• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III  ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

3.2. Indicadores de Aumento nos Custos de Conformidade

Nesta direção, o segundo bloco de questões permitiu observar a pouca disposição, mesmo que momentânea, da RFB em dispensar obrigações acessórias sob sua competência, à medida que estabeleceu novas exigências com o SPED. A Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), obrigações federais, comuns às empresas com regime tributário baseado no Lucro Real e no Lucro Presumido, correspondente a 80% da amostra, não foram dispensadas a partir da obrigatoriedade ao SPED. As únicas 3 dispensas registradas também afetaram este grupo, já que 3 empresas optantes pelo Lucro Real declararam terem sido dispensadas do Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (Sintegra) após a obrigatoriedade à Escrituração Fiscal Digital do ICMS e do IPI. Outras 3 empresas identificadas como prestadoras de Serviço declararam terem sido dispensadas de declarações do ICMS e do Sintegra, não exigidas de empresas desse segmento, o que conduziu a invalidação das mesmas, como mostra a Tabela 6.

Tabela 6  Obrigações acessórias dispensadas após o SPED

Obrigação Acessória Dispensadas Tributário Regime Quantidade %

Respostas Inválidas Presumido Simples / 3 15%

Nenhuma Obrigação Dispensadas Lucro Real 14 85%

Sintegra Lucro Real 3 15%

A dispensa de algumas obrigações acessórias foi medida justamente por que seria ela um indicador de redução de custo de conformidade, mas o que se observou foi um incremento de obrigações, sobretudo, no âmbito federal. A questão seguinte foi desenvolvida com o objetivo de indicar, por regime tributário, qual foi o tempo mais citado (moda) investido no preenchimento das novas obrigações acessórias instituídas pelo ambiente SPED, a fim de se avaliar se a complexidade da nova exigência é temporária ou permanente, como mostram as Tabelas 7, 8 e 9.

Tabela 7  Tempo médio gasto no preenchimento das obrigações – Simples Nacional

Regime Tributário Obrigação Acessória 1º Vez que fez 2º Vez que fez 2º Vez que fez Simples Nacional

NF-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

NFS-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

ECD Não fez ainda Não fez ainda Não fez ainda EFD ICMS/IPI Não fez ainda Não fez ainda Não fez ainda EFD

CONTRIBUIÇÕES Não fez ainda Não fez ainda Não fez ainda Fonte: Elaborada pelo Autor

Tabela 8  Tempo médio gasto no preenchimento das obrigações – Lucro Presumido

Regime Tributário Obrigação Acessória 1º Vez que fez 2º Vez que fez 3º Vez que fez Lucro Presumido

NF-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

NFS-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

ECD Não fez ainda Não fez ainda Não fez ainda EFD ICMS/IPI Não fez ainda Não fez ainda Não fez ainda EFD

CONTRIBUIÇÕES Até 4 Hora Até 4 Hora Até 4 Hora Fonte: Elaborada pelo Autor

Tabela 9  Tempo médio gasto no preenchimento das obrigações – Lucro Real

Regime Tributário Obrigação

Acessória 1º Vez que fez 2º Vez que fez 3º Vez que fez

Lucro Real

NF-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

NFS-e Até 1 Hora Até 1 Hora Até 1 Hora

ECD Acima de 4 Horas Acima de 4 Horas Acima de 4 Horas EFD ICMS/IPI Até de 4 Horas Até de 4 Horas Até de 4 Horas EFD CONTRIBUIÇÕES Acima de 4 Horas Acima de 4 Horas Acima de 4 Horas Fonte: Elaborada pelo Autor

Além de não obter dispensa de algumas obrigações acessórias, o que, por si só, já onera a operação das empresas, a maioria dos respondentes citou que a complexidade das novas obrigações, sobretudo as federais, não é temporária e grande parte está relacionada principalmente ao fato de que muitas obrigações exigem os mesmos dados em momento distinto e de forma diferente, o que exige muito tempo em conciliações de informações e adequação de sistemas. Perguntados sobre quais áreas da empresa sofreram mais impacto com a obrigatoriedade ao SPED, tendo por parâmetro as áreas de recursos humanos, tecnologia e áreas responsáveis pela contratação de consultorias, os respondentes foram unânimes em responder que a área mais impactada foi a de tecnologia (2,90 na avaliação média), seguida pela de consultoria (2,80 na avaliação média) e, somente depois, recursos humanos (2,75 na avaliação média).

Nas empresas do Lucro Real, o impacto em tecnologia foi considerado grande por mais da metade da amostra. No caso das empresas do Lucro Presumido, uma distribuição normal conduziu à conclusão de que o impacto foi considerado de razoável à grande, nas três vertentes por 100% da amostra. Chamou a atenção deste pesquisador o grau de impacto sentido pelas empresas consideradas menores, as do Simples. No caso delas, o impacto em recursos humanos foi considerado maior do que o de tecnologia, o que comprometeria a resposta de que a área mais impactada era a de tecnologia. Questionados por telefone, 90% da amostra explicou que o impacto tecnológico foi considerado grande, porém, temporário, já que estão obrigados, em seu próprio negócio, apenas à NF-e e NFS-e e utilizam o emissor público para atender essa obrigatoriedade. O impacto em recursos humanos foi considerado grande e permanente, haja vista que são, em sua totalidade, prestadores de serviço, ou seja, precisam se capacitar cada vez mais para ajudar outras empresas no atendimento ao novo dispositivo legal. Nesse sentido, o aumento no custo de conformidade com pessoas foi proporcionalmente compensado pelo incremento em receitas provenientes da prestação de serviços de consultoria.

3.3. A Correlação entre os Investimentos Públicos e Privados em

Documentos relacionados