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E VOLUÇÃO DA N ORMALIZAÇÃO DOS S ISTEMAS DE G ESTÃO A MBIENTAL

5 INSTRUMENTOS NORMATIVOS DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Com o aparecimento da temática da gestão ambiental e a consequente necessidade de

5.1 E VOLUÇÃO DA N ORMALIZAÇÃO DOS S ISTEMAS DE G ESTÃO A MBIENTAL

Segundo Starkey (1998), em 1990, foi solicitado à BSI que tomasse em consideração as questões relacionadas com a avaliação do desempenho ambiental. Este organismo havia criado a norma BS 5750 (posteriormente substituída pela família das normas ISO 9000) que servia de base ao desenvolvimento de sistemas de gestão da qualidade e acreditava que os sistemas de gestão ambiental poderiam ser controlados utilizando para esse efeito uma abordagem semelhante, através da introdução de um sistema normalizado para a gestão ambiental, o qual teria que ser compatível com os sistemas de gestão da qualidade em vigor.

No entanto, uma vez que havia sido já dispendido muito tempo, dinheiro e esforço, no desenvolvimento da normalização para os sistemas de gestão da qualidade, era sentimento comum que os sistemas de gestão ambiental não poderiam seguir caminhos ou procedimentos separados, para evitar a duplicação dos trabalhos desenvolvidos até à data (Starkey, 1998).

Assim sendo, e após ter sentido apoio e interesse por parte de todos os interessados, a BSI optou por criar uma norma para a implementação de sistemas de gestão ambiental, a qual foi publicada em Março de 1992 e teve a denominação de BS 7750, surgindo como a primeira norma deste foro a nível mundial. Esta norma foi sujeita a testes piloto durante os dois anos subsequentes, envolvendo cerca de 500 participantes e 230 organizações.

Os resultados destas experiências permitiram modificar e aperfeiçoar a norma, a qual foi assim novamente publicada em Janeiro de 1994 (Starkey, 1998).

Porém, simultaneamente ao desenvolvimento da BS 7750, por parte da BSI, a Comissão Europeia iniciou propostas para o estabelecimento de um sistema comunitário de eco- gestão e auditoria, futuramente designado por EMAS. Este instrumento normativo começou por ter um carácter obrigatório, abrangendo cerca de 50 organizações do sector industrial, as quais se viram obrigadas a desenvolver auditorias ambientais anuais e a publicar os resultados obtidos. Contudo, as reacções a este regulamento não foram as esperadas, uma vez que diversas organizações se demonstraram terminantemente contra esta imposição, alegando que este sistema acarretava custos elevados, os quais seriam devastadores em termos da competitividade de mercado, relativamente às organizações que se encontravam fora do âmbito da sua aplicação. Estas reacções despoletaram algumas alterações, induzindo à substituição do seu carácter obrigatório, passando a ser instrumento de adesão voluntária, e as auditorias anuais passaram a ter uma periodicidade de intervalos não superiores a três anos (Starkey, 1998).

Perante estas alterações, a Comissão Europeia, após tomar em considerações as opiniões do Parlamento Europeu, da Comissão Económica e Social, e de todos os Estados-Membros, publicou em Junho de 1993 o regulamento que é actualmente conhecido como EMAS, o qual ficou disponível para aplicação a partir do mês de Abril de 1995 (Starkey, 1998).

Os requisitos dos sistemas de gestão ambiental definidos pelo EMAS são em tudo semelhantes aos que foram definidos pela BS 7750, reflectindo a influência que esta última teve na elaboração da primeira. Por sua vez, a versão da BS 7750, publicada em 1994, teve também em consideração o regulamento EMAS, procurando tornar-se compatível com este documento (Starkey, 1998).

Durante o ano de 1990, começou também a sentir-se a necessidade, a nível internacional, de desenvolver um sistema normalizado para os sistemas de gestão ambiental. Por conseguinte, foi criado um grupo estratégico na área ambiental, composto por peritos nesse contexto, para discutir a estratégia a seguir. Surgiu assim a criação de uma Comissão Técnica da ISO para o desenvolvimento de normativos internacionais na área ambiental. Esta comissão reuniu pela primeira vez em Junho de 1993 e o seu trabalho consistiu na subdivisão em diversas equipas, cujo objectivo seria analisar e criar normativos para os seguintes temas: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, rótulo ecológico, avaliação do desempenho ambiental, análise do ciclo de

vida, análise dos aspectos ambientais dos produtos normalizados e ainda termos e definições fundamentais à prossecução dos restantes temas. A equipa que ficou com a responsabilidade de elaboração de normativos na área dos sistemas de gestão ambiental, acabou por desenvolver duas normas, a ISO 14001 e a ISO 14004, as quais foram publicadas em Outubro de 1996, apenas três anos após o início dos trabalhos. O tempo de desenvolvimento das normas em questão foi bastante inferior ao esperado para a criação de normalização internacional. Uma das razões que motivou este rápido progresso, baseia-se no facto de ter sido possível utilizar a norma BS 7750 como ponto de partida para o trabalho a desenvolver, situação que é ilustrada pelo facto dos conteúdos da ISO 14001 serem bastante semelhantes aos contidos na BS 7750 (Starkey, 1998).

Por sua vez, em Outubro de 1994, a Comissão Europeia, ao verificar que algumas organizações dos Estados-Membros, estavam mais receptivas a ser certificadas por referenciais normativos diferentes do EMAS, apesar de equivalentes, ordenou que fossem tomadas as providências necessárias para inverter essa situação. Deste modo, considerou-se que a solução passaria por adoptar, em Setembro de 1996, a ISO 14001 como uma norma europeia, retirando do mercado todas os outros referenciais normativos equivalentes, produzidos a nível nacional, o que induziu ao desaparecimento, em Março de 1997, das BS 7750, da I.S. 310 (norma irlandesa), da X30-200 (norma francesa) e da UNE 77-801-2 (norma espanhola) (Starkey, 1998).

Após o ano de 1997, prevaleceram, então, como instrumentos normativos para a implementação de sistemas de gestão ambiental a Norma ISO 14001 e o Regulamento EMAS. No entanto, ambos os referenciais normativos, ao longo dos últimos anos, foram alvo alterações, as quais se prenderam, particularmente, com a tentativa de adaptar os seus requisitos à realidade das organizações, procurando ajustar os seus conteúdos à diversidade de actividades económicas que imperam o Mundo actualmente, de modo a facilitar a sua aplicação prática, assegurando eficácia e eficiência do processo.

Estas contínuas alterações, a que os referenciais normativos em vigor, têm vindo a ser sujeitas, surgem motivadas pela tentativa de garantir o acesso à certificação ambiental por todos os tipos de organizações, permitindo abranger todas as actividades económicas, desde o sector industrial ao sector dos serviços, bem como as organizações integradas nos vertentes privadas e públicas.

A cronologia dos eventos relacionados com a evolução da normalização dos sistemas de gestão ambiental é exemplificada na Figura 5.1.

Figura 5.1 – Evolução cronológica da normalização dos sistemas de gestão ambiental