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2 REVISÃO TEÓRICA: COMÉRCIO E INVESTIMENTO E OS ACORDOS DE

2.4 INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO: ENFOQUE TEÓRICO E O PAPEL DOS

2.4.1 IED Produtivo

De acordo com Faeth (2009) as primeiras teorias sobre IDE datam da década de 1960 e tinham como base o modelo de Heckscher-Ohlin. Entretanto, o fato de ser um modelo de equilíbrio 2x2x2 (dois países, dois fatores de produção e dois bens produzidos) e sem custos de transporte, esse modelo era bastante limitado para explicar os fluxos desse tipo de investimento. Com o processo de internacionalização de empresas, a teoria econômica passou a investigar com maior profundidade os determinantes dos IED e as motivações das EMN. E, diante dessas investigações os investimentos internacionais passaram a ser classificados como investimentos diretos e investimentos de portfólio.

De acordo com Amal e Seabra (2007, p. 232):

Os investimentos externos de portfólio, correspondem aos fluxos de capital que não são orientados para o controle operacional da empresa receptora do capital externo. Já os investimentos diretos, visam a uma relação duradoura com a empresa cuja exploração ocorre em outro país que não o do investidor e com o objetivo de influir efetivamente na gestão da empresa em questão.

A OCDE considera um investimento estrangeiro como investimento direto quando este detém uma participação no capital de, no mínimo, 10%, e pode exercer influência sobre a gestão da empresa receptora (OECD, 2011). Assim, o investimento direto se diferencia do investimento em portfólio porque envolve maior controle e participação na empresa. É importante ressaltar que o IED se divide em duas categorias: tipo Greenfield e Aquisições e Fusões (Brownfield). O investimento Greenfield é aquele em que a empresa investidora desenvolve novas capacidades produtivas no país de destino. Já o investimento brownfield, se dá quando uma empresa estrangeira adquire empresas no país destino, ou seja, sem a criação de nova capacidade produtiva no país.

Caves (1971) evidencia a diferenciação do produto e classifica do IED em dois tipos: o IDE horizontal, quando matriz e filial produzem bens similares e o IDE vertical, quando a firma produz matérias-primas ou insumos no exterior.

A firma deve manter o conhecimento de como produzir, e o IDE horizontal será realizado quando esse conhecimento for empregado na diferenciação do produto. Caso contrário, se o conhecimento for apenas de gestão/administrativo, a firma apenas exporta ou promove uma licença de produção19. Já o IDE vertical surge quando não existe a capacidade de diferenciação de produto (DIAS, 2014).

Existem vários posionamentos teóricos para explicar os determinantes dos IED que diferem-se de acordo com ênfase que é dada a determinados fatores . Entre eles podem ser destacados, a tecnologia (VERNON, 1966; HYMER 1976), o diferencial das taxas de lucro (CAVES, 1971), a capacitação gerencial e de marketing, assim como a obtenção de economias de escala (Horst, 1972), a internacionalização da produção (RAINELLI, 1979), as vantagens de propriedade (para a saída), locacionais (para a atração) e internalização (DUNNING, 1988).

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Um exemplo ilustrativo é o estudo de Helpman (1984) que desenvolve um modelo simples de equilíbrio geral de comércio internacional: os ativos específicos da empresa, associados ao marketing, gerenciamento e P&D, podem ser usados em plantas de produção em outros países que não o país em que esses insumos são empregados; então a localização das plantas de uma indústria de produtos diferenciados é uma variável de decisão. Assim, padrões e volume de comércio e a participação do comércio intra-indústria e intra-firma são tidos como funções do tamanho relativo do país e das diferenças nas dotações relativas dos fatores.

Uma das correntes que explicam a realização do IED, fundamenta-se na chamada Teoria da Internacionalização da Produção, que é entendida como um processo que ultrapassa as fronteiras nacionais em forma que bens, serviços e capitais, através do comércio internacional, dos IED e dos investimentos de portfólio.

De forma geral, a literatura defende que os fluxos de IED (direto ou portfólio) são determinados pelo diferencial da taxa de retorno. Entretanto, a teoria da internacionalização da produção sustenta que o IED também é consequência das diferenças na estrutura empresarial e da interação de outros fatores, tais como: dotação de fatores, tamanho e potencial de crescimento do mercado, custos de transporte, barreiras comerciais, infra- estrutura, economias de escala e leis regulatórias, entre outros.

A busca pela complementaridade resulta em uma conexão estreita entre o comércio internacional e os IED, pelo fato das empresas investidoras explorem as vantagens oferecidas pela região de destino e concilie com as tecnologias existentes nos países de origem (geralmente mais avançadas). Tal interação deve resultar no aumento do comércio intra- industrial (insumos, peças, equipamentos etc.). Esse argumento sustenta que os IED se originam de setores ou industrias em países com desvantagens comparativas, descocando-se para países que ofereçam vantagens comparativas nos mesmos setores ou industrias. A complementação consiste na transferência de tecnologias que utilizam os recursos abundantes (matérias-primas e mão-de-obra) para aproveitar as vantagens comparativas dos países em desenvolvimento (CEPAL, 1997).

De acordo com Gonçalves et al. (1998) nos países em desenvolvimento, a atração de IED acontece nessas bases. Entretanto, a integração econômica regional pode estimular os investimentos externos diretos como resultado do alargamento do mercado regional, sendo que as empresas transnacionais desempenham papel fundamental nesse contexto.

Os fatores que a literatura aponta como principais fatores de atração de IED são: o tamanho do mercado; a dotação de fatores; a estabilidade macroeconômica e política; incentivos fiscais; custos de transporte; a concorrência internacional; a percepção do mercado sobre a capacidade de pagamento dos compromissos externos do país; oportunidades de ganhos com o processo de privatização; a elevada taxa de retorno esperada dos investimentos; comparados com a remuneração dos mercados financeiros dos países centrais; e a desregulação dos mercados financeiros nacionais (CEPAL, 1997).

Gonçalvez et al. (1998) alertam que fatores exógenos, como a conjuntura internacional e a redefinição do papel estratégico das EMN (fusões, por exemplo) em razão da globalização, também influenciam os IED.