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2 A EDUCAÇÃO, A EDUCAÇÃO ESPECIAL A ESTÉTICA E O PRAZER

2.3 A Função da Mediação no Desenvolvimento Cognitivo

2.3.2 Importância da afetividade na mediação

Definir afetividade é um tanto quanto complexo, pois adentra a área da psico- logia e em parte da psiquiatria, porém o relacionamento afetivo entre um sujeito e outro, no caso em particular, entre o professor e o aluno é relevante e, particularmente relevante em se tratando de Educação Especial. Portanto, a abordagem de afetividade aqui tratada será voltada à compreensão do professor em sua formação acadêmica.

Durante a vida do indivíduo, fatos ou acontecimentos vivificados por ele serão suas experiências de vida e passarão a fazer parte de sua consciência. Dos fatos e acontecimentos haverá lembranças e sentimentos, assim como também haverá lembranças desses sentimentos e, portanto, ocorrerá não apenas a lembrança de suas experiências de vida, mas também a sensação de que elas foram agradáveis ou não, prazerosas ou não. Embora diferentes pessoas possam vivenciar os mesmos fatos e acontecimentos, elas sentirão tais fatos e acontecimentos de maneira diferente e pessoal. Perder um objeto, sofrer a perda de um familiar, sofrer um assalto, ouvir uma mesma música, comer uma mesma comida, etc., poderão provocar diferentes sentimentos em diferentes pessoas (associação fato x emoção do momento).

Piaget define a afetividade como o conjunto de todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma o autor, outrossim, que o afeto é a energia necessária para o desenvolvimento cognitivo. Estudos que integraram suas pesquisas, concluem que a afetividade influi na construção do conhecimento.

(WADSWORTH, 1995).

Na teoria de Jean Piaget o desenvolvimento cognitivo ocorre paralelamente ao desenvolvimento afetivo. O fator afetivo muito influencia no desenvolvimento

intelectual, podendo diminuir ou agilizar o processo do desenvolvimento. Embora o aspecto afetivo influencie na mudança de alguns esquemas, este fator, por si só não os modifica.

Da mesma forma que a criança assimila e acomoda experiências em suas estruturas cognitivas, as estruturas afetivas e sociais vão sendo construídas. Não há comportamento afetivo sem vínculo cognitivo ou vice-versa, há apenas uma diferença de natureza.

O interesse, para Piaget, é um elemento poderoso e comum à afetividade que, por sua vez, influencia nossa seleção de atividades intelectuais, ou seja, a seleção não é provocada pelas atividades cognitivas, mas sim pela afetividade, que Piaget co-denomina interesse. (WADSWORTH, 1995).

O importante é se entender que, no decorrer de todo o processo de desenvolvimento a afetividade atua como uma "energia" que impulsiona as ações, deixando claro, no caso da escola, a importância da afetividade na relação profes- sor/aluno, de modo que ambos possam conviver em um ambiente de harmonia, e que o desenvolvimento cognitivo, desse modo, possa fluir com mais facilidade, havendo maior rendimento e maior interação entre, e para ambos.

Cabe ao mediador (professor), portanto, investigar e conhecer mais parti- cularmente seu aluno e, ao longo de sua formação, não permitir que se acumulem questionamentos em relação ao indivíduo como um todo.

Mesmo que o aspecto cognitivo seja mais estudado e mais questionado por explicar a construção da inteligência "... não se deve deixar de considerar que: as construções intelectuais são permeadas passo a passo pelo aspecto afetivo e que ele é muito importante". (SEBER, 1997, p.216).

Analisando em particular a cognição e a afetividade das pessoas portadoras de deficiência mental, é fato que há alguma dificuldade cognitiva (seja ela qual for), e também a afetividade está comprometida, pois no transcorrer de suas vidas enfrentaram inúmeros preconceitos. Assim, o observador-mediador deverá sempre estar avaliando o binômio afetividade – cognição deste indivíduo para que possa intermediar a seu favor.

Porque a afetividade valoriza tudo na vida do indivíduo; tudo aquilo que está externo a ele, quais sejam os fatos e acontecimentos, bem como aquilo que nele existe interiorizado, como os medos, os conflitos, os anseios, etc. A afetividade valoriza também os fatos e acontecimentos do passado e as perspectivas futuras de cada ser humano.

De um modo geral, durante a apreciação de uma música, por exemplo, algumas pessoas podem experimentar sentimentos de ternura, de suavidade, de saudosismo, eventualmente agradáveis, porém, outras, por sua vez, podem experi- mentar sentimentos de angústia, tristeza, sensação de pesar, enfim, sentimentos desagradáveis. O que, realmente, dentro dessas pessoas, faz com que essa apre- ciação seja interpretada emocionalmente dessa ou daquela maneira? Está nesse caso em pulsão o fator afetividade.

De acordo com Lima (l980), podemos dizer que afetividade é o estado de interesse por uma pessoa, coisa ou animal O interesse demonstra que há a satisfação de uma necessidade por parte da pessoa que se interessa por algo ou alguém. Quando a satisfação desta necessidade é importante para o indivíduo, o interesse é maior. Portanto, também para a criança, o objeto deve ser ou estar sempre interessante para que a relação afetiva seja conservada, muito embora, por exemplo, o interesse pelo assunto de um livro ou por uma certa tarefa seja diferente de um indivíduo para outro.

Nesta perspectiva, o relacionamento entre professor e aluno deve ser o de amizade, de troca, de solidariedade, de respeito mútuo, enfim, não se concebe desen- volver qualquer tipo de desenvolvimento, em um ambiente hostil. Mas não devemos olvidar de que,: o relacionamento entre as pessoas tem origem em dois sentimentos o de afeto e o de medo. Resumindo, temos:

AFETO

RELACIONAMENTO

MEDO

Neste sentido, Rangel (1992) explica que o aprender também implica no esforço em lidar com as frustrações do não-saber. Nesse sentido, não adianta poupar o indivíduo, mas, enquanto mediador, propor-lhe constantes solicitações, encorajá-lo e desafiá-lo, sempre com afeto, a lidar com situações, que muitas vezes lhe são penosas e desagradáveis.

A PPNEE (DM) estabelece relações afetivas com facilidade, é preciso ter

cuidado para não estabelecer um relacionamento com base no medo o de medo, mas sim, o de afeto, relação esta que não é difícil de estabelecer, pois estas pessoas, realmente sabem amar.

O mediador deve priorizar situações que dêem ao indivíduo o prazer de construir o conhecimento, respeitando em seus alunos o afetivo, onde estão incutidos os interesse, os sentimentos, os impulsos ou tendências.

Enfim, é evidente a importância que existe para os, professores-mediadores do conhecimento o reconhecimento do papel da afetividade, quer seja através das emoções, da força motora das ações ou do desejo e da transferência, para o melhor desenvolvimento cognitivo do indivíduo e, conseqüentemente, para uma melhor relação entre este e seu mediador. Devemos, portanto, priorizar a qualidade das relações, valorizando o desenvolvimento afetivo, social e não apenas o cognitivo, como os elementos fundamentais no desenvolvimento do ser humano como um todo.