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Implicações sócio-político-econômicas.

No documento GILVANICE DE SOUSA PACHECO (páginas 41-45)

CAPÍTULO 2. MARCO REFERENCIAL

2.1 Recorrência temática

2.1.3 Implicações sócio-político-econômicas.

Diante deste cenário, somos concorde com Mariani e Fortes (2004) que podemos identificar problemas epidemiológicos constatados pelo aumento da incidência da doença renal crônica. Problemas políticos e econômicos devido à carência de programas preventivos sustentados no Brasil, assim como de ambulatórios para tratamento conservador, dessa forma contribuindo para custos elevados com diálise de urgência por encaminhamento tardio ou falta de conhecimento da doença por parte da população. Assim também como problemas educacionais devido ao desconhecimento da população a respeito da doença renal , ocasionando a não adesão ao tratamento e em conseqüência ingressam em uma terapia de substituição renal em condições clínicas inadequadas.

Mariani e Fortes (2004) enfatizam que a DRC é multifatorial, dessa forma torna-se necessário um atendimento por uma equipe multiprofissional, composta por médico nefrologista, enfermeiro nefrologista, assistente social e psicólogo, para um atendimento integral ao cliente, onde este deve ser abordado com uma linguagem acessível para facilitar o

entendimento de sua doença e adesão ao tratamento, além de recomendações para enfrentar as mudanças ocorridas pela doença, ajudando-o a alcançar o bem-estar.

Mezzano, Amair e Wagner (2004) relatam que a equipe decidirá o tipo e forma de registros que levará à criação e implementação de protocolos de tratamento assim como o controle estatístico prestado e seus resultados.

Vários trabalhos têm sido realizados para avaliar os benefícios da abordagem educativa na fase de tratamento conservador. Klang, Björvell e Clyne (1999) avaliaram os efeitos de um programa de educação para um grupo de 28 clientes com uremia. Esse programa consistia de quatro sessões onde eram abordados os seguintes temas: doença renal e orientações dietéticas, terapias de substituição renal, prática de exercícios físicos e possível impacto da doença renal crônica nas finanças, vida social e familiar. Em relação ao grupo controle, também composto por 28 clientes, um maior número de clientes incluídos no grupo de estudo relataram estar aptos a escolher a modalidade de diálise e adquiriram maior entendimento de sua doença e seu tratamento.

Resultados da pesquisa de White et al. (2002) sugerem que o atendimento na pré- diálise é um preditor de melhora na qualidade de vida nos primeiros seis meses de início da diálise. Os benefícios não se limitam apenas a medidas objetivas de saúde do paciente, tais como redução da hospitalização e melhor perfil bioquímico ao início do tratamento dialítico, bem como medidas subjetivas de saúde do paciente. Estes autores afirmam que informação e educação devem ser parte integral do tratamento.

Segundo Miller et al. citado por Klang, Björvell e Clyne (1999), pacientes com doença renal crônica têm sido identificados como um grupo de pacientes que necessitam de educação específica, haja vista que são submetidos a vários regimes de tratamento durante a

progressão de sua doença e necessitam aprender a enfrentar os sintomas e alterações físicas e psicossociais.

Nilton e Shayman apud Klang, Björvell e Clyne (1999) relatam que a falta de entendimento e conhecimento podem ser fatores principais que contribuem para ansiedade e pouco ajuste. Além disso, a oportunidade para aumentar o ajuste fisiológico e psicológico dos pacientes na transição para a diálise é uma importante razão para a educação na fase pré- dialítica ( GRUNKE e KING, 1994).

Amair e Wagner (2004) afirmam que a referência precoce do cliente com doença renal crônica para um serviço especializado é fundamental, pois permite lentificar a progressão da doença renal por meio de tratamentos adequados, como: início de terapia antihipertensiva com inibidores da ECA, rigoroso controle glicêmico nos casos de diabetes mellitus, dieta adequada indicada pelo nutricionista e adoção de hábitos saudáveis de vida. Além disso, permite prevenir as complicações da uremia, tais como desnutrição, anemia, desidratação, hipertensão grave, descompensação diabética, osteodistrofia renal, desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido básico.

Todas os cuidados citados acima adotados no tratamento conservador ou fase pré- dialítica visam assegurar a melhor qualidade de vida para o paciente, permitindo o prolongamento desta fase, ou seja, que o cliente não necessite de uma terapia de substituição renal, por um período que pode ser entre seis meses e cinco anos, de acordo com Amair e Wagner (2004, p. 4). E durante o tratamento conservador este cliente é informado sobre sua doença, adoção de hábitos saudáveis de vida e tipos de terapias dialíticas que lhe permite escolher a que mais se adequa ao seu estilo de vida, além da programação em tempo adequado do acesso dialítico (fístula arteriovenosa ou cateter peritoneal), imunização antes de iniciar o

período dialítico. “Os pacientes que não tem recebido uma adequada atenção, antes de iniciar a diálise, tem maiores possibilidades de desenvolver as complicações da doença de base que originou a insuficiência renal crônica” (op. cit. p. 5).

Ressalte-se, então, o compromisso do enfermeiro, como membro da equipe multiprofissional, por meio de sua função educativa junto a estes clientes com doença renal que estejam em tratamento conservador, considerando-os como cidadãos, ajudando-os no seu desenvolvimento individual e social, oferecendo informações sobre sua doença, tipos de terapias de substituição renal, assegurando educação para o autocuidado e preparando-os para o controle das diversas manifestações clínicas que configuram a doença renal. Dessa maneira, a proposta educativa para o autocuidado visando a qualidade de vida desses clientes tem como eixo condutor educar para a totalidade, partindo da totalidade do ser humano.

No documento GILVANICE DE SOUSA PACHECO (páginas 41-45)