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2.2 Características de motores ciclo Otto

2.2.5 Impactos das emissões veiculares ao meio ambiente

A poluição atmosférica pode ser definida como a presença de substâncias estranhas na atmosfera, resultantes da atividade humana ou de processos naturais, em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar dos seres vivos (Elson, 1992).

Existe uma grande preocupação mundial com o meio ambiente e o ar que é respirado, estão sendo tomadas medidas com o intuito de minimizar as emissões desses gases poluentes diretamente na atmosfera. Diariamente, as emissões de gases poluentes lançados na atmosfera, aumentam a deterioração da qualidade do ar, causando um efeito danoso ao meio ambiente. Associado a isto, uma série de problemas como: a chuva ácida e o aquecimento

global do planeta (efeito estufa), problemas estes que estão diretamente relacionados à emissão de gases como: óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e o ozônio (O3).

Ayoade (1998) alerta que a poluição do ar afeta o clima das áreas urbanas de diversas formas. O próprio balanço energético das cidades sofre interferência, pois os poluentes refletem, dispersam e absorvem radiação solar. Muitos poluentes também servem de núcleos de condensação, sendo, portanto, abundantes no ar das cidades, cuja umidade já é substancialmente abastecida através da evaporação, dos processos industriais e dos automóveis, que emitem grandes quantidades de vapor d'água. Conseqüentemente, a tendência da precipitação é aumentar sobre as áreas urbanas. Contudo, os efeitos mais alarmantes da poluição atmosférica ocorrem na saúde da população urbana. Nos próximos tópicos, será apresentada uma abordagem dos riscos à saúde humana.

2.2.5.1 – Chuva ácida

Dentre as diversas origens de gases formadores de chuva ácida, será abordada a formação da chuva ácida a partir dos gases emitidos no processo de combustão interna dos veículos, que a partir do nitrogênio presente no ar, ao ser submetido ao processo de combustão a altas pressões e altas temperaturas nos cilindros do motor, resulta na formação de óxido de nitrogênio (NO), conforme reação mostrada na equação (3).

N2 (g) + O2 (g) 2 NO (g) (3)

O óxido de nitrogênio que foi formado no interior do cilindro do motor, quando não é processado pelo catalisador, atinge a atmosfera, tornando-se instável nas condições atmosféricas normais e reagindo na presença do oxigênio do ar, vindo a produzir o dióxido de nitrogênio, conforme mostrada na equação (4).

2 NO (g) + O2 (g) 2 NO2 (g) (4)

O dióxido de nitrogênio formado na atmosfera, quando em contato com água líquida, presente nas gotículas de água das nuvens, dos nevoeiros ou outras formas de condensação

atmosférica, reage novamente, produzindo por adição do íon hidroxila, o ácido nitroso (HNO2) e o ácido nítrico (HNO3), conforme mostrado nas equações (5) e (6).

NO2 + OH· HNO3 (5)

2 NO2 (g) +H2O (l) HNO3 (aq) + HNO2 (aq) (6)

Em resumo, a partir da reação desses gases com a água presente na atmosfera, é que se formam o ácido nitroso (HNO2) e ácido nítrico (HNO3), substâncias que contribuem para formação de chuva ácida.

2.2.5.2 – Efeito estufa

O efeito estufa é um processo necessário para vida humana no planeta terra, pois sem ele, dificilmente existiria uma variedade tão grande de seres vivos, pois ele tem a finalidade de reter parte dos raios solares que chegam a terra, mantendo estável a temperatura terrestre, no entanto, devido às ações do homem, promovendo a emissão desenfreada de gases poluentes, em especial o dióxido de carbono (CO2), o efeito estufa tem aumentado sua intensidade ao ponto de promover o aumento da temperatura global a médio prazo, que já pode ser sentido nas alterações climáticas, no derretimento de geleiras nos pólos e conseqüentemente aumento dos níveis dos oceanos, na perda de espécies da fauna e da flora e no aumento da ocorrência de tempestades e furacões.

Atualmente as emissões oriundas do processo de combustão interna de veículos, tem sido em grande parte, a responsável pela degradação do meio ambiente, fazendo com que as atenções estejam voltadas para o desenvolvimento de soluções para o controle dos níveis de emissões dos gases emitidos neste processo. Alinhado a esta afirmação, a partir da instituição do PROCONVE, soluções estão sendo implantadas visando o controle das emissões de poluentes, onde os catalisadores têm sido utilizados na redução das emissões e em reconhecimento ao seu importante papel no controle aos níveis de emissões. Nos próximos tópicos, será apresentada uma abordagem a respeito da ação do PROCONVE e dos efeitos dos catalisadores sobre as emissões.

Uma das alternativas para minimizar as emissões de gases poluentes, é a ampliação do uso do gás natural, que dentre os diversos combustíveis fósseis existentes em uso, é o que apresenta as menores taxas de emissões de gases poluentes. Sirkis (1999) comenta que o gás natural demanda uma atenção e um investimento do Poder Público para que seja rompido o círculo vicioso que se estabeleceu: há poucos veículos a gás porque há poucos postos de serviços para abastecê-los e há poucos postos de serviços porque há poucos veículos a gás. O Poder Público pode estimular essa oferta reduzindo taxas e impostos municipais para os postos de serviços e empresas de transporte coletivo.

Outra alternativa já testada é a utilização do AEHC como combustível, que reduz as emissões de monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), hidrocarbonetos (HC) e material particulado (MP), tanto no caso do álcool puro como da mistura álcool-gasolina, quando comparada à utilização da gasolina pura. O AEHC substitui ainda os compostos de chumbo adicionados à gasolina para aumento da sua octanagem, fato que possibilitou ao Brasil deixar de usar esses compostos desde janeiro de 1989, sendo o segundo país do mundo a conseguir isso, estando somente atrás do Japão (Santos, 1993).

Ainda se pode citar como via para reduzir o número de fontes poluidoras, as vistorias realizadas pelo Poder Público, que têm como um dos seus objetivos coibir a circulação de veículos velhos, inseguros e poluentes, o que se contrapõe à aspiração da baixa classe média e de setores pobres emergentes que, muitas vezes, têm nesses veículos seu instrumento de trabalho. Além do mais, veículos bem regulados poluem menos e economizam combustível (Russo, 2004).

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