Diante do exposto, a contabilidade tradicional e a contabilidade de custos deixam
lacunas em relação a informações necessárias para a tomada de decisões devido as suas
deficiências e limitações, tais como: ausência de informações que reflitam as mudanças no
ambiente interno e externo, utilização de uma avaliação conservadora, geralmente os sistemas
de custos tradicionais possuem uma visão somente de curto prazo, entre outras. Além disso, a
necessidade de harmonização das normas contábeis com as normas internacionais está
impactando em mudanças nas normas e leis contábeis e, consequentemente, na necessidade de
informações contábeis diferentes em relação às usualmente fornecidas pela contabilidade.
Nesse contexto, a Contabilidade Gerencial, que visa a informações decorrentes de
análises de naturezas econômica, financeira e de produtividade, evidencia sua importância em
função do proporcionamento de informações essênciais para a tomada de decisões, que são
utilizadas pelos gestores e pela alta administração das empresas. É essa área a responsável por
atualizar e gerar informações que contemplam todos os ambientes da empresa, tanto interno
quanto externo e em diferentes aspectos, as quais não são refletidas pelas demais áreas
operacionais das empresas. Outro fator que evidencia sua importância é a tendência das novas
normas contábeis para a demonstração de informações voltadas para a tomada de decisões,
informações essas geradas pela Contabilidade Gerencial.
Contabilidade Gerencial é o processo de produzir informação operacional e
financeira para funcionários e administradores, tal processo deve ser
direcionado pelas necessidades informacionais dos indivíduos internos da
empresa e deve orientar suas decisões operacionais e de investimentos.
(ATKINSON et al., 2000, p. 36)
A necessidade de atualização constante dos empresários para manterem suas empresas
em uma posição competitiva no mercado gera a necessidade de ferramentas que os
possibilitem de realizar um planejamento, analisando as falhas do passado e corrigindo-as
para o futuro, e de ter uma visão bem clara das atividades da empresa. Essas ferramentas são
proporcionadas pela Contabilidade Gerencial.
A Contabilidade Gerencial, desde seu início, vem evoluindo de forma a demonstrar o
fluxo da riqueza nas entidades fornecendo controle para a função de apoiar a gestão, tendo o
compromisso de transformar fatos contábeis em informações que sirvam de base para
projeções, comparações, controles, planejamento, enfim, que auxiliem a gestão e a tomada de
decisão.
Atualmente, as informações extraídas das demonstrações contábeis das empresas são
uma poderosa ferramenta de gestão à disposição dos empresários. A partir dessas
informações, os empresários devem se estruturar visando à ferramenta de informação para
decisão e controle, ajudando a capacitar os gestores com os objetivos da organização e com o
uso eficiente de seus recursos.
Essas informações auxiliam nas decisões dos preços dos produtos, desperdício de
recursos, controle das despesas e aumento das receitas. A Contabilidade Gerencial utiliza
dados financeiros e operacionais sobre atividade, controle, unidades operacionais, produtos,
serviços e clientes da empresa para gerar relatórios para os administradores, que devem ser
adequados às necessidades da empresa facilitando no processo decisório.
Para Atkinson et al. (2000, p. 37), “a informação gerencial contábil mede o
desempenho econômico de unidades gerenciais descentralizadas, como as unidades de
negócios, as divisões e os departamentos”. O desempenho econômico liga a estratégia da
empresa à execução de cada unidade operacional.
Ricardino (2005, p. 234) destaca a importância da Contabilidade Gerencial
mencionando que quanto menos restrições na adoção de critérios contábeis, maior o número
de ângulos pelos quais as operações da empresa podem ser visualizadas, se isso pode não ser
interessante para um analista financeiro, certamente é fundamental para alguém que precise
mensurar as ações futuras de sua empresa.
A adaptação das empresas aos novos paradigmas do mercado exige capacidade de
inovação, flexibilidade, rapidez, qualidade, produtividade, dentre outros requisitos, o que
torna cada vez mais importante e estratégico o papel que a Contabilidade Gerencial exerce na
vida de uma empresa, mostrando ao administrador maior competitividade para enfrentar os
desafios do mercado, ajudando-o a atingir suas metas, possibilitando uma visão das operações
regulares da empresa, de modo a melhorar os controles, organizar e planejar mais eficaz e
eficientemente, sempre com o pensamento à frente com a estratégia de atuação no mercado. A
necessidade de se terem informações cada vez mais úteis e confiáveis, tornou-se
imprescindível.
As informações da Contabilidade Gerencial incluem dados estimados usados pela
administração na condução de operações diárias, no planejamento das operações futuras e no
desenvolvimento de estratégias de negócios integradas. Os relatórios devem fornecer medidas
objetivas de operações passadas e subjetivas de futuras decisões, para ampliar as
oportunidades de negócios mostrando informações mais claras, precisas e focadas na tomada
de decisão.
A Contabilidade Gerencial capacita o empresário a assumir riscos, porque o
conscientiza e ajuda a escolher oportunidade de mercado e promove a visão necessária sobre
seu negócio. Dessa maneira, demonstra que é necessário que o empresário tenha
conhecimento e tome consciência da importância da realização de uma contabilidade
completa e eficiente que reflita a realidade da empresa, não só da apuração dos resultados
mensais, mas de que maneira ele foi alcançado.
Segundo pesquisa do SEBRAE (2007), sete em cada dez empresas brasileiras
encerram suas atividades antes dos cinco anos de vida, e o principal motivo a levá-las a isso
são as falhas no gerenciamento do negócio por parte de seus administradores.
Para Marion (2005, p. 24), quando ocorre a falência de alguma empresa,
principalmente as pequenas, é comum os empresários culparem a alta carga tributária do país,
o governo pelos encargos sociais ou a falta de recursos, mas, na maioria das vezes, a raiz do
problema está em uma má administração que dá origem a decisões tomadas sem respaldo,
sem dados confiáveis.
A Contabilidade Gerencial, para Corbett Neto (1997, p. 22), deve fazer a conexão
entre as ações locais dos gerentes e a lucratividade da empresa, para que esses possam saber
que direção tomar. Medindo corretamente o impacto de ações locais no desempenho global, a
contabilidade gerencial também serve como o agente motivador, pois premia as pessoas que
contribuem significativamente ao objetivo da empresa.
Kaplan e Johnson (1993, p. 4) alertam que um excelente sistema de contabilidade
gerencial não vai sozinho garantir o sucesso nos mercados de hoje, mas um sistema de
contabilidade gerencial ineficaz pode minar o desenvolvimento de produtos, o aprimoramento
de processos e os esforços de marketing. Quando um sistema de contabilidade gerencial
prevalece, o melhor resultado ocorre quando os administradores entendem a irrelevância do
sistema e se desviam dele criando sistemas de informação personalizados.
Segundo Coelho (1999), para um bom gerenciamento, o sistema de informações
contábeis é crucial ser conexo ao sistema de gestão empresarial, tendo, assim, reunido e
consolidado todas as informações relevantes e imprescindíveis para gerir a organização.
A Contabilidade Gerencial deve ser parte integral no processo de gestão das empresas,
pois suas informações são elaboradas para que os administradores possam otimizar o processo
da gestão estratégica, por meio do planejamento, organização, direção e ações a serem
tomadas para que a organização alcance seus objetivos com eficácia e eficiência. Além de ser
uma ferramenta de avaliação do desempenho da empresa, contribui significantemente para o
desenvolvimento de um planejamento ideal, visando melhorar os resultados e o andamento
das organizações. A Contabilidade Gerencial não é obrigatória, porém, sua devida
implantação gradativa e de suas informações com relatórios adequados à realidade da empresa
é fundamental para que consiga atingir seus objetivos, podendo salvar uma empresa da
falência.
Cada vez mais tem se intensificado a utilização da informação e do conhecimento nas
organizações, levando-as a adotarem formas alternativas de gestão, centradas na informação e
no conhecimento, que as habilitem para lidar com as contínuas mudanças tecnológicas e
mercadológicas.
A Contabilidade Gerencial não deve ser tratada como uma área específica, pois não
funciona como a Contabilidade de Custos que em grandes companhias disponibiliza
departamentos específicos. Ela analisa e transmite os dados de acordo com as necessidades
dos usuários em um processo integrado para tomada de decisão, que é seu objeto central para
que ocorra de maneira transparente todos os resultados obtidos.
Padoveze (1997, p. 28) menciona que se se tem a contabilidade e a informação
contábil, mas não é usada no processo administrativo, no processo gerencial, então, não existe
gerenciamento contábil, não existe a contabilidade gerencial.
Essa afirmação elucida que a Contabilidade Gerencial é indispensável para a
organização, pois se comunica com inúmeras informações que, se bem interpretadas, se
tornam benéficas às organizações.
4 PRÁTICAS USUAIS DA CONTABILIDADE GERENCIAL
A Contabilidade Gerencial utiliza diversas informações, cujo conteúdo, no geral, deve
abranger todas as áreas da entidade, para a elaboração de suas análises e, consequentemente,
de seus relatórios e ferramentas, os quais são fornecidos à administração.
Um ponto fundamental é o uso das informações contábeis como ferramenta da
Contabilidade Gerencial, visto que essas informações demonstram a situação financeira da
entidade como um todo. Para que as informações contábeis sejam utilizadas no processo
decisório pela administração, é necessário que elas sejam apresentadas de forma útil e
desejável pelos gestores.
Segundo Iudícibus (2006, p. 21), a Contabilidade Gerencial procura suprir
informações que se encaixem de maneira válida e efetiva no modelo decisório do
administrador.
Sendo assim, a Contabilidade Gerencial, com base em suas práticas, torna as
informações em ferramentas gerenciais, de acordo com a necessidade dos gestores da
entidade.
A seguir, serão apresentadas as principais informações contábeis utilizadas pela
Contabilidade Gerencial e suas usuais análises para a elaboração dessas ferramentas e
relatórios.
No documento
Contabilidade Gerencial: um estudo no Brasil sobre diferentes ferramentas gerenciais para diferentes necessidades
(páginas 80-84)