- O que é o poder? É a faculdade de impor unilateralmente determinada conduta sobre as outras pessoas. Pode ser feito através duma forma passiva, através da proibição, ou activa, através da ordem.
- Não há poder sem autoridade. Ambos supõem a obediência e o respeito, respectivamente. E têm ambos a susceptibilidade do uso da força.
- O poder político trás três problemas: - Como o limitamos? – Faltam aqui coisas
- Qual a sua legitimidade? Normalmente é legitimado na vontade popular ou na vontade divina, sem bem que podem haver mais fundamentos.
- Qual o seu fundamento? Garantir segurança, garantir propriedade, garantir direitos e a protecção da pessoa humana.
Existem três formas tradicionais de legitimação do poder político
- Poder carismático, que consiste num reconhecimento pela sociedade das qualidades da pessoa detentora do poder.
- 33 -
- Poder tradicional, que se baseia na tradição e no costume como fundamentos do poder.
Ambas as formas acima mencionadas existem à margem do direito escrito. - Poder racional, que se apoia na razão e na legalidade.
Temos portanto de pôr as seguintes questões:
- Quem define os objectivos da sociedade? E quais são esses objectivos?
O Estado
- O Estado como realidade histórico-jurídica - Estrutura do Estado
- Exercício do Poder do Estado
-As Instituições e o Poder Político do Estado
O Estado como Realidade Histórico-Jurídica Estados Pré-Liberais
Caracterizam-se todos por uma ausência de uma Constituição formal: Estado Oriental
- Estados de grande dimensão - Poder tem origem divina, teocracia - Sociedade hierarquizada, desigualitária
- Poder é exercido sem direitos, é ilimitado e extremamente intervencionista.
Estado Grego
- Estado de reduzidas dimensões
- Estabelecem coordenadas para a democracia moderna - Religião como fundamento da comunidade
- 34 -
- Liberdade quase inexistente fora da participação política
Estado Romano
- Organização hierárquica de poder - Obras públicas
- Ordem de valores judaico-cristã nas últimas fases - Coordenação entre poder central e poder local
- Coexistência de património pessoal e património estatal – res privada e res publica
Estado Medieval
- Não existia um poder central e unificado
- Conflito de poder entre a Nobreza, o Clero e a Burguesia contra o Rei - Dualidade do poder régio e do poder feudal
- Feudalização normativa e jurídica
- Estado proto-Corportativo, através do triunfo das guildas e da burguesia.
Estado Absoluto
- Coisas do costume, e por aí fora
Estados Liberais e Reacção
Estado Liberal
- Importância da constituição formal - Igualdade perante a lei
- Existência de um Parlamento - Fonte principal de Direito é a Lei
- 35 -
Estado Anti-Liberal
- Não assenta no princípio da liberdade - Socialismos e Totalitarismos
Estado Pós-Liberal - Princípios liberais - Direitos sociais
- Intervencionismo moderado através da cláusula de bem-estar - Heterovinculação
- Estado de Direito Material
- Passa por várias fases, nomeadamente uma fase intervencionista, uma fase neoliberal e agora, uma fase neointervencionista.
Fragmentação do Estado
- Internacionalização: Erosão do domínio reservado dos Estados
- Globalização - Existência de questões à escala mundial cuja resolução passa à escala mundial, ficando o Estado impotente só por si para resolver estes problemas (tráfico de drogas, mulheres, órgão, armamento…)
- Integração Europeia – Em certas matérias, os estados-membro da UE transferiram a sua soberania para os órgãos comunitários
- Neofeudalização Interna
Elementos do Estado
São estes os elementos fundamentais do Estado: - Povo
- 36 -
- Poder Político - Elementos Formais
Povo
- O povo é um conjunto de pessoas que têm um vínculo jurídico com determinado Estado. Diferencia-se dos conceitos:
- População – Composta por pessoas que vivem no determinado território (inclui estrangeiros e apátidras).
- Nação – Conjunto de dimensão cultural. Os Estados podem ter várias Nações (Espanha) ou uma Nação pode estar espalhada entre vários Estados (Judeus)
- Pátria – Noção dotada de uma natureza afectiva e sentimental
Cidadania
- Ao conceito de povo reporta-se o de cidadania.
- Os cidadãos são os membros do Estado, os sujeitos e os súbditos do poder
- A cidadania só é possuida pelas pessoas singulares, significando a participação em Estado democráticos
Dois critérios para aquisição da cidadania:
- Ius soli – tem por base o local de nascimento. Cidadania adquirda pelo nascimento num determinado território. É utilizado pelos Estados mais jovens e de imigração - Ius sanguini – os filhos adquirem a cidadania dos pais pelo simples facto do nascimento. É mais comum nos Estados de formação mais antiga.
Regime actual da cidadania em Portugal
- Cidadania originária – quando ela é adquirida pelo nascimento, é por mero efeito da lei; aquela adquirida por efeito da lei e da vontade, como os filhos de pais nacionais que vivem no estrangeiro.
- 37 -
- Cidadania não-originária – adquirida por qualquer outro facto, que tem de partir do acto de vontade da pessoa.
Território
- O território é simultaneamente o espaço de exercício da autoridade do Estado e o limite desse mesmo exercício
- É também usado para identificação de uma população - O Estado não tem apenas território terrestre:
- Aéreo
- Marítimo – Divide-se em Mar Territorial, Plataforma Continental e Zona Económica Exclusiva (não exerce soberania pela sobre a ZEE)
Poder Político
- Todo o poder político está hoje intimamente ligado ao Estado
- O Estado e o poder político estão limitados pelo Direito e por heterolimites
- No âmbito do poder político, destingue-se a titularidade do poder (que reside no povo) e o seu exercício (que reside nos seus representantes)
- O poder político é dotado de soberania externa e interna
- O poder político pode estar descentralizado (através de regiões autónomas por exemplo) e desconcentrado (separação de poderes)
Elementos Formais
- Nome – A designação do Estado, que lhe concede individualização; refere-se ao regime, a forma do estado ou a sua natureza religiosa
- Reconhecimento do Estado - Símbolos Nacionais
- 38 - Formas de Estado
- Dependendo da concentração, centralização ou exercício do poder, o Estado pode ser central ou disperso.
Estado Central
Estado Simples ou Unitário - Um centro de decisão política - Pode ser:
- Centralizado – Existe ou monopólio das decisões - Estado Unitário com Descentralização Administrativa
- Estado Unitário com Descentralização Político-Administrativa Regional
Estado Composto
- Pluralidade de centros políticos de decisão Federação
- Soberania Internacional: Estados Federados abdicam dela em favor do Estado Federal - Poder Constituinte do Estado Federal submete as constituições dos Estados Federados - Sobreposição
- Existe dupla cidadania e pluralidade de ordenamentos jurídicos para os Estados Federados
União Real
- Dois Estados abdicam soberania para formarem uma União, geralmente de base monárquica
Figuras Afins a Estados Compostos
- 39 -
- Só a pessoa titular do cargo é comum, mas os Estados são administrados separadamente
Confederação
- Não é um Estado, mas uma associação de Estados.
- Não é dotada de Constituição, mas sim de um Tratado. A Confederação não é indossolúvel
- Estados Confederados ainda têm personalidade internacional
Tipos Internacionais de Estado
Estado Soberano
- Tem plena capacidade e goza de três direitos do direito internacional: - Ius legationes – direito de enviar e receber diplomatas
- Ius tratum – direito de fazer tratados - Ius belli – direito de fazer a guerra
- Após a 2ª Guerra Mundial surgiram dois novos direitos: o direito à participação nas organizações internacionais e o direito à reclamação, seja lá o que isso for.
Estado Não-Soberano
- Estados membros de uma união real - Estados federados
Estados Semi-Soberanos
- Estados Protegidos – Estão submissos ao protector no exercício do poder internacional
- Estados Vassalos – Vinculam-se a outro Estado
- Estados Confederados – Associação de Estados semi-soberanos no plano internacional
- 40 -
- Estados Exíguos – Estados diminutos que não consguem exercer total soberania internacional
- Estados Ocupados
Falsos Estados
- Confederação – Não é um Estado, mas sim uma associação de Estados - Vaticano e Ordem de Malta
Exercício do Poder do Estado Fins do Estado
- O Estado é uma pessoa colectiva criada pelo Direito dotada de certos e determinados fins, que visam responder às necessidades individuais e à protecção contra ameaças externas e internas. No entendimento do Prof. Marcello Caetano, estes são os principais fins do Estado:
- Segurança
- Justiça – Comutativa ou Distributiva
- Bem-Estar social – Necessidades de “ordem material e espiritual”
Funções do Estado
Funções Jurídicas
- Função Legislativa – Definir os interesses da sociedade, subordinando-se à Constituição
- Função Administrativa – Dotada de imparcialidade, trata da gestão dos órgãos e serviços da administração pública
- Função Jurisdicional – Manter a paz jurídica
Funções Não-Jurídicas
- Função Política – Conservação da sociedade política e definição dos objectivos e interesses da sociedade
- 41 -
- Função Técnica – Tem como objectivo a produção de bens ou a prestação de serviços
Concentração e Divisão de Poderes do Estado
- Faculdade de estatuir/impedir ??’
Órgãos do Estado
- O órgão é um centro institucional de poder que, em nome de uma pessoa colectiva pública, exprime uma vontade funcional da qual resulta um acto jurídico-público. Tem os seguintes elementos:
- Instituição – Realidade normativa que subiste para além das pessoas - Titular – A pessoa que ocupa o papel referente ao órgão
- Cargo/Mandato – Conjunto de situações jurídicas que a pessoa tem enquanto titular - Competência – Poder funcional normativamente definido que permite ao órgão seguir fins públicos
Órgão Singular – 1 Titular Órgão Colegial – Mais de um titular
Órgão Simples – Corresponde a apenas um órgão
Órgão Complexo – Órgão que se desdobra em diferentes sub-órgãos
Órgãos Electivos Órgãos Não-Electivos
Órgãos Deliberativos – Manifestam vontade decisória
Órgãos Consultivos – Não tomam decisões, só emitem pareceres
Órgãos de Competência Originária – Poderes definidos por normas jurídicas
Órgãos de Competência Derivada – Poder é lhes delegado
Órgãos Primários – Competências em Normalidade Constitucional
Órgão Vicário – Tem a função de substituir outro.
- 42 -
Modos de Designação dos Titulares
- Sucessão/Herança – Caracteriza-se pelo automatismo e só sucede após a morte do antigo titular
- Cooptação – Característica dos órgãos colegiais quando elege um dos seus membros para o representar
- Nomeação – Um órgão designa o titular doutro órgão - Inerência – Titular em virtude de ser titular doutro - Eleição – Duh.
Legitimidade dos Legisladores
- Monárquica, Aristocrática e Democrática – Há legitimidade consoante o poder seja num só; em poucos; e de muitos.
- Título e Exercício – Advém do modo de designação do Governante; traduz-se no modo de designação dos Governantes através da aceitação
- Carismática (Reconhece-se as qualidades da pessoa para liderar); Tradicional (instituições tradicionalmente consagradas); Normativa (poder atribuído pelo cumprimento das normas)
Actividade Decisória do Estado
Actos Jurídico-Públicos
Actos Políticos –Actos do Povo (eleições e tal), Actos do Governo
Legitimidade Axiológica Racional - Conformidade com os valores Legitimidade Finalística
- Quando o que se pretende é atingir certos fins
Legitimidade pelo Procedimento - Obtidas através de uma sucessão de actos que garantem que essa seja tomada de uma forma racional
- 43 -
Actos Legislativos – Leis, Decretos-Lei
Actos Administrativos – Regulamentos (A.A. da Administração Público), A.A. Unilaterais ou Individuais e Concretos, Contratos Administrativos (Bilaterais)
Actos Jurisdicionais – Sentenças (força individual e concreta, excepto as declarações de inconstitucionalidade); Sentenças stricto sensu (individuais) ou acórdãos (colectivas). O Acto
Pressupostos – Condições externas que devem ser reunidas para que se verifique determinado acto
Elementos – Parte integrante do acto – vontade funcional (tem de ser livre e eslcarecida); o objecto (imediato ou mediato); o fim (o que a ordem jurídica pretende ver prosseguido com o acto); forma (externa e formalidades)
Requisitos – Exigências impostas pela ordem jurídica a determinado acto – orgânicos (se o órgão tem competência); materiais (o que diz respeito ao conteúdo do acto e ao seu fim); formais (as formalidades têm de ser cumprimentos).
Exigências de Inconstitucionalidade
- Qualificação – Quando não provém da vontade do órgão - Validade – Quanto alguns requisitos não são adoptados - Regularidade – Traduz-se na irregularidade
Limites ao Poder do Estado
Enquadramento Histórico-Teórico
- Plano Normativo – Confronto entre Kant e Hegel e Aristótles e Platão – Governo das Leis vs. Governo dos Homens
- Plano Material – Fundamento dos direitos naturais ou dos direitos dos Homens – Existência de um poder que garanta a segurança (Hobbes). Se o Estado não garantir a segurança, os homens podem recuperar os seus direitos fundamentais. Para Locke, os direitos do Homem limitam o poder do Estado
- Plano Formal – Divisão dos poderes como limitação dos poderes (Marsílio de Pádua e Montesquieu)
- 44 -
- Plano de Estado Constitucional – Tribunais constitucionais, que garantem que o poder do Estado não pratique actos inconstitucionais
Três teorias sobre o limite ao poder do Estado:
- Negacionista – Diz que o poder do Estado não é limitado - Heterolimitado – Diz que o poder do Estado é limitado por fora - Positivismo – Diz uqe o poder do Estado é limitado por dentro
Direito Suprapositivo
- Conjunto de princípios fundamentais de direitos que correspondem à ordem axiológica suprapositiva.
- A ordem axiológicamente justa implica uma submissão do poder político a uma ordem de valores que está acima da Constituição, nomeadamente a natureza sagrada da dignidade da pessoa humana, o que implica uma série de pressupostos, como a defesa da vida, proibição do uso da pessoa como meio, direito ao livre desenvolvimento da personalidade, proibição do arbírtrio e direito de recusa a cometer injustiças.
- O Direito Suprapositivo está consagrado na Declaração Universal dos Dirietos do Homem, no Direito Internacional e no Ius commune internacional
Constituição
- A Constituição é o principal limite ao poder do Estado, e tem como objectivos:
- É a lei fundamental do Estado, onde se define a base do poder do Estado – Pessoa como fim e Estado como meio
- Garante os direitos fundamentais à pessoa, limitando os ‘direitos’ dos Estado
- É na Constituição que está definido o poder dos órgãos do Estado e a sua legitimidade
- Tem como funções:
- Consenso fundamental e geral - Legitimidade do Poder Político - Garantia e protecção da pessoa
- 45 -
- Ordem e ordenação - Controlo do poder político
A Lei Ordinária
- Lei como limitação do poder – Estado submisso à lei
Direito Internacional Público
- São as suas fontes: tratados internacionais, costume internacional e princípios gerais de Direito Internacional Público
- Normas do ius cogens internacional e regional adquirem maior importância
Direito da União Europeia Moral – Limite ao Estado
- Artigo 29º-2 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: Fala de uma limitação moral ao poder do Estado
- Cláusula dos bons costumes
- Poder do Estado está cada vez mais moralizado
- Militares – Estão expressamente limitados aos princípios éticos - Crescente proliferação de órgãos com comissões e princípios éticos
- Moral é um limite ao poder político, no entanto não tem forma nem corpo, apenas na consciência de cada pessoa que detém poder politico
Limitações Não-Jurídicas - Meios de Comunicação Social
Mecanismos de Controlo do Poder do Estado
- 46 -
- Maiorias Qualificadas – quanto mais exigente for a maioria maior é o controlo interno do Parlamento
- Regras de organização interna do Parlamento
- Determinação da ordem-do-dia, pode ser feito por um partido da oposição - Composição das comissões parlamentares – a oposição deve estar em maioria - Repartição das comissões parlamentares não é garantida a um único partido - Todos os grupos parlamentares devem ter tempo para intervir nos debates. Limitação Interna do Governo:
- Executivo Dualista: Concordância entre 2 órgãos
- Governo de Coligação – assenta num acordo entre 2 ou mais partidos: - Formação do Governo: Ambos indicam nomes de Governo
- Incidência Parlamentar: Acordo só vale na Assembleia da República
- Exigência de que todos os actos do Governo com reflexos financeiros têm de ter aprovação do Ministro das Finanças – poder de veto
Mecanismos Internos de Controlo da Administração Pública:
- Iniciativa da Administração – controlo a ela própria (autocontrolo) - Iniciativa dos Particulares – mecanismos que forcem o autocontrolo
- Reclamação
- Recurso Administrativo
Mecanismos Internos de Controlo do Poder Judicial:
- Não é possível controlar – nem o Parlamento nem o Governo – Princípio da separação de poderes; Princípio da independência dos Tribunais.
- É no interior do poder judicial que existe controlo: - Estrutura colegial (vários juízes)
- Instituições que têm o poder disciplinar sobre os juízes (Conselho Superior de Magistrados)
- Dupla-Instância – decisão de um tribunal deve ser objecto de recurso de outro tribunal.
Mecanismos de Controlo entre Órgãos: - Interorgânico de Natureza Política
- Interorgânico de Natureza Jurídica – face à Constituição - Interorgânico de Natureza Política
Como é que o Parlamento pode controlar o Governo?
- 47 -
- Aprovação de moções de confiança (quem tem a iniciativa é o Governo) Mecanismo de Aprovação:
- Censura: Só admite a demissão do Governo se a Censura for aceite - Confiança: Só admite a demissão do Governo se a Confiança for rejeitada
Mecanismos de Controlo do Governo sobre o Parlamento: - Governo tem iniciativa legislativa
- Influência do Governo na ordem do dia do Parlamento
- Paridade entre a Lei e DL; uma Lei da Assembleia revogava um DL do Governo - Governo – iniciativa de dissolução da Assembleia
- Interorgânico de Natureza Jurídica Incida sobre os Actos – objectivo
- Fiscalização da Constitucionalidade de normas - Fiscalização da Legalidade de normas
- Fiscalização da Legalidade de decisões administrativas não normativas
Incida sobre as Pessoas – subjectivo
- Responsabilidade Criminal para titulares de cargos políticos que resulta do Código Penal
- Responsabilidade disciplinar a que estão sujeitos os funcionários da administração pública e juízes
- Tribunal de Justiça da UE
- Tribunal Europeu dos Direitos do Homem - Tribunal Penal dos Direitos do Homem Mecanismos de Controlo Extraorgânico:
- Já não estão dentro do Estado:
- Eleitorado (Eleições ou Referendo)
- Meios de Comunicação Social e formação da Opinião Pública (Interna e Internacional)
- Direito de Resistência (Art.21 CRP) – Cada um tem para se opor a medidas atentatórias sem recorrer à autoridade pública.
- 48 - Instituições e Sistemas Políticos
Matrizes Político-Ideológicas do Mundo Ocidental
Modelos Político Constitucionais de Estado
Modelo Pluralista
- Reconhecimento das liberdades individuais - Órgãos representativos
- Partidarismo
- Poder sujeito a controlo judicial
- Deve a Democracia tolerar os seus inimigos? Liberalismo
- Individualismo
- Minimização do Estado - Valorização da Propriedade - Menos Estado, ‘Melhor’ Estado
Conservadorismo
- Valorização da História e Tradição
- Segurança e Ordem Pública - Autoridade
- Ordem
Socialismo
- Reação ao Liberalismo - Igualidade sobre liberdade - Valorização da propriedade
coletiva sobre a individual - Mercado dirigista - Centralidade do Estado - Marxismo-Leninismo – Ditadura do Proletariado - Maoísmo – Revolução Cultural - Socialismo Democratico – aceita capitalismo e pluralismo
- Conservadorismo Contra- Revolucionário - Conservadorismo Restauracionista - Conservadorismo Nacionalista - Conservadorismo Neo- Liberal
- 49 -
Modelo Não-Pluralista - Tudo o contrário
Sistemas Político-Governativos de Estado
Sistema Parlamentar
- Governo é um órgão autónomo face ao Chefe de Estado e ao Parlamento - Governo é composto e responsável perante o Parlamento
- Membros do Governo obedecem aos princípios da colegialidade e solidariedade - Chefe de Estado não é responsável perante o Parlamento
- Não existe ‘separação’ de poderes, mas sim a sua mistura e confusão Parlamentarismo Monista
- Governo depende única e
exclusivamente do Parlamento Parlamentarismo Dualista
- Dupla confiança política – Parlamento e Chefe de Estado
Sistema Parlamentar de Gabiente (Reino Unido) - Bipartidarismo; existência Governo-sombra - Parlamento pode ser dissolvido pelo Rei, mas só por iniciativa do Gabinete
- Maioria parlamentar é dominada pelo Governo, menos quando deixa de o apoiar
- PM é chefe de governo e líder do grupo parlamentar
Sistema Parlamentar de Assembleia (III e IV Repúblicas Francesas)
- Supermacia total do Parlamento - Multipartidarismo desorganizado
- Chefe de Estado não pode dissolver Parlamento Sistema Parlamentar Racionalizado (Alemanha) – Disciplina o poder político
- Existência de uma moção de censura
construtiva, i.e., só se pode apresentar a moção se se apresentar uma alternativa ao
governo/chanceler censurado
- Papel reduzido ou simbólico do chefe de estado - PR eleito por um colégio eleitoral relacionado com o Parlamento
Sistema Orleanista
- Dupla responsabilidade do Governo, perante o Rei e o Parlamento
- Junção da legitimidade monárquica e democrática
- Rei é dotado de irresponsabilidade política Sistema Semi-Presidencial/Parlamentar - Dupla responsabilidade do Governo, perante PR e Parlamento
- Duas legitimidades democráticas (PR e Parlamento)
- PR dotado de irresponsabilidade política - PR supervisiona actividade governativa: preside mas não governa; pode dissolver assembleia em última instância
- 50 -
Sistema Presidencial
- Presidente é chefe de Estado e de Governo
- Presidente conduz a política interna e externa do país - Não há responsabilidade política do executivo
- Casamento ‘sem divórcio’ – Nem Parlamento nem PR se demitem
Sistema Diretorial
- Há uma conceção rígida da separação de poderes
- Está próximo do modelo Presidencialista, mas neste o poder está confiado a um Diretório
- Não há responsabilidade entre Diretório e Parlamento
Presidencialismo Perfeito - EUA - Clara divisão entre poderes - Congresso controla Presidente
- Tribunais fiscalizam Presidente e Congresso - Presidente indica Juízes
- “Freios e Contrapesos”: faculdade de estatuir e impedir
- Executivo Monista – Presidente é Chefe de Estado e de Governo
Hiperpresidencialismo – V Rep. Francesa - PR preside ao Conselho de Ministros - Como líder da maioria, PR pode demitir não oficialmente o Primeiro Ministro
- PM não é nada mais que um chefe de gabinete
Presidencialismo Adulterado – América Latina
- Federalismo Imperfeito – Estado Federal sobrepõe-se ao Estado Federado
- PR auxiliado por Ministros individualmente responsabilizados
- Atos do PR são referendados pelos Ministros
- 51 -
- Sistema adotado na Suíça
Sistema Convencional
- Assenta em Rousseau – democracia radical
- Rejeição da separação de poderes, estando todo o poder concentrado numa