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Incidência fúngica em uvas no Planalto e Meio Oeste Catarinense

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Rastreio Micológico ds Uvas de Santa Catarina

5.1.1 Incidência fúngica em uvas no Planalto e Meio Oeste Catarinense

Em relação aos gêneros dos fungos filamentosos, a incidência diferiu entre duas regiões para uma significância de resultado (p<0,05) para Cladosporium, Alternaria, Aspergillus, Penicillium, Botrytis, Aureobasidium, Rhyzopus, Fusarium e Epicoccum. Houve diferença para um nível de sgnificância (p<0,01) para Trichoderma, Mucor, Nigrospora e Trichotecium. A inferência estatística revela diferenças significativas entre as populações. Para a região do Meio Oeste a predominância em relação ao número de bagas colonizadas foi de: Cladosporium (34,2%), Aspergillus (26,6%), Alternaria (24,2%), Penicillium (20,5%), Botrytis (20,0%), Aureobasidium (7,9%) e Rhyzopus (6,9%), representando 94,9% de fungos isolados. Enquanto, no Planalto os gêneros de maior incidência foram: Alternaria (42,9%), Cladosporium (27,4%), Botrytis (26,1%), Penicillium (25,0%), Aspergillus (17,1%), e Aureobasidium (5,3%), representando 94,7% dos fungos isolados nessa região. A Tabela 5.2 apresenta a distribuição dos gêneros isolados no rastreio à micobiota normal das uvas referentes às vindimas dos anos de 2005 e 2006, efetuado nas regiões do Meio Oeste e Planalto Catarinenses:

O gênero Alternaria apresentou a maior incidência na região do Planalto, alguns estudos semelhantes realizados em outros países da América do Sul (GOMEZ et al, 2006 e MAGNOLI et al. 2003), Espanha e França (BAU, et al. 2005 e SAGE et al. 2004), também revelaram essa ocorrência. A Tabela 5.3 apresenta os dados climatológicos no período das vindimas de 2005/2006, para as regiões do Meio Oeste (Fevereiro/Março) e Planalto (Março/Abril):

Tabela 5.2 – Número de isolados recuperados das uvas de duas regiões catarinenses (safras 2005 e 2006) por plaqueamento direto.

Gêneros Regiões de Santa Catarina Total

Meio Oeste Planalto

Alternaria Ness:Fr. 150 163 313

Aspergillus Fr.:Fr. 165 65 230

Aureobasidium Viala & Boyer 49 20 69

Botrytis P. Micheli : Fr. 124 99 223

Cladosporium Link 212 104 316

Curvularia Boedijn 2 0 2

Epicoccum nigrum Link 6 8 14

Fusarium Link 9 5 14 Mucor Micheli : Fr 9 1 10 Nigrospora Zimm. 4 2 6 Penicillium Link 127 95 222 Rhyzopus Ehrenb 43 7 50 Trichoderma Pers. 14 5 19 Trichotecium Pers. 2 2 4

Total de estirpes isoladas 920 572 1492

Total de amostras analisadas 31 19 50

Total de bagas analisadas 620 380 1000

Tabela 5.3 – Índices climáticos médios das regiões do Meio Oeste e Planalto de Santa Catarina no período das vindimas de 2005 e 2006.

Região Temperatura média (oC)

Umidade relativa (%) Pluviosidade (mm) Velocidade do vento (m/s) Insolação (horas) Meio Oeste 21,6 69,8 133,8 0,9 210,3 Planalto 15,0 82,2 98,5 1,8 179,1

A região do Planalto quando comparada ao Meio Oeste, apresentou umidade relativa mais elevada em cerca de 15,1%, velocidade de vento superior em 100% (favorecendo a disseminação do fungo), e temperatura inferior em 6,6oC. MASSOLA JR. et al. (2005) demonstram que, a Alternaria porri sobrevive de uma estação para outras sendo disseminada principalmente pelo vento. A umidade é o fator ambiental mais importante para o desenvolvimento, tendo 21 a

30oC como faixa ótima de temperatura para o desenvolvimento do fungo. Portanto, é possível considerar que os fatores limitantes da podridão por Alternaria nas uvas do Planalto foram: a integridade das bagas e à baixa temperatura observada.

O Meio Oeste que teve o predomínio de Cladosporium apresentou um índice pluviométrico médio superior em 26,4% ao observado no Planalto; no Brasil, em regiões de alta pluviosidade espécies de Cladosporium têm sido descritas como causador de podridões em frutas como acerola (PAPA, 2005), maracujá (FISCHER et al, 2005), ameixa, pêssego e nectarina (MARTINS, 2005) e em olerícolas: tomate (KUROZAWA & PAVAN, 2005). Em Santa Catarina tem sido detectada em diversas lavouras de cebola (MASSOLA JR. et al. 2005). Em uvas, espécies de Alternaria, Aspergillus, Cladosporium, Penicillium, Rhizopus e Stemphylium podem causar podridão, podendo ocorrer associados a infecção por Botrytis (LOPES, 2002).

A Figura 5.2 apresenta uma placa de Petri com uvas doentes (com podridão) cultivadas em DRBC após 4 dias de incubação, onde é possível verificar, a olho nú, o desenvolvimento de Aspergillus negros.

Figura 5.2 – Aspergillus “negros” crescidos sobre uva após 4 dias de cultivo em DRBC a 250C.

O gênero Aspergillus foi o quinto em ocorrência no Planalto, sugerindo que ocorram condições menos favoráveis para o seu desenvolvimento, parecendo ser a temperatura e a ventilação, fatores

limitantes ao seu estabelecimento. Situação semelhante foi observada por SERRA (2005) para uma determinada vinha na região do Douro em que a incidência de Aspergillus foi significativamente menor, enquanto, a incidência de Alternaria foi significativamente maior, a autora sugere que a ventilação e as condições excepcionais do local favoreçam o desenvolvimento da Alternaria.

No Meio Oeste a segunda maior incidência foi de Aspergillus e, de acordo com SERRA (2005) os Aspergilli, em particular os pertencentes a secção Nigri, são capazes de crescer a temperaturas mais elevadas e com menos umidade.

Em relação à Botrytis, representada na Figura 5.3, observou-se uma inversão entre as ocorrências nas regiões estudadas quando comparadas aos Aspergilli, provavelmente pela razão supracitada é que o Meio Oeste apresentou maior incidência desse gênero em relação à Botrytis. Para o Planalto, como esperado a incidência de Botrytis foi9 superior ao Meio Oeste pela sua condição climática mais amena (Tabela 5.3), segundo AMORIN & KUNIYUKI (2005) esse fungo é problemático em regiões com temperaturas amenas (15 a 20oC) e com alta umidade na ocasião da maturação da uva.

Figura 5. 3 – Botrytis cinerea crescida em superfície de uva observada ao

estereomicroscópio.

A relação entre as frequências relativas dos gêneros Aspergillus, Alternaria e Botrytis para as regiões do Planalto e Meio Oeste durante o

período avaliado (2005/2006) é apresentada através da Figura 5.4: 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 Fr eq ú ên ci a (% )

Meio Oeste Planalto

Regiões

Incidência entre os gêneros:

Aspergillus, Botrytis e Alternaria

Aspergillus Botrytis Alternaria

Figura 5.4 – Frequências dos gêneros: Aspergillus, Alternaria e Botrytis em

uvas (relação ao número de bagas) do Meio Oeste e Planalto de Santa Catarina. Analisando a frequência das estirpes (Figura 5.4) percebe-se que, as condições climáticas, parecem ser o determinante para o desenvolvimento desses gêneros. A ocorrência dos Aspergilli está intimamente relacionada à capacidade de crescimento em temperaturas mais elevadas e em menor umidade, com uma incidência de 26,6% na Região Meio Oeste em relação ao Planalto que foi de 17,1%. Para Botrytis, a frequência foi de 26,1% para o meio Oeste, portanto, superior ao Planalto, onde a umidade mais elevada e temperatura mais amena são favoráveis ao seu desenvolvimento (Tabela 5.3). A umidade e velocidade do vento, certamente, são os fatores mais importantes para o estabelecimento do gênero Alternaria que teve uma incidência 18,7% maior na Região Planalto.