínicos de Cryptococcus neoformans em Sergipe no período de 2001 a 2004.

Tabela 1: Identificação das variedades, soropositividade para HIV das amostras de

Cryptococcus neoformans, isolados clínicos do Estado de Sergipe no período de

como variedade neoformans, representando 86,67% do total dos isolados clínicos.

Pode-se observar também, que das sete amostras isoladas de pacientes HIV positivos apenas uma amostra pertencia à variedade gattii enquanto os seis restantes revelaram-se como variedade neoformans. Com relação às amostras isoladas de pacientes HIV negativos, também apenas uma amostra pertence à variedade gattii enquanto as outras sete amostras foram variedade

neoformans.

O morfotipo D da amostra 13 que apresentou característica fenotípica diferente no meio Níger apresentou-se como variedade neoformans (CGB negativo), resultado idêntico aos outros morfotipos da mesma amostra. Esse morfotipo pode está apresentando uma variabilidade fenotípica que merece destaque já que ele foi confirmado como Cryptococcus neoformans variedade

neoformans, tanto através do meio CGB como pela tinta Nanquim. Uma vez

que já foi eliminada qualquer possibilidade de contaminação, propõe-se um estudo mais aprofundado com esta cepa.

Merecem destaque as amostras 06 e 10. A amostra 06, que foi identificada como Cryptococcus neoformans variedade gattii e isolada de paciente HIV negativo se apresenta epidemiologicamente de acordo com a literatura comentada, porém, nesse trabalho, o número de casos de pacientes HIV negativo com meningite criptocócica causada pela variedade gattii ficou abaixo do esperado mostrando, em Sergipe, uma frequencia mais significativa da variedade neoformans. Outros trabalhos realizados na região Nordeste do Brasil, precisamente no Piauí, demonstraram que 91,2% dos casos de pacientes HIV negativo com criptococose foram acometidos pela variedade

gattii prevalecendo o sorotipo B em 100% das amostras (CAVALCANTI, 1997;

A amostra 10, isolada de paciente HIV positivo foi identificada como

Cryptococcus neoformans variedade gattii. Este dado é pouco freqüente na

literatura e é aqui apresentado como único caso identificado e analisado em Sergipe. Entretanto, embora se tenha pouca citação neste sentido, estudo realizado por GARZA et al (1995) revelou que das cepas isoladas de pacientes com HIV positivo na América Latina, 15% pertenciam a variedade gattii e 85% a variedade neoformans. Esses dados indicaram que a variedade gattii está amplamente distribuída no meio ambiente e é capaz de infectar indivíduos imunodeprimidos.

O aumento na incidência da criptococose causada principalmente pela variedade gattii pode ser atribuído a migração da população urbana para locais rurais assim como para áreas de desmatamento de mata nativa além dos fatores sociais (desnutrição e estresse físico-emocional) e da deficiência imunológica do paciente (Py et al., 1997).

Garza et al (1995) afirmaram que em cepas isoladas de pacientes com SIDA foi encontrada uma ocorrência de 15% para a variedade gattii e 85% para a variedade neoformans e indicaram que a variedade gattii está amplamente distribuída no meio ambiente e é capaz de infectar indivíduos imunodeprimidos.

Na região Nordeste do Brasil, precisamente no Piauí foi isolado 91,2% dos casos de pacientes com criptococose não – SIDA foram acometidos pela variedade gattii prevalecendo o sorotipo B em 100% das amostras (CAVALCANTI, 1997; NISHIKAWA et al., 2003).

Entre as técnicas de tipificação empregadas em estudos epidemiológicos, os esquemas de sorotipagem tornaram-se valiosos devido à associação da infecção com isolados sorotipo A e pacientes com SIDA e, a maior dificuldade, no tratamento com antifúngicos nas infecções pela variedade

Estudos recentes sugerem uma nova classificação: C. neoformans var.

grubii (sorotipo A) e C. neoformans var. neoformans (sorotipo D), ambos de

distribuição mundial; C. neoformans var. gattii (sorotipos B e C) restritos a regiões de clima tropical e subtropical (FRANZOT et al., 1999; STEENBERG et

al., 2000). Tais variedades apresentam diferenças significativas tanto em

questões morfofisiológicas quanto em distribuição e “habitat”.

A freqüência mundial das variedades neoformans e gattii indicou uma proporção bem mais significativa da primeira variedade citada nos casos clínicos; dados epidemiológicos do México indicaram que aproximadamente 86% dos casos de meningite criptocócica são da variedade neoformans, na Argentina de 97% de neoformans, no Brasil de 83% de neoformans; em Cuba de 97% dos casos são pertencentes à variedade neoformans; e na Venezuela de aproximadamente de 67% dos casos são da variedade neoformans. Já em Porto Rico (100% da variedade neoformans) e no Paraguai (100% da variedade gattii) apresentaram freqüências contestadas devido aos poucos casos ocorridos (CASTANON-OLIVARES et al., 2000).

Banerjee et al (2004) mostraram o primeiro caso reportado em que um individuo imunocompetente foi infectado pelas duas variedades (sorotipos A e B) simultaneamente. Isto sugere uma variabilidade intracolonial entre os isolados clínicos e ambientais de Cryptococcus neoformans.

Após a implantação do HART (terapia anti-retroviral de grande capacidade) a meningite criptocócica está se alterando epidemiologicamente, principalmente no Nordeste brasileiro, diminuindo o numero de casos relacionados aos pacientes soropositivo para o HIV e atingindo de modos mais freqüentes pacientes hígidos. Esse novo comportamento evidencia a ocorrência em que a levedura acontece de modo ocorrente, porém não detectado e favorece a pesquisa de novos nichos ecológicos e modos de contaminação em Sergipe.

4.4 CONCLUSÃO

Nas amostras de Cryptococcus neoformans isolado de líquor de pacientes com meningite infecciosa em Sergipe, no período de 2001 a 2004, prevaleceram às variedades neoformans frente as gatti.

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