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INDICADORES DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL

O desempenho ambiental é uma expressão utilizada frequentemente em diferentes contextos, com diferentes objectivos e com amplos domínios. Neste sentido, esta expressão pode ter definições distintas, as quais se prendem com a tendência do da melhoria ambiental, com o estado do ambiente, com o cumprimento dos requisitos legais, entre outras. Apesar dos diferentes significados, existem um conjunto variado de políticas e ferramentas ambientais que utilizam a expressão de desempenho ambiental, tais como: auditorias ambientais, avaliação do impacte ambiental e sistemas de gestão ambiental (Ramos, 2009).

Recentemente, com a publicação da norma internacional ISO 14031, o conceito de avaliação do desempenho ambiental foi aceite como das ferramentas autónomas de gestão ambiental. De acordo com este referencial normativo, a avaliação do desempenho ambiental é um processo onde são utilizados indicadores ambientais apropriados para medir, analisar, avaliar, relatar e comunicar o desempenho ambiental de uma organização, permitindo a sua análise, revisão e consequente optimização (Ramos, 2009).

Este processo tanto pode ser utilizado por uma organização que se encontre devidamente certificada ou não, sendo aplicável a todos os tipos de organizações e de sectores (privado ou público), independentemente do seu tipo, dimensão, complexidade ou localização geográfica (Ramos, 2009).

É notório que muitas organizações do sector privado se encontram actualmente a avaliar e comunicar os seus desempenhos a nível ambiental e social, à semelhança do que era anteriormente realizado relativamente ao seu desempenho económico. A pressão de todas as partes interessadas, a busca da eficiência, o aumento da competitividade, as políticas de marketing e de melhoria da imagem pública, o incremento da quantidades e complexidade da regulamentação, são alguns dos factores que poderão estar por detrás desta tendência. No entanto, importa referir que, para o sector privado, apesar da evolução se revelar um pouco mais morosa, não deixa de ser uma realidade (Ramos, 2009).

Assim, verifica-se que ao nível do sector privado, existem actualmente um conjunto de iniciativas envolvendo práticas de implementação de sistemas de gestão ambiental, de auditorias ambientais e também de avaliação do desempenho ambiental. Contudo, a

maior parte destas iniciativas encontram-se centralizadas na implementação de sistemas de gestão ambiental, denotando-se, no entanto, actualmente um novo foco ao nível da avaliação do desempenho ambiental (Ramos, 2009).

A adopção de processos de avaliação do desempenho ambiental, em Portugal, nos sectores público e privado, é efectuada de forma voluntária, existindo actualmente um número considerável de organizações aderentes, as quais têm vindo a comunicar e publicitar os resultados obtidos (Ramos, 2009).

Os propulsores do processo de avaliação do desempenho ambiental, nas organizações privadas, apresentam manifestas discrepâncias com os existentes para as organizações públicas. Neste sentido, as organizações públicas estabelecem objectivos essencialmente de natureza política e social, contrariamente aos objectivos definidos pelas organizações privadas, os quais se baseiam essencialmente na obtenção de benefícios económicos. Por sua vez, as organizações do sector privado têm de assegurar respostas às necessidades da sociedade, as quais não estão englobadas no sector privado (Ramos, 2009).

A avaliação do desempenho ambiental é um processo que tem relevado um crescimento acentuado, particularmente no campo das organizações privadas.

Visando a adesão e generalização das práticas de gestão ambiental por parte das organizações, têm vindo a ser desencadeadas inúmeras iniciativas, havendo, no entanto, uma predominância dos sistemas de gestão ambiental, aparecendo a avaliação do desempenho ambiental como um campo em desenvolvimento e à procura de estabelecimento neste mercado (Ramos, 2009).

Para avaliar correctamente o desempenho ambiental de uma dada organização são frequentemente utilizados indicadores, cujo principal intuito é a obtenção de informação (comparável, fiável e compreensível) relativa ao desenvolvimento e modificações do seu desempenho ambiental, a qual terá uma relevância fundamental no processo de tomada de decisões económicas e ambientais (Duarte, 2006).

Entre os principais indicadores de avaliação do desempenho ambiental, Duarte (2006) destaca os seguintes:

(a) Indicadores de gestão ambiental: incluem os esforços de gestão que influenciam o desempenho ambiental de uma organização, tais como:

• Estrutura organizacional relacionada com a gestão ambiental; • Sistemas de gestão e documentação relacionada;

• Comunicação com as partes interessadas, internas e externas.

(b) Indicadores de desempenho ambiental: podem ser subdivididos em dois grupos:

(b1) Indicadores operacionais do ambiente: que envolvem acções específicas, tais como: medidas obtidas; produtos técnicos/medidas do processo e produtos/medidas usadas nos serviços;

(b2) Indicadores de impacte ambiental: que envolvem outputs, como os consumos de energia, consumos de água, consumos de matérias-primas, emissão de gases de estufa, quantidade de resíduos produzidos, entre outros.

(c) Indicadores das condições ambientais: os quais podem ser exemplificados por: • Aos níveis nacional ou internacional: quantidades de ozono; subida global da temperatura, dimensão da população de espécies num dado local, entre outros;

• Aos níveis local ou regional: concentração de uma contaminação específica no solo, ar, linhas de água superficiais ou subterrâneas, densidade populacional, níveis de ruído nas imediações das instalações, entre outros.

As organizações podem seguir diferentes estratégias ambientais, no entanto, as preferenciais baseiam-se na redução dos danos causados sobre o ambiente, enquanto simultaneamente aumentam o valor de mercado da organização. Deste modo, para o sucesso da gestão ambiental é crucial convencer o mercado financeiro da eficiência deste processo, uma vez que se a gestão ambiental não potenciar o aumento de valor da organização, o mercado financeiro não financiará essa estratégia e a organização será colocada num posicionamento claramente desvantajoso (Duarte, 2006).

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INSTRUMENTOS NORMATIVOS DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL