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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.7 METODOLOGIA DE PESQUISA

Diante do cenário e dos desafios apresentados nesta pesquisa, a realização desse estudo se dá dentro dos rigores, seguindo os critérios de profundidade que a metodologia de análise da ciência geográfica exige de um pesquisador com foco e dedicação, com exaustiva reflexão. A pesquisa é definida por Gil (2002, p.17) como “[...] o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Para Marconi e Lakatos (2003, p. 155) a pesquisa é “[...] um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constituo caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Minayo (1994, p. 17) também completa:

Entendemos por pesquisa a atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática.

A metodologia é a descrição do caminho percorrido pelo pesquisador baseado numa fundamentação teórica em busca de respostas para o fenômeno em estudo, que segundo Demo (2004), a metodologia deve ser uma preocupação instrumental, que nos leva a diversas formas de se fazer ciência, tendo o devido cuidado de saber usar os procedimentos, as ferramentas e os caminhos no desenvolvimento da pesquisa. Portanto, a finalidade da ciência é buscar pesquisar, analisar e explicar a realidade teórica e prática. Completa Demo (2015) que a pesquisa empírica é aquela em que o pesquisador observa os fenômenos e extrai dados e informações dos fatos estudados e constrói resultados em dimensões qualitativas mensuráveis de sua tese.

Nesse sentido, esta pesquisa se classifica quanto a forma de abordagem como sendo uma pesquisa qualitativa, uma vez que, “considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números” (SOUZA, FIALHO & OTANI, 2007, p. 39). A pesquisa qualitativa é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social. O processo de pesquisa qualitativa envolve as questões, procedimentos, dados coletados no ambiente da pesquisa, bem como a análise desses dados, a partir das particularidades para os termos gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca do significado dos dados. Para Souza, Fialho e Otani (2007, p. 40), “A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa [...] O ambiente natural é a fonte direta para a coleta dos dados”.

Dentro da abordagem qualitativa, esta pesquisa adota o pensamento de Santos (2011, p. 26): “diante da complexidade do objeto, optamos pela pesquisa qualitativa considerada o caminho mais indicado a trilhar, uma vez que esta privilegia os significados, experiências, motivos, sentimentos, atitudes, e valores [...]”. Este modelo de pesquisa condiz mais com o tipo de problema deste estudo, uma vez que ela aborda o conjunto de expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos significados e nas representações (MINAYO, 1994). Para Santos (2011, p. 26) “a pesquisa qualitativa rompe com os parâmetros epistemológicos do paradigma positivista, incorporando em seu fazer, o sujeito e a subjetividade”. Completa Barbosa (2018, p. 31) “Na investigação qualitativa, é essencial que a capacidade interpretativa do pesquisador nunca perca o contato com o desenvolvimento do acontecimento.” Assim, os fatos gerados serão pesquisados e analisados a partir das práticas dos personagens envolvidos na gestão das águas da Barragem de Santa Cruz de Apodi-RN.

Segundo Pereira (2013, p. 58), “[...] método compreende o material e os procedimentos adotados na pesquisa de modo a poder responder a questão central da investigação”. O método científico é essencial para análise de determinada ciência e diferenciá-lo do senso comum, para Severino (2007, p. 102), “trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais constantes entre os fenômenos” a ser aplicado para estudo das categorias de análise e suas variáveis geográficas deste projeto.

Quanto ao método de pesquisa, adotamos o método dialético, segundo Magalhães e Souza (2014, p. 111) “os passos do método dialético que integra, a nível interno, elementos gnosiológicos, lógicos, ontológicos e metodológicos, com aspectos, a nível externo, determinantes da realidade sócio-histórica.” Este método apresenta como características, a historicidade dos fatos e dos sujeitos diante das dinâmicas territoriais do presente estudo, onde

busca-se mostrar na perspectiva dialética, que o concreto é, ao mesmo tempo, o ponto de partida desta pesquisa, nos revela a dicotomia em tono dos fatos relatados. Assim, o Materialismo Histórico Dialético (MHD), objeto de discussão durante esta pesquisa e no relato de seus fatos pelos atores pesquisados, procura-se como objetivo da ciência, compreender fragmentos da realidade e dos conflitos dos agentes envolvidos seja representante como agente público, seja como ser social e humano em busca de seus objetivos em torno das águas (Ibid., 2014).

Assim, Magalhães e Souza (op. cit., p. 114), nos apresenta a descrição de um rol de indicadores que fazem parte da análise do método dialético:

a) abordar o objeto na perspectiva histórica, a partir de suas origens; b) buscar na história as origens do problema, do todo e não de tudo; c) trabalhar com os sujeitos típicos a serem pesquisados; d) apresentar o concreto pensado; evidenciando o objeto que estava oculto, o movimento dialético; e) utilizar categorias marxistas para análise: trabalho, alienação, ideologia, classe social, contradição, negação, totalidade, universalidade; f) articular teoria e prática e a denominá-la práxis; g) apresentar os dados evidenciando seus nexos internos e contraditórios com a totalidade; h) referencial teórico utilizado.

Segundo Alves (2010) ao abordar a visão de Fernandes (1984) sobre o materialismo histórico dialético, o qual designa por meio de um conjunto de doutrinas filosóficas que, ao excluir a existência de um princípio espiritual, dar ênfase ao contexto da realidade à matéria e às suas modificações. É, portanto, uma tese do marxismo, segundo a qual, o modo de produção da vida material do ser humano, influencia as relações do conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise dos fatos históricos, das lutas e das relações econômicas e políticas em cada sociedade.

A partir dessa contextualização, esta pesquisa tem como base: entrevistas realizadas com sujeitos que participaram desta pesquisa no período de 2015 a 2018 em relação aos 36 municípios da Região do Alto Oeste Potiguar. Quanto ao objeto de estudo, será o estudo de caso, que segundo Souza, Francisco Fialho e Otani (2007), é o tipo de pesquisa que se caracteriza por um estudo cuja imersão nos leva a um estudo aprofundado e exaustivo de cada caso específico, sendo um objeto de estudo em potencial e abrangência, de forma a permitir um amplo e detalhado conhecimento de cada caso, dos fatos ou fenômenos ali gerados.

Neste ponto, a pesquisa descritiva, segundo Gil (2010, p. 27) tem como objetivo “a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. Segundo Souza, Francisco Fialho e Otani (2007, p. 38), “trata-se da descrição do fato ou fenômeno através de levantamentos ou observação”. Para Michel (2005) “tem o propósito de analisar, com a maior precisão possível,

fatos ou fenômenos em sua natureza e características [...]”. Na complementação de Barbosa (2018) é fundamental que o pesquisador por meio de investigação dos fatos, procure refletir sobre a lógica da construção do conhecimento.

Assim, esta pesquisa tem o propósito, descrever as opiniões dos ocupantes de cargos de administração e supervisão relacionados à gestão das águas do período de 2015 a 2018, na Agência Nacional de Águas (ANA); Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS); Escritório da Operação Carro-Pipa do Comando Militar do Nordeste do Exército Brasileiro; Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH); Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN); Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) e; Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró (CBHRAM).

Em seguida, a pesquisa adota ainda o procedimento da pesquisa explicativa, pois segundo Souza, Francisco Filho e Otani (2007, passim), “cria uma teoria explicável a respeito de um fato ou fenômeno, ocupando-se dos porquês dos fatos e fenômenos, buscando aprofundar o conhecimento da realidade para além das aparências do que é observado”.

As explicações e soluções propostas aos fenômenos desta tese, tem o propósito de identificar os fatores determinantes e trazem contribuições para a ocorrência de fenômenos ou fatos na construção desta tese. Para Gil (2002), aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, os porquês das coisas, dos fatos que causam impactos na gestão da Barragem de Santa Cruz em Apodi- RN. Para Pereira (2013, p. 45), “O esclarecimento de controvérsias ou simplesmente a validação do conhecimento passa pela realização de novas investigações com a adoção de procedimentos mais adequados”. Novas pesquisas podem também estar justificadas para produzir conhecimentos locais até então não disponíveis.