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Essa pesquisa pode servir para a tomada de decisão de gerentes de empresas de diversas áreas do conhecimento, principalmente do setor de transformação (objeto de análise desse estudo). Nesse sentido, esse tópico tem a finalidade de auxiliar os gerentes de empresas exportadoras e importadoras a desenvolverem estratégias relacionadas a Orientação Empreendedora, Capacidades Dinâmicas, Ambidestria Organizacional e Performance Organizacional.

Entender os fatores subjacentes das dimensões proatividade e inovatividade pode favorecer o desenvolvimento de práticas gerenciais, uma vez que a OE é um forte antecedente das Capacidades Dinâmicas, tendo demonstrado relação positiva com a Ambidestria Organizacional e Performance Organizacional. Nesse sentido, é possível inferir que a proatividade pode proporcionar vantagens competitiva em relação aos concorrentes, fazendo com que a empresa possa tornar-se pioneira em ações no tocante aos principais rivais.

A proatividade pode auxiliar os gerentes na percepção do comportamento organizacional dos subordinados, identificando características relacionadas a antecipação de prováveis problemas, tendências de mercado, oportunidade para uma melhor investigação acerca de lançamento de novos produtos em mercados ainda não explorados pela organização. Um gerente proativo é capaz de desenvolver percepção aguçada em relação a elementos que possam interferir na cultura organizacional, passando a influenciar funcionários, com perfil de liderança, a assumirem novos desafios na organização. A proatividade é um importante antecedente para o incremento de novas habilidades e competências que auxiliem os gerentes na promoção de capacidades centrais da organização, essenciais para o desenvolvimento de capacidades dinâmicas (absortiva e de inovação), ambidestria organizacional (exploration e exploitation) e performance organizacional (crescimento nas vendas, lucratividade e relacionamento com stakeholders).

A inovatividade está diretamente associada a capacidade que a organização apresenta para a geração de novas ideias, reconfiguração dos processos, sendo um importante elemento para a identificação de novas oportunidades para o mercado. A inovatividade associada ao uso

intensivo de tecnologia é capaz de proporcionar a inserção de novos produtos/serviços no mercado concorrencial.

Desenvolver produtos e processos inovadores pode contribuir para a obtenção da liderança do mercado frente aos principais rivais, principalmente se a organização for capaz de ingressar no mercado com redução de custos. Ser capaz de obter conhecimento externo à organização e transformá-lo em oportunidade de negócio não é uma tarefa fácil. As organizações que apresentarem funcionários com capacidade de gerenciamento eficaz de ativos tangíveis e intangíveis estarão mais próximas da obtenção de vantagem competitiva em relação aos demais concorrentes.

Capacidades Dinâmicas tem o objetivo de integrar, reconfigurar e renovar recursos tangíveis e intangíveis com a finalidade de redefinir o core competente da empresa, particularmente em ambientes dinâmicos que apresentem constante turbulência. Para tanto, é preciso desenvolver novas habilidades e competências junto aos funcionários, fazendo com os mesmos sejam capazes de proporcionar novos insights, percepções e ideias criativas e inovadoras que auxiliem no equilíbrio exploration e exploitation.

Pelo fato das Capacidade Dinâmicas terem apresentado forte relação positiva com o construto Ambidestria Organizacional (estimativa padronizada = 0,532; valor t = 7,083 e p- valor<0,001), percebe-se a existência de relação direta entre as respectivas dimensões. Dito de outra forma: a Ambidestria Organizacional é uma capacidade dinâmica multidimensional, uma vez que as dimensões exploration e exploitation exigem a reconfiguração e renovação de recursos tangíveis, intangíveis, habilidades, competências e capacidade central da organização realizadas por meio da aplicação da capacidade absortiva e de inovação. Portanto, esse achado pode ser uma importante contribuição teórica do estudo em função de seu acréscimo para a literatura acadêmica.

A Ambidestria Organizacional é a capacidade que a empresa possui para atuar em ambientes bidimensionais (exploration e exploitation) em busca do equilíbrio. Para tanto, é preciso que a organização apresente elevada capacidade de identificação, absorção, retenção e transferência de conhecimento com a finalidade de reconfigurar o ambiente interno e externo, visando a obtenção da vantagem competitiva frente aos principais rivais.

O uso da Ambidestria Organizacional pode ser uma oportunidade para que os gerentes de empresas de médio e grande porte, particularmente do setor de transformação, possam rever suas práticas de gestão, como por exemplo: adaptação do negócio ao ambiente externo, mudança dos processos internos, cultura organizacional, absorção e retenção de conhecimento externo, lançamento de novos produtos, mudanças incrementais em produtos e

processos, inserção da empresa em novos mercados, flexibilidade operacional visando favorecer um ambiente propício à inovação.

Com relação a performance organizacional, o presente estudo pode ter contribuído para gerentes de empresas em relação aos seguintes fatores: (i) quanto aos indicadores financeiros, essa pesquisa demonstrou relação positiva das variáveis crescimento nas vendas e lucratividade em relação aos três construtos investigados (OE, CDs e AMB). Isso pode ter sido causado pelo fato das empresas terem atuação no mercado internacional, bem como demandarem aquisição de insumos, máquinas e equipamentos, matérias-primas e tecnologia nos últimos 5 anos.

Com relação ao construto performance organizacional, pode-se inferir os seguintes achados em relação as variáveis financeiras crescimento nas vendas e lucratividade: (i) o aumento da venda de novos produtos (CRV2) pode estar associada a capacidade que o gerente apresente para comercializar produtos acima de sua cota de mercado dentro do território que atua (CRV3) e capacidade de superar as metas e objetivos de vendas (CRV4); e (ii) o treinamento pode ter a capacidade de elevar a comercialização de produtos e gerar lucro para a empresa (LCT3), que por sua vez pode ser um elemento decisivo para o incremento nas exportações, proporcionando, consequentemente, elevação da lucratividade do produto (LCT4).

No que diz respeito a variável não-financeira do construto performance organizacional (relacionamento com stakeholders), percebe-se que a relação entre as variáveis meus atributos pessoais são adequados para estabelecer relações (SKH2), facilidade do gerente de manter relacionamento com uma das partes interessadas (SKH3) e identificação de competência e capacidade do gerente em manter um relacionamento com um stakeholders (SKH4) sejam importantes achados que possam influenciar os gestores de empresas do setor de transformação, particularmente de firmas exportadoras e importadoras, no sentido de melhorarem seu relacionamento com as partes interessandas, visando o alcance de uma melhor performance organizacional.

Por fim, mas não menos importante, percebe-se que a relação entre as dimensões financeiras e não-financeiras podem servir como tendência para estudos futuros, uma vez que pesquisas dessa natureza proporcionam uma melhor compreensão a respeito da ligação entre diferentes dimensões, assim como clarificam o entendimento acerca da complexidade do construto performance organizacional.