• Nenhum resultado encontrado

IMPLICAÇÕES PARA PESQUISADORAS/ES

O tema da diversidade sexual é um tema amplo e complexo que pode ser tratado sob múltiplas perspectivas: Pode ser tratada sob a luz dos “Estudos Multiculturais” dos “Estudos Pós-Coloniais”, dos “Estudos Queer”4

, entre outros. Enfim, possibilidades para tratá-lo não faltam. O que vale salientar é que seja qual for a perspectiva escolhida é preponderante se falar neste tema, é preponderante estudá-lo, colocando este tema definitivamente na pauta de discussões dando sua merecida importância.

4 As/os teóricas/os Queer reafirmam o caráter discursivo do sexo e se opõem às normas regulatórias do

Estudos sobre sexualidades são sempre bem vindos e cada um dá sua contribuição no sentido de ajudar a desmistificar uma temática que está sempre ou quase sempre inserida em um oceano de preconceitos, estigmas e discriminações que são alimentadas e retroalimentadas o tempo todo pelas instituições e organizações de modo geral ao longo da história. Espera-se que com esta pesquisa que as/os pesquisadoras/es se sintam motivadas/os a ir mais além inclusive reconhecendo e eliminando as possíveis barreiras impostas pelos seus próprios preconceitos.

Nesta pesquisa foram propostas algumas estratégias pró-ativas para se trabalhar a questão da diversidade sexual nas organizações e instituições em geral. Todas estas estratégias propostas aqui partem de um contexto de aprendizagem vivida pelas pessoas diante das possibilidades de expressão das sexualidades. Neste sentido, espera-se dar uma contribuição para pesquisadoras/es haja vista que a grande maioria de trabalhos relacionados a esta temática se limitam mais a constatar e/ou denunciar.

Destarte, a partir desta pesquisa espera-se que as/os pesquisadoras/es possam aprofundar e/ou ampliar as estratégias pró-ativas da diversidade sexual propostas aqui contribuindo para melhorar a vida das pessoas representantes desta diversidade que são vítimas constantes da lesbofobia, homofobia e/ou transfobia institucionalidadas nas organizações e instituições de modo geral.

Pesquisas futuras poderão contribuir no sentido de um aprofundamento melhor com relação aos efeitos negativos e positivos relacionados à diversidade sexual nas organizações. Até onde se tem notícias não existem estudos com dados concretos a este respeito. Nesta pesquisa buscou-se identificar alguns destes efeitos a partir das experiências de pessoas vividas em diferentes contextos organizacionais e procurou-se justificar os efeitos positivos a partir da teoria da “Aspiral do Silêncio” e quanto aos efeitos positivos, buscou-se justificar através da “Gestão da Diversidade Cultural”.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo principal propor e desenvolver estratégias de aprendizagem pró-ativas de gestão da diversidade sexual nas organizações, considerando a inexistência de estratégias específicas voltadas para a questão da diversidade sexual. Neste sentido, existe uma necessidade, através destas estratégias, de dar uma contribuição para a valorização das diversas expressões da sexualidade humana no ambiente de trabalho.

Para contribuir na proposição de nosso objetivo principal tivemos dois objetivos específicos que foram identificados a partir das experiências vividas pelas pessoas entrevistadas no ambiente de trabalho. O primeiro deles foi identificar os efeitos negativos da diversidade sexual nas organizações. E o segundo foi identificar os efeitos positivos da diversidade sexual nas organizações.

Na revisão literária foram abordados os temas principais desta pesquisa: diversidade, sexualidade e gestão; gestão da diversidade nas organizações; gestão da diversidade sexual: perspectivas e desafios; estratégias da diversidade sexual: a rota da aprendizagem; identidade, sexualidades; preconceito, discriminação, estereótipo e estigma.

Esta pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratório se desenvolve a partir de uma perspectiva histórica de vida das pessoas no que se refere à questão das vivências da sexualidade no ambiente laboral. E a técnica usada para coleta de dados foram as entrevistas.

Espera-se que este estudo possa contribuir no sentido da valorização da diversidade sexual nas organizações de modo geral e desta forma ajudar na melhorar da vida das pessoas nas suas relações interpessoais no ambiente de trabalho, acadêmico e outros, através da aplicação das estratégias de aprendizagem propostas nesta pesquisa.

Um aspecto relevante também está relacionado à produção e difusão de conhecimentos produzidos através deste trabalho, contribuindo para a quebra de velhos paradigmas e na diminuição de preconceitos ligados às sexualidades estabelecidos ao longo do tempo. Desta maneira, procura-se mostrar às organizações que precisam de forma efetiva adotar práticas e ações que venham a valorizar a diversidade sexual onde todas as pessoas se sintam incluídas e parte dela.

É perceptível que o olhar direcionado a sexualidade ainda é um olhar extremamente excludente e limitado e que está intimamente associado à expectativa que advém da correspondência entre sexo biológico-gênero-sexualidade. É preciso ter a boa vontade para se enxergar sem os “olhos do preconceito” e reconhecer que o quadro de pessoas vitimadas pelo preconceito com relação à orientação sexual seja no aspecto psicológico e/ou físico é algo vergonhoso e entristecedor.

Corroborando para um cenário entristecedor além das organizações de modo geral, vem a família que ainda vive sob os valores machistas herdados pelo patriarcalismo de outrora que se esforça em educar as crianças desde muito cedo a serem heterossexistas e desta forma lesbofóbicas e homofóbicas. Em seguida, vem a escola normatizando corpos e desejos e enjaulando identidades. E ainda tem as religiões estimulando o ódio às pessoas homossexuais, os meios de comunicação e as organizações de modo geral que insistem em fingir que não vê o que existe de fato e ainda há desentendimentos internos nos próprios movimentos LGBT que não conseguem superar suas divergências e a própria homofobia internalizada de homossexuais que dificultam também todo o processo de visibilidade que a causa LGBT luta para ter.

Contudo, nos resta ainda o otimismo no sentido de vislumbrar por tempos melhores. Tempos de aprendizagem continua e incessante. Tempos onde as pessoas por viverem livremente a sexualidade não sejam rotuladas e discriminadas por serem lésbicas, gays, homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis. Onde também as organizações cada vez mais cumpram seu papel social através de uma gestão voltada para o reconhecimento e valorização da diversidade cultural incluindo todas as minorias: sexuais, negras/os, imigrantes, as mulheres, deficientes entre outras. Alem, é claro do apoio contínuo proporcionado pelas ações de ONGs, políticas públicas adotadas pelo governo e pela luta continua do Movimento LGBT. Ou seja, quando chegarmos ao reconhecimento do direito a expressão da sexualidade como um direito humano.

8 REFERÊNCIAS

ANTONELLO, C. S. et al. Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Bookman, 2011.

AQUINO DA SILVA, R.; SOARES, R. Juventude, escola e mídia. In: LOPES, G.; Corpo, Gênero e Sexualidade: um Debate Contemporâneo na Educação. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

ATKINSON, R. The Life Story Interview. Handbook of Interview Research Context and Method. [S.l.]: Sage Publications, 2002.

BAUMAN, Z. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

________. Tempos Líquidos. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

BANERJEE, S. B.; LINSTEAD, S. Globalization, multiculturalism and other fictions: colonialism for the new millennium? Organization, v. 8, n. 4, p.683-722. 2001.

CANDIDO, Hernani Passos; PESSOA, Deborah Kelly Nascimento. Diversidade Sexual Nas Organizações: Uma Análise Bibliométrica de Publicações em Administração. In: EnAnpad, 37., 2003, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro,

7 -11 set. 2013.

CASTELLS, M. O poder da Identidade. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

DAVEL, E.; VERGARA, S. (Org.). Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001.

DAVEL, E.; GHADIRI, P. Cross-Cultural Management. Culture and Management Across the World. Managing Multiculturalism in the Workplace. London: Routledge, 2013.

DIAS, B. M. A união homoafetiva e a Constituição Federal In: COSTA, Horácio Costa et al (Org.). Retratos do Brasil Homossexual : fronteiras, subjetividades e desejos- São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial, 2010. p. 22.

LUGARINHO, M. C. Direitos humanos e Estudos Gays e Lésbicos: O que nós e Michel Foucault temos a ver com isso? In: DIAS, B. M. A união homoafetiva e a Constituição Federal. In: COSTA, Horácio Costa et al (Org.). Retratos do Brasil Homossexual : fronteiras, subjetividades e desejos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial, 2010.

INSTITUTO ETHOS. Conferencia Como as Empresas Podem e (Devem) Valorizar a Diversidade. São Paulo: Instituto Ethos, 2000.

DASS, P.; PARKER, B. Strategies for managing human resource diversity: from resistance to learning. Academy of Management Executive, v. 13, n. 2, p. 68-80, 1999.

ELY, R. J.; THOMAS, D. A. Cultural diversity at work: the effects of diversity perspectives on work group processes and outcomes. Administrative Science Quarterly, v. 46, n. 2, p. 229-273, 2001.

LORBIECKI, A. Changing Views on Diversity Management: the Rise of the Learning Perspective and the Need to Recognize Social and Political Contradictions,

Management Learning, v. 32, n. 3, p. 345-361, 2001.

FLEURY, M. T. L. O desvendar a cultura de uma organização: uma discussão

metodológica. In: FLEURY, M. T. L.; FISCHER, R. M. (Org.). Cultura e poder nas organizações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

FLEURY, M. T. L. Gerenciando a diversidade sexual: experiências de empresas brasileiras. RAE, v. 40, n. 3 jul/set. 2000.

FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: identidade, sedução e carisma? Rio de Janeiro: FGV, 1999.

FREITAS, M. E.; DANTAS, M. Diversidade sexual e Trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

FREITAS, Maria Ester de. Assedio moral e assedio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Rev. adm. empres, São Paulo , v. 41, n. 2, jun. 2001 . Disponível em: <. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902001000200002>. Acesso em: 2 nov. 2014. GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade , amor e erotismo nas Sociedades modernas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Ed. Unesp, 1993.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

IRIGARAY, A. R.; FREITAS, M. E. Sexualidade e organizações: estudo sobre lésbicas no ambiente de trabalho. Organ. Soc.. Salvador , v. 18, n. 59, 2011 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-

92302011000400004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 mar. 2014.

GUNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão?. Psic.: Teor. e Pesq, Brasília, v. 22, n. 2, p. 201-209, maio/ago. 2006. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010>. Acesso em: 10 nov. 2014.

IRIGARAY, A. Orientação sexual e trabalho. GV- executivo. v. 10, n. 2, 2011. IRIGARAY, A. Travestis e transexuais no mundo do trabalho. In: FREITAS, M. E.; DANTAS, M. Diversidade sexual e Trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012. JONES, D.; STABLEIN, R.. Diversity as resistance and recuperation : critical theory, poststructuralist perspectives and workplace diversity. In: P. Prasad, J. K. Pringle and A. M.Konrad (Eds). Handbook of Workplace Diversity. London: Sage publications, 2006.

LIMA, Luciana Campos; LUCAS, Angela Cristina. Gestão da Diversidade e Gestão de Pessoas: Implicações para a Área Recursos. In: ENCONTRO DE ESTUDOS

ORGANIZACIONAIS DA ANAPAD, 7., 2012, Curitiba. Anais... Curitiba, 2012. LOPES, G. Um Corpo Estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

LOPES, G. Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

______. O corpo educado: pedagogias da sexualidade organizadora. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

MECCHI, Luiz Cassiano. Diversidade sexual e políticas de gestão de pessoas: um estudo exploratório em três empresas de grande porte. 2006. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciência da Informação, Salvador, 2011.

MELLO, Luiz; AVELAR, Rezende Bruno de; MAROJA, Daniela. Por onde andam as políticas públicas para a população LGBT no Brasil. Soc. Estado, Brasília , v. 27, n. 2, ago. 2012 . Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 69922012000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 out. 2014.

MIR, R., A. Mir; WONG, D. J.. Diversity : the cultural logic of global capital?, in: P. Prasad, J. K. Pringle and A. M. Konrad (Dir.). Handbook of workplace diversity. London: Sage Publications, 2006.

MOTT, Luis. Antropologia, teoria da sexualidade e direitos humanos dos

homossexuais. Revista Bagoas - Estudos gays: gêneros e sexualidades, v.1, n. 1, 2007. Disponível em: <http://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/2252/1685>. Acesso em: 10 nov. 2014.

NOËLLE-NEUMANN, Elisabeth. La espiral del silencio. Opinión pública: nuestra piel social. Barcelona: Paidós, 1995.

OLIVEIRA, Paula Approbato de; SCIVOLETTO, Sandra; CUNHA, Paulo Jannuzzi. Estudos neuropsicológicos e de neuroimagem associados ao estresse emocional na infância e adolescência. Rev. psiquiatr. Clín., São Paulo , v. 37, n. 6, 2010 . Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832010000600004 >. Acesso em: 2 nov. 2014. OLIVEIRA, Ualison Rébula de; VICENTE RODRIGUEZ, Martius Gestão da

diversidade: além de responsabilidade social, uma estratégia competitiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 24., 2004, Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC, 2004.

ORNELLAS, Maria de Lurdes. (Entre) vista: a escuta revela. Série métodos e técnicas de pesquisa. Salvador: EDUFBA, 2011. v. 1.

RAMOS, Silvia; CARRARA, Sérgio. A constituição da problemática da violência contra homossexuais: a articulação entre ativismo e academia na elaboração de políticas públicas. Physis, Rio de Janeiro , v. 16, n. 2, 2006 . Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 73312006000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 out. 2014.

RIBEIRO, P. R. Marçal (Org.). Sexualidade e Educação: aproximações necessárias. São Paulo: Arte & Ciência, 2004.

ROBERTS, Brian. Biographical Research. Buckingham: Open University Press, 2000. SARAIVA, Luiz Alex Silva; IRIGARAY, Hélio Arthur dos Reis. Políticas de

diversidade nas organizações: uma questão de discurso? Rev. adm. empres. São Paulo, v. 49, n. 3, 2009. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75902009000300008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 out. 2014.

ROULEAU, L. Emoção e repertórios de gênero nas organizações. In: DAVEL, E. ; VERGARA, S. (Org.). Gestão com Pessoas e Subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001. SARAIVA, L. A. S. Além dos estigmas profissionais. In: FREITAS, M. E.; DANTAS, M. Diversidade sexual e Trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

SIQUEIRA, M. V.; ANDRADE, A. Em busca de uma pedagogia gay no ambiente de trabalho. In: FREITAS, M. E. ; DANTAS, M. Diversidade sexual e Trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O papel das políticas publicas no desenvolvimento local e na Transformação da Realidade políticas publicas o papel das políticas publicas.

Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais - AATR/Bahia, Salvador, 2002, p. 2.