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3 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

3.2 IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS -

A Política Nacional de Recursos Hídricos, após ampla discussão, foi elaborada, aprovada e instituída por meio da Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997. Desde sua criação, esta Lei teve a divulgação de seu conteúdo, sendo seus conceitos considerados, muitos deles, inovadores e que, ao longo desses 23 anos, vem sendo um marco regulador da gestão das políticas públicas das águas no Brasil. Como suporte, tivermos a Agência Nacional de Águas - ANA, criada através da Lei nº 9.984 de 17 de julho de 2000, instalada a partir da edição do Decreto nº 3.692 de 19 de dezembro do ano 2000, estando em pleno funcionamento e tendo a implementação da Política de Recursos Hídricos no Brasil, como determina a Lei das Águas nº 9.433 e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH9.

Foi realizada na Cidade do Rio de Janeiro no ano de 1992, pela Organização das Nações Unidas - ONU, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD. Este evento de relevância mundial sobre questões ambientais, ficou conhecido como Rio 92, por ter sido realizado na cidade do Rio de Janeiro, onde teve a participação de 179 países por meio de seus representantes, os quais discutiram, acordaram e assinaram a Agenda 21, cujo documento, compõe um programa de ação baseado em 40 capítulos, cujos esforços si constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala mundial, um novo modelo de gestão integrada do meio ambiente que formasse um padrão de desenvolvimento sustentável pelos países no século XXI. “A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica”.10

Diante dessa decisão coletiva, o Brasil em janeiro de 2006, reuniu o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, discutiu em assembleia e aprovou, por meio da Resolução nº 58, o Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, que viria a ficar amplamente conhecido como Plano de Águas do Brasil. Esta decisão tomada pelo Governo Federal, representou o ponto de partida de um planejamento estratégico de longo prazo, com o propósito delegar a responsabilidade

9 Disponível em: https://www.ana.gov.br/gestao-da-agua/sistema-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos

10 Disponível em: https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html

dos estados que compõem a federação de participar do processo de elaboração dos planos estaduais de recursos hídricos, tendo o PNRH como guia de orientação e implementação das políticas das águas em todo o território nacional. (CABRAL, 2015).

A participação efetiva dos estados brasileiros é determinante no processo de elaboração de seus planos, para fortalecer o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH. O Plano Nacional de Recursos Hídricos -PNRH veio a agregar valores para a consolidação de uma governança democrática e sustentável de nossas águas e tendo como um dos seus objetivos, buscar despertar na população uma consciência da necessidade de colaborar com o uso racional e sustentável da água, por ser um bem limitado e de todos colaborarem na preservação de suas nascentes e seus usos múltiplos. O Ministério do Meio Ambiente - MMA realizou seminários nacionais de formação de agentes como educadores ambientais em busca de uma melhor qualificação da gestão hídrica por meio de uma governança e uso racional da água pela população que conduza a uma sustentabilidade ambiental e a segurança hídrica das bacias hidrográficas no Brasil (CABRAL, 2015).

Segundo a série Cadernos de Capacitação em Recursos Hídricos - v. 5 - Planos de Recursos Hídricos e Enquadramento dos Corpos de Água / Agência Nacional de Águas. - Brasília: ANA (BRASIL, 2013). Tem como um dos seus propósitos, garantir às atuais e futuras gerações a conservação dos recursos hídricos, como a disponibilidade de água, em padrões de qualidade para o consumo humano e seus diversos usos em sociedade. Para isso, se torna essencial instituir instrumentos de planejamento eficiente e eficaz, capaz de proporcionar o alcance dos demais objetivos previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos do nosso país.

Ainda conforme Brasil (op. cit., p. 11) “O planejamento na gestão das águas é um pro-cesso que procura definir as melhores alternativas de utilização dos recursos hídricos e orientar a tomada de decisão, de modo a produzir os melhores resultados econômicos, sociais e ambientais [...]”. Assim, ele busca da criação de cenários para que cada sociedade tenha condições de desenvolver um modelo de desenvolvimento sustentável, uma vez que a água potável tem que ser uma água adequada para o consumo humano, embora os desafios de escassez, poluição por agrotóxicos, poluição pela falta de saneamento básico tem sido algo comum nas 35 cidades no território que fazem parte da região do Alto Oeste Potiguar.

Água cujos parâmetros microbiológicos, físicos e químicos atendem aos padrões de portabilidade definidos pelo Ministério da Saúde, Portaria n. 518, de 25 de março de 2004. Segundo o Glossário “água potável – água limpa, própria para beber e cozinhar. É fundamental para a vida humana e é obtida em geral, através do tratamento de água bruta que eliminam

qualquer impureza. Assim, essa água tratada torna-se potável, apropriada para o consumo.” Segundo o Glossário de termos e expressões relacionados à gestão de recursos hídricos e do meio ambiente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM (2012, p. 10) em sua 2ª edição, define água potável:

Água limpa, adequada ao consumo humano e animal, própria para beber e cozinhar, sem riscos à saúde. É fundamental para a vida humana e é obtida, em geral, por meio de tratamentos de água bruta que eliminam vários tipos de impurezas. A água, para ser considerada potável, tem que atender aos chamados “padrões de potabilidade”, que são físicos (cor, turbidez, odor e sabor), químicos (presença de substâncias químicas) e bacteriológicos (presença de microrganismos vivos), cujos limites de tolerância na água devem garantir-lhe as características de água potável.

De acordo com Brasil (2013) os Planos de Recursos Hídricos e Enquadramento dos Corpos de Água, têm como ponto de partida do planejamento e seu principal objetivo a busca de soluções para o problema de conflitos pelo uso da água, em virtude dos múltiplos interesses dos usuários da água para atender seu consumo.

Compete ao poder público garantir a aplicação da Lei e da sociedade civil organizada em defesa de seus interesses coletivos, bem como as múltiplas metas de conservação e distribuição no tempo e espaço a serem alcançadas, sejam elas no âmbito econômico, financeiro, social e ambiental, bem como, estar preparada para a prevenção e a mitigação de eventos naturais como as secas ou inundações que podem afetar determinados territórios (BRASIL, 2013).

Ainda segundo a Brasil (2013) A Lei das Águas já prevê a utilização dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, sendo formada por Planos de Recursos Hídricos a serem elaborados; Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes de cada bacia hidrográfica; Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos para ter a exploração dos recursos hídricos de forma sustentável; Cobrança pelo uso de recursos hídricos formando um valor econômico e uma consciência de uso responsável por cada pessoa e; criação do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos para análise e tomadas de decisões. Assim, os instrumentos de planejamento dos recursos hídricos, são de grande relevância para execução dos trabalhos de prevenção e na busca de soluções dos problemas relacionados à gestão das águas no Brasil. Os planos devem ser elaborados tendo em seu documento as metas e objetivos sociais, econômicos, políticos e ambientais, amplamente discutido e aprovado pelos atores representativos da sociedade e que estejam comprometidos

também com o monitoramento das ações futuras, estabelecendo assim, compromissos nos comitês de bacia e nos conselhos de recursos hídricos de cada bacia hidrográfica.

No processo de planejamento, ambos os instrumentos, devem ser orientados por três situações: primeiro, deve ser feito um diagnóstico, ou seja, ao levantamento e identificação da situação atual dos recursos hídricos de cada bacia hidrográfica; segundo, deve ser feita a revisão da situação desejada ou prevista para os recursos hídricos; terceiro, deve ser feito o estabelecimento de acordo entre os diversos atores das esferas do poder público, dos segmentos usuários e da sociedade civil organizada para o alcance de possíveis metas, levando em conta a situação financeira e as perspectivas futuras para cada região a serem atendidas pelos recursos hídricos.

A elaboração dos planos é formada por bases técnicas que mostram as potencialidades e as perspectivas de crescimento das demandas hídricas, os níveis de comprometimento, as restrições de uso e as questões institucionais, legais e jurídicas relacionadas à água. Assim, os instrumentos de planejamento estabelecem, de forma organizada, as soluções negociadas nos respectivos comitês de bacia, com objetivo de minimizar os atuais e evitar os futuros conflitos.

Devido à complexa tarefa de elaborar o planejamento da gestão de recursos hídricos, o maior desafio é torná-lo uma realidade, ao implementar as ações previstas nos planos e no enquadramento. Para isso, é fundamental que as instituições que atuam no Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos - SINGREH, estejam fortalecidas para execução direta-mente das ações e na articulação das diferentes políticas públicas, para os diferentes usuários na implementação dos instrumentos de planejamento destes recursos. Para atingir estes propósitos, as instâncias participativas – conselhos e comitês de bacias – devem, também cumprirem seu papel estratégico de buscar garantir o comprometimento por meio de termos de compromissos e atas que as ações pactuadas sejam estejam aprovadas pela maioria dos participantes e encaminhadas às instâncias superiores para serem efetivamente implementadas (BRASIL, 2013).