OS IMPACTOS DA SÍNDROME DE BOURNOUT NA CARREIRA DOCENTE Renata Christian Oliveira Pamplin

Marcilene Mendes de Souza Ana Maria Brochado de Mendonça Chaves Paula Azevedo de Avila Sabrina Tóme Leal

100 Sirléa Maria da Silva Atualmente, sabe-se que dentre os principais fatores responsáveis pelo afastamento do trabalho há o estresse, que compromete a qualidade das interações sociais, e pode levar a uma doença específica: a Síndrome de Burnout. O presente estudo tem como principal objetivo investigar os impactos da Síndrome de Burnout na carreira docente, haja vista que nos últimos anos tem aumentado os números destes profissionais com a doença, sendo também um dos agravantes que levam professores iniciantes a desistirem da carreira docente. O estudo objetivou, ainda, analisar as causas e consequências da Síndrome de Burnout, bem como as possíveis formas de intervenção e tratamento.

Segundo Abreu (2002), a expressão estresse foi utilizada no campo da Física, para descrever uma pesada carga, que pode afetar determinada estrutura. Por isso o termo estresse pode ser usado para descrever uma situação de muita tensão e também para definir a quantidade de tensão de tal situação. Conforme Dalagasperina e Monteiro (2014) a Síndrome de Burnout é desenvolvida com mais frequência em profissionais de segurança pública, da saúde e professores. Várias situações do cotidiano docente contribuem para o estresse e posteriormente para a Síndrome de Burnout. O excesso de trabalho, a ausência de uma formação contínua, a falta de apoio e reconhecimento somados ao baixo salário e a instabilidade financeira são exemplos destas situações. A síndrome muitas vezes não é reconhecida pela escola ou pelos próprios profissionais, que continuam a lecionar mesmo com os sintomas. Enquanto a produtividade do professor e a qualidade do ensino diminuem, os números de atestados médicos aumentam, bem como a vontade de abandonar a profissão. Para a elaboração deste trabalho foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, que consiste no desenvolvimento da pesquisa por etapas, partindo da escolha do tema e do levantamento bibliográfico até chegar à redação final do texto. Permitindo assim, uma análise mais ampla do assunto em questão (GIL, 2002). Foram usados como fontes bibliográficas artigos científicos retirados das bases nacionais de dados: Google Acadêmico, Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePISC).

Os descritores utilizados na pesquisa foram: Síndrome de Burnout; Burnout; Educação;

Depressão; Estresse e professores. Após fazer uma seleção prévia dos artigos, através da leitura do resumo e a pertinência ao tema proposto, os manuscritos foram analisados com base nos procedimentos de leitura descritos por Gil (2002). Esses consistem nas

101 leituras de caráter exploratório, seletivo, analítico e interpretativo, com a função de obter melhor explanação do assunto. Finalizada a leitura e análise dos textos, foram devidamente fichados e organizados, na perspectiva de elaborar um texto que respondesse aos objetivos propostos. Verificou-se que para tentar se livrar dos obstáculos enfrentados no dia a dia, professores criam mecanismos de fuga e de enfrentamento que podem ter uma atitude positiva ou negativa, dependendo da maneira utilizada (SANTOS, 2009). As estratégias de fuga podem levá-lo ao adoecimento, a se tornar uma pessoa fria e sem sensibilidade com os problemas alheios. Porém, o enfrentamento da Síndrome de Burnout também passa por outra vertente em que, ao invés de fugir dos problemas, são procuradas soluções para eles. Os mecanismos de enfrentamento encontrados tais como atividades diferenciadas que não estejam centradas apenas na sala de aula, o intervalo, a socialização na sala dos professores e o tempo livre para o lazer, podem trazer conforto e devem ser observados. Segundo Santos (2009), enquanto o professor souber ter domínio para enfrentar os desafios do cotidiano escolar tornando-o viável a aprendizagens, ele está sendo responsável, criativo e resistente. Já os docentes que não se prontificam a fazer atividades com propósitos educativos, burlam o tempo de aula e realizam um ensino irresponsável, contribuem para uma banalização do processo educativo e podem acabar perdendo completamente o prazer de ensinar. Ante o exposto, esclarece-se que a Síndrome de Burnout é uma doença gradativa e não acomete o indivíduo de uma hora para outra. Suas causas geralmente surgem a partir do ambiente social de trabalho. Ambientes saudáveis, bem como capacitação e tempo para o lazer ajudam os profissionais a se tornarem menos vulneráveis (ANDRADE; CARDOSO, 2012). A escola precisa ter boas condições estruturais, físicas e pedagógicas. Receber investimentos em formação básica e continuada, em práticas que favoreçam a atuação do docente, em ambientes sociais saudáveis e em qualidade de vida dos professores, para que possa oferecer boas condições de trabalho.

102 PIBID: ANÁLISE DE UM PROGRAMA DURADOURO E NOVAS

PERSPECTIVAS

Felipe Souza Soares Renato da Silva Melo

Presente na Escola Estadual Henrique Diniz desde o ano de 2013, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Minas Gerais é uma iniciativa que já se integrou ao cotidiano escolar sob a forma de atividade complementar de acesso a conteúdos diversificados aos alunos e contato com uma instituição renomada de Ensino Superior. No terceiro ano de presença do programa na instituição de educação básica, com seu foco voltado ao Ensino Médio, descortinam-se novos desafios à coordenação e aos bolsistas, pois a longa duração de um projeto escolar implica na perda de um elemento surpresa, de novidade, pelos jovens e adolescentes, um público bastante inteirado acerca das inovações tecnológicas. Este novo panorama encontrado demanda igualmente um novo olhar, novas abordagens, metodologias essenciais à manutenção da execução das oficinas e atividades propostas. Por isso mesmo, observa-se um amadurecimento tanto da própria interação entre as duas instituições de ensino, bem como das relações entre os bolsistas e a escola em que desenvolvem seus projetos, amadurecimento esse importantíssimo para a formação profissional de um docente e que dificilmente se obtém nos estágios regulares dos cursos de licenciatura. As escolas escolhidas para desenvolvimento das oficinas do PIBID em 2014 e também em 2015 estão situadas em bairros periféricos da cidade de Barbacena, e possuem perfis socioeconômicos bem específicos de suas localizações que tiveram de ser levados em consideração na elaboração dos projetos pelos bolsistas. Em tal realidade, a falta de boas perspectivas de acesso ao Ensino Superior, tipo por muitos alunos como algo distante e que exige alto custo de deslocamento ou mesmo moradia, gera necessidades pragmáticas, voltadas ao um imediatismo para o ingresso no mercado de trabalho. A procura por cursos técnicos e/ou profissionalizantes é geralmente observada como preocupação dos discentes do Ensino Médio, o que pode ser entendido como elemento motivador para a busca das atividades extraclasse no contra turno das escolas. Entre 2014 e 2015, portanto, foram oferecidas oficinas de temáticas variadas, mas que traduziriam em alguma

103 aplicabilidade prática cotidiana ou mesmo profissional vinculada às abordagens sociológicas planejadas pelos bolsistas, tais como oficina de "As canções como construção de sentido sociológico" (com foco prático da interpretação crítica de textos),

"Oficina de Língua Brasileira de Sinais" (visando ao despertar para a importância da LIBRAS no mundo inclusivo), oficina "Sociologia da cultura e modos de fazer:

artesanato" (com foco prático em trabalhar diversas manifestações culturais atuais sob forma de artesanato) e a oficina do "Curso Preparatório para o ENEM" (como preparo dos alunos à principal forma de acesso ao Ensino Superior, trabalhando-se as áreas de Linguagens e Ciências Humanas). Mais do que números, as oficinas desenvolvidas de 2014 até o presente momento contribuíram inegavelmente para uma melhora qualitativa do ensino público, perceptível pelo amadurecimento e valorização do conhecimento demonstrados pelos alunos, do estreitamento dos vínculos entre as instituições e da atuação dos acadêmicos do curso de Ciências Sociais ao longo do processo. O enriquecimento das atividades escolares é primordial para o desenvolvimento das práticas educacionais e para a subversão da lógica presente em instituições de ensino por tanto tempo desvalorizadas, reduzidas ao papel de disseminadoras de uma visão oficial, uniformizadora e dominante. Para os acadêmicos, a experiência e a vivência para além dos moldes burocratizados de muitas instituições públicas e dos estágios simplesmente contabilizados em horas que muitas vezes pouco têm a agregar à formação profissional criativa, autônoma e inovadora, são chaves para a disseminação, em suas futuras carreiras de educadores, de uma mentalidade nova, transformadora e, mais do que nunca, necessária.

104

PÔSTERES

105

PÔSTER

EIXO 1: “ ENCONTRO ENTRE FORMAÇÃO INICIAL E FORMAÇÃO