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A IMPLEMENTAÇÃO DO NÚCLEO DE EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SISTEMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE LAGES

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

4.5 A IMPLEMENTAÇÃO DO NÚCLEO DE EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SISTEMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE LAGES

Os espaços de formação permanente oferecem oportunidade de se refletir sobre a prática, desde que o professor como pesquisador encontre assuntos que lhe permitam construir novos saberes a partir de suas experiências. Assim, destacar esse período de implementação do NEEP perpassa uma historicidade dos momentos de formação continuada e posteriormente de educação permanente, que orientaram e orientam o Sistema Municipal de Educação de Lages.

Conforme já exposto do que se tem registro, a Educação pública municipal ancorou seus pressupostos epistemológicos a partir de 1977 na perspectiva de trabalho educacional freiriana, inclusive utilizando como orientação nos momentos de formação continuada a organização curricular baseada em temas geradores.

Os registros e análises em todo da documentação das atividades do Plano Regional de Educação, destacam que em meados dos anos de 1993 a 1994, fomentaram-se períodos intensos de formação continuada aos professores, mobilizados pelo investimento financeiro de órgãos estaduais e federais. A dinâmica apresentava como foco central da formação, aspectos filosóficos-teóricos e metodológicos da Proposta Curricular de Santa Catarina (LAGES, 2021, p. 26).

Nesse mesmo período foram ofertados cursos de educação à distância pelo MEC, por meio do Programa Salto para o Futuro26. Afirma-se que um número significativo de professores foi comtemplado com carga horária mínima para a titulação em regime especial, suprindo a necessidade da época. Os pressupostos filosóficos e metodológicos que fundamentavam as ações a serem desenvolvidas com crianças e estudantes estavam organizados sob a perspectiva sociointeracionista da aprendizagem, no que se denominava Projeto EducAção, sendo que o referido projeto político-pedagógico orientava as práticas do Sistema Municipal de Educação (LAGES, 2021, p. 27).

Em alguns registros documentais, observa-se no tempo histórico a organização do Centro Pedagógico Municipal, constituído por técnicos da SMEC27 que tinham a atribuição de assessores no desenvolvimento das ações do projeto. Na área de conhecimento das Ciências Humanas, a professora formadora era Justina Inez Varela de Melo, responsável técnica pelos encontros de estudos de História e de Geografia, ficando no cargo por oito anos consecutivos.

Com a transição de diferentes gestões, o Centro Pedagógico foi substituído pelo Setor de Formação Continuada (2013-2015) e, posteriormente, no ano de 2016 pela criação do NEEP. O objetivo do Núcleo é articular, junto ao Setor de Ensino, os processos de formação permanente dos professores do Sistema Municipal de Educação de Lages. Sua composição contempla, preferencialmente, professores efetivos do Sistema Municipal, com experiência na Educação pública (LAGES, 2021, p. 30).

Cada componente curricular possui um professor responsável, sendo atribuída a função de promover processos interdisciplinares e acompanhamento das práticas do seu grupo de trabalho nas Unidades Escolares. Ainda assim, esse profissional organiza as pautas dos encontros de estudos, em consonância com as demandas sugeridas pelos profissionais da Educação municipal. Cabe destacar, ainda, que em setembro de 2019, a Secretaria Municipal de Educação de Lages recebeu orientações para a adesão ao Currículo do Território Catarinense, conforme resolução CEE/ SC n.º 070, de 17 de junho de 2019, nas etapas da Educação Infantil

26 No ar desde 1991, o programa é interativo e se tornou referência para professores e educadores de todo o país.

O Salto utiliza diferentes mídias – TV, internet, fax, telefone e material impresso – no debate de questões relacionadas à prática pedagógica e à pesquisa no campo da Educação. Embora o programa Salto para o Futuro seja especificamente produzido para o aperfeiçoamento de professores e educadores em exercício, em alguns municípios também é utilizado como apoio aos cursos de formação de professores para os Anos Iniciais, ficando a critério de cada estado a avaliação e a certificação dos participantes.

27 A Secretaria Municipal de Educação teve, no período correspondente a sua historicidade, as nomenclaturas:

Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) – Lei Complementar n.º 107, de 23 de dezembro de 1998;

Secretaria Municipal de Educação (SME), por meio do mesmo decreto; Secretaria Municipal de Educação de Lages (SMEL), a partir da Lei Complementar n.º 412, de fevereiro de 2013. Esses dados foram extraídos de decretos e atos da SMEL. Para efeitos da pesquisa, utilizarei a expressão “Secretaria Municipal de Educação de Lages” ou SMEL para designar a referida instituição.

e Ensino Fundamental. Posteriormente, tratou de se constituir a equipe de implementação na esfera municipal, o que resultou no documento final, denominado Diretrizes Curriculares do Sistema municipal de Educação de Lages – DCSMEL (2021).

No campo do ensino da Geografia, diferentes professores ocuparam a função de professor formador. Buscando-se dados a respeito do perfil desses profissionais, por meio do Setor de Ensino e do Departamento de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Educação, chegou-se aos seguintes dados:

Quadro 19 – Perfil dos Professores Formadores de Geografia da SMEL

Professores Formadores

Período em que esteve

como formador

Formação Inicial e Continuada

Justina Inez Varela de Melo 1993 –

2001 Ciências Sociais e Mestrado em Educação Maria Isabel Vieira Branco 2002 Ciências Sociais e Doutorado em

Geografia Ivana Elena Michaltchuk 2002 –

2010 Ciências Sociais e Mestrado em Educação

Edenir Espindola 2003 Ciências Sociais

Jussara Castilho 2010 –

2012 Ciências Sociais

Ivair Proença 2013 –

2015 Ciências Sociais e Mestrado em História

Soraia Souza 2016 Ciências Sociais

Marisa Perin Tonon 2017 Ciências Sociais

Cristian de Oliveira 2018 – 2019

Licenciado em Geografia e Doutorando em Educação

Sonia Beatriz 2020 – 2022

Licenciada em Geografia e Mestranda em Educação

Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2022) com dados do Departamento de Recursos Humanos da SMEL.

Seguindo o pensamento de Imbernón (2009), compreende-se que o processo de formação permanente não é algo que aconteça isoladamente, porém, articulado com o coletivo da escola os saberes compartilhados procedem em resultados melhores na prática pedagógica.

O fato de professores do próprio sistema municipal serem os formadores dos demais, consolida uma política pública de respeito aos pares, bem como de aproximação com o cotidiano escolar diante da realidade vivenciadas nas unidades de ensino.

Imbernón (2009, p. 26) afirma que:

A formação permanente do professor requer um clima de colaboração e sem grandes reticências ou resistências entre o professorado (não muda quem não

quiser mudar, ou não se questiona o que faz aquele que pensa que está muito bem), uma organização minimamente estável nos centros (respeito, liderança democrática, participação de todos os membros, etc.) que dê apoio à formação e uma aceitação que existe uma contextualização e diversidade entre o professorado e que isso leva a maneiras diferentes.

A formação permanente, portanto, se dá por meio de uma ruptura no espaço de tempo investigativo, com os conceitos defendidos até 2016, que pautavam os encontros de estudos a partir da perspectiva de “formação continuada”. Desde então, a SMEL busca implementar uma nova perspectiva de trabalho nos encontros de estudos e a mudança se deve, também, em razão da ordem administrativa e pedagógica defendida pela atual secretária municipal de Educação.

A concepção de formação continuada que permeava os trabalhos se sustentava a partir de conceitos de intervenção e trocas.

Imbernón (2010, p. 115) define a formação continuada como

Toda intervenção que provoca mudanças no comportamento, na informação, nos conhecimentos, na compreensão e nas atitudes dos professores em exercício. Segundo os organismos internacionais, a formação implica a aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades relacionadas ao campo profissional.

O mesmo autor (2009, p. 48) diferencia a formação continuada da permanente, referenciando a última da seguinte maneira:

A formação permanente aquela que privilegia o comprometimento com uma formação orientada para um sujeito que tem capacidades de processamento da informação, análise e reflexão crítica, decisão racional, avaliação de processos e reformulação de projetos, tanto trabalhistas como sociais e educativos em seu contexto e com os colegas.

A implementação da DCSMEL, em 2021, orienta os fundamentos epistemológicos dos trabalhos desenvolvidos no campo do conhecimento da Geografia e de todos os demais componentes curriculares escolares. A perspectiva de trabalho defendida nos encontros de Educação permanente fundamenta-se na abordagem histórico-cultural, o que sustenta o trabalho coletivo com criticidade e assegura que as habilidades e competências do documento municipal sejam desenvolvidas de forma harmoniosa nos bancos escolares.

Na continuidade do estudo, o próximo capítulo se ancora em políticas públicas de ordem estadual. O diálogo se dá a partir do Currículo do Território Catarinense e das diferentes versões da Proposta Curricular de Santa Catarina, com especial interesse no componente curricular

Geografia e como esse se interrelaciona com o currículo de forma crítica e social. Os documentos analisados não destoam dos marcos legais nacionais, mas fazem uma conexão cruzada, orientando as Diretrizes Curriculares do Sistema Municipal de Educação de Lages, por meio de pareces colaborativos.

CAPÍTULO V

O LUGAR DA GEOGRAFIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS ESTADUAIS