Implicações do Engajamento para os trabalhadores e para a organização

É fundamental o mapeamento das consequências do Engajamento no Trabalho, pois todos os sujeitos possuem um papel importante dentro da empresa, sendo que essa atuação poderá influenciar diretamente no desenvolvimento de um ambiente organizacional positivo. Trabalhadores engajados geram benefícios e consequências positivas para si mesmo, como também, para seus pares e para a organização. Um trabalhador engajado evidencia rapidez e qualidade na execução de suas atividades, demonstra o desejo de auxiliar e dar suporte a colegas, ou ainda, de intervir em conflitos. Trabalhadores engajados evidenciam qualidade no atendimento aos clientes, o que faz com que estes retornem à empresa (BAKKER et al., 2007; BAKKER; DEMEROUTI; SANZ-VANZ, 2014; RICH; LEPINE; CRAWFORD, 2010; SCHAUFELI; TARIS; VAN REHNEN, 2008).

Os trabalhadores engajados tendem a apresentar desempenho melhor do que os trabalhadores que não são engajados. Sujeitos engajados são aqueles que, normalmente, possuem emoções positivas que incluem felicidade, alegria, entusiasmo; qualidade em sua saúde psíquica; desenvolvimento de seus próprios recursos de enfrentamento (recursos de trabalho), como ainda, motivação intrínseca. (BAKKER; LEITER, 2010; SALANOVA; SCHAUFELI, 2009; MARTINS; MACHADO; PEREIRA, 2013).

Além disso, sujeitos engajados tendem a demonstrar índices menores de sintomas psicossomáticos que suas contrapartes não engajadas. Este argumento fica evidente a partir da pesquisa desenvolvida por Demerouti et al. (2001) que descobriram correlações negativas moderadas entre Engajamento (em particular Vigor) e sintomas psicossomáticos. Consequentemente, quanto mais saudável é o sujeito, melhor a qualidade de seu trabalho, então, este tende a adoecer, fisicamente e psiquicamente, com menor frequência e quando está trabalhando normalmente sente-se vigoroso, forte, desempenhando suas tarefas com qualidade (BAKKER; DEMEROUTI, 2008; SCHAUFELI; DIJKSTRA; VAZQUEZ, 2013).

Um trabalhador engajado torna-se ainda mais produtivo quando tem a possibilidade de desenvolver ou aprimorar seus recursos de trabalho. De acordo com a pesquisa de Fredrickson (2001), quando o sujeito experiência momentos de emoções positivas, este tende a construir duradouros recursos psicológicos e, assim, desencadear o bem-estar emocional. Xnathopoulou et al. (2007) comprovaram, durante pesquisa com técnicos holandeses, que o emprego constante

dos recursos pessoais resulta em altos níveis de Engajamento no Trabalho. Por sua vez, o Engajamento potencializou o desenvolvimento de recursos pessoais como otimismo, auto eficácia e autoestima, agregando ainda recursos de trabalho como, apoio social a colegas, autonomia, feedback (BAKKER, 2011; BAKKER; DEMEROUTI, 2008).

Uma pesquisa desenvolvida por Schaufeli e Van Rhenen (2006) evidenciou que trabalhadores, na sua grande maioria, experimentam emoções positivas e estas tendem a ser a razão pela qual eles são mais produtivos. Os trabalhadores felizes observam com maior facilidade às oportunidades expostas no ambiente de trabalho, mais extrovertido, sensíveis a necessidade de outras pessoas, confiantes e otimistas. Fredrickson (2001), na teoria e-build, menciona que as emoções positivas, abrangem sentimentos como alegria, interesse, contentamento e estas têm a capacidade de ampliar os repertórios de ações e pensamentos, auxiliando na construção dos recursos pessoais (recursos físicos, intelectuais, sociais e psicológicos). Além disso, as emoções positivas são responsáveis em promover o desejo de explorar, assimilar novas informações e experiências e, dessa maneira, se desenvolver. Os trabalhadores engajados tendem a influenciar seus colegas com o seu está do emocional positivo (BAKKER; DEMEROUTI, 2008).

Uma vez iniciado o processo de Engajamento, este tende a se perpetuar, pois o sujeito atribui um significado positivo a seu trabalho, sentindo prazer na atividade que realiza. De tal maneira, tal processo, conhecido como ‘espiral positiva’, se mantém de forma contínua e crescente desde que existam intervenções e ações construtivas. A ‘espiral positiva’ se desenvolve a partir de emoções positivas vivenciada pelo trabalhador o que amplia o repertório de recursos e ações, possibilitando que o sujeito desenvolva novas capacidades pessoais. Em resumo, o aumento dos recursos (pessoais e o do trabalho) tende a conduzir a elevação do nível de Engajamento, o qual por sua vez, interfere diretamente no desenvolvimento/aumento da satisfação, motivação e clima positivo no ambiente laboral. No entanto, para que se efetive a ‘espiral positiva’ é importante que líderes e demais trabalhadores avaliem constantemente as ações desenvolvidas e os seus impactos para que sejam potencializadas intervenções que acarretem em sentimentos positivos (TRACY; MATTA; VICTORIA, 2016; SCHAUFELI et al., 2013).

O Engajamento influencia de maneira positiva a produtividade de uma equipe de colaborares, pois as pessoas contagiam umas às outras com suas emoções, mesmo que este processo seja inconsciente. Desta maneira, o crossover ou contágio emocional pode ser definido como a transferência, de uma pessoa para outra, de experiências positivas ou negativas. Ao se influenciarem mutuamente, os colegas de trabalho tendem a trabalhar melhor como uma equipe,

aumentando consequentemente o desempenho (BAKKER, 2005; MOURA; MOURA; CHARÃO-BRITO; LOPES, 2017).

Existem evidências experimentais para tal processo, um dos exemplos é o estudo conduzido, em laboratório, por Barsade (2002), que tinha como objetivo observar/comprovar a transferência de humor entre pessoas de um grupo, e a influência deste processo no desempenho da equipe. A partir da utilização do humor positivo (bom-humor) demonstrou-se que o clima agradável do “pesquisado escolhido” influenciava o humor dos demais membros da equipe durante o exercício simulado de gestão. O contágio do humor positivo, consequentemente, resultou em comportamento cooperativo e acarretou em melhor desempenho da tarefa.

Outra questão que influencia diretamente a produtividade dos trabalhadores é motivação intrínseca. Sujeitos motivados intrinsicamente desenvolvem suas atividades profissionais, principalmente, pelo prazer que sentem e não simplesmente porque serão recompensados externamente. Dessa maneira, a recompensa externa é vivenciada como consequência do bom trabalho realizado (remuneração, aumento financeiro, reconhecimento), pois o trabalho em si já é algo prazeroso e que possui um significado. Trabalhadores motivados intrinsicamente valorizam seu trabalho por motivos pessoais, próprios, cujo significado é relevante para eles e, deste modo, possui impacto positivo em suas vidas. Em suma, sujeitos engajados contribuem ativamente para que as metas organizacionais sejam alcançadas e até superadas, pois sentem prazer no trabalho que realizam, aumentando assim a sua produtividade a curto, médio e longo prazo (HAKANEN; SCHAUFELI; AHOLA, 2008; BAKKER; LEITER, 2010).

Portanto, com o objetivo de explicitar a influência positiva que o Engajamento no Trabalho tem sobre os sujeitos foi desenvolvida a Figura 2.

Figura 2 - A influência do Engajamento no dia a dia do trabalhador