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5 INSTRUMENTOS NORMATIVOS DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Com o aparecimento da temática da gestão ambiental e a consequente necessidade de

5.2 N ORMAS DA S ÉRIE ISO 1

A Organização Internacional de Normalização (ISO), é uma organização não governamental com o objectivo de promoção da normalização, visando facilitar as trocas internacionais de bens e serviços e estimular o desenvolvimento da cooperação nas esferas intelectual, científica, tecnológica e de actividades económicas (Ferreira, 2002).

Em 1996, a ISO publicou as primeiras normas com carácter verdadeiramente internacional, as quais obtiveram a denominação de Normas da Série ISO 14000. Esta série é composta por um conjunto de normas ambientais, cuja aplicação prática permitem colocar em funcionamento um sistema de gestão ambiental, auxiliando as organizações a atingir os seus objectivos e metas, partindo do princípio que a melhor gestão ambiental conduzirá ao melhor desempenho ambiental. (Duarte, 2006)

Actualmente existe um crescente reconhecimento e adopção das Normas da Série ISO 14000 para implementação de sistemas de gestão ambiental. Estas são normas ambientais voluntárias, reconhecidas pelos principais países industrializados, abordando temas relativos aos sistemas de gestão ambiental, às auditorias ambientais e qualificações dos auditores, abordando ainda a análise do ciclo de vida dos produtos, a avaliação do desempenho ambiental e a rotulagem ecológica (Ferreira, 2002).

No que se refere à gestão ambiental, estas normas pretendem proporcionar às organizações os elementos de um sistema eficaz de gestão ambiental, que possam ser integrados com outros requisitos de gestão, com a finalidade última de ajudar as organizações a atingir os seus objectivos ambientais e económicos.

As Normas da Série ISO 14000 abrangem duas áreas, consideradas como fulcrais para a avaliação das práticas de gestão ambiental, ou seja, a área da avaliação da actividade das organizações e os produtos, serviços e processos. Assim, esta série de normas pode dividir-se em (Duarte, 2006): 1992 1993 1994 1995 1996 1997 Publicação BS 7750 Disponibilização EMAS Revisão BS 7750 Publicação EMAS Publicação ISO 14001 Desaparecimento BS 7750 e normas análogas Revisão EMAS Revisão ISO 14001 2003 2004

(a) Normas de avaliação de organizações:

• Sistemas de gestão ambiental – ISO 14001 e ISO 14004;

• Avaliação do desempenho ambiental – ISO 14014, ISO 14015 e ISO 14031; • Auditoria ambiental – ISO 14010, ISO 14011, ISO 14012, ISO 14013 e ISO 14014;

(b) Normas de produtos, serviços e processos:

• Avaliação do ciclo de vida – ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042 e ISO 14043; • Rotulagem ecológica – ISO 14020, ISO 14021, ISO 14022 e ISO 14023; • Aspectos ambientais nas normas dos produtos – ISO 14060.

A série ISO 14000 constitui portanto uma útil ferramenta para incrementar a responsabilização ambiental das organizações. Ao estabelecer uma base comum para definir o referencial ou os requisitos apropriados a um determinado sistema de gestão ambiental, estas normas originam um contexto no qual permitirá às organizações melhorar o seu desempenho ambiental (Duarte, 2006).

5.2.1 NORMA ISO14001

A Norma ISO 14001 surgiu em resultado da preocupação das organizações em alcançar e demonstrar um desempenho ambiental, através do controlo do impacte ambiental das suas actividades, produtos e serviços em conformidade com a sua política e objectivos ambientais. Esta pretende ser aplicável a organizações de todo o tipo (com actividade económica, industrial ou de serviços) e de todas as dimensões, procurando, simultaneamente, adaptar-se a todas as condições geográficas, culturais e sociais (Castilho, 2001).

Esta norma específica os requisitos de um sistema de gestão ambiental, de forma a permitir que qualquer organização formule uma política e objectivos, tomando em consideração os requisitos legais e a informação sobre os impactes ambientais significativos. Aplica-se directamente aos aspectos ambientais que a organização pode controlar e sobre os quais tem influência.

Em suma, o intuito geral desta norma é fomentar a protecção ambiental e a prevenção da poluição, mantendo o equilíbrio com as necessidades socio-económicas. No entanto, é de salientar que esta norma não estabelece requisitos absolutos de desempenho

ambiental para além do compromisso, estabelecido na política, de ter em consideração a legislação e os regulamentos aplicáveis e a melhoria contínua (NP EN ISO 14001, 2004).

A implementação de um sistema de gestão ambiental é um processo cíclico, onde se procura obter uma melhoria contínua, envolvendo várias fases, conforme é visível na Figura 3.1 (NP EN ISO 14001, 2004).

A Norma ISO 14001 é aplicável a qualquer organização que pretenda (NP EN ISO 14001, 2004):

(a) Implementar, manter e melhorar um sistema de gestão ambiental;

(b) Assegurar-se da sua conformidade com a política ambiental por si estabelecida;

(c) Demonstrar essa conformidade perante terceiros;

(d) Obter a certificação do seu SGA por organismos externos;

(e) Realizar uma auto-avaliação e emitir uma auto-declaração de conformidade com a presente norma.



Figura 5.2 – Modelo de um Sistema de Gestão Ambiental (adaptado da NP EN ISO 14001, 2004) A certificação do sistema de gestão ambiental, de acordo com a Norma ISO 14001, oferece às organizações um conjunto diversificado de vantagens, as quais passam por (Ribeiro, 1999): • Recursos, Atribuições, Responsabilidades e Autoridade; • Competência, Formação e Sensibilização; • Comunicação; • Documentação; • Controlo Operacional; • Preparação e Resposta a Emergências. IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO PLANEAMENTO POLÍTICA AMBIENTAL MELHORIA CONTÍNUA

REVISÃO PELA GESTÃO

• Monitorização e Medição;

• Avaliação da Conformidade;

• Não Conformidades, Acções

Correctivas e Preventivas;

• Controlo dos Registos;

• Auditoria Interna.

VERIFICAÇÃO

• Aspectos Ambientais;

• Requisitos Legais e Outros

Requisitos;

(a) Melhorar a sua relação com as diferentes partes interessadas, ao evidenciar as suas preocupações ambientais;

(b) Evidenciar, de forma credível, a qualidade dos processos organizacionais e tecnológicos;

(c) Assegurar às partes interessadas que a organização implementou um SGA adequado e criar a dinâmica interna da definição e melhoria do sistema;

(d) A organização passa a conhecer melhor a sua situação, devido às constantes auditorias;

(e) Vantagens competitivas, uma vez que os clientes estão cada vez mais predispostos a comprar produtos e serviços que respeitem o ambiente;

(f) Divulgação, notoriedade e melhoria da imagem;

(g) Redução de custos com melhor controlo e aproveitamento das matérias-primas, prevenção da poluição e de redução de riscos, criação de produtos e tecnologias mais limpas, redução de custos de energia e eliminação de custos resultantes de sanções e publicidade negativa.

A Norma ISO 14001 foi inicialmente publicada durante o ano de 1996, porém, após um vasto período de aplicação, começou a sentir-se que seria importante fazer uma revisão dos seus conteúdos, de forma a facilitar a sua aplicabilidade e a garantir também uma adequação à realidade. Assim, em 2004, foi publicada uma nova versão da Norma ISO 14001, a qual se encontra actualmente em vigor. Na base desta revisão estiveram os objectivos de melhorar a clareza da redacção dos requisitos e de garantir uma maior compatibilidade com os requisitos das normas utilizadas para os sistemas de gestão da qualidade (Norma ISO 9001), procurando salvaguardar-se que a alteração não dificultasse a adaptação à nova norma. Dentro das principais alterações, destaca-se a ausência de conflito entre a metodologia PDCA (Planear, Implementar, Verificar e Actuar) e o enfoque baseado nos processos; a necessidade de definir e documentar o âmbito do sistema; a junção lógica de objectivos, meta e programas; a clarificação do conceito de auditoria interna, o enriquecimento dos conteúdos dos anexos, a elevação de conceitos definidos nos anexos da norma publicada em 1996 a requisitos da nova norma; a inclusão da avaliação do cumprimento legal na etapa de monitorização; e toda uma nova redacção que facilite a sua interpretação (Ferreira, 2007).