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4 A CATALOGAÇÃO

4.5 Metadados

No âmbito da organização da informação e dentre as técnicas utilizadas para sua recuperação e compartilhamento, estão os metadados. Ainda que possua várias definições, o termo metadados é caracterizado muitas vezes como sendo dados sobre dados. Alguns dados são criados para representar outros dados, isto é, são elementos que possuem o objetivo de demonstrar de maneira qualitativa outros dados e assim permitir uma recuperação eficaz por meio do usuário, sendo ele leigo ou não, contribuindo assim para o acesso a informação desejada (Dantas et al., 2016).

Nesse contexto, de acordo com Lourenço (2005) o metadado é descrito como sendo um “identificador” que detalha, contextualiza, gerencia e retorna um objeto no meio digital, assim como o associa a outros objetos digitais, parecidos ou correlatos a ele em meio a uma biblioteca digital ou em todo ambiente web. O metadado ainda é representado pelas tags utilizadas pelas linguagens de marcação, através dos hiperlinks associados aos objetos digitais entre si e ainda por meio das URLs que representam os sites da internet. Assim sendo, os metadados podem ser apontados como componentes responsáveis em representar a informação no meio digital, tendo como meta possibilitar o acesso a grandes variedades de informação em diferentes tipos de formas (Dantas et al., 2016).

Castro et al, (2016) relata também que os objetivos principais dos metadados estão embasados nos fundamentos que tangem a catalogação, isto é, assegurar a uniformização dos elementos de acesso a informação, com base em regras, códigos e procedimentos internacionais, com o pensamento de facilitar e amplificar o reconhecimento, a procura, a localização, a recuperação, a manutenção, o uso e reuso dos recursos da informação. O seu grande diferencial é a maneira com que é representado, pois se encaixa em uma nova abordagem definida pelo meio tecnológico em que está inserido.

De tal forma, os metadados devem ser padronizados e controlados, não podendo representar descrições desestruturadas dos recursos da informação, pois ele é responsável por toda informação descritiva sobre o contexto, qualidade, condições ou aspecto de um recurso específico, dado ou objeto. As

informações que um metadado pode descrever são inúmeras, como o assunto de um dado recurso, seus criadores, as informações técnicas que são requeridas para o acesso ao recurso, assim como seus direitos legais (Silva e Souza, 2013). Os metadados são particionados em duas unidades básicas, são elas os esquemas e os elementos. Os elementos são modelos de classes que mantem porções únicas da descrição de um conjunto de informação. Exemplos desses elementos de metadados incluem título, criador, data de criação, identificação de assunto, entre outros. Em outra visão, elemento é uma expressão categoricamente delineada para descrever uma propriedade específica de um recurso de forma individual. Exemplificando, pode ser a ‘editora de um determinado livro’, ‘o formato’ de um arquivo eletrônico, ou até mesmo uma ‘restauração de dados’ de uma construção (Castro et al., 2016).

Já os esquemas de metadados representam coleções ou conjuntos de elementos planejados para achar as carências de grupos de indivíduos em particular. De forma mais clara, um esquema de metadado pode ser considerado como uma parte da informação que pode ser lida por computador e estabelece a estrutura, a codificação de sintaxe, regras, e formatos para um grupo de elementos de metadados em uma linguagem formal. Geralmente, a definição de esquema de metadados é usada para denominar um grupo de elementos como um todo, fazendo referência também a codificação desses elementos e a sua organização junto a uma linguagem de marcação (Castro et al., 2016).

Ainda de acordo com Castro et al (2016) existem três tipos de características encontradas em todos os esquemas de metadados, são eles:

1. Estrutura: faz referência ao tipo de dado ou arquitetura utilizada para fazer parte do metadado e a maneira como as declarações (statements) são especificadas. Nesse caso, estrutura se refere a estrutura do metadado propriamente dita, não a ‘metadado estrutural’, que diz respeito a estrutura descrita primordialmente do recurso informacional. O RDF e o

Metadata Encoding and Transmission Standard (METS) são exemplos de

modelos.

2. Sintaxe: é relativa a codificação do metadado. Nesse caso, pode ser no

formato MARC 21 quando relativo a registros bibliográficos ou em

Markup Language Document Type Definition (SGML DTD) em outros

tipos de metadados.

3. Semântica: está relacionada ao significado de uma série de elementos de dados. Essa característica permite o criador entender o significado de determinado elemento dentro de um esquema em particular, como por exemplo, compreender o significado dos elementos ‘cobertura’ ou ‘modificação de data’ dentro de um esquema. A semântica deve definir padrões a serem adotados para determinado metadado, como por exemplo, definir que todas as datas do sistema conterão o formato YYYY- MM-DD, onde YYYY representa o ano; MM o mês e DD o dia. Esse tipo de regra serve para limitar o tipo de informação imputada, permitindo apenas um tipo específico. Isso ajuda no processo de organização da informação, evitando o comprometimento no momento de sua recuperação.

Os metadados utilizam diversos tipos de padrões, como Government

Information Locator Service (GILS), Spatial Archive and Interchange Format (SAIF), Federal Geographic Data Committee (FGDC) e vários outros, mas os

principais utilizados no ambiente bibliotecário são o Dublin Core (DC) e o Marc

21 (Dantas et al., 2016).

Conforme explica Dias e Lourenço (2013) o padrão Dublin Core se trata de uma recomendação do Dublin Metadata Iniciative, onde é estudado, atualizado e ampliado com base nas ferramentas desenvolvidas e fundamentadas em seus 15 elementos básicos. De acordo com o padrão DC há 15 componentes essenciais que devem ser utilizados no desenvolvimento de objetos digitais, sendo extensível a grande parte das situações informacionais. Visto que todos esses 15 elementos não são o bastante para descrever suas singularidades, o padrão sugere o uso de qualificadores relacionados a cada um dos 15 componentes. São eles:

• Title - título do objeto

• Creator - responsáveis pelo conteúdo intelectual do objeto • Subject - tópico relacionado ao objeto descrito

• Publisher - agente responsável por tornar o objeto disponível • Contributor - outros “autores” do conteúdo intelectual do objeto • Date - data de publicação

• Type - tipo do objeto

• Format - formato de dado do objeto

• Identifier - identifica o recurso de forma única

• Source - objetos dos quais o objeto descrito é derivado • Language - idioma relativo ao conteúdo intelectual do objeto • Relation - indica um tipo de relacionamento com outros objetos • Coverage - localização espacial e duração temporal do objeto • Rights - contém referência ou direitos de propriedade

Quando determinado projeto escolhe utilizar o padrão DC, ele pode fazer uso dos qualificadores já definidos, aprovados e permitidos pelo DCMI Usage

Commitee, ou simplesmente utilizar novos qualificadores que se adequem

melhor às suas necessidades informacionais (Dias e Lourenço, 2013).

Já o MARC21, de acordo com Dantas et al (2016) corresponde a um dos padrões mais antigos, tendo sua criação no ano de 1960 pela Biblioteca do Congresso Americano. Esse padrão é constituído por três componentes: estrutura, indicador de conteúdo e o próprio conteúdo. Essa estrutura possui a implementação das diretrizes internacionais ANSI Z39.2 e ISSO 2709. Em relação ao indicador do conteúdo, são códigos e protocolos definidos para apontar e qualificar os dados dentro de um dado registro, tornando possível sua posterior manipulação. E o conteúdo relativo aos dados são em sua maioria definidos por padrões extrínsecos ao formato, por exemplo o International

Standard Bibliographic Description (ISBD), Library of Congress Subject Headings (LCSH) e Anglo-American Cataloguing Rules (AACR2).

Desta forma, percebe-se que os metadados estão relacionados com a forma como a informação é tratada, destacando as maneiras de representação e descrevendo um dado recurso informacional, para que futuramente possa ser identificado, localizado e recuperado de forma adequada. Por conseguinte, os padrões de metadados servem principalmente para criar um grau de padronização e demonstração descritiva automatizada de dados informacionais,

contribuindo para compatibilidade e transferência de dados que podem ser compreendidos por um computador, tornando possível a distribuição e colaboração de recursos e serviços por unidades de informações distintas (Modesto et al., 2013).