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Capítulo IV – A Intencionalidade Educativa em Contexto de Prática Pedagógica

4.4 Importância do Lúdico e dos Materiais Didáticos na Sala de Aula

É desde muito cedo que a criança começa por construir o seu mundo recorrendo às brincadeiras associadas ao jogo, sendo que este é algo inerente à criança. Assim sendo, a atividade lúdica tem de estar correlacionada com o desenvolvimento infantil, seja a nível pessoal, cognitivo e social, até porque, como afirma Dolto (1999) uma criança saudável “é uma criança que brinca (…) e que explora tudo o que está ao seu alcance.” (p. 126).

Como todos nós temos conhecimento, a atividade lúdica/jogo possui inúmeros benefícios. Tal como defende Tezani (2006), o jogo é capaz de provocar entusiasmo e motivação na criança, promovendo assim o desenvolvimento das competências cognitivas. Kishimoto (1994) corrobora com esta ideia e realça que o jogo, quando é educativo, consegue relacionar-se com a função lúdica e a função educativa. A primeira está inevitavelmente associada ao prazer e à diversão que a criança tem ao jogar, enquanto, por sua vez, a função educativa está relacionada com o que o jogo educativo consegue transmitir e ensinar ao indivíduo, de forma a completar o seu saber e a adquirir conhecimentos. A criança quando se envolver no jogo impulsiona a construção e conhecimentos pois o jogo consegue promover uma certa curiosidade e o desejo de aprender, promovendo, assim, a assimilação de conteúdos (Carvalho, 2014).

É de enfatizar que as atividades lúdicas se tornam indispensáveis no contexto educativo pois permite que as crianças se desenvolvam e adquiram competências de uma maneira mais natural e descontraída e, Lima (2008) afirma que o docente deve utilizar estas mesmas práticas como potencializadoras da aprendizagem dos alunos, estimulando a imaginação dos mesmos, processo este que é fundamental para o desenvolvimento comportamental, social, moral e linguístico. Além do mais, permite que o aluno se envolva na construção do seu próprio conhecimento, tornando assim a aprendizagem mais significativa.

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Porém, o jogo é muitas vezes visto, pelos adultos, como uma forma da criança se distrair e não compreendem que é através desses jogos e dessas brincadeiras que a criança consegue, gradualmente, compreender o mundo que a rodeia. Neste seguimento, infelizmente, nos dias que decorrem, ainda, está muito presente a ideia de que as atividades lúdicas associadas ao jogo não acartam os benefícios para uma aprendizagem significativa e, por isso, são colocadas em segundo plano. Contudo, o que o docente tem de ter em conta é que o jogo não pode nem deve contrapor ao trabalho escolar, mas deve ser encarado como uma forma de complementar o trabalho desenvolvido em sala de aula (Kishimoto, 1994).

Este jogo que contém uma intencionalidade educativa irá denominar-se de jogo pedagógico ou didático e, importa referir que, o jogo deve estar em concordância com os objetivos pedagógicos, indo ao encontro dos conhecimentos que queremos que a criança adquira, não podendo ser descontextualizado e sem significado na intervenção pedagógica (Carvalho, 2014).

Para além de todos os benefícios já anunciados anteriormente, é importante promover situações de interação entre os alunos e, também, entre o docente e os seus alunos. Uma maneira de conseguir esta interação é proporcionar momentos lúdico- didáticos em contexto sala de aula (Tezani, 2006). Também, podemos destacar que há um desenvolvimento das competências pessoais e sociais, como por exemplo a partilha, o respeito pelo outro, o cumprimento de regras, a iniciativa de tomada de decisões, a cooperação e o companheirismo, entre outros (Lima, 2008). Uma das limitações que podemos apresentar é o número de participantes pois, em primeiro lugar irá condicionar a quantidade de material didático que será necessário e, também, porque quando as turmas são numerosas dificultam, um pouco, o trabalho do professor para orientar, de forma adequada, todos os grupos que se encontram a jogar. Por fim existe o tempo para a execução do jogo que poderá estar condicionado devido à quantidade de alunos que a turma contém.

Por sua vez, os jogos constituem que haja materiais pedagógicos que sejam eficazes e relevantes para a aprendizagem. Lima (2008), considera fundamental que as escolas se preocupem com o desenvolvimento de todas as suas crianças e, tenham o cuidado de disponibilizar materiais didáticos adequados.

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Segundo Botas e Moreira (2013), os materiais didáticos são encarados como facilitadores da aprendizagem, uma vez que fomentam a motivação e permite que o ensino vá ao encontro dos interesses dos alunos, proporcionando momentos de interação e é uma forma dos alunos conseguirem avaliar as suas capacidades e os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Borges (2015) reforça que a utilização de materiais didáticos implica dois fatores: o primeiro destaca que a criança deve, em primeira instância, manusear o material à sua maneira; o segundo está relacionado com a forma como irá utilizar o material, devendo ter consciência e uma explicação prévia de como fazê-lo.

Reforçando esta mesma ideia, podemos constatar que, de acordo com as OCEPE (2016), os materiais didáticos existentes e a forma como estes se encontram dispostos vão ser fundamentais para as crianças saberem o que podem fazer e aprender.

No que diz respeito ao 1º. Ciclo, o documento orientador, Organização Curricular e Programas do 1º. CEB (2004) também realça a importância de utilizar materiais didáticos diversificados, alegando que o docente deve “variar os materiais, as técnicas e processos de desenvolvimento de um conteúdo” (Organização Curricular e Programas do 1º.CEB, 2004, p. 24). Posto isto, podemos afirmar que a utilização de materiais didáticos é uma mais-valia no processo de ensino-aprendizagem, quer para docentes quer para os discentes.

Torna-se importante que os docentes tenham um cuidado especial aquando na escolha dos materiais didáticos que querem utilizar na sua praxis, tendo sempre em conta os objetivos a alcançar, assim como a faixa etária, os interesses e as dificuldades do seu grupo em questão, procurando diversificar os mesmos (Tarouco, Roland, Fabre & Konrath, 2004).

Em suma, é crucial que a atividade lúdica, o jogo didático e os materiais didáticos estejam incorporados e aliados ao processo de ensino-aprendizagem, em todos os níveis de ensino. É de destacar que enquanto na Educação Pré-Escolar, torna-se mais evidente que esta situação ocorra, dado que os próprios espaços estão dotados de materiais que apelão à brincadeira, não quer dizer que nos restantes níveis de ensino tal não aconteça. O docente deve proporcionar um espaço e um tempo para que o jogo faça parte de todo o processo de aprendizagem dos seus alunos, uma vez que “o jogo é o meio através do qual os conteúdos curriculares são aprendidos de forma inteligente e refletida, e, uma vez que

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o jogo envolve sempre desafio ao pensamento dos alunos, o pensamento torna-se meio de aprendizagem” (Wassermann, 1990, p. 41).

4.5 O papel das Expressões na Aprendizagem e no desenvolvimento