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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

O discurso em torno da sustentabilidade necessita despontar do contexto teórico para que possa se tornar operacional. Todavia, para que isso possa ser concretizado, faz-se necessário ponderar uma forma de mensurar a sustentabilidade.

Identificar a relevância da informação é de suma necessidade como maneira de tornar clara a existência de quaisquer procedimentos não-sustentáveis de desenvolvimento na analogia sociedade e meio ambiente, visto que apenas é admissível essa identificação se a sociedade possuir instrumentos técnico-científicos arquitetados com esse desígnio.

Sendo assim, afirma Ribeiro (2000) que a importância de medir a sustentabilidade ergue-se como qualidade sine qua non para a construção de soluções sustentáveis em desenvolvimento. Partindo-se dessa elucidação, ao se cogitar o desenvolvimento de maneira sustentável, é essencial internalizar a necessidade de um acompanhamento preciso e constituído de maneira que se permitam percepções em dados espaços temporais, quer seja, curto, médio ou longo prazo.

Tayra e Ribeiro (2006) ao descrever acerca do assunto esclarecem que a construção de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável não é uma ação isolada. É inspirada no movimento internacional, conduzida pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável – CSD - das Nações Unidas, que coligou, ao longo da década de 1990, governos nacionais, instituições acadêmicas, organizações não-governamentais, organizações do sistema das Nações Unidas e especialistas de todo o mundo.

Conseguinte esse movimento, mas precisamente após a Rio 92, deflagrou-se em todo o mundo um programa de trabalho formado por vários estudos e troca de informações, visando solidificar as disposições constantes nos capítulos 8 e 40 da Agenda 21, os quais versam a respeito da relação entre meio ambiente, desenvolvimento sustentável e informações para a tomada de decisões.

O capítulo 8 norteia claramente que os ―países precisam desenvolver sistemas de monitoramento e cálculo do avanço para o desenvolvimento sustentável adotando indicadores que ajustem as mudanças nas dimensões econômica, social e ambiental‖.

Quanto ao capítulo 40, este pondera que ―no desenvolvimento sustentável‖, cada pessoa é usuário e provedor de informação, apreciada em sentido amplo, o que compreende dados, informações e experiências e conhecimentos adequadamente apresentados. Neste

sentido, a precisão de informação surge em todos os níveis, desde o de tomada de decisões superiores, nos planos nacional e internacional, ao comunitário e individual.

Van Bellen (2005) ao apontar os objetivos dos indicadores afirma que dentre os quais, os mais importantes são agregar e quantificar informações de modo que sua significância fique mais aparente, uma vez que simplificam informações acerca de fenômenos no intuito de melhorar o processo de comunicação. Para tanto, o autor referencia Hammond et al (1995), o qual apresenta uma pirâmide de informação (Figura 1) que relaciona dados primários e indicadores, assim como as etapas que a informação deve atingir para que se concretize a relevância da informação para uma eficaz tomada de decisão

Figura 1 - Pirâmide de Informações.

Fonte: Hammond et al. (apud VAN BELLEN, 2002).

Conforme a pirâmide percebe-se que em uma apreciação superficial, índice e indicador possuem o mesmo sentido. Contudo, a distinção existe porque índice é o valor agregado final de todo um método de cálculo onde se utilizam, até mesmo, indicadores como variáveis que o compõem.

Van Bellen (2002) esclarece as implicações de um índice de sustentabilidade, dentre as quais, a elucidação dos mecanismos e lógicas atuantes na área sob análise, bem como a quantificação dos fenômenos mais importantes que acontecem no sistema.

Dessa forma, por meio destes dois itens será possível avaliar: como a ação humana está afetando seu entorno; alertar sobre os riscos de sobrevivência humana e animal; antecipar situações futuras; orientar na tomada de melhores decisões políticas. Índices ou

indicadores funcionam como um sinal de alarme para demonstrar a situação do sistema avaliado, pois são valores estáticos, isto é, dão um retrato do momento atual.

Quanto aos indicadores, estes de acordo com Van Bellen (2005) podem assumir a forma quantitativa ou qualitativa. Neste aspecto, o autor ainda adverte que quando se trata de experiências de desenvolvimento sustentável, estes deveriam ser mais qualitativos, em função das limitações explicitas ou implícitas que existem em relação aos indicadores quantitativos. Porém, o autor aconselha que para alguns casos, avaliações qualitativas podem ser revertidas em notação numérica.

Gallopin (1996) ao tratar dos indicadores qualitativos, afirma que estes têm preferência em relação aos quantitativos tendo em vista três situações: quando não forem disponíveis informações quantitativas; quando o atributo de interesse é inerentemente não quantificável e quando determinações de custo assim o obrigarem.

Considerando-se esse enfoque, Martins e Cândido (2008) explicam que a função de um indicador é descobrir, apontar, anunciar ou estimar um dado. Logo, conceituam indicadores como ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que associadas através de formas distintas, revelam significados mais amplos a cerca de determinados fenômenos. Sendo assim, a definição das variáveis e o levantamento e acúmulo de dados são etapas fundamentais na construção de indicadores; porém, informações brutas, sem nenhum tratamento, não são consideradas indicadores em si.

Malheiros, Phlippi Jr. E Coutinho (2008), ao discorrer a cerca de indicadores de sustentabilidade, assegura que se torna fundamental que eles partam não só de informações existentes, é necessário que sejam estabelecidos a partir de problemas e situações que estejam dentro do contexto da realidade.

OECD (2006), IBGE, (2004), Milanez e Teixeira (2003) (apud POLAZ; TEIXEIRA, 2008) afirmam que os indicadores de sustentabilidade têm sido utilizados também, como forma de melhorar a base de informações sobre o meio ambiente, auxiliando na elaboração de políticas públicas visando simplificar estudos e relatórios, assegurando a compatibilidade entre regiões.

Van Bellen (2005, p. 43) ao citar Tunstall (1994), descreve as principais funções dos indicadores, a saber: avaliar condições e tendências; comparar lugares e situações; avaliar condições e tendências em relação às metas e aos objetivos; prover informações de advertência e antecipar futuras condições e tendências.

Ao fazer referência a Gallopin (1996), Van Bellen (2005) assegura que os indicadores devem seguir alguns requisitos universais, dentre os quais: os valores dos

indicadores devem ser mensuráveis (ou qualificáveis); deve existir disponibilidade dos dados; o método para a coleta e o processamento dos dados, bem como para a construção dos indicadores, deve ser limpa, transparente e padronizada; os meios para construir e monitorar os indicadores devem estar disponíveis, incluindo capacidade financeira, humana e técnica; os indicadores ou grupo de indicadores devem ser financeiramente viáveis e deve existir aceitação política dos indicadores no nível adequado, além do que indicadores não legitimados pelos tomadores de decisão são incapazes de influenciar as decisões.

Ao tratar da importância da mensuração, conseguinte os indicadores de sustentabilidade, Van Bellen (2005) enfatiza que o objetivo principal da mensuração é auxiliar os tomadores de decisão na avaliação de seu desempenho em relação aos objetivos estabelecidos, fornecendo bases para o planejamento de futuras ações.

Estas medidas são úteis por várias razões: no sentido de que servem para auxiliar os tomadores de decisão a compreender melhor, em termos operacionais, o que o conceito de desenvolvimento sustentável significa, funcionando como ferramentas de explicação pedagógicas e educacionais, para auxiliar na escolha de alternativas políticas, direcionando para metas relativas à sustentabilidade, tendo em vista que as ferramentas fornecem um senso de direção para os tomadores de decisão e, quando escolhem entre alternativas de ação, funcionam como ferramentas de planejamento. E por fim, para avaliar o grau de sucesso no alcance das metas estabelecidas referentes ao desenvolvimento sustentável, sendo estas medidas ferramentas de avaliação.

Diante desse contexto, permite-se assegurar que os indicadores de sustentabilidade compõem importantes parâmetros sistêmicos para enfocar a realidade, dentro de um contexto multidisciplinar, tendo por finalidade fornecer informações imprescindíveis para a tomada de decisão.