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Impactos sociais, econômicos e ambientais causados pelas atividades turísticas.

1.5 ESTRUTURAS DA DISSERTAÇÃO

2.3.2 Impactos sociais, econômicos e ambientais causados pelas atividades turísticas.

Para Ruschmann (1997), os impactos sociais são identificados em cinco estágios: o primeiro é o entusiasmo das pessoas receptoras com o desenvolvimento do turismo; no segundo, essas pessoas acreditam que o turismo é uma forma fácil de adquirir lucros; no terceiro estágio, a localidade torna-se saturada, pois não consegue atender a demanda, tornando os equipamentos insuficientes; no quarto, o local não consegue mais disfarçar a irritação culpa o turista de todos os males como a criminalidade e a violência, e, assim, o turista torna-se hostilizado; no último estágio, a população local percebe a falta do planejamento turístico e a falta de preocupação quanto às mudanças que o turismo trazia consigo.

O turismo pode trazer à comunidade uma valorização de seu patrimônio, atraindo visitantes que queiram conhecer a sua localidade, explorando os seus hábitos, costumes e experiências de vida. Contudo, ainda estão em estudo as reais consequências que o turismo e a própria comunidade podem causar a sua cultura, pois o uso indevido dela e o turismo de massa acabam destruindo o patrimônio da localidade e, em parte, alteram a rotina cultural dos habitantes que também não estão acostumados com os hábitos turísticos.

Para SILVA (2004), as transformações que o turismo pode gerar em numa comunidade referem-se a uma série de modificações ou a consequências de eventos provocados pelo processo de desenvolvimento turístico. Estes têm origem num processo de mudanças e não resultam de uma única causa; são consequências de um complexo processo de interação entre os turistas com a comunidades e os meios receptores.

Também se deve levar em conta que não apenas os turistas podem causar danos à localidade, pois, às vezes, a própria comunidade destrói a sua cultura.

Ruschmann (1997) ressalta que não é apenas o turismo o único agressor da natureza, pois muitos desastres ecológicos são provocados por vazamentos de petróleo, queimadas, riscos potenciais das usinas nucleares, entre outras agressões. Desse modo, se não houver preocupação com os destinos da humanidade, também não haverá com a preservação da matéria-prima da atividade que é a natureza.

Enfatiza-se que, numa comunidade, a sua identidade cultural é um dos maiores bens, pois ela, muitas vezes, é o atrativo que o turista busca conhecer. São os seus costumes, hábitos e o meio de vida diferentes que os atraem.

Nesse sentido, deve-se preservar ao máximo tanto a identidade cultural quanto o espaço ambiental da comunidade receptora para que, assim, o turista possa sentir-se atraído e a comunidade recebê-lo com segurança.

Para Barretto (2003), o turismo exerce influência na economia de um local e tem a função de diversificar os setores da produção dos envolvidos, tanto do núcleo receptivo quanto do núcleo emissor. É por esse motivo que cidades, regiões e países elaboram planos específicos que promovam e incentivem esse deslocamento temporário de pessoas.

Quando a localidade valoriza os seus aspectos naturais e culturais para atrair o turismo, deve ter consciência de buscar o menor impacto possível para si, trazendo benefícios e, assim, cada vez mais, se conscientizar da importância da valorização da natureza local.

Tendo a demanda turística pelo contato com a natureza preservada, de certo modo estimula os cuidados com o meio e passa a ser cada vez mais valorizada, diminuindo os grandes impactos ambientais.

Ruschmann (1997) afirma que os impactos do desenvolvimento turístico sobre o patrimônio natural e cultural são percebidos local, regional, nacional e internacionalmente, sendo tanto positivos quanto negativos. Em alguns locais, os impactos não chegam a ser perceptíveis, mas em outros, acabam comprometendo até mesmo a atratividade da localidade turística.

O desenvolvimento do turismo numa determinada localidade tem os seus prós e contras, sendo preocupante quando apenas se vislumbram os aspectos positivos do turismo e se deixa de lado o negativo.

Para Santiago (1995), os efeitos negativos e positivos produzidos nas populações receptoras às vezes passam uma imagem deturpada da realidade, pois o turismo também oferece importantes aspectos positivos, como o crescimento na economia da região e a sua valorização, bem como o lazer e descanso pessoal para o turista. Mas o turismo também pode trazer problemas de ordem cultural, como a criação de complexos e infraestrutura para as atividades turísticas e os aspectos da cultura local acabam esquecidos, manipulados como produto a ser vendido ao turista, desviando o seu objetivo. Entre os problemas ambientais, estão presentes o desmatamento, aterramento e assoreamento para a implantação de complexos turísticos, poluição das águas e ar, e ocupações em áreas impróprias.

Ribeiro (2002) complementa que, com as novas tecnologias, as alterações naturais crescem muito e de forma acelerada, por isso

determinadas intervenções não tão visíveis podem deteriorar a imagem de determinada localidade turística.

O turista não deve causar danos à população local. O planejamento serve para perceber e diagnosticar as condições que a localidade tem para atender determinado número de visitantes.

Diante da preocupação com planejamento e com capacidade de carga de determinada região turística, não se pensa apenas no bem-estar da localidade receptora, mas também na melhoria da qualidade da oferta turística.

Ao deparar com o retorno financeiro turístico, muitas localidades não se importam com a deterioração ambiental que o “turismo de massa” possa causar-lhes. Muitas vezes, há falta de conhecimento dos problemas que esse turismo de massa pode causar em curto, médio e até mesmo em longo prazo. Em grande parte, a deterioração ambiental não é visível pois os olhares estão fixos apenas nos lucros.

Sendo assim, o turismo pode trazer consequências à cultura das localidades receptoras, tanto favoráveis quanto às desfavoráveis. Segundo Ruschmann (1997), os impactos desfavoráveis são intensos nos locais onde o fluxo de turista é maior. Nesses locais, os riscos de comprometer a autenticidade e a espontaneidade da cultura são fortes.

Ainda para Ruschmann (1997), os impactos culturais favoráveis são: a valorização do artesanato; a valorização da herança cultural, que incentiva a localidade a manter os seus rituais; a valorização do orgulho étnico e a valorização e preservação do patrimônio Histórico, em que o governo e as instituições privadas passam a dar mais atenção em função do seu potencial de atratividade.

Ainda para autora, os impactos desfavoráveis são: a descaracterização do artesanato, em que ele passa a voltar-se somente para o turista e perde a sua função original, utilitária dos objetos; a vulgarização das manifestações tradicionais, que são espetáculos pré- definidos, que transformam a cultura local em ritual1; a arrogância Cultural, na qual se apresenta o folclore dos povos visitados em salas confortáveis para que o turista não tenha contato direto com os nativos, transformando-se estes últimos em objetos; e a destruição do patrimônio Histórico, pois pode ficar comprometido com a circulação excessiva de veículos e das ações depredatórias dos turistas.

1 Segundo Ruchmann (1997), também chamado de “mercantilização da cultura”. Um exemplo brasileiro é o carnaval do Rio de Janeiro, que mostra uma festa popular como se fosse um show para as câmeras de televisão.

Assim, percebe-se que o turismo pode acarretar impactos positivos e negativos numa localidade e, dessa forma, o conhecimento de tais aspectos para a localidade receptora é importante para impedir essas agressões negativas, principalmente quanto à desvalorização cultural.