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INDICADORES DE ACESSO A MEDICAMENTOS

No documento AvaliaçãodaAssistênciaFarmacêuticanoBrasil (páginas 151-157)

I

NDICADORES DE ACESSO AMEDICAMENTOS

Os indicadores estão descritos no Quadro 5 (p. 123) e detalhados no Anexo 9. Quando inquiridos sobre a fonte de obtenção dos medicamentos, farmácias/ drogarias privadas foram acessadas por 62,4% dos domicílios em que foram uti- lizados medicamentos. Em 29% dos domicílios, os respondentes já possuíam os insumos e farmácias de unidade pública foram acessadas por 22,8% dos domicílios. Nos domicílios com “zero a três” bens, farmácias de unidade pública foram acessa- das por 37,5% dos domicílios, enquanto nos domicílios com mais de quatro bens, essa fonte correspondeu à 23,5% das respostas. Farmácias/ drogarias privadas foram mencionadas como fonte de obtenção de medicamentos de 47,1% dos domicílios com “zero a três” bens e por uma média de 63% dos domicílios com mais de quatro bens(Tabela 12).

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Série medicamentos e outros insumos essenciais para a saúde

T

ABELA

12.

P

ERCENTAGEM DE RESPOSTASDOMICILIARES DE ACESSO ACADA FONTEDE OBTENÇÃO DE MEDICAMENTOS

. B

RASIL

, 2004

Fonte

Total 0-3 Bens 4-7 Bens 8 e + Bens

No domicilios % dos domicílios q usaram med No domicilios % dos domicílios q usaram med No domicilios % dos domicílios q usaram med No domicilios % dos domicílios q usaram med

Não foi obtido 33 3,8 11 5,3 14 3,0 7 3,8

Curandeiro 1 0,1 0 - 0 - 0 - Farmacia Unidade Pública 199 22,8 78 37,5 106 22,6 45 24,3 Farmácia Unidade Privada 5 0,6 1 0,5 2 0,4 1 0,5 Ambulatorio ou Hospital de Entidade Religiosa/ ONG 2 0,2 0 - 2 0,4 0 - Farmácia Popular 0 - 0 - 0 - 0 - Farmácia/ Drogaria Privada 544 62,4 98 47,1 290 62,0 118 63,8 Outro tipo de estabelecimento comercial 34 3,9 10 4,8 17 3,6 10 5,4 Amigos/ Família 78 8,9 29 13,9 36 7,7 17 9,2 Já possuía 253 29,0 51 24,5 147 31,4 56 30,3 Outros 55 6,3 20 9,6 25 5,3 6 3,2 Ignorado 4 0,5 3 1,4 2 0,4 0 - Total de respostas 1208 138,5 301 144,7 641 137,0 260 140,5 No.dom. q tiveram Med. Recom. ou usado 872 100,0 208 100,0 468 100,0 185 100,0 Total Dom. 916 - 223 488 194

Considerando todas as fontes de gasto com medicamentos (Tabela 13), a quantia média despendida foi de R$ 14,3. No entanto, pessoas que obtiveram seus medicamentos nas farmácias/ drogarias privadas, gastaram uma média de R$ 23,5. O desvio padrão entre os valores gastos nessa última fonte foi de 34,4, o que mostra a alta variabilidade dos gastos nas farmácias/ drogarias privadas. A quantia média gasta em farmácias/ drogarias privadas em domicílios com zero a três bens foi de R$ 13,2 enquanto nos domicílios com mais de quatro bens foi gasto em média R$ 22, 4.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF é uma pesquisa realizada por amostragem, na qual são investigados os domicílios particulares permanentes. O IBGE realizou quatro pesquisas sobre orçamentos familiares (Estudo Nacional de Despesa Familiar - Endef 1974-1975, POF 1987-1988 , POF 1995-1996, POF 2002- 2003).

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) é realizada anual- mente e trata-se de um inquérito de base populacional com abrangência nacional, desenvolvido com o objetivo de obter informações sobre características demográ- ficas, habitação, educação, trabalho e rendimentos. Em 1998, além desses, foram investigados diversos aspectos referentes à saúde.

A participação dos gastos com medicamentos assumiu bastante importancia nessas pesquisas. Os dados da Pnad permitem observar que os gastos privados com saúde chegam a um total de R$ 37,8 bilhões (IBGE, 2005a).

A POF 2003 (BRASIL. IBGE, 2005b) mostrou que o gasto com medica- mentos representa 75% dos gastos familiares mensais em saúde das famílias com rendimento até R$ 400, enquanto nas famílias com rendimento entre R$ 2.000 e R$ 3.000 esse gasto corresponde a 40%. Nesse mesmo estudo (ibid.), os gastos mensais familiares com medicamentos correspondem a 2,2% dos gastos mensais totais e 12,7% dos gastos com alimentos (tabela 6), sendo 9,5% nas famílias com rendimento até R$ 4.000 e 13,3% nas que ganham entre R$ 2.000 e R$ 3.000.

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Série medicamentos e outros insumos essenciais para a saúde

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13.

M

ÉDIA DAS RESPOSTAS DOMICILIARESSOBRE GASTO EM MEDICAMENTOSEM REAISPOR FONTES1

. B

RASIL

, 2004

Fonte Mínimo Máximo Média entre aplicáveis

Desvio padrão

Total de domicílios

Ambulatório ou hospital de entidade

religiosa/ ONG - 6,5 3,3 4,6

Farmácia/ Drogaria privada 0,5 398,0 23,5 34,4

Outro tipo de estabelecimento comercial 0,1 12,0 2,4 2,8

Todas as Fontes - 398,0 14,3 28,9

Zero a três bens

Ambulatório ou hospital de entidade religiosa/ ONG

- - - -

Farmácia/ Drogaria privada 0,5 56,6 13,2 13,1

Outro tipo de estabelecimento comercial 0,3 9,0 2,2 2,5

Todas as Fontes - 56,6 6,1 10,9

Quatro a sete bens

Ambulatório ou hospital de entidade religiosa/ ONG

6,5 6,5 6,5 -

Farmácia/ Drogaria privada 1,0 220,0 21,3 24,3

Outro tipo de estabelecimento comercial 0,1 7,6 2,1 2,3

Todas as Fontes - 220,0 13,5 21,7

Oito ou mais bens

Ambulatório ou hospital de entidade religiosa/ ONG

- 6,5 3,3 4,6

Farmácia/ Drogaria privada 0,5 398,0 23,5 34,4

Outro tipo de estabelecimento comercial 0,1 12,0 2,4 2,8

Todas as fontes - 398,0 25,6 49,2

1 Apresentadas somente as fontes em que o gasto foi diferente de zero.

2 Os valores grifados com negrito indicam as fontes de maior gasto em cada estrato de renda.

Avaliando-se a obtenção dos medicamentos quando recomendados por médi- cos ou dentistas, verificou-se que em 89,6% dos domicílios, os doentes obtiveram todos os medicamentos recomendados, 8,5% adquiriram alguns dos medicamentos recomendados e 1,9% não obteve nenhum dos medicamentos recomendados, sendo que 99% de domicílios com oito ou mais bens obtiveram todos os medicamentos recomendados. Esses dados estão próximos ao da Pesquisa Mundial da Saúde 2003 (LANDMANN et al., 2004) que perguntou sobre a obtenção dos medicamentos

prescritos no último atendimento de saúde anterior ao inquérito e encontrou que 87% dos indivíduos conseguiram adquirir todos os medicamentos prescritos, 5% conseguiram adquirir grande parte e 8% muito poucos ou nenhum.

Os entrevistados relataram uma ou mais razões para a não obtenção de todos os medicamentos recomendados. Em 62,8% dos domicílios, “não ter dinheiro sufi- ciente” foi relatada como uma das razões. A segunda razão mais citada foi a falta dos medicamentos no centro de saúde (Tabela 14).

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14.

R

ESPOSTAS DOMICILIARESSOBRE ARAZÃO PARA ANÃO OBTENÇÃO DE TODOS OS MEDICAMENTOSRECOMENDADOS

. B

RASIL

, 2004

Razão para não obtenção de todos medicamentos

% de domicílios que relatam não ter obtido todos os medicamentos

Os preços eram muito altos 9,3

Não tinha dinheiro suficiente 62,8

Foram prescritos muitos medicamentos 7,0

Achou que nem todos medicamentos eram necessários 2,3

Estava se sentindo melhor -

Não teve tempo de comprar todos os medicamentos 4,7

Outros 4,7

Não havia todos os medicamentos no centro de saúde público 53,5

Não havia todos os medicamentos no centro de saúde privado 2,3

Não havia todos os medicamentos no centro da entidade religiosa -

Não havia todos os medicamentos na Farmácia/dispensário público 2,3

Não havia todos os medicamentos na Farmácia/ drogaria privada -

Não havia todos os medicamentos em outro tipo de estabelecimento comercial 2,3

Total 151,2

Em relação à capacidade aquisitiva para medicamentos para a enfermidade citada na entrevista, encontrou-se que em média 5,1% do valor gasto com alimentos foi gasto com medicamentos da enfermidade aguda contemplada neste estudo. Já a capacidade aquisitiva para todos os medicamentos consumidos em um mês na

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Série medicamentos e outros insumos essenciais para a saúde

família é de 25,7% em relação aos gastos com alimentos. A quantia média gasta com alimentos em um mês foi de R$ 357,1, sendo R$ 208,5 no estrato de zero a três bens; R$ 333,2 no de quatro a sete bens e R$ 588, 9 no de oito ou mais bens, no entanto com alto desvio padrão em todos eles. O gasto médio com medicamentos num mês foi de R$ 84,4, sendo R$ 49,8 no estrato de zero a três bens; R$ 81,2 no de quatro a sete bens e R$ 129, 9 no de oito ou mais bens, também com alto desvio padrão (Tabela 15, Tabela 16, Tabela 17). A Pesquisa Mundial da Saúde 2003 (LANDMANN et al., 2004) também mediu o gasto médio domiciliar mensal em saúde por componentes e número de bens e encontrou que o gasto médio com medicamentos foi de R$ 44,27, sendo R$ 22,88 no estrato de zero a três bens, R$ 43,42 no estrato de quatro a sete bens e R$ 88,83 no estrato de oito ou mais bens. Essa diferença, no entanto, pode ser explicada por diferenças no plano amostral e por questões metodológicas dos estudos.

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15.

M

ÉDIA DE RESPOSTAS DOMICILIARESSOBRE ACAPACIDADE AQUISITIVAPARA MEDICAMENTOS

(

PARA AENFERMIDADE CITADA NA ENTREVISTA

, %

DO GASTO MENSALCOM ALIMENTOS

). B

RASIL

, 2004

Total de Domicílios 0-3 bens 4-7 bens 8 e + bens Máximo

desvio

padrao Média Máximo desv

pad Média Máximo desv

pad Média Máximo desv pad Média

246,5 13,0 5,1 65,0 7,9 3,7 100,0 9,8 5,0 246,5 22,1 7,0

T

ABELA

16.

M

ÉDIA DE RESPOSTAS DOMICILIARESSOBRE ACAPACIDADE AQUISITIVAPARA MEDICAMENTOSNUM MÊS

(%

DO GASTO MENSAL COM ALIMENTOS

). B

RASIL

,

2004

Total de Domicílios 0-3 bens 4-7 bens 8 e + bens Máximo

desvio

padrao Média Máximo desv

pad Média Máximo desv

pad Média Máximo desv pad Média

T

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M

ÉDIA DE RESPOSTAS DOMICILIARESSOBRE OSGASTOS

(R$)

COM ALIMENTOS EMEDICAMENTOS EMUM MÊS

. B

RASIL

, 2004

Mínimo Máximo Média entre aplicáveis Desvio padrão gastos com alimento Média Nacional 20,0 3.000,0 357,1 270,2 0-3 Bens 20,0 750,0 208,5 118,2 4-7 bens 40,0 1.500,0 333,2 185,4 8 e + bens 100,0 3.000,0 588,9 400,8 gastos com medicamento Média Nacional - 1.500,0 84,4 119,2 0-3 Bens - 400,0 49,8 54,7 4-7 bens - 1.250,0 81,2 109,8 8 e + bens - 1.500,0 129,9 170,6

A metodologia investigou o comportamento dos usuários frente a um episó- dio de doença aguda, em que os sintomas, independentes de sua gravidade, inco- modam o indivíduo. Dessa forma, a necessidade de saúde, caracterizada princi- palmente pela urgência da doença, aparece como um fator determinante para a utilização dos medicamentos. Além disso, em geral, utilizam-se medicamentos de baixo custo. Essa limitação do estudo não possibilita que os indicadores sejam inter- pretados como representantes gerais da busca por medicamentos e sim da busca por esses produtos em caso de episódio agudo.

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