3.2 RESULTADOS
3.2.1 Identificação geral dos docentes participantes da pesquisa
O perfil geral dos respondentes (amostra total n= 49), no que diz respeito ao gênero (GRÁFICO 1), foi de 12 (24,4%) mulheres e 37 (75,5%) homens. Em relação a faixa etária (GRÁFICO 2), não há professores com menos de 30 anos (0%) e a faixa entre 40 e 50 anos contém a maioria dos respondentes, um total de 20 (40,8%). Após, tem-se 19 (38,7%) professores entre 30 e 40 anos, seguidos de 8 (16,3%) com 50 a 60 anos e, por fim, 2 (4,08%) com idade maior que 60 anos.
Sobre o tempo de formação docente (GRÁFICO 3), a distribuição das respostas ocorreu da seguinte forma: 22 (44,9%) professores têm entre 10 e 20 anos de formados, 17 (34,6%) têm entre 20 e 30 anos de formados, 5 (10,2%) professores
entre 30 e 40 anos de formados e outros 5 (10,2%) professores possuem menos de 10 anos de formados. Nenhum dos respondestes da pesquisa tinha entre 40 e 50 anos e nem mais de 50 anos de formado.
Neste estudo, todos os departamentos da instituição foram representados, pois, dos respondentes, 17 (34,6%) professores estão vinculados ao Departamento de Direito Privado, outros 17 (34,6%) possuem vínculo com o Departamento de Estudos Jurídicos Fundamentais e 15 (30,6%) professores estão ligados ao Departamento de Direito Público (GRÁFICO 4).
Gráfico 1. Distribuição por gênero dos docentes da FDUFBA, 2018.
Figura 1
24,49%
75,51%
Feminino Masculino
Gráfico 2. Distribuição por faixa etária dos docentes da FDUFBA, 2018.
Figura 2
Gráfico 3. Distribuição por tempo de formação dos docentes da FDUFBA, 2018.
Figura 3 38,78% 40,82% 16,33% 4,08% De 30 a 40 anos De 40 a 50 anos De 50 a 60 anos Maior que 60 anos
44,90% 34,69% 10,20% 10,20% Entre 10 e 20 anos Entre 20 e 30 anos Entre 30 e 40 anos Menos de 10 anos
Gráfico 4. Distribuição por departamento vinculado à FDUFBA, 2018.
Figura 4
Em relação à vinculação em Programas de Pós-graduação (TABELA 1) 12 (24,4%) docentes têm vínculo com o Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal da Bahia (PPGD – UFBA), 3 (6,1%) docentes além do vínculo com o PPGD – UFBA, possuem também ligação com outras instituições, quais sejam a UNIFACS, UCSAL e UFES. Há 1 (2,04%) professor vinculado ao programa de pós- graduação em Ciências Sociais da UFBA e 4 (8,01%) professores que possuem vínculo com programas de outras instituições, a exemplo da UNIFACS. A maioria dos respondentes, 24 (48,9%) professores, não possuem vínculo com programas de pós- graduação. Por fim, 5 (10,2%) respondentes foram enquadrados no campo “Não resposta”; desse total, 2 docentes que não responderam à pergunta, outros 2 colocaram programas de especialização na resposta, a exemplo da Faculdade Baiana e da Escola de Magistrados da Bahia, e 1 docente cuja resposta não foi possível identificar.
Na distribuição dos docentes participantes da pesquisa por classes da carreira do magistério superior federal (TABELA 2), obtive-se os seguintes resultados: 21 (42.8%) são Professores Adjuntos, 19 (38.7%) são Professores Assistentes e 7 (14.2%) são Professores Associados. Não se teve nenhum professor auxiliar ou titular entre os respondentes, e 2 (4%) docentes não responderam à pergunta.
34,69% 30,61% 34,69% Departamento de Direito Privado Departamento de Direito Público Departamento de Estudos Jurídicos Fundamentais
Quanto à área de atuação profissional (TABELA 3), tem-se um total de 23 docentes que são advogados, desse número 4 dos respondentes, além de advogar, atuam como: Procurador(a), Procurador(a) Estadual, Procurador(a) Municipal e Empresário(a). Segue-se também um número considerável de servidores públicos lato sensu, quais sejam: 6 Juízes, 2 Promotores, 2 Servidores Públicos stricto sensu e 1 Auditor(a). Ademais, tem-se 1 Consultor(a) jurídico(a) e 1 respondente que atua em Assessoria Jurídica Popular. Por fim, 12 professores que exercem exclusivamente a docência.
Tabela 1
Tabela 1. Vínculo com Programas de Pós-graduação dos Docentes da FDUFBA, 2018. Tabela 2
Qual a classe docente? Frequência:
Professor(a) Adjunto 21 (42.8%) Professor(a) Assistente 19 (38.7%) Professor(a) Associado 7 (14.2%)
Não resposta 2 (4%)
Total Geral: 49 (100%)
Tabela 2. Classe dos docentes da FDUFBA, 2018.
Tabela 3
Área de Atuação Profissional: Frequência:
Advogado(a) 19
Professor(a) com dedicação exclusiva à carreira docente 12
Juiz(a) 6
Advogado(a) e outros 4
Promotor(a) 2
Servidor(a) Público(a) 2
Assessoria jurídica popular 1
Auditor(a) 1
Consultor(a) jurídico(a) 1
Outros 1
Total Geral 49
Tabela 3. Área de atuação Profissional dos Docentes da FDUFBA, 2018. É vinculado à algum Programa de Pós Graduação? Frequência:
Sim. PPGD – UFBA 12 (24,4%) Sim. PPGD UFBA e outros 3 (6,1%)
Outros – UFBA 1 (2,04%)
Outros 4 (8,1%)
Não 24 (48,9%)
Não resposta 5 (10,2%)
O perfil geral do profissional docente da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia é de homens, entre 40 e 50 anos, que têm entre 10 e 20 anos de formação e exercem a docência em concomitância com outra carreira. O observatório do Ensino do Direito da Fundação Getúlio Vargas – FGV74 traçou o perfil nacional dos
professores de direito no Brasil e, em geral, eles possuem título de mestre, trabalham em regime parcial, são brancos e do gênero masculino. A constatação nacional se assemelha ao perfil encontrado na FDUFBA.
Observa-se que, ainda, há o predomínio da presença masculina no quadro docente, ou seja, não há equilíbrio entre os gêneros. Isso se justifica por razões históricas e sociais que denotam a desigualdade de gênero presente em nossa sociedade, refletida em todas as esferas, o que inclui a Educação Jurídica. Não obstante, o número de mulheres que exercem a docência na FDUFBA tem aumentado ao longo dos anos, nos concursos de 2016 e 2017 foram aprovados e efetivados no quadro da instituição 6 docentes do gênero feminino e 4 do masculino75.
Ao docente é permitido atuar em até 3 programas de pós-graduação distintos, independentemente se a Instituição de ensino for pública ou privada76. A pós-
graduação stricto sensu é definida pela CAPES77 como ambiente de natureza
acadêmica e de pesquisa, que tem como objetivo principal o científico, ainda que atue em setores profissionais. Já a especialização tem sentido eminentemente prático- profissional. Observa-se, a partir dos dados (TABELA 1), que há uma significativa inserção dos professores nos espaços de pós-graduação e isso é relevante pois, nesses locais, deve ocorrer, prioritariamente, a formação docente.
Surpreende a vinculação de 1 respondente ao PPG - UFBA na área de Ciência Sociais, por destoar do padrão de isolamento do meio jurídico, o que pode indicar uma abertura à interdisciplinaridade. Outra observação é que a Faculdade Baiana e a Escola de Magistrados da Bahia foram indicadas como programas de pós-graduação, mas, segundo a classificação da CAPES, esses cursos são de especialização. Talvez, a ausência da especificação “stricto sensu” na questão tenha confundido os
74 Disponível em: <http://direitosp.fgv.br/observatorio-ensino-direito>. Acesso em 16 Fev. 2018. 75 Disponível em: <https://direito.ufba.br/concursos>. Acesso em 19 Fev. 2018.
76 Portaria nº 174 de 30 de dezembro de 2014. Disponível em: <www.capes.gov.br/avaliacao/sobre-a-
avaliacao/legislacao-especifica>. Acesso em 16 fev. 2018.
77 Parecer nº 977/65 de em 03 de dezembro de 1965. Disponível em:
<https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Parecer_CESU_977_1965.doc ->. Acesso em 16 fev. 2018.
respondentes, outra hipótese, é o desconhecimento da distinção desses dois conceitos.
No que tange à classe docente, observou-se que 2 docentes não responderam à pergunta, o que pode significar desconhecimento da própria carreira no magistério superior federal78, indicando, quiçá, a falta de identidade docente e o preterimento
dessa atividade em relação às outras carreiras. Isto é dito porque, a progressão é aspecto relevante em qualquer profissão.
Dentre os docentes pesquisados, 73,4% exercem outra atividade além do ensino, confirmando-se o referencial teórico desta pesquisa, que relata a predominância de professores que exercem a docência jurídica como atividade complementar. É interessante comparar com os dados trazidos pela pesquisa da FGV que indicam que, no cenário nacional, os docentes de outros cursos exercem mais funções em regime integral (56%), do que nos cursos de Direito (34%)79.
Ainda assim, importa destacar o número significativo (24,49%) de respondentes que exercem exclusivamente a docência. Uma hipótese para esse aumento é a exigência do art. 52, III da Lei 9.394/96 de que 1/3 (um terço) do corpo docente exerça a atividade em regime de tempo integral. Não se busca aqui menosprezar a atuação dos profissionais que exercem a docência em tempo parcial, cenário que predomina nos cursos jurídicos, mas sim, além de observar o que estabelece a legislação, valorizar a carreira docente integral. Apesar da importância do docente integral para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, por ter mais tempo para se dedicar a essas áreas e as outras esferas da universidade, esse profissional, ainda não tem o devido reconhecimento social, especialmente na questão salarial.
Ao fim, o tempo de formação não parece trazer mudanças significativas em relação às práticas pedagógicas, percebendo-se que o modelo de ensino tradicional do Direito, baseado na exposição oral de conteúdo, prevalece, sendo um reflexo do aprendizado que esses docentes tiveram enquanto estudantes nos bacharelados, tendo como fator principal, a carência de formação.
78 As classes da Carreira do Magistério Superior são definidas pela Lei nº 12.772/2012, que
estabelece 5 categorias principais (de A a E), estando, em escala crescente, o Professor Adjunto no primeiro nível e o Professor Titular no último.