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A literatura abordada neste sub-capítulo permitirá ajudar a reflexão sobre a importância dos movimentos sociais na garantia dos direitos da sociedade.

Para Scherer-Warrem (2005) movimentos sociais se traduzem pela existência de um conflito social que se contrasta a formas sociais contrárias de utilização dos recursos e dos valores culturais, referindo-se ao conhecimento da econômica ou da ética e como forma de ação coletiva.

As características dos novos movimentos sociais dependem das situações estruturais e conjunturais de onde surgiram. No caso do Brasi, os movimentos sociais apresentam diferenciações mais regionais com graus de desenvolvimento diferenciados.

A ditadura no Brasil serviu como ponto positivo para a renovação dos movimentos populares, incentivando o surgimento de outros movimentos em defesa do direito à participação do consumo de bens e equipamentos públicos e coletivos. Mas a maior defesa dos movimentos sociais é no sentido de poderem “participar de decisões que afetem o destino de seus membros e o respeito as suas formas culturais” (SHERER-WARREM, 2005. p.54). Por exemplo, os movimentos sociais urbanos, movimentos dos favelados, movimentos étnicos, movimentos das barragens.

Movimentos como esses trazem algumas características que são contrárias às do capitalismo e têm promovido mudanças na cultura política como: a valorização dos laços interpessoais; a solidariedade, como forma de luta; a participação entre “iguais”.

Montanõ (2002) reflete sobre o tópico - Sociedade civil e vida cotidiana- afirmando não serem a mesma coisa. Vida cotidiana perpassa a sociedade civil e extrapola. Cotidiano não é expressão exclusiva da sociedade civil. O cotidiano também perpassa outras esferas, a do Estado, do mercado e demais áreas. No entanto, cada um deles possui um tipo diferenciado de cotidiano.

De acordo com Montanõ (2002) a cotidianidade da sociedade civil é o lugar onde se deve concentrar todos os esforços para a construção de uma suposta sociedade mais justa e digna.

Sherer-Warren (2005) faz uma periodização para melhor caracterizar “os novos dos velhos movimentos sociais”, da seguinte maneira:

• Ocorrência de movimentos sociais que se organizaram até o golpe de 64;

• Período de refluxo, durante a repressão militar às manifestações da sociedade civil ocorridas as décadas de 60 e 70;

• Retomada das manifestações e novas formas de organizações camponesas a partir da 2ª metade da década de 70; (SHERER- WARREN, 2005 p.65)

A partir dessa periodização Sherer-Warren (2005) abre espaço para caracterizar os novos movimentos que segundo ela foram os movimentos das barragens, movimentos dos sem-terra e movimento de mulheres agricultoras. Esses movimentos têm se influenciado uns aos outros e possuem apoio do sindicalismo. Há na verdade uma troca de renovação entre movimentos e sindicatos.

O que diferencia os novos dos velhos movimentos é a forma de organização e encaminhamento de suas reivindicações - o que ocorre por meio da valorização da participação ampliada da base.

Scherer-Warren (2005) destaca a importância dos trabalhos da Teologia da Libertação como forma de despertar “a consciência não apenas do direito a um direito, mas o direito e o dever de lutar por este direito e de participar em seu próprio destino”. (SCHERER-WARREN, 2005, p.69) Desta forma, cada movimento social cria a sua identidade específica.

Embora venha ocorrendo inovações nos movimentos sociais camponeses, estes ainda encontram dificuldades em relação aos contra movimentos. Os movimentos sociais eram uma forma de se contrapor ao Estado autoritário dos anos 70. Os atores desses movimentos se deparam com lógicas diferenciadas diante da burocracia estatal: os técnicos estatais possuem uma racionalidade instrumental/economicista apenas em termos monetários que justificam grandes obras. Em oposição, a lógica dos camponeses é a da racionalidade política associada ao “valor simbólico atribuído a vários aspectos de seu cotidiano e de suas tradições”, que representam parte importante de seus “projetos de vida, ao lado do valor atribuído à terra”. (SCHERER-WARREN, 2005, p. 76)

Ainda referenciando Sherer-Warren (2005), a mesma aponta como características dos novos movimentos sociais: o desenvolvimento de uma nova

forma de fazer política e viver em sociedade e as dificuldades enfrentadas por esses novos movimentos sociais, que dizem respeito:

a) Àquelas marcadas pela conotação de classe, por exemplo, movimento dos sem- terra, movimentos das barragens, que abrangem as classes populares, enquanto que os movimentos ecológicos e feministas que abarcam a classe média;

b) À Dificuldade que os movimentos sociais têm de penetração na sociedade;

c) À grande distância entre discurso ideológico e a prática efetiva. É um longo trabalho a ser realizado pelos mediadores;

d) Ao alcance dos movimentos sociais, geralmente fragmentados e locais.

Contudo, Sherer-Warren (2005) destaca o importante papel dos mediadores para desenvolverem essa nova forma de organização e de fazer política e o longo trabalho que esses têm pela frente para aproximar o discurso ideológico da prática efetiva. Aqui talvez seja a oportunidade de atuação dos gestores ambientais.

As dificuldades enumeradas por Sherer-Warren (2005) podem ser reforçadas pelo que destaca Montanõ (2002) ao refletir sobre a articulação das lutas sociais e o papel das Organizações não governamentais – ONG’s com “os” e não “no” lugar dos movimentos sociais.

De acordo com Montanõ (2002) as ONGs tiveram maior expressão a partir dos anos 70, assumindo o papel de articulador dos movimentos sociais e captador de recursos para eles. Nesse período eram os movimentos sociais que lutavam contra a ditadura, contra todos os mecanismos de opressão e os que se articulavam em torno de interesses específicos (alimentação, saneamento, direitos das mulheres, crianças e trabalhadores) independente de vínculos partidários e/ou sindicais, na busca de respostas as suas necessidades.

Neste período, as ONGs que surgiram tinham a “missão” de contribuir para a Organização interna, articular os movimentos sociais e transferir para eles os recursos captados de organismos estrangeiros.

No contexto dessa época, os movimentos sociais assumiam o papel de atores principais e as ONGs eram “atores coadjuvantes”. Porém, aos poucos as ONGs passaram a ocupar o lugar dos movimentos sociais.

Na medida em que crescem os movimentos sociais, o Estado tentou subvertê-los por meio da criação de formas alternativas de ação social, utilizando as ONGs. Os militantes dos movimentos sociais passam a ser os voluntários das delas.

De acordo com Montanõ (2002) não há problema nisso, até conhecer algumas conseqüências. São elas:

a) As ONG’s, por possuírem maior possibilidade de obtenção de recursos e apoio do que os movimentos sociais, ganham credibilidade e adesão da população. Passam a ocupar um espaço maior na mídia, parecem ter maior eficiência. E, assim, distanciam-se dos movimentos sociais. A década de. 90 é marcada por um crescente número de ONG’s e maior adesão, enquanto os movimentos sociais seguem o caminho contrário;

b) As ONG’s passam a se relacionar de forma diferente com o Estado e com as empresas. Um relacionamento de parcerias. “Da luta (dos movimentos sociais), passa-se à negociação (entre ONG e Estado), de relação de interesses conflitantes (das organizações populares), à relação clientelista” (MONTANÕ, 2002, p. 273);

c) Alteração muito significativa da relação entre movimento social e Estado, esta relação passa a ser terceirizada, ou seja, as ONG’s passam a intermediá-las. Nem o Estado e nem as agências internacionais não são mais obrigadas a tratar diretamente com os movimentos sociais. A relação passa a ser indireta. As ONGs são mais “eficientes”, mais “razoáveis”, e mais “bem-comportadas”. Além do que esses organismos podem agora escolher seus parceiros. Isso aumenta o isolamento político das organizações populares. ( MONTANÕ, 2002, p. 274).

Diante disso, as ONGs passam a carregar as demandas da população, não mais em uma relação de reivindicação e sim de pedido, de negociação.

Como resultado desta drástica inversão de posições, muda-se a forma e conteúdo das lutas sociais; esvaziando os movimentos sociais.

Afirma Montanõ (2002) que a tarefa essencial é revitalizar os movimentos sociais, ressituando as ONG’s como suas parceiras, e não do Estado ou da empresa.

Sherer-Warren (2005) faz uma reflexão sobre os projetos de grande escala, a ocupação do espaço e a conseqüente reação popular. Projetos estimulados pelo desenvolvimento do processo de reprodução do capital.

Os argumentos para justificar a ocupação urbana são de condições para proporcionar a produção ampliada (desenvolvimento de indústrias de bens duráveis, energo-intensivos que se traduzem na necessidade de mais construções de usinas, construções de rodovias especiais) e a de ordenamento territorial para estabelecer a segurança nacional (rodovias de penetração territorial – transamazônica, construção de Brasília).

As forças para a implantação de grandes projetos são uma forma de dominação, que seguem em duas direções: 1º- por meio de interesses do capital que se utiliza dos recursos naturais e promove desapropriações com vistas ao crescimento e; 2º - acumulação do progresso e por meio da ideologia da modernização que também justifica a desapropriação e ocupação do espaço.

Os cientistas sociais identificam os planejadores e técnicos estatais: o Estado como representante das classes dominantes junto à máquina Estatal, segundo Scherer-Warren (2005). Assim o planejador mesmo portador de legalidade não possui legitimidade, pois suas atitudes derivam de uma vontade estatal.

Scherer-Warren (2005) traz uma importante classificação dos atores subordinados, os quais se classificam em expropriados (os diretamente atingidos), os espoliados (os indiretamente atingidos) e os explorados (os empregados temporários)

A minimização das perdas materiais desses grupos somente tem sido possível devido à atuação dos movimentos sociais. As conseqüências sociais para os grupos, vítimas de grandes projetos, quando não organizados, têm demonstrado que as populações afetadas passam por processos de desintegração comunitária. A solidariedade pode ser vista nesses casos como forma de reestruturação de vida.

Pode-se considerar uma vitória dos movimentos sociais terem conseguido recuperar perdas de sua memória histórica e de suas conquistas e assim contribuir para a luta dos setores populares pela cidadania.

Quando Montanõ (2002) apresenta ações para curto, médio e longo prazo e ressalta a importância das atividades de alguns movimentos ou eventos, como

Greenpeace e outros. Pode-se acrescentar também os movimentos ocorridos aqui

no Brasil como o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, o Movimento dos Sem Terra – MST e outros tantos que buscam fazer transparecer a ausência de políticas públicas no país.

Esse caminho histórico traçado até aqui objetivou demonstrar a importância principalmente do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, que surge na década de 80, diante do cenário energético apresentado até a década de 70 e tem por missão a resistência na terra, a luta pela natureza preservada e pela construção de um Projeto Popular para o Brasil que contemple uma nova Política Energética justa, participativa, democrática, a qual atenda aos anseios das populações atingidas, de forma que essas tenham participação nas decisões sobre o processo de construção de barragens, seus destinos e o do meio ambiente.

A década de 70 no Brasil foi marcada pela intensa construção de barragens que deveriam suprir as grandes indústrias que iriam promover o chamado milagre brasileiro. Essas grandes obras expulsaram milhares de pessoas de suas terras, uma enorme massa de camponeses, trabalhadores que perderam suas casas, terras e o seu trabalho, outros tantos foram morar nas periferias das grandes cidades.

Diante desta realidade, surge a necessidade da organização e da luta dos atingidos por barragens no Brasil como forma de se contrapor ao modelo energético imposto.

Pode-se considerar que o MAB nasce de três grandes resistências promovidas pela sociedade da época:

• A construção da Usina de Sobradinho e de Itaparica que deslocou a princípio 70.000 pessoas, fato este que motivou intensa resistência popular, ambas na região nordeste;

• Na região sul, novos movimentos se organizam, quando na mesma época ocorre o início da construção da UHE de Itaipu na bacia do Rio Paraná, e é anunciada a construção das Usinas de Machadinho e Itá na bacia do Rio Uruguai:

• Na região norte, também no mesmo período, o povo se organizou para garantir seus direitos frente à construção da UHE de Tucuruí.

Segundo o MAB, todos os empreendimentos descritos possuem organização popular representando um aspecto positivo, porém, em conseqüência do não cumprimento de questões ambientais e sociais advindos da construção de barragens. Na opinião de Scherer-Warren (2005) “todas essas lutas têm, pois, como referencial fundamental a própria sobrevivência do grupo social” (SCHERER- WARREN, 2005, p. 97)

Os movimentos sociais que mais se aproximam da questão ambiental, segundo Scherer-Warren (2005) são: movimentos dos camponeses e indígenas atingidos por barragens e o movimentos dos seringueiros.

De acordo com a análise de Scherer-Warren (2005) as pesquisas em torno de movimentos sociais têm deixado as questões ambientais à margem de uma análise. Ela entende essa ausência por duas razões: as questões ambientais têm tido pouca relevância ou é dado um enfoque maior às questões das ciências humanas que termina por excluir a análise da questão ambiental. Na verdade, a consciência ecológica surge quando a “causa” está diretamente relacionada às condições de sobrevivência do próprio grupo.

A preservação da natureza enquanto luta pela preservação de um modo de vida, surge do modelo político-econômico imposto nas últimas décadas que tem apresentado processos contraditórios, um de integração e outro de exclusão populacional. As construções de hidrelétricas, mineradoras, madeireiras e outras de grandes escalas têm expulsado compulsoriamente inúmeras comunidades.

Esse quadro permite que:

[...] quando a luta pela sobrevivência se expressa na luta contra a expropriação do próprio habitat, da terra e outros meios de produção; contra a ameaça à identidade cultural e comunitária, esta luta vem acompanhada da necessidade de preservação do meio ambiente (SHERER-WARREN, 2005,p.102)

Portanto, abre-se a oportunidade histórica de ecologizar esses movimentos sociais do campo.

Para melhor compreensão da articulação existente entre luta pela sobrevivência e luta pela preservação da natureza Scherer-Warren (2005), destaca além do significado econômico e quantificável da terra, o significado simbólico não- quantificável. Este traz o significado da própria existência, encontra-se a concepção

de “pessoa humana” por isso sua expulsão da terra é vista de forma contrária, malvada, pois priva as comunidades do seu trabalho, que significa meio de sobrevivência e dignidade de sua condição de pessoa. Assim, a concepção de vida dessas comunidades traz outros significados “especiais ao conjunto de suas relações sociais”. É nessa direção que ao valor quantificável da terra é agregado ao valor não-quantificável no qual são considerados os valores, as lembradas, as tradições inseridos naquele território, as relações sociais, a relação homem- natureza.

[...] a perda da terra traz em seu horizonte a possibilidade de desintegração de sua vida comunitária, das relações de vizinhança e de parentesco, da destruição de seus bens culturais e no limite até a ameaça da perda de seu modo de vida e de sua identidade de camponês (SHERER-WARREN, 2005,p.103)

Em 1989, acontece o Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Atingidos por Barragens, que foi conseqüência de uma nova visão desse movimento popular, uma vez que deixam de lutar somente por indenizações e passam a questionar o próprio modelo energético imposto, percebendo, assim, a necessidade de uma organização mais ampla em âmbito nacional e internacional. Institui-se o dia 14 de março como o dia Nacional de Luta contra a Construção de Barragens.

A lógica dos movimentos sociais remete à constatação de que, embora os bens imateriais sejam de difícil mensuração, não podem ser negligenciados pela lógica do Estado.

O trecho “os investimentos em infra-estrutura, embora votados para os meios de consumo coletivo – habitação, água, esgotos, transportes -, não são realizados, pois iriam concorrer com o gasto público ligado aos interesses do capital industrial” (Scherer-Warren, 2005, p.81 apud Piquet, 1986, p.49) reforça esta presente pesquisa no sentido de que o Governo encabeça as grandes obras hidrelétricas, mas não supre as necessidades básicas dos reassentados.

O governo e empresas levam as comunidades locais à ilusão de mobilidade social com a construção de hidrelétricas, porém, os resultados demonstram um quadro de estagnação, mobilidade social decrescente, observa-se isso claramente que, com a entrada da usina em operação, os empregos somem.

2.5 A relevância das populações tradicionais no PAC

O PAC anseia um crescimento de forma sustentável e acelerado, o qual beneficie todos os brasileiros e brasileiras, de forma a estimular o crescimento do Produto Interno Bruto, a geração de emprego e a ampliação cada vez maior da inclusão social e melhoria da distribuição de renda no País.

Falar em PAC implica falar em políticas públicas de cunho estritamente social, implica considerar que no “traçado” do crescimento existem comunidades tradicionais. (grifo meu)

Dentre as “medidas econômicas para o crescimento’’ insere-se a “medida de melhoria do ambiente do investimento” que propõe a regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal, pressupondo o estabelecimento de diretrizes e normas que nortearão a cooperação entre os entes federativos com a pretensão de definir procedimentos que visem acelerar de maneira eficiente o exercício das competências ambientais e, assim, o Poder Público atuará com maior eficiência na proteção do meio ambiente.

Segundo reportagem no Jornal eletrônico AmbienteBrasil (2008) o número de licenças ambientais cresceu 14% no ano de 2007, com vistas a atender as obras do PAC. Mas apesar da existência do PAC, alguns questionamentos com relação às populações que sofrem deslocamento compulsório, ainda persistem sem respostas definitivas, ressaltam-se duas:

A quem cabe a responsabilidade pelos futuros reassentamentos?

Diante do conflito de competência nos processos de licenciamento ambiental, quais têm sido os resultados para as populações afetadas?

Embora o Estado seja o propulsor dos empreendimentos hidrelétricos este não tem dado às populações afetadas atenção necessária. A literatura tem demonstrado que cabem ao empreendedor todas as obrigações no tocante aos levantamentos dos EIA’s, ao cumprimento de toda a legislação pertinente, mas qual a participação ou o percentual de responsabilidade do Poder Público no contexto de construção de hidrelétricas e outros tantos empreendimentos de “significativo impacto ambiental”.

A publicação do Instituto Acende Brasil (2007) traz a opinião de três representantes de empresas do setor elétrico que expõem essas preocupações2,

comentam sobre parcerias, legislação ambiental, obstáculos do setor e os ganhos da natureza.

Sobre as parcerias os representantes destacam alguns pontos:

• Compete ao Governo incluir ações em seu planejamento por meio dos diversos ministérios, para as áreas dos futuros empreendimentos ;

• Deve-se analisar a relação custo-benefício do empreendimento para a adoção de soluções regionais. Analisar os reflexos diretos e indiretos e a possibilidade de ganhos científicos, tecnológicos e sociais;

• Alguns custos são acrescidos ao projeto muitas vezes em decorrência da omissão do Estado.

Sobre as principais demandas dos empreendedores do setor elétrico em relação à área ambiental, destacam os seguintes pontos:

• Regras claras e estáveis que impeçam acréscimos de compensações e responsabilidades após a emissão das licenças;

• Segurança jurídica, que esclareça os limites de responsabilidade de cada instituição;

• Políticas públicas que mapeiem as carências da região de inserção de um novo empreendimento;

• Os órgãos do governo, Ministério Público, Tribunal de Contas da União devem estar interados com as metas do Governo, de forma a minimizar as ações judiciais, embargos etc.

2Jose Eduardo Costanzo, vice-presidente de Engenharia da Rede Empresas de Energia Elétrica;

Gil Maranhão Neto, diretor de Desenvolvimento de Negócios, da Suez Energy Brasil; Jose Carlos Cauduro Minuzzo, diretor de Produção da TractebelEnergia.

Sobre a compensação ambiental: É problema ou solução?

• Acreditam na compensação ambiental, entretanto deveria ser destinada para outros fins - não somente os parques, mas também reservas indígenas;

• Não deve ser vista ou considerada como mais uma receita do governo. Deve ser melhor gerenciada;

• Teto máximo em 0.5%;

• As compensações ambientais deveriam ser substituídas por “medidas de desenvolvimento sustentável”, as quais deveriam estar bem definidas quando da licitação para a concessão de implantação, operação e exploração de cada novo empreendimento (INSTITUTO ACENDE BRASIL, 2007, depoimento de José Minuzzo, p. 4);

• Das 151 Usinas com autorização da ANEEL para serem construídas, até junho de 2007, mais da metade estão paralisadas por problemas no processo de licenciamento ambiental - tais como solicitação de estudos complementares e pedidos de avaliação ambiental integrada – AAI.

• Em relação aos prazos para análise e concessão da licença, as legislações são descumpridas.

Quanto ao excesso de legislação, de acordo com a consultoria Âmbito Homem & Ambiente, há em seu banco de dados 26 mil normas sobre legislação ambiental, além disso, existem dezenas de projetos na Câmara propondo novas leis.