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Capítulo II – Revisão de literatura

2.2. Setor industrial

2.2.6. Indústria de forjadura

Uma vez que o sistema ABC não possui um modelo padrão de identificação dos recursos, das atividades e dos cost drivers, Barth, Livet e De Guio (2008) resolveram efetuar um estudo de caso às oficinas de uma empresa industrial, especializada no tratamento térmico, com o objetivo de elaborarem um modelo eficaz de aplicação do ABC.

45 Processo pelo qual se fabricam novos objetos através da mudança da forma de um metal quente por

Para o efeito, propuseram um modelo, caraterizado por uma ampla classificação de recursos, atividades e objetos de custo, passível de ser enquadrado em qualquer empresa do setor industrial. Seguidamente estudaram-no em várias empresas, desde o ano de 2000, com o intuito de verificar se era possível a identificação dos cost drivers, de forma periódica, adequada e rápida e a um menor custo.

Das empresas industriais onde o modelo proposto foi estudado, os autores concluíram que, na generalidade dos casos, o número de horas homem que seria necessário despender na sua aplicação diminuiria se as empresas optassem pela integração do referido modelo num software do tipo ERP (Enterprise Resource Planning), o qual já engobaria parte dos recursos e das atividades incluídas no modelo. A utilização do modelo proposto permitiria, por um lado, registar tudo o que fosse modificado ou criado de novo e, por outro lado, que o funcionamento do sistema de produção não fosse alterado de forma significativa, o que também permitiria reduzir os impactos na produção resultantes do investimento efetuado no modelo ABC.

Os autores sustentaram que a aplicação do modelo proposto traria várias vantagens para as empresas, como sejam:

1. A utilização de conceitos chave, o que faria diminuir o risco de esquecimento de determinada informação, nomeadamente relacionada com os recursos e as atividades;

2. A facilidade de reprodução do modelo em outras empresas industriais, já que ofereceria uma série de conceitos padrão;

3. A redução do tempo despendido no estudo/conceção do modelo antes da sua implementação;

4. A capacidade de modelação do modelo perante novos conceitos de recursos ou atividades; e

5. A possibilidade de comparação entre custos resultantes de diferentes sistemas de produção.

Adicionalmente, os autores reconheceram que a eficácia de qualquer modelo ABC depende muito da identificação de um número mínimo, mas não muito elevado, de cost drivers, o que se consubstanciaria numa das vantagens do modelo proposto, já que, segundo os autores, este modelo auxiliaria os gestores na otimização do número de cost drivers, de modo a garantir que o princípio do custo-benefício fosse satisfeito.

Também Rezaie et al. (2008) efetuaram um estudo de caso a uma empresa industrial de forjadura e propuseram a aplicação de um novo modelo. Este consistia na combinação da aplicação do método ABC com o chamado “conceito de árvore de custo do produto”, que não é mais do que a apresentação dos custos dos produtos de forma detalhada e organizada, essencialmente em 3 níveis.

O nível “0” representa o custo total dos produtos, o nível “1” a divisão ou classificação dos custos em diretos e indiretos, o nível “2” apresenta as várias atividades e o nível “3” define o cost driver e o respetivo custo unitário associados a cada uma das atividades definidas.

Os resultados proporcionados por este novo modelo e pelo modelo tradicional de apuramento de custos foram analisados e comparados, o que possibilitou aos autores concluírem que os outputs do modelo que propunham eram os mais adequados para apurar os custos das peças e estimar a respetiva rendibilidade, face à necessidade de utilização de sistemas contabilísticos mais flexíveis ou facilmente adaptáveis ao novo contexto emergente, caraterizado pelo surgimento de sistemas de produção mais flexíveis e elevados níveis de automatização dos processos.

Além disso, os resultados deste estudo mostraram que o sistema ABC, de facto permitiu um apuramento e um controlo mais rigoroso dos custos da entidade, especialmente dos seus custos indiretos e dos referentes a novas peças; a medição do desempenho das suas diversas atividades através dos respetivos cost drivers; o reconhecimento de que a utilização das atividades pode variar com outros aspetos para além dos relacionados com o volume de produção46 e a gestão dos custos não-industriais ou não decorrentes do processo produtivo, o que se espera que conduza ao aumento de competitividade da entidade.

Acrescente-se que o estudo de caso, supra mencionado, veio enfatizar vários aspetos vantajosos da utilização do modelo ABC, como sejam o facto de se tratar de um modelo que assegura que a previsão dos custos dos produtos é efetuada atendendo às particularidades ou às respetivas caraterísticas específicas, nomeadamente em termos de complexidade; o sistema permite estudar ou negociar formas de adaptar essas particularidades, de modo a conseguir a redução dos custos associados e permite a

46 E.g. Segundo os autores, a variação das atividades de transporte e de processamento de pedidos de compra

comparação do nível de eficiência das atividades com o alcançado por outras entidades com atividades similares. Tal auxilia os gestores, por um lado, no direcionamento dos esforços para processos específicos e, por outro lado, no processo de tomada de decisão em relação ao mix de produtos existente e aos investimentos a realizar, com vista à redução de custos e ao aumento da competitividade da entidade.

O presente estudo veio, portanto, corroborar aspetos que já tivemos oportunidade de mencionar, aquando da análise das conclusões publicadas por alguns investigadores, tais como Afonso (2002), Jordan et al. (2008) e Nachtmann e Al-Rifai (2004) sobre esse tema.

2.2.7.

Tratamento e reciclagem de materiais