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2.2 DESENVOLVIMENTO, SUSTENTABILIDADE E INDICADORES DE

2.2.3 Indicadores de sustentabilidade

As primeiras discussões sobre indicadores de sustentabilidade estiveram direcionadas a mensurar o desempenho dos países na redução dos desequilíbrios como principal meta para que o desenvolvimento sustentável fosse alcançado, visando também neste processo à utilização destes indicadores como ferramentas capazes de facilitar a gestão do desenvolvimento monitorando informações consideradas imprescindíveis para o processo de avaliação da sustentabilidade e o processo de tomada de decisão.

Em consonância com esta afirmação, Van Bellen (2005) ressalta que a aplicação dos indicadores facilita a agregação e quantificação de informações dando visibilidade a sua

significância e norteando de forma mais objetiva as políticas e o processo gestionário das localidades. Estes sistemas de indicadores têm sido usados para medição e mensuração do desenvolvimento sustentável em diversas escalas, podendo ser em países, municípios, comunidades, empresas, entre outros espaços.

Para Herculano et al. (2008), os indicadores de sustentabilidade são considerados importantes componentes no processo de avaliação do desenvolvimento sustentável em espaços sociogeográficos de distintas escalas, e que mesmo sendo fragmentos de informações, sinalizam através de suas condições de respostas – seus índices, informações que podem subsidiar o conhecimento dos processos e fatos numa perspectiva de tomadas de decisão nas políticas de desenvolvimento sustentável. Para relacionar a resiliência socioecológica com o desenvolvimento local e sua sustentabilidade, optou-se por incluir um sistema de indicadores de sustentabilidade que melhor se ajustaria a pequenos contextos comunitários locais.

Compreende-se que a avaliação da sustentabilidade tornou-se condição indispensável na busca da elaboração de respostas e leituras mais objetivas relacionadas ao desenvolvimento em contextos locais, razão pela qual passou a compor o corpo de variáveis a serem investigadas nos estudos sobre sistemas socioecológicos.

Têm-se obtido avanços através de estudos relacionados à elaboração de modelos de sistema de indicadores de sustentabilidade. Todavia, para esta pesquisa, adotou-se o marco conceitual Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR). Este marco conceitual em sua estrutura sistêmica constitui-se num conjunto de indicadores que além de ser aplicado para um fenômeno específico é capaz de mapear e diagnosticar a degradação ambiental da localidade (SILVA, 2010).

Entende-se que o estudo sobre os indicadores de Pressão-Estado-Impacto-Resposta possibilita contribuir de forma efetiva com o processo gestionário local e a sua sustentabilidade. A adoção deste modelo visa, sobretudo, compreender o movimento das relações de causas e efeitos que giram em torno do que o contexto local poderia apontar como principal problemática ambiental da área em estudo. Neste estudo a discussão teórica sobre a sustentabilidade teve como base a dimensão ambiental a partir de uma temática central selecionada como a preponderante entre os problemas ambientais do contexto local.

O modelo Pressão-Estado-Resposta foi desenvolvido pela Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) quando em 1988, por sugestão do Canadá e em resposta à solicitação feita pela cúpula econômica constituída pelos sete países mais ricos do planeta. A solicitação consistia na elaboração de indicadores ambientais e sistemas de indicadores capazes de contribuir com o processo de avaliação e desempenho ambiental

servindo de instrumento de apoio no desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade, dando suporte na elaboração de políticas públicas (RUFINO, 2002).

O final da década de 1980 e toda a década de 1990 foram marcados pela constante discussão mundial frente à necessidade de criar mecanismos capazes de subsidiar no enfrentamento do caos econômico e ambiental cada vez mais emergente, ou melhor, cada vez mais perceptível aos olhos de todos. Foi neste contexto que os indicadores e sistemas de indicadores surgiram e, em 1991, a OECD e o governo holandês realizaram a publicação preliminar dos indicadores ambientais mostrando a preocupação que se deve ter em relação aos problemas ambientais.

Sob a perspectiva de avançar na sistematização de indicadores ambientais e compreender suas relações, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 1994) elencou e definiu termos constitutivos relacionados ao modelo Pressão- Estado--Resposta (PER). A Figura 3 que se segue apresenta a estrutura conceitual desse modelo.

Figura 3 – Estrutura conceitual do Modelo PER proposto pela OECD

Fonte: KRAEMER (2004)

Este marco conceitual é indicado para avaliar perturbações ambientais e foi utilizado nesta pesquisa como ferramenta para dar suporte à discussão teórica sobre a sustentabilidade. A OECD, 1994 também elaborou termos e definições relacionados ao modelo Pressão- Estado-Resposta (PER).

O Quadro 1 a seguir apresenta os termos constitutivos relacionados ao modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).

Quadro 1 – Definição dos termos do modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) segundo a OECD

Fonte: SILVA (2010).

À luz de Lira e Cândido (2008), tem-se avançado bastante em modelos de sistemas de indicadores e na variabilidade dos seus indicadores. O modelo Pressão-Estado-Resposta, embora sugira uma relação linear entre atividades e ambientes, tais relações devem ser percebidas sob a ótica da complexidade.

Um olhar sobre as perturbações ambientais permite a elaboração de leituras contextuais mesmo tendo o seu enfoque na dimensão ambiental. Sob esta compreensão a utilização de indicadores ambientais constitui-se ferramenta imprescindível no reconhecimento de importantes aspectos da localidade. Neste sentido, de acordo com Neto et al. (2007), os indicadores ambientais constituem-se em instrumentos de gestão dos espaços urbanos e rurais.

Em função do olhar sobre a complexidade, este modelo especifica três tipos de indicadores ambientais. O primeiro se caracteriza por exercer pressão sobre o meio ambiente e por isto mesmo são denominados de Indicadores de Pressão Ambiental. O segundo refere- -se à qualidade do ambiente e à qualidade e quantidade dos recursos naturais. Põe em

evidencia as mudanças ambientais como reflexo do processo evolutivo histórico que tem desencadeado tais mudanças. Por isso mesmo são denominados Indicadores das condições ambientais ou de Estado. O terceiro tipo está relacionado às respostas que as sociedades apresentam às mudanças ambientais. São denominados de Indicadores das respostas sociais. Estes indicadores estão relacionados às diversas situações que remetem a ações e reações individuais e coletivas. Avaliam como as sociedades respondem às alterações e preocupações ambientais e mostram o nível de comprometimento que uma determinada sociedade possui com relação às questões ambientais através dessas mesmas respostas.

Com este sistema de indicadores a pesquisa buscou contribuir com as análises de como se apresentam as variáveis secundárias deste estudo e assim correlacionar a resiliência do sistema socioecológico com o desenvolvimento local sustentável.

O desenvolvimento sustentável tem sido apontado como uma das metas mais importantes da sociedade, visando direcionar os setores produtivos para a busca de processos e estratégias de gerenciamento dos bens da natureza que possam equilibrar os fatores econômicos, sociais e ambientais. Como isto será possível? Que necessita mudar para que esta meta seja alcançada? Sendo a resiliência socioecológica uma característica central da sustentabilidade e esta a constatação da manutenção dos sistemas, questiona-se qual a íntima relação entre a resiliência socioecológica, a sustentabilidade e a vida que nesses sistemas se processam?

Para responder estas indagações, teve-se a clareza de dois fatores básicos: primeiro - por se tratar de um tema complexo, os recursos metodológicos necessitariam ser diversos e com perfil predominantemente de pesquisa qualitativa; o segundo – muitos dos questionamentos elaborados ao largo da exposição teórica só serão respondidos através de novas pesquisas, enquanto exercício complementário a esta.