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4 A CATALOGAÇÃO

4.2 Indexação e Organização da Informação

A Organização da Informação (OI), é responsável pela descrição do conteúdo do documento, utilizando de uma forma de linguagem para expor os conceitos e informações tratados no documento em questão (Brito e Caribé, 2015). Desta maneira, a OI tem como por objetivo permitir o acesso à informação que está na descrição física e de conteúdo de componentes informacionais (Brigidi e Pereira, 2016).

Para entender melhor os conceitos relacionados a OI, segundo Brigidi e Pereira (2016) é preciso que se saiba distinguir bem as diferenças entre informação e conhecimento e as funções atribuídas a esses termos dentro de um determinado contexto. De acordo com os autores, a informação só terá algum sentido quando identificada e decodificada pelo receptor, pois a mesma está relacionada com dados numéricos, conhecimento factual, narrativas de fatos, opiniões e avaliações, ou seja, a informação está diretamente ligada aos dados no seu sentido mais abrangente, processados e compreendidos.

Já o conhecimento é percebido como um conjunto de informações processadas, examinadas e testadas . Assim, sempre que existir um emissor e um receptor a informação pode estar presente em qualquer área do conhecimento, sendo seu entendimento ficando sob responsabilidade dos personagens participantes do processo de comunicação. A informação só se transforma em conhecimento quando e se o receptor realizar sua compreensão (Brigidi e Pereira, 2016).

Dito isso, a OI possibilita que a informação seja recuperada de forma mais eficiente futuramente, e retorne o resultado fiel em relação ao que o usuário deseja (Souza, 2014). Isso geralmente é feito com o auxílio de algumas ferramentas, como os vocabulários controlados, permitindo manter um controle e criar padrões consistentes para o processo. Algo também empregado nesse

segmento é a utilização de ontologias, que usam como base o manuseio de tecnologias e recursos legíveis por máquinas (Pickler e Ferneda, 2013).

De acordo com Pickler e Ferneda (2013) uma ontologia no contexto da Ciência da Computação se trata de uma conceitualização formal e explícita de uma avaliação compartilhada. De forma mais detalhada, indica o seguinte:

4.2.1 Formal: se trata de ser interpretada por um computador;

4.2.2 Explícita: demonstra que os componentes se encontram

visivelmente definidos;

4.2.3 Conceitualização: diz respeito a classificação de um fenômeno

como um tipo genérico e;

4.2.4 Compartilhamento: quer dizer que os conceitos existentes dizem

respeito a um conhecimento em comum a todos os envolvidos, aprovado por um grupo de pessoas.

Ainda conforme Pickler e Ferneda (2013), as linguagens atuais que tratam de ontologias são fundadas em Lógica descritiva, onde podem ser destacadas a OWL, linguagem recomendada pelo W3C para o desenvolvimento de ontologias. A mesma pode ser desenvolvida em um simples editor de texto, similarmente ao desenvolvimento de um programa de computador normal. Porém, o uso de ferramentas específicas ajuda bastante o processo de desenvolvimento, minimizando erros e diminuindo o tempo de criação.

Outra atividade também bastante útil para o processo de organização da informação é o Tratamento Temático da Informação (TTI), que se torna responsável pela parte de análise, descrição e representação do conteúdo do documento. O tratamento temático é mais uma etapa referente a OI, feita por aplicações que inserem vários mecanismos responsáveis por organizar, gerenciar e executar o processo de recuperação da informação (Brigidi e Pereira, 2016). Para ilustrar melhor as atividades relativas ao TTI, a Figura 9 demonstra um diagrama com referência as principais áreas desse contexto.

Fonte: (Brigidi e Pereira, 2016)

Figura 9 - Diagrama TTI

No diagrama, os conceitos relativos a análise temática (A) e a representação temática (B) são coisas diferentes que unidas fazem parte do contexto geral do tratamento temático. A indexação (C), por outro lado, se inclui no cenário da representação temática como uma das maneiras de retratar a informação (Brigidi e Pereira, 2016).

A indexação ou organização em índice, é o processo de criar uma lista sistemática com nomes de autores, de livros consultados, de assunto ou outros componentes relativos a um determinado documento (objeto). Essa organização deve fazer com que cada elemento de uma dada lista referencie uma ocorrência deste elemento na estrutura do documento. Ou seja, o componente trabalha como um ponteiro para um objeto (chamado de ocorrência) através (frequentemente) de seu indicador de página e/ou de hyperlinks (Brito e Caribé, 2015).

Complementarmente, a indexação possibilita a recuperação de conceitos existentes nos documentos, que podem ser descritos por expressões contidas dentro da linguagem natural (palavra-chave) de um descritor ou através de símbolos (número de classificação bibliográfico) (Brito e Caribé, 2015).

Tradicionalmente, a cultura de indexação da Ciência da Informação aborda sobre o fato de que o processo de indexação possibilita retratar “precisamente” o conteúdo de um determinado documento. Preferivelmente, caso dois indexadores examinem o mesmo documento, os descritores devem ser iguais para as duas indexações, sucedendo um nível alto de conformidade

ou consistência. Todavia, o processo de indexação não é tão trivial e absoluto dessa forma (Tartarotti e Fujita, 2016).

Um longo período de estudos e pesquisas a respeito da solidez entre indexadores distintos e do mesmo indexador em momentos diferentes, possibilitaram a criação de um conjunto de medidas para analisar a consistência nas etapas da indexação. Porém, as pesquisas realizadas não demonstram resultados muito consistentes. A criação de um padrão dos métodos de Avaliação da Indexação no cenário das bibliotecas acadêmicas tornaria possível uma maior fidelidade e comparação dos índices no meio de diversos estudos, identificando espaços e permitindo uma melhoria notável nas etapas da indexação (Tartarotti e Fujita, 2016).

Ademais, pesquisas com indexadores humanos realizam comparações não só entre os próprios indexadores humanos, mas também com o desfecho obtido dos sistemas de indexação automática (Tartarotti e Fujita, 2016). Entretanto, existem dificuldades eminentes em relação a indexação manual e a imensa quantidade de documentos compartilhados, que designou a grande “explosão informacional”, sendo essa uma das justificativas para a busca por soluções diferentes para ajudar o indexador na realização de suas atividades (Pickler e Ferneda, 2013).

Contudo, a evolução dos sistemas web promove ainda mais benefícios ao processo de indexação, como o baixo custo e a facilidade de utilização junto a grandes repositórios de documentos, impulsionando a criação de novas variações de indexação automática. Aliás, a atividade de indexação será realizada por um sistema computacional de forma única, na maioria das vezes, utilizando os mesmos critérios para os quais foi planejado, sem se preocupar com a quantidade de documentos ou com qualquer outro fator (Pickler e Ferneda, 2013).