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3.1.1 – ILUMINAÇÃO NATURAL

No documento Clarisse Ottoni Lourenço (páginas 97-101)

A característica fundamental da iluminação natural é a de ter como fonte de luz direta o sol, e difusa, a abóbada celeste e as superfícies refletoras circundantes – que para um dado local pode ser considerado o entorno.

Quando é abordado o tema Iluminação Urbana, está sendo referida a iluminação em seu mais amplo aspecto, considerando a forma pela qual a luz atinge o espaço público externo. Isto ocorre em todos os momentos do dia, e no período diurno, estes são iluminados fundamentalmente através da luz Natural. Conforme vai escurecendo o dia, a artificial começa a se sobrepor.

Em termos teóricos, é importante evidenciar as principais características do sistema de iluminação neste ítem abordado, apresentando os fatores que diretamente e indiretamente interagem entre si, formando a qualidade luminotécnica ou visual de um dado local/ambiente. Vale lembrar que a metodologia adotada neste trabalho é a de demonstrar os conceitos segundo sua ocorrência no cotidiano do ambiente escolhido: o espaço público externo. Para esclarecimentos mais profundos sobre a Iluminação Natural, e suas aplicações na arquitetura, é indicada a leitura de dissertações de mestrado15 produzidas pelo PROARQ – UFRJ, onde são inúmeros os trabalhos neste sentido. Em continuação, é apresentado abaixo o esquema quanto às fontes de luz naturais:

Fig. 68 – Desenho da autora. Esquema da luz proveniente do sol, superfícies e abóbada celeste.

16 FONSECA, Ingrid. Qualidade da luz e sua influência sobre a saúde, Estado de Ânimo e

Conforme a ilustração acima, observa-se que a partir do sol os raios luminosos se difundem em um dado local e na atmosfera. Tais efeitos são resultantes respectivamente: das superfícies do entorno – para o caso do espaço público externo – com suas características quanto à textura, cor, forma e localização; da latitude, altitude, clima e condições da qualidade do ar. Com grande participação como fonte de luz natural, a arquitetura mostra-se como as principais “paredes” que compõem e delimitam verticalmente o espaço público externo – e desta forma representa as superfícies verticais refletoras dominantes. E como este não possui cobertura, pode-se comparar a um enorme sistema de luz zenital e superior onde os elementos físicos (como árvores, sombreamento proveniente da arquitetura, mobiliário urbano, etc.) no nível da rua funcionam como anteparos. E, finalmente o piso pode ser identificado como as ruas, praças, calçadas, jardins, enfim, o plano horizontal – que no caso de espaço público externo é bem diversificado em suas texturas, cores, tipologias e representa a estrutura dos elementos tridimensionais encontrados no ambiente.

Fig. 69 - Iluminação e Arquitetura, UniABC – Nelson Solano e Joana

Carla S. Gonçalves

As partículas de poluição suspensas no ar funcionam como elemento de barreira para a iluminação proveniente do sol, prejudicando o efeito pretendido, além de representar níveis de desconforto urbano quanto à qualidade do ar.

Saber identificar as fontes de luz naturais, os limitantes físicos consolidados no local e o que realmente se pretende atribuir em termos de uso e função, é tarefa mais importante no processo de diagnóstico para a busca de Conforto Urbano através da iluminação. E é no período diurno que as mais variadas atividades acontecem nas cidades, devido fundamentalmente às trocas comercias, sociais e políticas, para um universo de usuários das mais variadas faixas etárias. Desta forma, torna-se fundamental o cuidado em planejar espaços

públicos externos segundo os aspectos lumínicos/visuais para este momento do dia, buscando conforto visual e qualidade estética para melhor identificação da estrutura organizacional dos elementos componentes da retórica de uma cidade. O sol é a fonte de luz mais intensa, isto é, com maior fluxo luminoso incidente ( e obviamente com consumo de Watts nulo), além de ser variável – modifica suas características de intensidade, tipo e aspecto de cor da luz conforme as horas do dia e condições climáticas. Quanto ao Conforto Urbano, a energia irradiante – neste caso em forma de luz – proveniente do sol representa também fonte de calor. Para o caso das cidades brasileiras (em geral clima quente-úmido), tal aspecto não pode ser desconsiderado, uma vez que o conforto térmico pode ser prejudicado. Deve-se pensar de forma integrada a questão de qualidade térmica e lumínica, onde nas situações beneficiadas pelo uso da luz natural esta relação precisa estar equilibrada. Onde há luz solar, há radiação. Contudo, o que importa é a forma pela qual esta radiação chega para o ambiente em questão, onde medidas podem ser adotadas de modo a reduzir o ganho térmico em detrimento de uma adequada iluminação.

Fig. 70 – Audi Magazine, nº26/2000.

Percebe-se a qualidade de luz que o sol pode proporcionar, como mudança de intensidade e cor – produzindo efeitos diversificados e até mesmo poéticos.

Considera-se aqui o termo adequada iluminação aquela que atinge níveis satisfatórios de qualidade e quantidade de luz para o desempenhar de atividades visuais em um dado momento e ambiente. Para tal, é preciso compreender e avaliar os usos e funções solicitados pelos usuários no local de intervenção específico. Conforme descrito no capítulo 1, ítem 1.3.2 – Iluminação – onde os aspectos físicos da luz são dissertados, só é possível perceber qualquer elemento iluminado segundo um aparelho visual, o olho. E dentre as demandas

de atividades de um local específico dentro do espaço público externo, a incidência da luz e seus efeitos devem ser considerados mediante a escala visual que se pretende atingir. Como trata-se de ambientes exteriores, inúmeras partes se relacionam a todo o momento, em variados níveis. Neste sentido, a iluminação propõe-se a compor como forte ferramenta de visualização e compreensão dos elementos integrantes. Objetiva-se em todos os casos, na formação da imagem daquele local – que na devida proporção, e como resultado do somatório destas, pode ser considerada a imagem da cidade – sempre com a intenção em obter condições de Conforto Urbano.

Pratica-se a idéia de que a imagem proveniente da iluminação urbana é a percebida no período noturno – a artificial. Pode-se explicar tal fato considerando ser tão fundamental e natural enxergar e desempenhar as atividades corriqueiramente no período diurno, e assim não avalia-se a qualidade desta luz. Porém o aparelho visual humano percebe instintivamente tal aspecto, e consequentemente gera informações mentais quanto à percepção daquele local, bem como conforto/desconforto fisiológico. Neste sentido, este trabalho propõe um novo panorama, incluindo o princípio de que a luz natural é fator forte e fundamental na iluminação urbana.

Fig. 71 – Foto da autora.

Praça Mauá, Rio de Janeiro. É possível perceber a qualidade, quantidade e uniformidade que a iluminação natural proporciona neste espaço público externo.

No documento Clarisse Ottoni Lourenço (páginas 97-101)